quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Florais de Bach: a singeleza de um sistema de autocura e autoconhecimento

Fonte da imagem: http://www.florais.com.br/wp-content/uploads/2014/07/EB.jpg
Os florais de Bach têm uma história muito bela e apaixonante, resultado de uma vida de dedicação de um ser que se dedicou ao estudo desse sistema singelo: Edward Bach, médico inglês que, muito sensível à amorosidade que via nas flores, iniciou sua mudança paradigmática da ciência oficial em 1929, voltando-se para as terapias ditas orientais e alternativas. 

Para ele, cada pessoa é um organismo distinto, pois a mesma patologia pode acarretar respostas distintas em pessoas distintas, de modo que buscou focar no SER, e não na enfermidade, o vetor do tratamento, eliminando, assim, a dependência.

A partir da mesma ideia da homeopatia, Bach entendia que a doença era decorrência do conflito entre a alma, a mente e o corpo, desencadeando um estado desarmônico entre alma e personalidade, em virtude das imperfeições mentais e emocionais geradas em nível de ego. 

Com isso, a doença tinha uma funcionalidade: trazer o aprendizado para a alma, apontando o que o ego precisa aprender com o desafio para harmonizar o sistema alma-personalidade. Para ele, a lei dos opostos era a chave de compreensão e superação da doença, na medida em que se substituísse a negatividade pela virtude. 

Entre 1930 e 1934, Bach catalogou e estudou 38 essências, saindo da cidade para o interior da Inglaterra, sobretudo na vila Cromer, costa de Norfolk. Realizou uma cartografia, por meio da análise botânica, feita a partir das gotas de orvalho que se depositavam nas plantas (flores e folhas), inspirando-se na dinâmica das abelhas em sua atividade polinizadora. 

Assim, publicou o pequeno livro Os doze remédios (1930), seguido por Cura-te a ti mesmo (1931), consolidando o sistema Bach a partir da percepção de que cada essência colhida do orvalho direciona-se a uma personalidade distinta. 

Com isso, o buquê de florais de Bach consideram a miríade dos estados emocionais, a partir das personalidades dos indivíduos (trate a personalidade, e não a doença, dizia Bach). 

A terapia floral demanda um mergulho em nossa psiquê, num diálogo com nosso anseio maior de alma, para que possamos auscultar nosso coração, dele extraindo nossos anseios e desafios mais profundos. 

Nesse processo, o terapeuta é um coadjuvante, pois o indivíduo (não chamo de paciente) é o protagonista, quem, ao final, oferece a chave do poderoso conhecimento sobre seu próprio estado de alma, de modo a articular a melhor combinação de florais, reunidos em grupos específicos: medo, incerteza, falta de interesse pelas circunstâncias atuais, solidão, suscetibilidade e influência, desânimo e desespero, preocupação excessiva com o bem-estar dos outros

A partir da conjugação entre sensibilidade, intuição e reflexão, terapeuta e indivíduo compartilham um momento ímpar de desvendamento dos processos internos e aparentemente inacessíveis e que vêm à tona quando a anamnese é realizada. 

Seja pela prospecção nas respostas às perguntas sobre o estado de alma ou, ainda, por outros mecanismos de revelação do estado de desequilíbrio, terapeuta e indivíduo, em conjunto, elaboram uma atmosfera propícia a estimular o ego a ascender e vibrar em consonância com padrões positivos do Eu Superior. 


Bach florais
Fonte da imagem: https://www.iquilibrio.com/blog/terapias-alternativas/florais/florais-de-bach/
Cada pergunta na anamnese encaminha o indivíduo a parar, respirar, olhar bem fundo no espelho de sua alma e se descobrir, já que é estimulado a refletir sobre suas dores, seus desalentos, bem como sobre o que mais lhe aflige seu estado anímico.

Com isso, por intermédio da prescrição da fórmula, indivíduo começa a se observar mais e melhor, imergindo em seu universo sutil consciencial, para que possa, por conta própria, internalizar sua cura, sem que o processo se converta em uma relação de dependência com o terapeuta. 

Quando iniciei minha jornada de autoconhecimento, mergulhei nesse processo de compreensão das inquietudes presentes em minha alma, por intermédio da prescrição de fórmulas para que pudesse, pouco a pouco, observar os anseios mais profundos, bem como os desafios e os obstáculos. 

Tem sido um caminho muito gratificante, pois, a partir da tomada de consciência em relação às minhas reais necessidades, comecei a compreender melhor meu papel no mundo, bem como na vida das pessoas, podendo, hoje, ajudar também quem está se lançando nesse percurso. 

O resultado, como não poderia deixar de ser: PLE NI TU DE.

Precisamos de mais? Não creio, pois o estado de plenificação da alma já preenche e edifica, aproximando-nos de Deus e nos fazendo transbordar de AMOR!!!

segunda-feira, 22 de abril de 2019

É tempo de despertar...


Temos observado muitos acontecimentos no mundo: incêndios de catedrais, ataques terroristas, desabamentos de prédios, fúria das chuvas e das enchentes. A lista é longa, poderia render toda a postagem e, ainda assim, não esgotaria o contingente de eventos que têm eclodido nos últimos meses do ano de 2019. 

Não é essa, contudo, a abordagem que desejo compartilhar hoje, por uma razão simples: por ressonância quântica, toda e qualquer informação replicada, quer seja num compartilhamento de notícia, como no simples pensar sobre determinada notícia acaba alimentando a egrégora da raiva, do medo e do ressentimento. 

Estagna, dentro disso, a potencialidade cocriativa de superação desse paradigma para mudanças planetárias, reforçando o padrão vibracional de baixa frequência que, por sua vez, alimenta também seres sencientes e energias conscientes que desejam a replicação e manutenção dessas energias em nosso planeta e em nossas consciência interligadas. 

Somos dínamos de energia e, como tais, emanamos o que desejamos replicar, de modo que, desde tempos atrás, tenho optado, tanto nas redes sociais, como em minha vida pessoal e profissional, a não ficar fazendo "propaganda" sobre notícias trágicas, muito menos dando assunto e criando bile. 

Antigamente, engajada até os dentes em movimentos sociais, não sabia bem discernir a importância da coerência interna do político com o espiritual e consciencial e, motivada por "boas intenções cívicas", destilava meu fel e me via, pouco a pouco, uma pessoa amarga, ranzinza e dissonante do caminho de consciência a que me dispus trilhar. 

Quando percebi isso, reverti a chave interna, e passei a olhar para o mundo e para a vida em perspectiva, desapegando-me dos sentimentos de identificação ou repúdio, por descobrir que ambos denotam o apego egoico que me aprisionava num script bem montado de sistema de controle, um "disco arranhado" que sempre repete a mesma toada. 

O desapego, contudo, diante dos fatos e eventos da vida, não quer dizer indiferença, frieza ou crueldade, apenas saída do mainstream midiático e informacional que fomentam a ética da violência e da agressividade, muito embora tenhamos plena convicção, muitas vezes, de que estamos a exercer civicamente nossa irresignação e opinião política, mesmo às custas de entrar nesse campo vibracional. 

Não tem fórmula mágica: escolhemos ou somos impulsionados às escolhas inconscientes do que reverbera como padrão interno. Assim, se desejamos realmente que o mundo mude, precisamos começar a realizar o esforço interno de efetivar essa mudança, a começar pelas escolhas em relação ao que ouvimos, lemos, comemos, fazemos e, sobretudo, pensamos. 

Ao invés de postar irresignação, passei a fazer algo distinto: em silêncio e conectada com o Todo, peço por quem sucumbiu, bem como intenciono energia para compartilhar alento com as pessoas e os seres que estão demandando auxílio, de acordo com o fluxo de energia do Universo. 

É esse, creio, o tempo de despertar da consciência para mudanças significativas em nossas vidas. Por isso, decidi abordar o tema a partir de outra perspectiva: observando, cada vez, em vários lugares do país e do mundo, eventos edificantes e relatos de mudanças sem precedentes nas vidas das pessoas.

Há quem esteja revendo seus conceitos de alimentação, preocupando-se com a vida na Terra. Outras tantas pessoas estão buscando maior conexão com seu EU superior, desapegando-se da ideia de institucionalmente acionar a intervenção mítica de mestres e guias que pedem ou demandam dedicação exclusiva, demandam patrimônio e criam laços de dependência espiritual e emocional. 

Meditação, yoga, tai chi chuan e tantos outros conhecimentos milenares têm sido a pauta das agendas atuais, quer seja no terceiro setor, como, ainda, no âmbito de políticas públicas e na busca pessoal por uma qualidade de vida. 

O próprio SUS, desde 2018, aumentou de 19 para 29 procedimentos disponíveis e reconhecidos, segundo uma robusta lista que engloba ayurveda, homeopatia, medicina tradicional chinesa, medicina antroposófica, plantas medicinais/fitoterapia, arteterapia, biodança, dança circular, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, terapia comunitária integrativa, termalismo social/crenoterapia e yoga.

O consumo consciente não poderia ficar de fora dessa agenda de plenitude e mudança paradigmática, pois é visível a preocupação e busca, cada vez mais, de produtos menos industrializados e mais próximos do produtor, num envolvimento do consumidor na cadeia de produção. 

Nesse contexto, eclodem feiras colaborativas, de produtos orgânicos, vegetarianos e até mesmo veganos, mostrando que os hábitos estão se modificando, pouco a pouco e em escala global. 

É a consciência expandida que vai se visibilizando no espaço que, outrora, era ocupado pelo pessimismo e pela visão apocalíptica de mundo. Independentemente das crenças pessoais, que levam a perspectivas de crenças distintas, o tempo é de gratidão por tudo até aqui elaborado, bem como de concretização de ajustes internos e de práticas que nos alavanquem rumo a uma nova vivência nesse planeta, a partir de uma cosmoética e da realização da amorosidade. 

Isso é simples como a luz do sol...onde existe amor inexiste qualquer justificativa - a não egoica - para a emanação de agressividade e violência. Isso quer dizer, de maneira bem simples, que a lógica da "luta para se chegar à paz" é totalmente incompatível com a frequência de amorosidade e a vibração consciencial moralmente harmônica com o respeito à diferença. 

Hora, portanto, de desplugar o cérebro reptiliano responsável pela resposta defensiva e agressiva e partir para o acionamento da pineal como eixo de elevação consciencial da amorosidade alojada em todas nossas células e replicada no cardíaco. 

É fácil? Ninguém disse que seria, mas, ao mesmo tempo, ficar emanando a dificuldade só torna tudo...difícil. 

Percebem? A maneira como recebo a resposta do ambiente depende de como construo minha interação com os outros e esse mesmo ambiente. Em relação a isso, também a fórmula nada tem de milagrosa ou mágica: é se perceber nos movimentos e momentos em que o ego simplesmente tenta tomar o controle da situação, fazendo com que você reaja num automatismo.

A mera observação disso, bem como a meditação e o diálogo com o ego (sim, por que não? 

Conversar com ele e perguntar a razão de tudo isso faz uma diferença enorme no processo de autoconhecimento porque traz para a claridade as questões encobertas que nos impulsionam ao fatalismo de agir no impulso). 

A partir daí exsurge o despertar cósmico, que parte de um ato de vontade individual, passa pela formação de uma egrégora coletiva e se expande para a malha morfogenética presente na Terra. Informação que se replica, numa verdadeira corrente do bem!!!!

Quando passamos a ter consciência disso, nosso pequeno mundo se amplia, bem como a vida se reformula para que entremos no fluxo contínuo de plenitude e benignidade, ampliando, cada vez mais, nossa consciência e adquirindo, assim, sabedoria e amorosidade. 

É, pois, um belo tempo de despertar!!!




sábado, 2 de março de 2019

Quando rotinas não são rotinas: a benignidade do dinacharya e a elevação consciencial que desafia o ego

Um dia desses em que estava em um "pé-de-prosa" virtual com uma grande amiga, veio o assunto "rotinas", a partir da ideia inicial de mesmice, dogma ou repetição automática de algum ato, alguma liturgia ou comportamento em relação ao qual, dada a obrigatoriedade, podemos oferecer resistência.

Rotina de trabalho, rotina de relacionamento, rotina de trânsito: quando nos pegamos a reproduzir mental e emocionalmente a palavra, logo a mente incauta nos encaminha para a classificação em algo que não é prazeroso, não é mesmo? 

Até mesmo o lazer, quando submetido a tal "rotina", deixa de ter um significado despojado de ociosidade criativa, para se tornar um fardo, sujeito ao relógio e aos humores alterados das pessoas que se obrigam a serem felizes na reprodução automática das programações de final de semana pós-trabalho (ops, de novo, a rotina!).

Dentro disso, quantas vezes nos pegamos a empunhar a bandeira da liberdade, fazendo referência ao nosso espírito "livre", dizendo aos quatro cantos que "toda rotina é cansativa e entediante", "eu não nasci para rotina" ou "eu sou livre e não sigo rotinas"? 

Ou, ainda, quantas vezes afirmamos para nós mesmos (num reforço egoico para nos tentar convencer) que não nascemos para nos "acorrentar nas regras impostas pelo sistema de controle" (ah, de novo, o tal sistema matricial, ou, na bola da vez, na Matrix do sistema de crenças)?

Pois é, a palavra rotina popularizou-se semanticamente como sinônimo de aprisionamento, regra ou condicionamento, trazendo automaticamente à mente a aversão a toda e qualquer atividade que seja uma constante em nossas vidas, pois "tudo que é rotineiro entedia e cai no marasmo".

Em idos de pós-modernidade espiritual, holística, consciencial e outros nomes para o fenômeno de transição que estamos experienciando, falar em rotina é declarar guerra aos que se veem como despertos, conscientes e livres das amarras da tridimensionalidade. Ávidos em encontrar a tal saída do sistema, tudo que é importo realmente incomoda. 

A pergunta que faço é: incomoda a quem ou o que? 

À consciência ou ao ego? Como saber a diferença?

Primeiro, a consciência não "se incomoda", não "se inquieta", muito menos se sente amarrada ou oprimida. Ela não atribui predicativos à experiência, porque os predicativos são apenas critérios mentais de classificação que o ego utiliza para se identificar com a experiência e se convencer de sua eternidade, num ir e vir entre passado e futuro, os vetores da ilusão criada diante da realidade material do aqui e do agora tão desejado e, ao mesmo tempo, inacessível. 

Quem se incomoda, julga, avalia, dá desculpas é o ego, pois sabe que a elevação consciencial acarretará sua diluição, o que traz medo, pois o diluir significa não mais existir nessa configuração tridimensional. 

Além disso, a consciência não precisa "resistir" ao que se pratica pelo bem de nossa organicidade. O ego sim. Esse se desculpa, culpa-se o tempo todo por não cumprir as demandas e exigências da autoimagem de perfeição que criou para nos assombrar e distrair. 

Ele diz que não consegue levantar cedo para meditar, que sai atrasado para o trabalho e não dá tempo. Que não tem paciência para seguir uma rotina imposta pelos "arcontes da Matrix" (acho ótima essa referência para projetar desculpa pela distração egoica), que está com dor no braço, na perna. Que o cachorro atrapalha a meditação. Que é muito difícil. Que é isso, que é aquilo. 

Ego...apenas nosso querido desejando mais atenção.

A consciência, ao contrário,  move-nos para o fluxo porque, dentro de nós, no âmago de nossa essência divina, temos o discernimento em saber que determinada "regra" é essencial para nossa existência tridimensional enquanto nela ainda estamos. Ela não reconhece, pois, a rotina como algo abjeto, opressivo, mas, antes, como algo relevante e vital para que possamos nos desenvolver. 

Aliás, os predicativos "relevante", "vital", "opressor" etc. não fazem mais qualquer sentido para a consciência, pois, transcendendo a binariedade (bem versus mal, belo versus feio e tudo que é catalogação do ego que necessita se identificar para saber que está vivo), ela apenas flui, faz e realiza, sem julgamentos. 

Apenas vivencia naturalmente a plenitude e o preenchimento interno no esvaziamento do ego, condições que naturalmente nos encaminham para o despertar e a transmutação. 

Com isso, a palavra rotina adquire um colorido que implode a ideia arcaica de opressão egoica, para ser edificada à sacralidade em termos de um ritual de benignidade a ser realizado em benefício de nosso corpo, nossa mente, alma, espírito e, superando tudo, nossa CONSCIÊNCIA

Eis o sentido ressignificado à palavra rotina, dentro do que tenho experienciado num movimento que retomei, agora, renovado, na vida de rotinas de benignidade: dinacharya, do sânscrito दिनचर्या, conduta diária).

Trata-se da rotina diária do sistema de ayurveda, compondo o tripé do que tenho sentido de plenitude praticando yoga e meditação. Uma prática que alinha corpo, mente e consciência, integrando nossos corpos e nos harmonizando com os ciclos da Natureza.

Regra? 

Para o meu ego, nos dias em que acordo com preguiça, impaciente, apressada, sim, claro! 

Afinal, sempre é muito confortável ler muitos livros, assistir muitos hangouts e muitas lives no youtube, participar de grupos eco-eso-alien-ativistas no whatsapp, sermos conhecedores de todas as teorias da conspiração cósmica e usar isso tudo como desculpa para não integrar consciência e corpo num simples gesto de respirar prana.

Enfim, não estou falando no plano de teorias: estou falando de realizar, agir, fazer, mexer o esqueleto e lidar adequadamente com o ego, o bastante para que ela não nos distraia tanto dizendo que "na semana que vem começo a meditar".

A rotina que o ego nomina como opressão nada mais é do que a projeção da sombra do que ele rejeita, o que, quase sempre, é o necessário para nosso aprimoramento pessoal. Dito de outra forma: o que mais rejeitamos é o que mais precisamos trabalhar internamente para transcender o obstáculo.

No dinacharya aprendemos a pacificar a mente, quer seja por meio da desaceleração mental, da respiração ou, ainda, no mimo com nosso corpo na oleação do abhyanga.

O dia da rotina de benignidade começa cedo aqui em casa: por volta das 05h00, sem despertador e embalada pela sintonia com os ciclos da Natureza, acordo, agradeço ao Universo pela dádiva de estar presente. 

Nada de ficar pedindo, só GRATIDÃO. Quando se troca o discurso de demanda pelo protagonismo do fluxo criativo e apenas se agradece, tudo muda!

Hora da rotina matinal, que inclui a evacuação, a raspagem do ama (toxinas) contidas na língua e da limpeza do nariz com o lota, bem como uma água morna com limão antes, para estimular o sistema gastrointestinal, o centro de todo o sistema da ayurveda.

Depois dessa parte rotineira, é hora da automassagem, chamada abhyanga, feita da cabeça aos pés, em movimentos circulares e em sentido horário, utilizando óleo de côco (uso esse por conta do dosha Pitta, mas em outros casos, usa-se bastante o óleo de gergelim morno, para acordar Kapha e ancorar Vata). 

Trata-se de um momento de maior intensidade do sentimento mais puro de leveza e bem-estar, de ancoramento e plenitude que já senti na vida, não traduzível por palavras, muito menos nesse texto. 

Daí, sugestão: faça!!! E não se limite à regra auto imposta de não ter regra!

Depois da massagem, que dura, em média, 30-40 minutos, um banho calmo, morno, complementando a fricção da abhyanga faz muito bem à alma, seguido de uma prática de yoga para tonificar músculos, acordar o corpo e trazer a sensação de pertencimento e despertar. 

Respirar é essencial e, para esse momento, alguns pranayamas conscientes, com foco e atenção no momento, são a forma mais sutil de dar boas-vindas à vida: afinal, quando aqui aportamos, o primeiro ato fora do útero é o de respirar o prana. 

Tudo pronto, enfim, para a meditação! Um tempo fora-do-tempo-e-no-pertencimento. Comecei com 5 minutos, impaciente...com o tempo fui para 10, 20 e, quando dei por mim, já me peguei uma hora fora de tudo e de mim. Importante esse momento de despojamento para que a consciência se sobreleve aos ditames do ego que deseja impor sua vontade de ser feliz...

Café-da-manhã? Sim, claro! Dá tempo! Dá tempo? Dá um tempo-no-tempo e acorde cedo! 

É lindo ver o Sol, o céu, os pássaros cantando para anunciar a chegada de um novo dia! É uma "rotina" que elonga o danado do tempo, deixando-nos mais despertas, atentas, conscientes e, ao mesmo tempo, relaxadas.

Frutas de acordo com seu organismo, ghee, tapioca, mingau. Basta combinar e, para isso, nada melhor que a tradição ayurvédica, que alia o sabor à propriedade terapêutica dos alimentos, sendo a amálgama de todo esse processo integrativo. 

Chás durante o dia e almoço entre 11h30 e 13h00, no máximo, pois é o momento em que o agni está a todo vapor, preparando, depois, para a virada da tarde, ocasião em que podemos fazer um lanche modulado com o café ou, então, dependendo do dosha e da fome, aguardar uma sopinha quentinha e nutritiva para finalizar o dia às 20h00.

Essa é, sem dúvida, uma "rotina" feliz, pois, integrando mente, corpo, alma e consciência, tudo flui na vida, que é o próprio fluxo em si. Sem cobranças, medos ou sabotagens. 

Apenas a vida que cocriamos, de acordo com os potenciais que desenvolvemos nesse dínamo chamado dinacharya, que nos eleva e afaga, ao mesmo tempo em que aceita e agradece!

Namasté!!!


domingo, 10 de fevereiro de 2019

Sobre lojas e alternatividades: conversando sobre relações pessoais e consumo consciente

Lembrei-me esses dias de um filme bem interessante, que entrou em cartaz logo na época do boom da internet: o cult Mensagem para você (1998), protagonizado pela "queridinha da América" Meg Ryan e pelo simpático bonachãoTom Hanks, juntos em uma linda história de amor na virada para o cyber mundo em que o teclado substituiu a caneta, o papel e o envelope.

Trata-se da história da proprietária de uma lojinha de livros infantis bem simpática, Kathleen Kelly, que se vê às voltas com a expansão de uma megastore de livros que acaba, pouco a pouco, ocupando o espaço outrora intimista e pessoal da linda lojinha, que tinha sido herança da mãe da personagem. 

Nesse ínterim, Kathleen Kelly e Joe Fox acabam se encontrando: ela, num ativismo para permanecer no mercado. Ele, herdeiro da megastore, engolindo tudo pela frente com uma espécie de livraria empresarial. Depois de se odiarem mutuamente, ao final, descobrem, trocando e-mails com pseudônimos, que se amam.

Um filme lindo demais, que serve de pano de fundo para a conversa de hoje sobre a expansão do mercado alternativo, colaborativo, consciente e outras denominações, tendência crescente há 5, 10 anos no Brasil. 

Embalado pela conscientização em torno de temas como vegetarianismo, veganismo, consumo consciente etc., cada vez mais observamos grandes redes ou franquias abrindo suas portas no Brasil. 

Começou, no caso de Brasília, com o Mundo Verde e hoje temos, por exemplo, a loja Bio Mundo, presente em cada esquina. 

Todas com um design bem moderno, arejadas, prateleiras impreterivelmente simétricas e sem qualquer defeito. Quando entramos, já somos interceptados por gentis colaboradores sorridentes, que repetem um mantra de boas-vindas: "olá, bom dia, está procurando algo em especial?", "qualquer coisa é só chamar, meu nome é (....)".

Por outro lado, na verdade, no lado Kathleen Kelly  da história, ainda temos por aqui as lojinhas intimistas, simpáticas e aconchegantes, que cheiram a especiarias, ervas e sabedoria ancestral, mostrando os contrastes entre um paradigma que está se estabelecendo e o modelo familiar de loja de produtos naturais e alternativos. 

Um aspecto que muito valorizo bastante - herança da minha mãe, proprietária da loja Empório Verde, pioneira em Brasília, juntamente com outra, Verdura Viva - diz respeito às relações pessoais elaboradas com os proprietários, fornecedores e colaboradores dessas lojinhas lindas, o diferencial que o lado Joe Fox (personagem de Tom Hanks), não consegue imprimir em sua megastore-tubarão. 

Aqui perto de casa temos um exemplo de lojinha assim: Temperos e Mel, que fica no Jardim Botânico Shopping (Condomínio San Diego, 64), não tem site, perfil em instagram, facebook e tarrafas do gênero. 

É uma loja que parece muito o Beco Diagonal da saga de filmes do Harry Potter: lá tem absolutamente tudo, tudo e mais o que não se conhece, relacionado à alimentação e saúde integral, alternativa, consciente, vegana, vegetariana. Desde prateleiras repletas de ervas produzidas aqui mesmo em Brasília, passando por coxinha de jaca, kombucha e massa de tapioca. 

Pensou? A loja materializa para você!!! 

Ela "lê seus pensamentos" e imanta num cantinho de prateleira o que você deseja levar para casa. 

O mais impressionante e que faz com que sempre dê vontade de retornar é o atendimento e, sobretudo, o envolvimento do proprietário e dos colaboradores, sempre solícitos, sem que entoem mantras robóticos. As pessoas ali realmente te desejam um lindo dia e interagem com você, da forma mais espontânea e verdadeira possível.

Além disso e, o diferencial: conhecem o que comercializam e sabem as propriedades do que oferecem ao público. Nas lojas grandes, as lojas-tubarão do Joe Fox, isso não é possível. Basta um olhar mais atento - quem viveu a transição das livrarias pequenas para a Cultura, Saraiva e Fnac sabe disso - para perceber que o envolvimento e o conhecimento se perderam na expansão do grande comércio alternativo e natural. 

Os proprietários não ficam na loja, os colaboradores não sabem para que serve o produto que oferecem e, acima de tudo, em idos de sociedade líquida e distanciada, a indiferença blasé é a constante desses mega espaços de consumo. 

Sim, dentro de tal perspectiva, o que estou querendo dizer é que, apesar da boa vontade, do objeto legítimo (alimentação saudável), o consumismo finalmente chegou às portas do mercado alternativo, o que seria incompatível com a eticidade desse nicho diferenciado, onde, ao final, o que importava era o estreitamento das relações interpessoais e, com isso, o compartilhamento de valiosas informações sobre o bem-viver. 

Não desejo ser uma crítica do modelo de franquia alternativa, mas, ao menos, provocar uma reflexão sobre o tema. 

Sobretudo refletir a respeito de como, com minha prática de vida e com meus hábitos, posso contribuir para, de um lado, estimular que opções fora do mainstream cresçam e, de outro, não se transformem, elas mesmas, no tubarão criado em cativeiro para correr atrás do plástico dos cartões de débito, crédito e dos chips subcutâneos. 

Com isso, tenho prestigiado o básico: vou onde o conhecimento, o envolvimento e o aconchego se encontram e não tenho me arrependido dessa posição, porque até meu meu bolso agradece, já que os produtos tendem a ser mais caros em tais Mecas do consumo alternativo, até pela obviedade de manter a estrutura perfeita e clean.

Seguindo os ditames do coração, vou para onde minha alma se sente em casa, bem ali, na lojinha com aroma de especiarias, ervas e aconchego, pois o segredo da vida está na simplicidade das escolhas que fazemos para uma vida de verdadeira plenitude!

Namasté!