quinta-feira, 6 de março de 2014

A dialética de uma incerteza

Eis que surge incólume a existência
No brilho de uma natimorta estrela que alcançou a glória
Tempos de vida incertos por agora,
Trajetória incauta em um estalar de história
Aponta em meio ao devir a expansão do declínio
Vocifera os cânticos nunca antes entoados
Alarmes de uma nova era, consistente fera 
do zoológico dos indomados.


Que alento me persegue senão a causa dos enternecidos?
O pulsar que choca a pasmaceira do que não brilha?
O findar de um dia que anuncia a glória
Que enterra a mãe muito antes de sua filha
Atropelos e medos com o eterno que se rompe
No fomentar da glória que tudo consome
Dai-me, ó dialética fulgurante,
Alguma certeza de que decaio firme...

Abraço a vida, hei de abraçar a morte
Eterno consumo de existir de uma chama
Desenrolar do filme que se protrai em fama
Levando consigo toda minha existência 
E o meu norte 
Forte, aporte, triste sorte
Desvelo de uma eterna dor de filigrana 
Perdida no atropelo de mim mesma
Insisto em lutar...

De que adianta?
É o passo compasso de uma doce melodia
No silêncio do que me consome no final da cama
É o fogo que volta ao final do dia
Para anunciar o fim e a composição da glória
Fim, início, fim.
Tudo de novo outra vez se esvai
É o súbito que de mim se apodera 
Preenche minha alma 
que se deleita e vai

Sina... Louca sina, que sina, então?
Acotovelar de passos
Compassos fúlgidos que me leva a ti
Sem bem saber se isso é destino, ou apenas o mundo brincando com o que já vivi
Fortuna, fortuna, fortuna
tão pobre é a razão de sua pretensão de se fazer incólume
É a certeza de que pulsa um milhão de universos no meio de mim
em bem ao certo do que me faz perder na imensidão de como me olha
Revigora o deleite dos passos largos que tanto dou 
Enxuga cada parte do meu corpo que a fina chuva molha

Perco-me...e me encontro
Fujo e me encaro
No mergulho profundo dos olhos que tudo apreendem
Encontro a verdade para a qual nunca me preparo.
Súbito!