segunda-feira, 3 de maio de 2010

Carência afetiva, sunyata, vazio e nada: o ser em(sendo) do não-ter

Comecei a meditar a algum tempo porque havia me cansado da velocidade quântica dos meus pensamentos. Buscava um alento, pretendendo me observar mais, enfim, harmonizar-me. Por tempos, julguei que o vazio de um momento de solidão em face da não existência do alter em minha vida poderia ser o danado do "vazio", cujas dimensões sempre me foram contraditórias: para uns, a PLENITUDE, para outros, o NÃO EXISTIR EM SI.

Venhamos e convenhamos: o ego não gosta de solidão e detesta ficar sozinho, porque não aprecia dialogar consigo, já que é tormentoso demais se observar e descobrir que existe muito mais nas limitações de nosso ego-ÍSMO.

Por não dialogar consigo, transmuta-se e se fragmenta em diversas versões de si, cada qual com uma busca de identidade, mas, que, ao final, pela falta de uma boa conversa, acaba não se descobrindo em essência.

Foi quando descobri a enorme diferença entre o acalentador VAZIO de mim, que me move ao diálogo contínuo comigo - uma companhia que me é agradável e, a partir daí, tudo se torna agradável, na confluência dos seres que sabem-ser-em-si-agradáveis e a carência afetiva típica do ego que está sedento de atenção.

O silêncio e a quietude da alma revelam, longe do sentimento depreciativo, uma sensação da mais pura bem-aventurança, a transposição de uma ponte para um mundo muito agradável de nosso Eu mais escondidinho! É o momento em que nos sentimos cheios da presença penetrante de um Amor Universal!

Depois disso, depois de tanta bem-aventurança, nunca mais ousei duvidar que o vazio da libertação de pensamentos condicionados e emoções tortuosamente não observadas e compreendidas nada mais é do que o preenchimento do meu espírito pelo que habita de Mais Sagrado, imanente em relação a minha existência.

Os budistas chamam a calmaria de sunyata, uma percepção sobre o vazio que nada traz de pejorativo, sofredor e tortuoso, mas, antes, o momento em que saímos da tribulação das ondas, para nos vermos com o próprio lago, cristalino e fluindo em sua missão de paz!

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