segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Panta rei!

Transpondo mundo e entoando cânticos, nada mais exsurge em tamanho êxtase, pois a chama encontra, aturdida, o vento que lhe embala a fonte! Quantas composições podem uma só alma elaborar? Alma una, cingida em meio à ilusão do fragmento, que se eleva em meio ao caos e desponta, macia, no plano incansável de um novo horizonte! Não sei, ao certo, pois de tantas e incontáveis vezes, esta, agora, faz-me parar!

Ah, coletânea de céus! 

Sempre se move, no âmago de um Infinito que se realinha, passo a passo com um Destino em que se navega como uma nau a deslizar sobre um doce mar de lânguida cercania. Movem-se mundos e aproximam-se universos, outrora apartados pelo encoberto véu de idiossincrasias que, uma a uma, decaem em sua fragilidade, dando vazão ao possível e provável, mesmo diante da inquietude de que nada, enfim, permanece o mesmo: panta rei!

É o doce e o afável, o impensado e o inefável, compondo a lira eloquente, tamanha serpente, que se invoca por detrás dos corpos, com o alargar de uma visão infinda, enevoada por um turbilhão de pensamentos a ecoar: sorte, alegre companhia, que traz a mão para a Fortuna embalar.

Que sorte?

Que forte?

Mais contundente, enfim, que a própria morte! Que morte, então, se celebramos a vida? Vida-morte-vida, na espiral eterna de apaziguamento do eu...

Insofismável chama que se renova, após brados de macios passos, eleva-se, enfim, ao elencar de estrelas, que se amoldam ao fino porte de uma moldura inominável: céu, glorioso céu, que se entrelaça em signos. Compõe a sina de incontáveis incertezas, todas reunidas para a celebração de um novo firmar.

Eis, enfim, como acordou meu espírito nesse dia, após tantos enlaces em um só momento. Tudo, o todo, o vazio explícito, reverberando em cada ponto longínquo de uma alma andarilha, o passo que cerra o caminho: eis o caminho em que se constrói a própria saga!

Panta rei!

Fonte da imagem: Flora - J. Watwerhouse - 1890 (http://www.jwwaterhouse.com)