segunda-feira, 31 de maio de 2010

A arte sagrada de bem comer...

Quando o assunto é alimentação, vem sempre a pergunta: temos acesso a dados, internet e informações que nos permitem viver uma vida melhor, alimentando-nos melhor. Por que, então, não o fazemos?

Muitas vezes penso que não "queremos" e, com isso, não "podemos".

Ou seja, ao final, "queremos não poder" comer direito - principalmente porque o pobrezinho do tempo (ah, sempre ele, danadinho) é chamado para socorrer aquele que, sem desculpa, prefere lançar mão desse subterfúgio tão famoso... Querer é poder, no sentido de agregação de esforços para a consecução de ações, nos limites do que nossa zona de influência em rede possa traçar.

Não tem desculpas... Os upanishads já mencionavam que

"O que for a profundeza do teu ser,
Assim será teu desejo.
O que for teu desejo,
Assim será tua vontade.
O que for tua vontade, assim serão teus atos.
O que forem teus atos,
Assim será teu destino
"
BRIHADARAYAKA, UPANISHAD, IV, 4.5. "

A síntese perfeita: SER - DESEJO - VONTADE - ATOS - DESTINO.

Portanto, querer é manifestar o poder concretizado no direcionamento - em nível mental, emocional, psíquico e, por fim, material, para a realização. Vamos comer direito?

Na medicina ayurvédica a alimentação é um ato sagrado de conexão ao Todo.

Por isso, ela traz um verdadeiro tratado em termos de procedimento com a comida, desde a escolha até passando pelo sentimento de satisfação e gratidão pelo que está à frente.

Vou começar amorosamente com o refri "geladim". Algumas informações busquei num site muito legal: http://emersonnolasco.blogspot.com/. Sugiro uma passada lá, porque, em meio das discussões ganhamos tod@s nós.

Substituir (e até mesmo ABOLIR) o refrigerante é algo que já dá outra dimensão ao corpo. Ele NÃO TEM VALOR NUTRITIVO (vitaminas ou sais minerais), além de possuir alto teor de açúcar, acidez e mais aditivos, além de conservantes e corantes.

E qual o efeito de uma Coca bem gelada?

Uau, bem, nosso corpo tem uma temperatura média de 37 graus, nível ótimo para o funcionamento das enzimas digestivas. Quando ingerimos o refrigerante gelado - a quase 0 grau - as enzimas deixam de funcionar direito.

O primeiro sinal de perigo está na fermentação da comida, que apodrece no intestino, produzindo gases e mau-cheiro. Para vocês terem uma idéia, isso tudo é decomposto (aos trancos e barrancos) e absorvido pelo intestino, não sem antes entrar na corrente sangüinea se espalhar assim por todo o corpo, modificando até mesmo nosso cheiro. Já teve a sensação de sentir um cheiro putrefato, vindo de baixo para cima, parecendo um esgoto? Hehehe, refrigerante, além do restante de tranqueira que se come. Nosso cheiro "natural" muda e, com isso, precisamos colocar mais e mais perfume, por não aguentarmos a fedentina...

Além disso, o bióxido de carbono é destrutivo!

Algumas experiências com ele: se colocar um dente por 10 dias nele, dissoverá, acredite!

Bom, e para quê uma Coca-cola gelada serviria?

Para lavar o banheiro vire uma lata de COCA-COLA no vaso, deixe que a bebida repouse por 1 hora e depois dê descarga. O acido cítrico elimina as manchas na porcelana.

Para eliminar manchas de oxidação de decalques nos automóveis esfregue o decalque com um pedaço de alumínio (bombril) molhado na COCA-COLA.

Para limpar a corrosão nos terminais de baterias do automóvel vire uma lata de COCA-COLA sobre os terminais para desfazer a corrosão.

Para afrouxar um parafuso oxidado - aplique ao parafuso um tecido enxaguado em COCA-COLA por vários minutos.

Para tirar a graxa das roupas - esvazie uma lata de COCA-COLA na roupa gordurosa, adicione detergente e programe um tempo médio. A COCA-COLA ajudará a remover as manchas de gordura.

COCA-COLA também ajuda a limpar pára-brisas.

Testei tudo, menos o pára-brisa.

Quanto à alimentação, quanto mais se optar por pratos coloridos, melhor.

Segundo a ayurveda, cada chackra tem uma cor respectiva, de modo que um prato colorido ajuda a manter os chackars em harmonia. AMARELO, LARANJA, VERMELHO, VERDE e ROSA, AZUL, LILÁS. Uau, como encontrar verduras e legumes nessas cores?

Basta prestar atenção nos pratos, não pegando as comidas aleatoriamente ou no automático. Existem verduras, legumes e frutas com matizes nas cores rosa, lilás e azul, basta prestar atenção.

Substituir óleo de soja por girassol, ou, melhor, por azeite (quando usar esse último, não aquecer). Nunca o óleo de canola, porque é TRANGÊNICO e as últimas experiências têm apontado os trans como fator cancerígeno. Ah, a batata PRINGLES, os salgadinhos (todos) de saquinhos, bem como a pimenta TABASCO são totalmente TRANS.

Sabia que o arroz branco perde 75% do nutrientes no processo de beneficiamento?

Ele só serve para "encher a barriga" e liberar mais e mais gases. O arroz integral mantém intacto o rol de nutrientes. Ah, é lenda urbana essa história de o arroz integral "engordar mais".

Primeiro, porque quem engorda somos nós e, segundo, engordamos por uma série de fatores, sendo a ansiedade, a compulsão e a ignorância os maiores fatores. Por não ser frito, e sim cozido, o arroz integral mantém seus nutrientes e não libera radicais livres durante sua produção.

Os restaurantes usam muitos legumes em conserva (azeitona, vagem, ervilha). É bom correr deles, porque além de poderem ser um prato cheio para Clostridium e salmonella, trazem conservantes e aditivo químico sintético. Como o nome já diz, ele não é sintetizado ou encontrado in natura e, portanto, não é metabolizado por nosso organismo. Na verdade, não sabemos para onde vão, mas, ironicamente, nunca se teve tanto câncer como no pós-industrialização.

12 mais comuns aditivos:

Gorduras Hidrogenadas: riscos de doenças cardiovasculares e obesidade.

Corantes Artificiais para alimentos: alergias, asma, hiperarividade, possibilidade de serem substâncias carcinogênicos (que induzem o aparecimento de cânceres).
Nitritos e Nitratos: essas substâncias podem gerar nitrosaminas no organismo, que podem ser cancerígenas.
Sulfitos (dióxido de enxofre, metabisulfito, e outros): reações alérgicas e asmáticas.
Açúcares e Adoçantes: obesidade, cáries, diabetes, hipoglicemia, incremento de triglicerídeos (gordura na corrente sanguínea) ou candidíase.
Adoçantes artificiais (Aspartame, Acesulfame K e Sacarina): problemas de comportamento, hiperativiade, alergias e possivelmente carcinogênicos. O governo desaconselha o uso de adoçantes artificiais para crianças e mulheres grávidas. Qualquer pessoa com fenilcetonúria (com incapacidade para metabolizar o aminoácido "fenilalanina" presente nas proteínas) não deve usar o aspartame.
Glutamato monosódico: alergias e reações como dores de cabeça e depressão, também pode agir como uma neurotoxina.
Conservantes (Butil Hidroxitolueno – BHT; Butil Hidroxianisol – BHA; Cálcio Dissódico – EDTA, entre outros): reações alérgicas, hiperatividade, possibilidade de causar câncer. O BHT pode ser tóxico para o sistema nervoso.
Flavorizantes Artificiais: alergias e alterações no comportamento.
Farinhas refinadas: baixo teor de calorias, desbalanceamento de carbohidratos, alterações na produção de insulina.
Sal (excesso): retenção de líquidos no corpo e aumento da pressão arterial.
Olestra (um tipo de gordura artificial): diarréia e distúrbios digestivos.

Os pratinhos enfeitados de ervilhinhas, dentro de tal Inferno de Dante, apenas trazem mais decomposição ao nosso corpo internamente.

Aliás, muitas vezes penso que somos desleixados com nossa alimentação porque não vemos a porcaria que vira nosso corpo por dentro. Mas já tive oportunidade de, numa autópsia, ver uma pessoa por dentro. Nada saudável.

Carne de boi, nem comentarei...

Frango, enfim, cheio de hormônios, não recomendo.

Até nosso salmão é treta, porque ele só é rosinha e bonitinho porque a maior parte dele vem de criatórios. O rosa é uma mistura de ração e... uhu, carne de boi! O restolho do restolho, cheio de sofrimento e hormônio.

O que traz a sensação de "efeito balão"?

FARINHA. Aliás, são 3 as cocaínas para o corpo, segundo o livro Sugar Blues, muito famoso: SAL, AÇÚCAR E FARINHA BRANCA.

O que se falou para o arroz vale para a farinha, quanto mais branca, mais produto químico em seu beneficiamento e menor a quantidade e qualidade nutricional. a perda é maior, chega a quase 85%.

Uma besteira comer pão branquinho, porque o segredo está na "truculência" do pão integral, dá a sensação de saciedade.

Mas não se enganem no supermercado, pois os pães que prometem, são, na verdade, engodo, já que contém a mesma lista acima de assassinos para o corpo.

O ideal é passar num desses restaurantes vegetebas e comprar um, sem conservante. Dura menos, mas, afinal, nós também duramos, por que, então exigir tanto assim da vida e dos alimentos?

Bom, acho que está legal, de início...

domingo, 30 de maio de 2010

Nobre vagabundo


"Quanto tempo tenho
Prá matar essa saudade
Meu bem o ciúme
É pura vaidade
Se tu foges o tempo
Logo traz ansiedade
Respirar o amor
Aspirando liberdade
Respirar o amor
Aspirando liberdade...

Quanto tempo tenho
Prá matar essa saudade
Meu bem o ciúme
É pura vaidade
Se tu foges o tempo
Logo traz ansiedade
Respirar o amor
Aspirando liberdade...

Tenho a vida doida
Encabeço o mundo
Sou ariano torto
Vivo de amor profundo
Sou perecível ao tempo
Vivo por um segundo
Perdoa meu amor
Esse Nobre Vagabundo...

Quanto tempo tenho
Prá matar essa saudade
Meu bem o ciúme
É pura vaidade
Se tu foges o tempo
Logo traz ansiedade
Respirar o amor
Aspirando liberdade...

Tenho a vida doida
Encabeço o mundo
Sou ariano torto
Vivo de amor profundo
Sou perecível ao tempo
Vivo por um segundo
Perdoa meu amor
Esse Nobre Vagabundo
Sou perecível ao tempo
Vivo por um segundo
Perdoa meu amor
Esse Nobre Vagabundo
Perdoa meu amor
Este Nobre Vagabundo
Perdoa meu amor
Este Nobre Vagabundo...

Quanto tempo tenho
Prá matar essa saudade
Meu bem o ciúme
É pura vaidade
Se tu foges o tempo
Logo traz ansiedade
Respirar o amor
Aspirando liberdade...

Tenho a vida doida
Encabeço o mundo
Sou ariano torto
Vivo de amor profundo
Sou perecível ao tempo
Vivo por um segundo
Perdoa meu amor
Esse Nobre Vagabundo
Perdoa meu amor
Esse Nobre Vagabundo
Perdoa meu amor
Este Nobre Vagabundo..."

Vídeo:

Sonho de Ícaro...


"Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for
Descer até o céu cair
Ou mudar de cor
Anjos de gás
Asas de ilusão
E um sonho audaz
Feito um balão
..."

Essa letra inspira a sensação de superação, transcendendo o óbvio que limita, para vivenciar o êxtase na transposição do horizonte! Belo e pleno horizonte que se renova a cada braçada em que pensamos ter chegado ao öutro lado"de "algum lugar"... Dentro de nós...Tentamos chegar dentro de nós e nos aprofundamos, mais e mais, sem alcançar o inatingível...

Quando "senti o que não posso ter", permito-me ir onde ninguém nunca antes ousou, porque, quem sabe, poucas são as afortunadas pessoas que simplesmente SE PERMITEM. Quem sabe o que está atrás de cada vôo celestial?

Biafra fala em "fugir para ser feliz", numa rasante plainando por sobre as cabeças de quem fica aqui. Afinal, o Sol derreterá a cera até o fim, mas não destruirá o que ficou dentro do coração de Ícaro, que se lançou no Infinito!

A impermanência e o viver

Não adianta traçar tantos planos, pois todos eles compactam, ao final, a alma livre, que simplesmente se permite nada mais do que o VIVER... Viver, em si, é a própria meta, para que traçar tantas outras que restringem o substrato do sentir?

Sonhos? Projetos? Objetivos? Está tudo fadado ao fracasso de não se realizarem, porque a realização já marca, em si, a insatisfação de não ter a alma tido a fluidez para não se programar. Não temos certeza do porvir mais imediato, pois, em cada dia de sono, deitamos sem sabermos se, no dia seguinte, estaremos aqui respirando!

Pessimismo? Não, a mais pura percepção do que é estar vivo num corpo...a incerteza do que está escondido por trás de uma esquina... Por isso, fluir é muito importante, já que nas pequenas trajetórias da alma reside a completude desse especial viver, sem projetos, sem alegorias, somente nós conosco...

Não peço desculpas pela minha fluidez. Ao contrário, ela surge, como uma torrente, invadindo aqui e ali, no descompasso do que esperam de mim e na confluência do que me disponho a viver. Plena alma livre em si, caminho, aqui e ali, não projeto, vivencio, em cada minuto, as pequenas mortes do dia-a-dia.

Casinha?

Trabalhinho?

Carrinho?

Vidinha?

Almoçozinho de familiazinha-que-fala-da-vidinha-dos-outrinhos?

Filhinha e filhinho?

Socorro!

O que é isso? Algum rascunho que Alguém fez e jogou fora... A equação está estranha, pois projetamos tais realizações sem, contudo, atentar para nosso Ser nesse processo...Daí, simples, acasalamos, colocamos proles e mais proles num mundo louco, vestimos e condicionamos os filhos a serem retratos mal-enjambrados de nós mesmos... Depois, quem sabe, trabalhamos muito em prol de tudo para, ao final, morrermos, achando que o mais legal que fizemos foi isso...O que?

Liberdade... Tão pouco... Para mim, muito pouco da verdadeira liberdade necessária ao sono dos que se dedicam, verdadeiramente, ao próximo, não por ego, mas por puro altruísmo. E isso falta no mundo, porque falta dentro de nós a percepção de DESAPEGO. Sempre queremos mais e mais, sempre nos frustramos quando alguém não "nos dá" o que "achamos"ter "direito".

Nossa, que opressor! Afinal, não se força ninguém a amar o Outro.

Para tantos, a listagem acima é a tábua de salvação idiossincrática, quando não se sabe, ao fundo, quem se é ou para que se veio ao Mundo. Quando não se sabe onde se quer chegar dentro de si, qualquer vento é desfavorável, já dizia Sêneca.

Navegamos muitas vezes à deriva de nossas verdadeiras ambições, que poderiam ser muito menos do que os magnâninos projetos que insistimos em montar para, ao final, quando fecharmos os olhos, enganarmo-nos achando que "fizemos muito". O que podemos fazer por nós? Por nossa felicidade, sem que isso reverta num caminho quixotesco de satisfazer sempre o Outro às custas de nossa própria FELICIDADE?

Dentro disso, quem sou? Simples, muito simples. Sou o que sou, sem a necessidade de transpor nos Outros o retrato de minhas mazelas não apartadas da alma. Viajo, fluo, vou e venho, na única dialógica que conheço: AMOR. Quem quiser me catalogar terá muito trabalho, porque não me amoldo a juízo algum que qualquer pessoa faça de mim... Sou simplesmente o que e quem eu sou por querer ser. Ponto.

Meus primados morais e éticos estão cada dia mais distantes dos enunciados judaico-cristãos que me trouxeram até aqui. Navego no contra-fluxo e, quando menos se espera (por mais pseudo-confiança que possa alguém ter sobre meus atos), mudo a minha direção, como a música


"Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde estou
Meu destino não é de ninguém
Eu não deixo os meus passos no chão

Se você não entende, não vê
Se não me vê, não entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende
"

Mas o Amor? O que é o Amor? Seria eu uma cruel, fria e calculista pessoa? Já disseram isso para mim tempos atrás...O que esqueci de dizer, claro, sempre esqueço, é que não faço pactos no amor, porque, para mim, Amar é sequer precisar abrir a boca...

Ai, ai, esse texto não comporta, nem os dedos conseguem escrever o que é amor...

Escrever é, em si, afronta direta ao nobre sentimento de plenitude...

Mas sei o que não é Amor...claro!

Condicionalidade não é amor.

Carência emocional não é amor.

Opressão não é amor.

Ansiedade projetada no Outro não é amor.

Cobrança não é amor.

Extorsão emocional não é amor.

Lista boa, não? Acho que pararei por aqui antes que entristeça, ainda mais, os inocentes corações dos frequentadores dominicais dos sermões sacerdotais, para quem o Amor é uma "coleira feliz"
(contradição em termos, pois nunca vi um cachorro feliz)

"Eu perdi o meu medo
O meu medo, o meu medo da chuva
Pois a chuva voltando
Pra terra traz coisas do ar

Aprendi o segredo, o segredo
O segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar

Eu não posso entender
Tanta gente aceitando a mentira
De que os sonhos desfazem aquilo
Que o padre falou

Porque quando eu jurei meu amor
Eu traí a mim mesmo, hoje eu sei
Que ninguém nesse mundo
É feliz tendo amado uma vez...
Uma vez
"

Daí, por outro lado - no lado, que é sempre dual - se não existe lealdade, fidelidade, -ades da vida, é "porque" (sempre o porquê) ... porque a pessoa tem problemas....É devasso ou devassa, perde-se por aí. O que é se perder? Mais do que se perde de identidade quando se esquece de si para extorquir a identidade do Outro? heheheh, ironia, doce ironia. E com os dedos cheios de ironia, termino minha impermanente hora de permanência.

sábado, 29 de maio de 2010

O lugar mais cálido do mundo...

Estou de férias dentro da minha própria casa.

Não estou muito a fim de ver ou falar com ninguém porque simplesmente decretei em meu benefício férias antecipadas das provocações do mundo, coroando minha liberdade de simplesmente não estar nem aí para nada ou ninguém...

Férias! Diminutas férias, mas que se elongam na alma de maneira a-temporal. Não atendo telefones, não vejo clientes, não escrevo nada que não seja para deleite. Depois, quando voltar das férias, verei como está o mundo! Se não mais existir o mundo da maneira pela qual o conheço, darei salva de palmas, pois terei conhecido a impermanência!

Programei para minhas férias não conversar, não falar, não aconselhar, não coexistir.

Simplesmente serei eu comigo, minha melhor companhia!

Aliás, não poderia ter escolhido - numa apologia egóica - ser mais abençoado e infinitamente parecido comigo: trata-se de mim mesma em pleno estado de observação.

Sem me ocupar da discussão trivial e frívola da mesmice a que sempre me sujeito, estou correndo da matiz de uma aquarela em preto-e-branco do viver em sociedade. Essa mesma sociedade programada por Algum cable guy um pouco mais esperto, que transformou o mundo num nauseante lago de autômatos.

"Mundo animal": eis a perversa escusa de sermos animais que nascem, crescem, reproduzem e morrem. Blargh, o que poucos sabem é que o desejo desenfreado esconde apenas o ego que deseja ficar um pouco mais na Terra e, sentindo o perecer a cada dia, precisa ospurular a imbecilidade por todo o planeta, como vírus de mesmice!

Geniais darwinianos...falaciosos estúpidos, o que existe de sacral nessa brutalidade de se programar para ser feliz? Nada, apenas mais mediocridade...E, num mundo de medíocres, talvez, possamos nos anestesiar na efêmera tentativa de sermos felizes? Quem sabe o que é FE LI CI DA DE?

Pessoas que se mascaram e, ao menor sinal de fogo, recuam seus cavalos brancos e se escondem dentro de seus fantasmas complexos? Não sei, mas também, de férias, não estou muito interessada em saber dos outros. Estou querendo é saber de mim e dos pactos que não costumo fazer. Já tenho meus amigos fantasmas, que me fazem companhia feliz, com a vantagem de, com eles, fazer uma verdadeira terapia de mim.

São pactos tão simples, Senhor (Oh, My Lord! My sweet Lord!): pactos de "siga sua vida, sigo a minha e pronto". Ou, então: "não quero" ou "quero", ou, ainda, "não sei se quero porque sou confusa".

Mas, sob a batuta de controlarmos até o fio de cabelo branco que insiste em trair a juventude, traímos a nós mesm@s, intimidando-nos diante do mais básico sentimento: sinceridade conosco...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Tempo, tempo, tempo

Quero ser feliz agora, não existe outro senão o tempo do hoje
Tempo? Quanto tempo?
Não sei, já vai tão longe o "tempo" em que
Naquele "tempo", o hoje era a eternidade...
Embalada em seu sorriso entrelaçamos mundos
Perdi-me em seu olhar
Que tempo, meu Deus? Isso lá existe?
Parece que foi ontem o tempo que insiste em me torturar
Não tenho muito tempo
Quem sabe?
Não tenho sequer a próxima respiração
Cada sopro de ar que movo traz mais próxima a destruição
Tempo de dizer "olá", tempo de dizer adeus
Quanto tempo falta para simplesmente marcar na alma
Mais um pouco da profundidade dos olhos
Que, um dia, encontraram os seus?
O chama incauta do imediatismo do devir-que-nunca-vem
Os sonhos que nunca se perfizeram
As palavras que nunca foram ditas
Em quanto tempo, meu Deus, poderei vivê-los?
Sempre, nunca, daqui a pouco ou jamais,
Tanto faz, o tempo, enfim, escolhe
Quanto tempo ainda tem
Para viver o ontem, o hoje e o amanhã
Apenas no aqui e no agora...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Do que realmente gosto no Direito?


Deitei-me noite passada decidida a matar algumas charadas que estão nocauteando a minha alma, inquietando-me e me fazendo passar por experiências muito inéditas. Como não quero enfrentar as outras, foquei no alvo mais simplista que, por óbvio, como não poderia deixar de ser, foi o Direito.

Matutei, matutei, acordei várias e várias vezes, enfim, dormi e, dormindo, acordei embalada na lucidez dos sonhos, vivenciando neles a resposta à minha angústia interna.

Adoro escrever e, por conta disso, adoro escrever NO Direito. Entrego-me de corpo e alma às peças que produzo, vejo as letras em minha mente e apenas transponho para o papel o vasto continente que brota incessantemente, letra após letra, em velocidade nuclear, para formar os textos.

Eles já estão em minha cabeça. Eles estão sempre pairando sobre mim, inteiros, completos em si.

Minha humanidade ora os alcança e transmuta em verso, ora deles se esquece, pela quantidade que causa assombro em meus dedos, que relutam, dado o desgaste de seus tendões já tão exauridos, em compartilhar com o mundo o que captei no espaço.

Mas não adoro tanto assim os desmembramentos, ou, ainda, sair do claustro semântico que a escrita jurídica traz. Também não gosto de escrever NO Direito por escrever, ato contínuo de automatismo cego.

Antes, gosto de me esvair em idéias e novos planos, para, quem sabe, algum dia, alguém se eternecer de mim e poder me usar para melhorar algo dentro da sociedade. Uau, adoraria de ser usada para o bem de todos!

Se melhorar para uma só pessoa - que seja - de onde eu estiver como poeira carbônica e nitratos - acho que darei um sorriso, pois já terei compartilhado a alegria de promover alguma coisa de útil para essa humanidade...

terça-feira, 25 de maio de 2010

A mulher e o menino

Hoje fui com meu amigo até a iconoclastia idiossincrática do Poder-que-tudo-vê, na labuta de uma jornada tripudiada pelo descrédito social. Acho até que o descrédito é obra minha, contribuindo para a mediocridade com a insistência em me enganar achando que, um dia, cabe ao Poder-que-tudo-vê a parcimônia da sabedoria...Mea culpa, maxima culpa, in extremis!

O chauvinismo está em todos os lugares e, ali, estava na máscara simbólica de um sistema falido, estruturalmente forjado para forjar o ilícito, declarando-o como tal na criação efêmera da batuta legislativa. Fiat lex, não lux, é a demanda para a gênese de falsos ídolos de mármore, frio mármore, que não se dão conta do que é sutil.

Entramos no cadafalso e simplesmente fomos, ali, 'uma mulher e um menino', na mais sensível dimensão de apreensão que meu amigo poderia me transmitir. Sábio, sábio, pois sabe colocar as lentes do olhar desnudador da realidade. Fora, justiça! Pobre sorte de quem tenta extrair a dor do outro.

'A mulher e o menino' seguiram intrépidos, enquanto o outro levou para casa o monobloco de papéis que eliminam nossas árvores frondosas...Dali a pouco irei também arrancar mais algumas delas...Quem sabe?

O eDIFÍCIL do sufocante poder da alma

No caos existencial de uma alma liberta de si
Fui à luta para o mundo de ilusão
Forjei na própria pele a ferida de morte
Lacerei minha nobre alma em troca de sorte
buscando no Outro a imensidão
...
Pintei a sombra do rito de guerra, vesti a couraça e me destaquei de mim
para me violentar no Outro, de forma "sincera"
Brandi a espada justiceira da mentira
tracei rascunhos de cor que nunca antes sentira
Enganei a que? Já nem bem me lembro
São tantas lutas que hoje ostento
Perdida em castelos ofuscados de dor
Sufocados pelo ar que nem mais consigo respirar...
...
Falta-me o ar, perdido no edifício de desespero
de tantas outras nobres almas em atropelo
Que vão, esperançosas
No caminho da paz se encontrar...
Longe vai a sinceridade
quando os castelos de poder
nem a si mesmos são capazes de amar...
...
A venda que lampeja a navalha
Não sabe mais da luz a revelar
Perdidos seguimos em nossas histórias
Que a verdade, aquela "verdadeira" verdade
Sequer conseguimos hoje enfrentar...
...
E na sala da navalha de fio cego
A penumbra esconde os sustentáculos do poder infame
Que tal qual abelhas em um irascível enxame
Retira para o Mercador uma libra de carne
O que resta para quem pede um pouco?
Um pedaço, quem sabe, de seu próprio fel
Embalado nos grilhões de um bordel
Onde vendeu a alma, nem sei bem quando...

Encontros e re(des)encontros

A alma pede e eu escrevo...

Encontros e re(des)encontros

"Cruzei caminhos em pleno mar, elevando m'alma até alcançar estrelas

Preenchi no céu minha alma de flores,
Voando bem alto
Até quando não mais pudesse vê-las
....

Perdi-me fácil em meio a tantas lindas histórias
Voei, senti, vivi e desci
Propalando, como um nobre arauto
Um doce cântico embalado de glórias.
Aplaquei a intensidade do ser em um corpo momentâneo
Que se esvai em pleno ar
Passa, efêmero, com o tempo
mas deixa a marca por onde quer que vá.
Ó, corpo, quanta sutileza pode suportar?
O fogo que a ti implode num emaranhado de êxtase
Conhece o amor sem se queimar...
E o tempo, rindo à toa
Traz à mão o passado vindo ao hoje se juntar"

sábado, 22 de maio de 2010

O dia em que Clarice limpou sua alma...

O Sol já produzia as primeiras gotas de suor quando Clarice abriu os olhos e observou sua casa em franca desolação higiênica. Ela não era bem o protótipo da pessoa emporcalhada, mas sentindo o desconforto de uma vasta propaganda midiática que empurra o ser para a limpeza psicótica, havia ido para a cama no dia anterior disposta a acordar e limpar seu sagrado lar.

Logo nas primeiras rajadas de ofuscantes raios solares tentou desistir - "Tenho mesmo que limpar isso tudo?" - desanimou, olhando a pilha de louças que insistiam em lutar contra a gravidade, num equilíbrio tão instável quanto a própria psiquê de Clarice.

Depois de diversas idas ao terapeuta, Clarice se descobriu neurótica, constanado ter passado boa parte de sua vida a andar com um pano de chão limpando as passadas impressas das pessoas que lhe visitavam.

Sua necessidade de limpar a casa era proporcional à que sentia de se voltar para si, num afã de expurgar da alma - com uma mangueira de bombeiro, se fosse o caso - tudo que outrora a aborrecera.

Dores, traições, abandonos, humilhações: essas eram as louças delicadas dentro do grande acervo emocional que Clarice insistia em esconder dos outros no armário particular seu seu mundinho feliz, revelando-se apenas para sua imagem no espelho, em recorrentes diálogos silenciosos que travados durante anos.

"Armários... sempre é bom começar a tirar as tralhas dos armários" - pensou, lembrando de um programa pay-per-view que "ensinava"a arte de arrumar uma casa num ritual que sempre iniciava pelos armários, segundo a orientação dos experts. Segundo a apresentadora do programa, tanto as recordações felizes, quanto as dolororas, deveriam ceder o espaço do armário para novas experiências, de modo que a limpeza, por assim dizer, deveria ser "geral".

Foi então que, embalada por um rompante de otimismo expurgatório, Clarice abriu o armário, logo sendo recebida, de bom grado, pela primeira rajada de um vento gostoso de perfume de lavanda. Era ali seu santuário inatingível aos olhos comuns, onde Clarice passou parte de sua vida guardando todas suas lembranças do passado.

Fotos, livros, bilhetes apaixonados, cartas de amor, embrulhos de papel e flores secas dividiam amorosamente espaço com tantas outras caixas delicadamente envoltas em uma adocicada perfumaria de sândalo, hábito que herdara de sua avó. Uma profusão de aromas enebriou Clarice, arrancando-lhe das entranhas aquela invulgar vontade de se livrar de tudo. Ao invés disso, sentou-se ao chão, começando, dali em diante, a observar o fluxo que sua vida lhe trazia novamente, nas memórias contidas em tantos objetos.

Em átimos de segundos Clarice pôde ver seu passado se confundir com seu presente. A cada lembrança relatada nas páginas do diário que lia, Clarice sentiu o mundo de recordações invadir seu coração. Não sabia, naquele momento, se haveria espaço para tanto sentimento que simplesmente começou a escoar, como as águas de um caudaloso rio, que não pedem licença para levar tudo aquilo que vêem pela frente.

Sem reparar, o rio corria por seus olhos, ao mesmo tempo em que os dedos, apressados, teimavam em passar página por página de seus escritos, que se convertiam, na mente e no coração de Clarice, nas lembranças de tudo que vivera até ali.

Compreendendo que não se pode "jogar fora a própria vida", Clarice, então, parou e sorriu, decidindo guardar tudo de volta em seu lugar sagrado. Embrulhou, em meio a sorrisos nostálgicos, todas as fotos, as cartas, os papéis e os presentes que tão atenciosamente recolheu durante sua trajetória.

"Limpeza? Que limpeza? Vou parar com essa neurose!"

Afinal, percebeu que não precisaria muito mais de um pano de chão com algumas gotas de desinfentante para dar à cozinha o ar de uma casa habitada por alguém que, vendo todo seu caminho, sabe, ao final, que a limpeza da alma não se faz com um lustra móveis...

I carry your heart with me

I carry your heart
i carry your heart with me(i carry it in
my heart)i am never without it(anywhere
i go you go,my dear;and whatever is done
by only me is your doing,my darling)
i fear
no fate(for you are my fate,my sweet)i want
no world(for beautiful you are my world,my true)
and it’s you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you


here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life;which grows
higher than soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart


i carry your heart(i carry it in my heart)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Até mais, Titi!

Ela chegou aqui em casa num dia, sem o menor pudor e, não pedindo sequer licença, conquistou nossos corações. O meu, bem simples de ser conquistado, logo se afeiçoou àquela gatinha preta de botinhas e nariz bem branquinho.

"Será que ela é de alguém?" - perguntei inadvertidamente, logo me lembrando de que nada e alguém pertencem a alguém. Pretensão minha achar que uma pessoinha como ela "seria"de alguém. Ela era dela, senhora de seus passinhos, plena em sua felinidade!

Não me aproprei dela... ao contrário, o passe livre de Titi arrancou de mim meus melhores sorrisos. Da janela do escritório, ficava admirada, vendo o quanto ela se divertia simplesmente caçando as lagartixas que habitam o jardim. E, não contente com a caçã, ela ainda pegava as lagartixas com as mãos e as jogava para cima, numa tentativa de produzir algum tipo de movimento em que valesse a pena, ainda, permanecer caçando...

Ela me acordava aqui em casa, batendo na porta da frente e demandando, com carinho, um pouquinho de comida. Até mesmo quando saía, atrasada, e via o pratinho da Titi vazio, eu suspirava fundo, olhava para trás e abria tudo de novo - portas, janelas - apenas para ouvir o ronronar dela em agradecimento à comidinha que fartamente estava ali à sua mesa.

Com ela aprendi a não me importar mais com as fugas do Finfim - outro gato carijó matreiro, que costuma passear - porque, dentro de mim, sempre senti que Titi, como tudo em minha vida, exaurir-se-ia dali a algum tempo. Que tempo? Não saberia e, por não saber, hoje penso que o momento de passar pela preparação dos bardos de morte é o desapego em vida, para saber que o fim é apenas o começo de algo muito, muito mais belo e pleno.

Não que isso fosse algo a ser sentido como uma dor de morte proeminente, pois, com ela, bem como com a Miu (outra gata) e com a Elisa (minha vizinha com quem sonho sempre em agosto), enfrentei a dor da perda. Dor de perda? Perda do que? De uma apropriação que igualmente é ilusória!

Hoje o dia foi de um colorido especial, como os últimos dias de reencontro têm sido.

Se eu deixasse esse mundo exatamente hoje, iria muito feliz, com a sensação de não haver diferença entre estar respeitando ou não, porque, de igual maneira, são apenas lentes que colocamos para enxergar o todo que se transmuta em todo!

Estou ao lado de quem amo, pulsando o coração numa paz enorme. Isso me basta. Amar, amar, apenas isso, basta! Não importa quem, onde e porquê. Amar é, ao final, um verbo intransitivo, que não depende de complemento para se perfazer em mil pétalas de lótus!

Cheguei agora a pouco e vi a Titi na porta da minha casa. Estava imóvel, envolta no silêncio respeitoso de quem fechou os olhos para esse mundo. Choquei-me em vê-la, pois onde outrora existia uma gatinha cheia de energia - caçando lagartixas - existe apenas o corpinho dela, os pezinhos brancos que tanto me pediram colo.

A parte de mim que ainda não aprendeu a impermanência está entristecida... Mas, do fundo da minha alma, nos confins não muito distantes da superfície que lamenta, estou confiante que, um dia, todos nós nos encontraremos no giro da roda da vida, em pura energia, para uma grande cantiga de roda!

Sinto-me abraçada pela Titi e muito grata por ela ter escolhido passar esse tempo de passagem aqui perto de mim e de nossa família. Sinto-me grata e feliz porque na breve passagem de Titi, transformei-me, mais um pouquinho, em uma pessoa melhor!

Titi, querida, a gente se encontra algum dia!

A apropriação do Outro

Quando olho minha imagem projetada no espelho, vejo no reflexo minha alma transcendida para a busca de mim no Outro.
Falta-me algo? Meu espírito inquieto diante das incertezas que ainda não compreende sussura que sim, mas a minha alma cheia em si acena que não.

Eis os conflitos que permeiam o humano.
O Outro é a pincelada de Magritte (aí ao lado), a imagem que, a ferro e fogo, pretendemos ver extorquida do próximo a partir da negação de nós, porque o nós, o cada qual, pode não ter consciência do que realmente é nesse vasto espaço intergalático (é obrigado a ter? Ou isso também é dogma que algum terapeuta pretende enfiar em nossa cabeça).
Nessa ausência de auto-reflexividade, o Outro não existe, a não ser no Universo do colorido que atribuímos a ele/ela.
Ferimos e desrespeitamos a sutileza, a sensibilidade e, sobretudo, a alma alheia: achamos que ela é o retrato que construímos, a pinceladas, o alter-ego, e, por conta disso, as emoções do Outro nos pertencem...
Não auscultamos o rompante do coração de quem está bem diante de nós: bum-bum, bum-bum-bum.
Sim, o Outro pulsa em Si e, assim, reverbera a entonação de nossos sibilantes sons.
Reverberar, contudo, não é vivenciar a experiência que nos permitimos, pois mesmo nas oscilações massa-mola, quem primeiro impacta e passa pela experiência da batida é a primeira bolinha.
Altruisticamente, contudo, ela transfere para a seguinte seu pulsar e, juntas, ambas oscilam harmoniosamente, sem o menor esforço.
Quando nos apropriamos da imagem das emoções alheias que desejamos ser sabedores, limitamos, oprimimos, quebramos no Outro o que existe de mais Sagrado: sua identidade e sensibilidade. Mas, ao final, ufa, um alento: quebramos o Outro, mas achamos recuperar parcela de nós mesmos que jazia no medo também projetado.

Por que, então, tanto medo?
Nesse manto de desilusão, os medos são maiores do que as sensações de paz, porque o ego não quer saber de sua não-existência. Precisamos dialogar com o Outro, interagir com o próximo, falar continuamente apenas porque não sabemos como lidar com esse ego tão frágil.

Demandamos, a partir disso, do Outro, a confirmação de nossa existência. Achamos que não existimos sem o Outro, que o Outro sabe e sente a mesma dimensão de nossas sensações porque, no auge do egoCENTRismo, não somos sensíveis na observação do que é importante para outra pessoa que não nosso umbigo, nosso chackra que demanda atenção.
E na apropriação do Outro, acaba, enfim, a missão de evoluir. Destruímos a flor...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O ser e o nada jurídico...

Não sei, ao certo, entendo que tudo está meio fora de tempo: a complexidade em que o ser humano se reinventou e descobriu tem sido incompatível com a clausura autista que, em todos os níveis institucionais, erigiu-se como uma barreira à redescoberta do próximo.

Em relação ao sistema jurídico, judicial, ministerial e todos os -ais, vejo, percebo, sinto e reflito, que a pancada ainda é mais densa, porque internalizamos a essência de uma autocracia medieval, não passamos pela experiência do republicanismo (república nessa tríade legis-exec-jud?), muito menos pela consolidação de um compartilhamento de projetos do que é ser-um-brasileiro.

Vivemos encobertos - e não descobertos por Portugal - e, silenciando-nos enquanto a negritude era empurrada para as galés, a pobreza para os manicômios e prisões, as mulheres para as propagandas de cerveja - em corpos docilizados pelo ideário "popular" (que nada tem de popular, pois sou população e não penso assim). Fizemos - todos e todas - nossa cama de silêncios e omissões e nos deitamos nela, em 'berço esplêndido'.

O que resta, pois? Nada, resta nada, porque a cada qual segundo sua medida de igualdade, uma bofetada para lembrar do que é não equânime...

Medo da chuva

É pena
Que você pensa que eu sou escravo
Dizendo que eu sou seu marido
E não posso partir
Como as pedras imóveis na praia
Eu fico ao teu lado sem saber
Dos amores que a vida me trouxe
E eu não pude viver
Eu perdi o meu medo
Meu medo, meu medo da chuva
Pois a chuva voltando pra terra
Traz coisas do ar
Aprendi o segredo
O segredo, o segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar
Eu não posso entender
Tanta gente aceitando a mentira
De que os sonhos desfazem
Aquilo que o padre falou
Porque quando eu jurei
Meu amor eu traí a mim mesmo
Hoje eu sei que ninguém neste mundo
é feliz tendo amado uma vez
Uma vez
Eu perdi o meu medo
Meu medo, meu medo da chuva
Pois a chuva voltando pra terra
Traz coisas do ar
Aprendi o segredo
O segredo, o segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar
Vendo as pedras que sonham
Sozinhas no mesmo lugar

Você ainda pode sonhar

Pense num dia com gosto de infância
Sem muita importância procure lembrar
Você por certo vai sentir saudades
Fechando os olhos verá
Doces meninas dançando ao luar
Outras canções de amor
Mil violinos e um cheiro de flores no ar

Você ainda pode sonhar
Você ainda pode sonhar
Você ainda pode sonhar

Feche seus olhos bem profundamente
Não queira acordar procure dormir
Faça uma força você não está velho demais
Prá voltar e sorrir
Passe voando por cima do mar
Para a ilha rever
Vá saltitando sorrindo a todos que vê

Você ainda pode sonhar
Você ainda pode sonhar
Você ainda pode sonhar

Raul seixas


La vie en rose!


A todo tempo me deparo com situações em que os condicionamentos vêm à tona, quer seja numa desculpa para não se fazer o que se realmente deseja na vida (mandar tudo de ruim às favas), ou, ainda, no entorpecimento do que ainda resta habitando no corpo que decai, a cada dia, sob o cronograma do embrutecimento.

"Feito as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar", ouvindo o som da "labuta diária", para a qual acreditamos ter nascido, doamos nossa seiva tão sagrada, porque talvez, quem sabe, julgamos, um dia, acontecer um milagre, ou, quiçá, confiantes num além-vida, deixamos para viver em outras orbes o que não "dá tempo" de viver aqui.

E nessa "vida de gado" vivemos, como "povo escolhido de Deus", que se vê e sabe súdito e servo, resignando-nos com o que a dadivosa Vida nos proporciona, como carneirinhos que estão prontos para o abate. Seguimos, intrépidos, na marcha do contentamento em relação à mesmice da programação de vida - papai, mamãe, titio, titia, escolinha, festinha, dia das Mães, dos Pais, natal, enfim, um transcorrer de pura enganação.

Citando Rousseau, prendam esse mentiroso que, em algum infeliz dia, disse que viver era isso...

Viver é bem mais do que se atrelar a alguém, do que comprar presente, encher a pança de barbitúricos, drogas e comidas. Viver é experienciar o que podemos extrair de essência nessa Vida, minha gente!

Vida, que bela vida existe bem à nossa frente, nos diversos banhos de cachoeira que podemos tomar, nas bananas que podemos comer, nos filhotes que podemos ajudar a nascer.

A beleza em apenas ver o alvorecer, o por-do-sol, as estrelas. Ver, apenas. Deitar na areia, ao som do mar, deixando a água beijar nossa pele frágil.

É fazer parte de um organismo vivo chamado Gaia, transpondo as barreiras ilusórias que geramos em nossa mente-que-mente-que-nem-sente, ao mesmo tempo em que arrebetamos o medo e a culpa que também geramos para nosso deleite anestésico.

É sair de um mundo onde não mais existem colapsos quânticos, onde as pessoas são tão previsíveis que qualquer pessoa mais atenta pode se fazer passar por vidente, médium, mãe-de-algo, apenas para tripudiar da nossa falta de sutileza mental em saber decodificar a linguagem da alma e das emoções.

La vie en rose!

O anjo da casa


Em toda casa existe um anjo a "assombrar" as belas "damas", dizendo sempre, quase sussurrando, que "uma mulher não deve ser impetuosa", ou, ainda, "tenha compaixão, afinal, é uma virtude das mulheres". Virginia Woolf passou muito tempo resenhando autores da época e lutando, até expulsar de seu convívio, o Anjo que habitava a sua casa e dizia para "não ser tão dura com os autores", afinal, "você é mulher".

Muito pouco a cultura ocidental sabe de suas belas heroínas "amazonais", ícones de amor, prazer, impetuosidade, pretensão e, sobretudo, violento amor. Violento amor? Contradição em termos?

Não, as divas celtas, antes disso, personificavam arquetipicamente do ser humano, pois estão longe, muito longe daquele maniqueísmo cosmogônico construído no discurso do Bem e do Mal, pois não existem Deuses e Deusas “puristas”, que personifiquem apenas um “lado” desse tratado dialético de unilateralidades com que parte das tradições religiosas e filosóficas cataloga o mundo e sela o destino de seus habitantes, enviando para os confins do mundo (limite de Hades, Inferno etc.) aqueles que ousam contrariar a ordem.

Nesse sentido, a mitologia celta mostra-se caótica, libertária e contestadora, porque não se propõe a reproduzir uma percepção de moral higienizante e angelical, típica da predileção dual com que boa parte das tradições religiosas se fundamenta.

As deusas celtas, em particular, são o retrato fiel da complexidade humana tangida pela imortalidade, materializando a consistência existencial que nos coloca, no aqui e no agora, a questionar nossas condutas e atitudes, em cima de uma “reta razão” que somente poderia acenar para um, dentre os dois caminhos a seguir: céu e inferno, bem e mal, na despótica dualidade política do ideário teológico ocidental que empunha armas para a destruição do outro.
Passamos boa parte do tempo na preocupação em conduzir nossas vidas de acordo com princípios éticos absolutos, que levam à medonha escolha entre dois caminhos, como se fosse muito simples, fácil e cômodo o despojamento de todo rol de informações imemoriais que trazemos de outras existências, onde o bem e o mal nem sempre são visíveis.

Morrighan é a contramão da dualidade puritana, porque encerra em sua fecunda personalidade a complexidade e a riqueza de uma entidade que se compõe de unidade, profundidade e latência.

Acredito, inclusive, que a polarização em torno da expressão Morte-Vida também seja, ao final, um simples trocadilho semântico que induz ao erro de crermos na existência de situações definidas de mundos (mundo dos vivos, dos mortos) quando, no simbolismo celta, o material e o espiritual constituem a mesma essência, tendo por elo a Natureza e seus mistérios.

Morrighan ama, odeia, fere, cura e mata, colocando, assim, em xeque-mate a compreensão de um mundo dual, em que as “qualidades más” são colocadas embaixo do tapete, enquanto a “suprema bondade” é revelada e enaltecida.

Como oráculo, Morrighan estabelece a soberania do conhecimento além-mundo e, revestida de poder, concita o Deus-Sol a chamar para si a tarefa de guiar o povo. Deusa e Deus, ali, compondo a harmonização e a unidade, para lembrar da complementaridade entre gêneros, e não da competitividade.

Em outro episódio, a Grande Rainha une-se sexualmente com Dagda na véspera de Samhain no rio Unshin, em meio aos corpos ensangüentados daqueles que, no dia seguinte, iriam ser mortos em combate. Interessante refletir sobre a percepção oracular e meta-temporal do evento, por conta do encontro se dar num momento “fora-de-tempo” (nossa, como me sinto fora do tempo), já que, de fato, a guerra iria ser travada no dia seguinte.

Amorosa, a Rainha forneceu ao Deus importantes informações sobre o combate, além de informá-lo que também iria tomar parte na luta.

A história que acho mais intrigante, porém, relaciona Morrighan a Cúchulainn, o herói que despreza a deusa e, assim, atrai sua ira eterna, ao ponto de aguardá-lo ao final da jornada mítica.

Reza a lenda que a Rainha enamorou-se do herói, prometendo-lhe o mundo se ele com ela se casasse. Cúchulainn, porém, no auge de sua determinação guerreira, recusa a oferta, dizendo que “not have time for a woman’s backside” (não tenho tempo para uma traseira de mulher), menosprezando os favores da rainha e, com isso, produzindo sua ira.

Depois disso, Morrighan ainda apareceu, em luta, para o guerreiro, sob a forma de um lobo, uma enguia, de uma novilha vermelha descornada e, por último, de um corvo, que iria aguardar o fim da agonia de um moribundo Cúchulainn.

Mais uma vez, a trindade, pois a deusa encarnou três animais de poder para, por último, incorporar o corvo, guardião eterno dos segredos do Além-vida. Detalhe: ela a negou, por três vezes, porque, a cada momento de sua aparição para o jovem, a deusa fora por ele ferida. Mesmo assim, continuou esperando por ele até o final...

O coração possui razões das quais a própria razão desconfia? Não, sei, ao certo, porque, lendo a história da deusa, passo, cada vez mais, a desconfiar que a razão tenha razão.

Acredito que o coração, ao final, detém todos os segredos do mundo. Apenas sei – porque sinto, não porque saiba – que a transcendência da polarização é a chave para a compreensão da mitologia celta, de suas deidades e, para nós, humanos e humanas, mortais, de nossa própria história e jornada. Eis-me, aqui, então, fazendo da minha própria vida uma jornada lúdica, onde tema, mito e mitemas compõem, a todo tempo, cada passo da minha brava, amorosa e plena trajetória!

O pulsar...

Paro, por alguns instantes, de respirar, sentindo dentro de mim a pulsação do entre-vidas a me lembrar que, a cada pulsação, o ciclo vida-morte-vida se aviva, na certeza do simples fenecer.


Eis que surjo, então, inteira, a cada respiração - ofegante, passional, terna ou incauta - sabendo-me livre em essência a se plasmar num corpo que apenas contempla o Universo dentro de si.


Pulsa o coração, pulsa, assim, a alma, experienciando em cada pequena morte a latência do Cosmos, que se revela Todo em mim.


A pulsação da palavra, o desenrolar da vida, o hino melodioso de alguma orquestra que simplesmente toca para a impermanência. Nada permanece, tudo se renova, a cada ponto, átimo de segundo, fechando a sonata perfeita que coloriu meu mundo.


Que mundo? O que habita em mim, habitando as estrelas, povoando de luz e paz, jazendo, após, bem vívido, nas lembranças que trago em meu coração.

Versos de orgulho

Versos de orgulho - Florbela Espanca

O mundo quer-me mal porque ninguém
Tem asas como eu tenho! Porque Deus
Me fez nascer Princesa entre plebeus
Numa torre de orgulho e de desdém.

Porque o meu Reino fica para além …
Porque trago no olhar os vastos céus
E os oiros e clarões são todos meus !
Porque eu sou Eu e porque Eu sou Alguém !

O mundo ? O que é o mundo, ó meu Amor ?
__O jardim dos meus versos todo em flor…
A seara dos teus beijos, pão bendito…

Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços…
__São os teus braços dentro dos meus braços,
Via Láctea fechando o Infinito.

O ladrão, a galinha e o Promotor

Hoje abri o noticiário oficial e descobri que um Tribunal - esses de ponta mesmo, com direito a sistema high tech - "absolveu" (óóóóóóóó) um "ladrão de galinhas", um cidadão que havia furtado um galináceo de R$10,00.

Nossa, que lindo ato heróico de despojamento, dentro do qual o prestimoso julgador olha, de maneira terna e doce, o súdito deste Estado e, enternecido de compaixão, invoca, conclama e chama o "princípio da insignificância", para dizer que os R$10,00 são um valor diminuto para investir para perseguição e punição.

O que jaz na entrelinha - essa é minha real procupação com a vida - diz respeito ao estado de mendicância e miséria social em que chegamos, ao mesmo tempo em quesubjaz a mais completa falta de sensibilidade jurídica - ou humanística - de um Ministério Público que não sabe, ainda, enquanto instituição que se equilibra nos postulados de autonomia funcional, o que significa refletir sobre a bandeira da defesa do social.

Não digo "ordem" porque estou longe, alhures, distante mesmo de Comte (positivista sem dó): não sei bem o que ordem significa numa sociedade de diversidades (e, sobretudo, num Universo que age na contra-ordem). "Ordem pública"?
Não sei o que é, porque entendo existir um vazio semântico (citando Warat) que sempre permite a alguém propor um sentido volátil a um termo despojado de completude em si (si-bemol). Contento-me, ao menos, em tentar acessar o que a elongação da palavra "social" permite, porque, até então, tanto MP, quanto os códigos e as leis têm defendido como expressão social apenas o substrato patrimonial e não acervo humanístico.

Minha proposição.

Estamos perdidos, em plena contemporaneidade habermasiana não-comunicante, sem saber muito sobre humanidade e personalidade. O sentido do humano, enfim, em meio da pluralidade, pois não gostamos do plúrimo, do diferente.

Não nos sensibilizamos com o próximo que está ali, quer seja vendendo bala, ou, ainda, panfletando embaixo do Sol quente. Perdemos, sobretudo, a noção de compartilhamento, quando vemos numa galinha de R$10,00 o motivo de acionamento de toda uma máquina estatal, para lançar um comando de cólera materializada no bode expiatório de todas nossas idiossincrasias.

Sim, somos perversos e cruéis, o tempo inteiro, por meio do duplo discurso e da dupla moral, porque, ao mesmo tempo em que absolvemos - a contra-gosto - o ladrão de galinhas, não questionamos seriamente o papel das instituições que levam adiante essa proposição...

Não questionamos o significado dos papéis que desempenhamos ao longo de nossas vidas e acabamos por assumir alguns que acabam nos engolindo, como uma hidra que se regenera a cada golpe certeiro de um fio de navalha moral. Moral? Moral kantiana, hegeliana, enfim, são tantas as morais que nos esquecemos de retornar da jornada metafísica para a apreensão do simples eu imerso na alteridade. Pobre de nós...Ai de nós.

Estamos, enfim, no maravilhoso mundo da imaginação jurídica...Perdidos e perdidas em nossos maiores devaneios pseudo-burgueses.


A norma que (de) forma o mundo

No molde frio de uma letra morta de lei jaz o espírito de algum nobre servo que, um dia, rebelou-se contra seu senhor e, com isso, decidiu se vingar. Reuniu outros servos, numa picardia pueril de um fim de tarde frondoso e, todos juntos, decidiram se sublevar.

Não percebram, contudo, que no cantinho da sala de reuniões da manifesta inconfidência aquietava-se o servo que nunca antes ousara e, com isso, rebelar-se era ato de covardia. Fizeram da lei o nó e transpassaram-na pelo pescoço dos demais súbitos, confiantes que, dali em diante, tudo seria harmônico, bem no meio do caos profundo.

Daí a lei lançou o bravo em direção ao covarde, que se esconde e entreolha no horizonte dos recantos perdidos da alma que nada sabe e, por nada saber, julga-se sábio em si, sem duvidar que, no lugar de tanta sabedoria, esconde-se a ignorância em relação ao SER e o NADA, que caminham de mãos dadas, percorrendo infinitos.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O que permanece depois do último exalar...

But I have lived, and have not lived in vain:
My mind may lose its force, my blood its fire,
And my frame perish even in conquering pain,
But there is that within me which shall tire
Torture and Time, and breathe when I expire...

- Lord Byron -

Fiat lux!


Experiências são tudo que podemos trazer conosco dentro de um (des)compasso de sentimentos que se justapõem e fundem, como notas grandiosas de uma inacabada sinfonia que algum gênio compôs para sua musa etérea...

Experîencias, sensações, ações e percepções são teias que viajam no tempo, percorrendo espaços outrora infinitos, cuja extensão é apenas inalcançável num limiar equivocado de nossas mentes tão sufocadas pela polaridade de um mundo gélido que insiste, pouco a pouco, a se estabelecer onde antes era apenas AMOR.

Da tirana e enredada trama de incontáveis nós, eis que surge, por puro milagre, o que já foi - um dia é e assim será - o turbilhão caótico de uma harmonia que os desajustados chamam de explosão. Tensionou, afugentou, sufocou e se escondeu, em algum lugar de uma gaveta onde habitava o vazio.

Vazio, então? Não, apenas intangibilidade compactada em meio a dor, nada mais que isso. Mas, depois da laceração dentro de um palco iluminado de (res)razão, a transcendência para a plenitude de um viver que jazia inerte, agora refulgindo, em cânticos entoados de pura luz.

Eis que se faz a luz, plena, incessante e fulgurosa, sem pedir a menor licença para simplesmente...BRILHAR!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O STJ e o sacrifício dos animais...uma piada!

De vez em quando (mentira, sempr estou dando gargalhadas retumbantes) me divirto rindo das decisões dos nossos Tribunais Superiores. Talvez eu seja bastante feliz, espirituosa, mas, noutras tantas vezes, vejo-me uma pessoa séria e, diante disso, deparo-me com hilárias decisões.
A bola da vez é a prescrição de 180 dias por sacrifício de animais, contados da data em que o bichinho foi "detonado" (tentei escrever outra coisa, mas, sinceramente? O Judiciário precisa aprender - nem que seja na "taca verborrágica de um grita geral" a dimensionar as respostas jurídicas a partir da perspectiva da sensibilidade e da afetividade, sensações que estão bem distantes da frígida realidade de um Poder sem orgasmo...)

Um carinha aí (um fazendeirão, claro!) teve seus boizinhos sacrificados.
Bom, particularmente entendo que comer um boizinho não é legal, enfim. Imaginem criar boizinhos para o abate com porrada ou choque.
Os boizinhos foram sacrificados, em virtude de resguardar a saúde pública, pois estavam com brucelose (isso, claro, é o máximo de doença que um exame estúpido pode detectar, porque existem muito mais patologias do que pode supor nossa vã filosofia)

Acho particularmente engraçado um tribunal julgar ações assim, de maneira tão insensível e tratando o boizinho como mera moeda de troca. O Código Civil até fala nessa abobrinha de bem fungível, infungível, como se fosse simples um boizinho. Para um mané que se prevalece dele, pode até ser, reificando o animal, no auge de uma arrogância bem típica de quem subiu na caixinha de fósforo do mundo - citando Nietzsche, magistral...
Não lamento pelo dono dos boizinhos, pois, para mim, ele deveria era pagar uma multa por poluir o meio ambiente com tanto pum de gado, emporcalhando mais o mundo e contribuindo para que as doenças degenerativas se alastrem por aí.

Mas porque existem vidas de seres que, por puro especismo (vá olhar no dicionário), são simplesmente desprestigiadas e esquecidas, porque, de fato, o que importa é o prazo de 180 dias para o marajá agropastoril poder entrar com uma ação para ficar mais e mais rico às custas da miséria humana que se alimenta do sofrimento alheio.
Enquanto isso, temos mais câncer, somos mais alienados em relação à natureza e do próximo e, acima de tudo, fazemos de conta que a bronca não é conosco, porque somos muito PHODA (sim, com PH para dar mais ênfase).
Postei o link aí por uma questão de piedade em face de tamanha ignorância (ah, claro, e de devolução da arrogância, na mesma moeda).

http://http//www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=97194

Boca no trombone para a UnB!


Essa semana rolou um "boca no trombone", que foi para a Faculdade de Direito da Unb, especificamente em relação ao programa de pós-graduação, em virtude da não aceitação do envio de relatório apenas por meio eletrônico.

Ponderou-se no e-mail sobre a necessidade de contenção de papel - o problema é apenas esse, já que, de fato, nunca me eximi de minhas obrigações para com o programa.

A resposta foi bem clara, no sentido de excepcionalizar a entrega - "nesse caso" - como se a entrega de um relatório fosse mesmo um caso excepcional, e não a mesmice da entrega de um documento que poderia muito bem ser arquivado, digitalizado, enfiado virtualmente em algum lugar.

O Judiciário já está se programando, pois, daqui a bem pouco tempo, o papel cederá espaço a arquivos eletrônicos. Por que não começar algum tipo de conduta transformadora exata e pontualmente na academia? Por que os "catedráulicos" (citando Lyra Filho), os detentores de tão honroso conhecimento (geralmente dimensionado num dualismo ferrenho, que colocou a Natureza à mercê de nossas divagações) não tiram a bunda do marasmo da alienação e não se remodelam? Repaginam?

Afinal, não existirão mais árvores para escrevermos nossas abobrinhas jurídicas... Não nesse esquema "papírico".

Limpando a bunda e o meio ambiente


Todo dia vou ao banheiro e olho para a lixeira vazia. Sim, aprendi a esvaziar a minha, depois de passar muito tempo pensando a respeito... Nela jaziam os restos mortais de meus despojos enquanto ser vivente em eterna decadência, fruto da decomposição e degeneração que toma, de 6 em 6 horas, partes de mim, ser ocupante dessa Terra-de-Deus-me-livre. Tenho pensando muito em limpeza e ecologia.

Atualmente, a palavra-chave em matéria de limpeza e - pasmem - e ecologia é a propaganda misógina do Purificador pastilha Pato, onde o maridão chama a esposa, vestida de "descida na Lua" para que ELA troque a pastilha... Ele fala, em tom imperativo que reforça a truculência, algo subrecepticiamente mascarado em algo assim "amor, tem que trocar a pastilha do vaso"... algo parecido... Só que É ELA, E NÃO ELE, QUEM ENTRA NO BANHEIRO VESTIDA PARA MATAR OS GERMES.

Não entrando muito no mérito dessa propaganda desqualificadora (sim, desqualifica a mulher porque setoriza seu papel, dentro de um lar, como sendo a detentora do poder do rodo, da vassoura e do escovão, enquanto o "bonitão" está lá, cheiroso e gostosão, macho-alfa que irá, momentos depois, ovacionar seu pênis, expondo a decadência esguichatória em pé, na virilidade da auto-referência fálica), fiquei pensando no quanto usamos papel higiênico e lotamos os cestos, quando, de fato, o papel higiênico, quando bem dosado e usado, é biodegradável e pode ser colocado no vaso sanitário.

Ele foi feito para se dissolver na água e, portanto, poluir menos o Meio Ambiente, desde que saibamos usá-lo com moderação. Não que esteja apregoando o uso "ralo" do papel higiênico, mas acho que a dosimetria dele poderia muito bem ser refletida por uma comunidade desejosa de colaborar com o meio ambiente.

Para isso existem o chuveirinho, o bidê, ou, então, algo muito higiênico, que é simplesmente tomar banho e limpar a bunda...sim, limpar o rabo direito é, antes de um ato de preservação ambiental, demonstração de auto-limpeza.

Que delícia a aguinha caindo na bunda: gelada ou morninha, tanto faz.

E Gaia agradece! Com isso eliminamos o fétido ar que sai de nossos corpos em decomposição, poupamos o mundo (no caso, os amigos e as amigas garis) de cheirarem, por via oblíqua, nossa bunda e colaboramos para diminuir o volume do lixão perto de nossas casas.

"Ah, já tentei e aqui em casa o pessoal entope". Então, lamento, mas não foram bem transmitidas as lições básicas, mas nada que não possa ser feito novamente, com dicas práticas (talvez enrolando um pedaço de papel e passando ficticiamente no rabicó) que poderão ser compartilhadas.

No final das contas, o não querer fazer, para mim, é a maior demonstração de podridão e porqueira que podemos manifestar. Daí, meus amigos e minhas amigas, não existe perfume a encobrir aroma quando é a alma que está podre...

terça-feira, 11 de maio de 2010

A volta às aulas do quem sequer um dia entrou em greve

Hoje acabou a greve na UnB e me pergunto, como sempre: quando iremos inovar em movimentações e mobilizações mais criativas, pro ativas e direcionadas a quem realmente desejamos sensibilizar?

A greve veio, de início, simples, singela, da ingenuidade marxista de uma unidade de estamentos que nunca se imiscuiram (servidores e professores). O mundo, por instantes, parou, diante da expectativa de "todos e todas darmos as mãos" em prol de um lugar comum, mesmo disante de lugares de fala distintos.

Completando a tríade, sempre, os alunos e as alunas, baluartes da sensibilidade em torno da idéia de ativismo e crítica ao sistema (mesmo que sequer saibamos que entranhado(a)s nele estamos, amém).

Um dia, dois dias, três dias...

Sessenta dias e pronto, o preço existencial de uma cisão no compartilhar... Os professores e as professoras voltam - a volta triunfal dos que nunca foram - enquanto o corpo técnico (a mola-mestra dos que efetivamente param uma instituição, mas que são relegados a segundo ou terceiro planos, pois não são "dôtotres"), doído pelo golpe da deslealdade, decide manter o movimento, indo de encontro à unidade.

Será que foram? Ou será que a unidade, de fato, prestou-se a subterfúgio de pactos velados de pseudo-confraternização, cedendo espaço, mais uma vez, à lebre do corporativismo que apenas expõe o lado mais frágil da vaidade humana: a arrogância dos mandos e desmandos de quem "decide".

Quem, ao final, decidiu?

Não sei, apenas sei que dependo, hoje, mais da maravilhosa bibliotecária do que de meus professores, porque de nada adiantam os textos sem um calabouço onde eu possa buscar a prisão.

A greve acabou e, com ela, o sonho de uma unidade que se fez em cima da indiferença em relação às desigualdades.

As sugestões, sempre, sempre...

Estou de saco cheio de paralisação... Por que não uma ATIVIZAÇÃO? Uma ATIVAÇÃO? Quem sabe, ao invés de pararmos, poderemos assistir às aulas na fuça do Ministro da Educação, ou, ainda, sentados e sentadas em frente à AGU? Seria uma picardia maravilhosa! O incômodo e a intromissão nos assuntos de Estado...

Greve virou, para mim, o senso comum da mesmice em se pedir sempre o que se sabe ser algo que envolve muita complexidade... lembro-me, certa feita, de uma "greve"dos rodoviários em São Paulo: ao invés de parar, eles circularam não cobrando dos usuários...Inovador, não?

Pensamos tanto na academia, somos tãO ERUDITOS e LeTraDOs... por que não subvertemos até mesmo a contestação? A velha fórmula da greve está sendo enfadonha, a menos que nos posicionemos nus...Uhuu, aí, sim, uma senhora greve...Pois, ao menos, estaremos sem máscaras! As máscaras da ribalta que tanto falam de nossas hipocrisias.

Já vai tarde...

O pai e o bebê

Hoje a pintura que exsurgiu do lindo quadro vivo de minha janela foram um pai e sua bebê...

Ele empurrava alegremente o carrinho da filha, conversando calmamente com ela sobre o sol, os pássaros e o gatinho que estava em frente a minha casa. Saberia aquele pai da complexidade daquele serzinho?

Que tipos de responsabilidade para com aquele ser em potencialidade o pai teria consciência ser necessário desenvolver? Perdi-me no quadro em minha frente, na epifania de uma dimensão lúdica do viver, no aqui e no agora, concretizando na ternura daquele pai a fragilidade do que é ser humano.

Physys e Natureza

Estou lendo Georg Simmel e me deliciando com a perspectiva dos processos de individuação...dentro da dicotomia - sempre as dicotomias! - natureza e cultura (sim, escritas com letras minúsculas, para prestigiar a equanimidade que se coloca como o véu desnudado de diferença a se encontrar no infinito), na qual indivíduo e sociedade bailam numa orquestração ad infinitum de causa e consequência...

Não que ele prime por isso - aliás, a dualidade causal-determinista está longe dos enunciados propositivos de Simmel (isso é mais Durkheim mesmo), mas a percepção de igualdade e diferença me fazem refletir - e muito - sobre a dualidade (que já está ficando cansativa, porém, paradoxalmente afim) masculino e feminino.

Feminismo da igualdade?

Feminismo da diferença?

Inventemos algo, num colorido que o mar de possibilidades nos traz.

Nem bem diferença, nem bem igualdade...

Pluralidade de afins na dualidade da diferença igualitária!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Quando a Natureza envia sua resposta...

Notícia de primeira mão...

Erupção ameaça dois continentes

Vulcão nas Ilhas Canárias ameaça explodir e gerar onda que chegará a África, Caribe, América do Norte e Norte do Brasil

Ian Sample
The Guardian

LONDRES - Todos os elementos que se poderia querer para um filme clichê de desastre estão ali: uma linda ilha vulcânica no Atlântico, à beira de um colapso catastrófico, ameaçando propagar ondas gigantescas que vão avançar pelo globo em questão de horas. E enquanto os cientistas tentam em vão tornar audível seus alertas, os governos olham para o outro lado.

Segundo Bill McGuire, diretor do Centro de Pesquisa de Riscos Benfield Grieg, da University College of London, um grande bloco de terra, aproximadamente do tamanho da ilha britânica de Man (572 km²), está prestes a se desgarrar da ilha de La Palma, nas Canárias, após uma erupção do vulcão Cumbre Vieja.

Quando - McGuire garante que a questão não é ''se'' - o bloco cair, vai gerar ondas gigantes chamadas megatsunamis. Viajando a 900 km/h, as imensas paredes de água vão atravessar os oceanos e atingir ilhas e continentes, deixando um rastro de destruição como os vistos no cinema. As megatsunami são ondas muito maiores do que as que o homem está acostumado a ver.

- Quando uma destas surge, se mantém de 10 a 15 minutos. É como uma grande parede de água em direção ao litoral - descreve McGuire.

Modelos feitos em computador do colapso da ilha mostram as primeiras regiões a serem afetadas por ondas de até 100 metros de altura: as ilhas vizinhas do arquipélago espanhol das Canárias. Em poucas horas, a costa ocidental da África será golpeada por ondas similares.

Entre nove e 12 horas depois do colapso em La Palma, ondas de 20 a 50 metros vão cruzar 6.500 km de oceano e atingir as ilhas caribenhas e a costa Leste dos Estados Unidos e Canadá. Ao chegar a portos e estuários, a água será canalizada para o interior. Mortes de pessoas e destruição de bens serão imensas, de acordo com McGuire.

Até 19 horas depois da erupção, ondas de 4 a 18 metros vão atingir a costa Norte e Nordeste do Brasil, do Pará à Paraíba. A ilha de Fernando de Noronha será um dos locais onde a tsunami chegará com mais força no Atlântico Sul.

A Europa também será golpeada. O litoral Sul de Portugal, Espanha e o Oeste da Grã-Bretanha vão experimentar ondas de até 10 metros, quatro ou cinco horas depois do evento geológico nas Canárias. Portos serão destruídos. Desastres naturais como estes são raros, ocorrem a cada 10 mil anos. Mas La Palma pode entrar em colapso muito antes.

- O que sabemos é que está em processo de acontecer - garante McGuire.

A ilha chamou a atenção dos cientistas em 1949, quando seu vulcão, o Cumbre Vieja, entrou em erupção, causando um desabamento de parte de seu flanco Oeste, que afundou quatro metros oceano abaixo. Especialistas acreditam que placas de terreno continuam escorregando lentamente para o mar e dizem que uma próxima erupção deve fazer toda a lateral ocidental da montanha desabar.

- Quando acontecer, não vai levar mais que 90 segundos - disse McGuire

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Quando as utopias estão em todo o lugar...

U + topos, a negação da localidade, a marca da não-localização no plano da idéia.
O projeto inacabado, em plena construção e inatingível.
Sempre que falamos em utopia, lembramos de projetos, planos, metas que estão mais distantes de nossa realidade, sendo, quase sempre, objetivos colocados como standards que têm a função de servirde modelo para que, um dia, esse ideal possa se converter em realidade.

Porém, quando o projeto utópico se converte na ação cotidiana presente em realizações, ele deixa de ser não-local e passa para a dimensão da plurilocalidade.

Hoje vi, por instantes, um projeto u + tópico coexistindo com sua dimensão quântica de plurilocalidade: ontem a professora de yoga levou uns biscoitos para casa dentro do pote de vidro, ficando de devolver o pote na prática de hoje.

Daí, saí consideravelmente com fome de lá e eis que a moça devolveu o pote, recehado de um bolo muito bom, fofinho, feito com triguilho (que nunca havia comido antes), canela, cardamomo etc.

Eis o paradoxo heisemberggninano (não-local e plurilocal): pensei, por instantes, em como seria o mundo se as pessoas fizessem trocas! Sim, voltássemos a nos aproximar uns dos outros pelo aconchego do abraço amigo, preparando alimentos, almoços, trocando pães (até preciso fazer o pão dela! Eita!).

É paradoxo porque é visto de maneira preconceituosa em relação à valoração de como seria o escambo (impossível, para alguns ECAnomistas, delírio para um senso comum individualista e consumista que, afinal, prefere sempre o bolo de caixinha porque não necessita do ingrediente que a vizinha tem). Mas, ao mesmo tempo, é real, porque, afinal, aconteceu! E acontece!

E é MA RA VI LHO SO esse acontecimento!

Isso é COMPARTILHAR!

Não haveria tanta fome no mundo se aprendêssemos uma simbiose de compartilhamento, na qual a equação é plenamente satisfeita com a troca equânine (não necessariamente taliônica).
Independentemente disso, valeu, Priscilla, pelo bolo, porque a fome foi apascentada... Eis o sentido de dividir!!!

No contra-fluxo do mundo!

É segunda-feira e há tempos não sei bem distinguir uma segunda-feira de um domingo, porque os dias têm sido de imensa desarticulação dos condicionamentos e providenciais esquecimentos de modelos pré-fabricados de calendário julianos. O tempo, no caso, é o descondicionamento mais visível no momento, por conta da minha disposição em me assenhorar da minha vida, dos meus atos e, com isso, acordar com o alvorecer e adormecer nos braços da Lua.

Como poderia estar mais feliz?

Enquanto os carros saíam atônitos para o retorno ao trabalho, rumei feliz na maciez de uma estrada sem pressa ou destino. Olhei as paineiras ao redor, já que essa é a sagrada época das paineiras, seguidas, depois, pelos ipês-roxos e, ao final, beirando a primavera, os amarelos. Essa ordem relógio algum pode captar, pois apenas os olhos e o coração de quem se liberta pode entender o que é olhar e ser parte de uma flor de paineira...

Fiz compra de mantimentos de maneira calma e consciente, lendo cada rótulo, checando a origem dos produtos e me conectando ao que estava fazendo é sempre muito bom! Não fui ansiosa pela promoção que tudo vende, nem pelo desalento de achar que o mundo está acabando e que, com ele, preciso de um fardo de arroz de 30 quilos.

Definitivamente estou no contra-fluxo de um mundo caótico, mas na mão harmônica do Universo da minha vida integrada ao holos. Não existem horas, meses, apenas os momentos, quase sempre (sempre!) de deleite e descontração!

Trabalho? Não no sentido marxista da palavra, pois não é minha intenção vender minha força interna - o que trago de mais puro em mim - para um sistema que me repassa pobreza e desigualdade. Aqui em casa deleite, prazer e dedicação relacionam-se a tudo que faço e, com isso, tanto passo horas e horas estudando, como, também, laborando autonomamente.

O mundo não acabará se eu priorizar as questões que me são agradáveis, pois, ao final, faço sempr tudo com bom grado e até mais feliz, por haver coordenado e controlado meu tempo! Que tempo? Isso não existe!

Carência afetiva, sunyata, vazio e nada: o ser em(sendo) do não-ter

Comecei a meditar a algum tempo porque havia me cansado da velocidade quântica dos meus pensamentos. Buscava um alento, pretendendo me observar mais, enfim, harmonizar-me. Por tempos, julguei que o vazio de um momento de solidão em face da não existência do alter em minha vida poderia ser o danado do "vazio", cujas dimensões sempre me foram contraditórias: para uns, a PLENITUDE, para outros, o NÃO EXISTIR EM SI.

Venhamos e convenhamos: o ego não gosta de solidão e detesta ficar sozinho, porque não aprecia dialogar consigo, já que é tormentoso demais se observar e descobrir que existe muito mais nas limitações de nosso ego-ÍSMO.

Por não dialogar consigo, transmuta-se e se fragmenta em diversas versões de si, cada qual com uma busca de identidade, mas, que, ao final, pela falta de uma boa conversa, acaba não se descobrindo em essência.

Foi quando descobri a enorme diferença entre o acalentador VAZIO de mim, que me move ao diálogo contínuo comigo - uma companhia que me é agradável e, a partir daí, tudo se torna agradável, na confluência dos seres que sabem-ser-em-si-agradáveis e a carência afetiva típica do ego que está sedento de atenção.

O silêncio e a quietude da alma revelam, longe do sentimento depreciativo, uma sensação da mais pura bem-aventurança, a transposição de uma ponte para um mundo muito agradável de nosso Eu mais escondidinho! É o momento em que nos sentimos cheios da presença penetrante de um Amor Universal!

Depois disso, depois de tanta bem-aventurança, nunca mais ousei duvidar que o vazio da libertação de pensamentos condicionados e emoções tortuosamente não observadas e compreendidas nada mais é do que o preenchimento do meu espírito pelo que habita de Mais Sagrado, imanente em relação a minha existência.

Os budistas chamam a calmaria de sunyata, uma percepção sobre o vazio que nada traz de pejorativo, sofredor e tortuoso, mas, antes, o momento em que saímos da tribulação das ondas, para nos vermos com o próprio lago, cristalino e fluindo em sua missão de paz!

O ir e vir da incessante máscara da subserviência

Estou estudando as diversas essências e me peguei, até por uma questão de identidade em face do que já experienciei comigo e com a alteridade, desenvolvendo a idéia do que denomindo "dupla velocidade", ou = a incessante reposição de uma máscara de auto-imagem distinta da pessoa maravilhosa que somos.
Vemo-nos como uma pessoa, racionalizamos tentando ser essa pessoa, criamos um ambiente ao redor para sustentar tal pessoa, até interagimos com outras em cima disso mas, no fundo da alma, no maior escondido refúgio de onde ela grita "socorro, eu não consigo ser isso que me cobro ser!" - enfim, quedamos, não sem o sofrimento avasssalador de uma alma que percebe, da maneira mais dolorida, que não "conseguiu atingir metas" porque elas, na verdade, são ilusórias, não correspondendo às reais demandas do espírito.
Retirar a máscara dói, porque longe de estar colocada apenas com uma fita bonita e adornada, parece que está consolidada como uma segunda pele, fazendo parte (pero no mucho, queremos sempre acreditar que não) de nossa epiderme, coçando de vez em quando, e, vez ou outra, dando alergia.
Mas, ao invés de cuidarmos disso, logo, logo, ao menor sinal de adequação, entregamo-nos à máscara, fortalecendo uma auto-imagem equivocada de nós mesmos e mesmas e alimentando, cada vez mais, o ego inflado pelo belíssimo papel de protagonista! Afinal, esse papel já desempenho perante todo mundo, talvez até eu me convença dele, quem sabe?
A dupla velocidade discursiva reside aí, no descompasso entre o que vemos a respeito de nós e o que realmente somos, dentro de nossa alma, sem o condicionamento da máscara "troféu joinha, joinha".
A mudança é desejada, sim, tomamos consciência - geralmente após um grande trauma ou imensa des-ilusão, mas, a seguir, acomodamo-nos, pois diante da inevitabilidade de realizar o trabalho (árduo, mas compensador), é mais fácil ficar mascarado, porque assim seremos "bonzinhos e boazinhas" e a tia, o tio, a família, os amigos e as amigas, gostarão muito da gente e seremos felizes para todo o sempre.
Seremos?
Duvido...
Não com máscaras, mas com a libertação consciente dessa couraça que aprisiona o ser e impele para o confinamento em um papel que a pessoa se força a desempenhar. Simplesmente nos olhando no espelho, todos os dias, ao acordar, perguntando: estou sendo EU por hoje? Apenas por hoje?
O espelho poderá se quebrar em mil pedaços, mas deixará vir à tona a explosão do Eu em inúmeras possibilidades LIVRES EM SUA ESCOLHA, e não mais anestesiadas em face dos condicionamentos...

domingo, 2 de maio de 2010

Beech, a hora da verdade para as donas da verdade!

Essa bonita flor - Beech - esconde a revelação da preocupação excessiva pela alteridade, a partir de uma auto-referência egóica com a própria verdade irradiada para o outro "à fórceps".

Beech é o floral utilizado para a emotividade relacionada à detenção da palavra final, a língua ferina que chicoteia o outro sem a procupação da leveza em se aveludar. Geralmente as pessoas que logo apontam, dentre uma opção de elogio, outra de crítica, logo esta, numa marca de intolerância para com os sentimentos e opiniões alheios.

Ou, então, para as pessoas que não abrem mão de suas opiniões, achando-se donas da verdade e, com isso, por via reflexa, oprimindo discursivamente o próximo. Não pode deixar de ser a marca da arrogância a ser trabalhada.