domingo, 28 de fevereiro de 2010

A miscelânea de egrégoras...


De um lado, o caldeirão, do outro, uma estátua de Buda, mais adiante, um terço. O que significa isso? Chama-se sincretismo, uma miscelânea de egrégoras que desagrada muita gente - algumas pessoas mais tradicionalistas, ou, como prefere a Família Malfoy, os "sangue-ruim".

Já tive minha fase de buscar minha identidade e, com ela, vociferei contra a "baguncinha gostosa" de caminhar por tudo: esperneei, alardei, critiquei. Isso é saudável, a crítica, quando ela é internalizada na calmaria e não extravasa para alcançar o ouvido de quem não está mais nessa. Já transitei pelo zen, thelema, enfim, para perceber que energia é sempre energia e que as diferenças são semânticas, nada mais.

O que importa é a intenção que está escondida por trás da máscara que o ego impõe, muitas vezes, com fuga de nós mesmas e, com isso, "fantasiamo-nos" de Boudicca, ou de Réa, ou, ainda, de Medéia, para encobrir nossa fragilidade em, no fundo, não sabermos, ao certo, quem somos.

Lembro-me ter empacotado 350 livros, athames, caldeirões, capas, varinhas porque, um dia, achei que a egrégora de "poderosa" estava me transformando em alguém insuportável, não aos outros, mas a mim mesma: IN TRA GÁ VEL, essa palavra resumia muito do estado Boudicca em que me colocava.

Meus cabelos ruivos eram um aviso "cuidado, cão raivoso" porque, de certa maneira, eu precisava daquilo. O que eu gostaria de dizer é que a miscelânea pode ser legal e que nada vejo de problemático (a não ser o preconceito e a resistência em não se permitir) em olhar para o outro, perceber que as pessoas têm a dizer dentro de suas experiências.

Tudo é uma rede de conexões e dentro disso, minha arrogância em não aceitar o outro e sua liturgia marca apenas minha ignorância em me conhecer...

Bem-vinda, miscelânea!

Fàilte, Grande Lua Mãe!

Dia de Grande Mãe, Firme, Forte, Poderosa e Plena!

Lua Cheia para nossa linhagem ancestral, das sagradas mães e todas as egrégoras que entoam cânticos de louvor à Gaia!

Lua Cheia de plenitude, de captação de energia do que está em seu ápice!

A Lua entrou em 13h38min e agora caminha para a sombra, para os braços do minguar. Não sem antes nos desejar bençãos. Cantemos com as irmãs!

Hey, ho!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Não ter medo de ser só!


Por que a palavra "solidão" assusta tantas pessoas?

Por que existe um medo pairando nosso inconsciente coletivo e, por meio de histórias de Carochinha, que "metade da laranja" e de complementariedade, faz com que não nos arrisquemos a nos descobrir?

"Ser" só é apenas encarar a si, sem a anestesia de vivenciar a vida do outro, sem introjetar a individualidade e a personalidade alheia. É muito saudável "ser" só, porque somente a partir do enfrentamento de si é possível contemplar a alteridade como parte de nossa trajetória.

Existe um discurso perverso embutido na teia do simbólico, principalmente dirigido a nós, mulheres: "precisamos" fervorosamente de um par, um "complemento" e, com isso, o medo de "ser titia" alavanca escolhas feitas no desespero, ao arrepio da tomada de consciência. Escolhas sem consciência acarretam resultados catastróficos, atropelos...

Estar sozinha não é uma situação deplorável (muitas pessoas me perguntam se casei e tive filhos, mas poucas me perguntam o que faço pelo mundo, qual a minha profissionalização), mas, ao contrário, um momento conosco e QUE É SOMENTE NOSSO. Ninguém tem o direito de querer penetrar nos abscônditos recantos de nossa alma.

Se a solidão fosse tida como uma bem-aventurança, os rumos de muitas histórias seriam diferentes! Com certeza!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Iogurte natural

Não tem preço a saúde...

Vamos calcular?

Fala sério, compramos um "iogurte" de 1 litro no supermercado por quanto? R$6,00 a 8,00 reais? Cheio de corante, estabilizante e mais -antes por aí...

Que tal fazer seu iogurte?

A primeira "isca" pode ser comprada em pó, ou, ainda, com o iogurte natural integral Paulista (esse é legal).

Daí, você precisará de um litro de leite integral (claro que com leite "de verdade" fica mais gostoso e saudável, pois ainda acho que a galera põe cal na caixinha), duas colheres de iogurte Paulista, um recipiente para guardar o iogurte, um pano de prato, um saco plástico e um cobertor. Isso mesmo, um cobertor!

Daí, basta ferver o leite e deixá-lo esfriar até ficar morminho "como bumbum de nenê" (claro que não é, o Daniel fica rindo muito quando falo isso, mas é morno quase frio). Você pode checar a temperatura em cima da mão, um bom lugar.

Depois disso, adicionar as 3 colheres de sopa de iogurte natural Paulista, mexer bem e coar (sim, coar essa mistura) para dentro do recipiente. Envolva-o no saco plástico, depois o enrole no pano de prato e, por último, também o envolva no cobertor, colocando-o "para dormir" num lugar quietinho e quentinho.

Sabe como é, bactéria gosta de temperatura alta e umidade para se reproduzir. Então, aí está!

Pode permanecer umas 8 a 10 horas. Depois, um abraço!

Como mamão, quinoa, damasco, banana, aveia, linhaça e mel com isso...

HUmmmmmmmmmmmm

Limpeza verde!

Quando entramos na seção de produtos de limpeza do supermercado, somos seduzidas pelos"cheirinhos" dos produtos que diuturnamente são lançados no mercado com a promessa de limpar, desinfetar e perfumar nossas vidas.

Pouco sabemos, porém, que grande parte dos produtos de limpeza apenas "mascaram" a sujeira, usando a perfumaria para conquistar nossos narizes sensíveis. Outros tantos contém substâncias altamente tóxicas que nos contaminam e contaminam o meio ambiente. É o caso do cloro, por exemplo. Ele está presente desde a água que sai da torneira, até nos produtos desengordurantes. Uma dica, para quem não deixa de usar a água da pia é deixá-la de um dia para o outro, pois, assim, o cloro evapora e, com isso, a água fica menos "perigosa" para a saúde.

Importante ter o olho aberto para produtos à base de formaldeído, cloro e solvente, porque também degradam não somente nossa saúde, mas nosso ambiente, o mundo, enfim.

Estamos fabricando nosso detergente e amaciante aqui em casa e a idéia é dependermos menos do supermercado, pois é uma caixinha de guloseimas que dão muitas cáries!

Para o detergente, você precisará de:
  • 5 litros de água
  • 2 ou 3 limões
  • 1 sabão de côco ralado ou cortado
  • 2 colheres de sopa de amoníaco

Daí, basta derreter o sabão em 1 litro (dos 5 que voce separou) e, depois disso, adicionar os dois limões ou 3 limões (eu uso geralmente 3 porque o limão é ótimo para desengordurar) e, depois, adicionar as 2 colheres de amônia. Mexer bastante e diluir nos 4 litros restantes. Você pode aproveitar o plástico do seu antigo detergente, para não precisar ir até uma loja de R$ 1,99 colocar mais plástico no mundo!

Fàilte, Grande Luna!

No dia 28 de fevereiro teremos uma nova lunação... A plenitude da Lua Cheia estará de volta, às 13h38min, FIRME,FORTE, PODEROSA E PLENA, vivenciando esplendores. Hoje estava lá no jardim imersa nas mediatações e entoações vibracionais...Sentindo a força que vem desse céu maravilhoso e dessa lua que nos brilha, assim, de maneira tão gratuita!

Seguir os ciclos lunares é conectar-se com uma energia ancestral, com toda uma linhagem de egrégoras de nossos antepassados, formando uma espiral a-temporal que nos une, fazendo-nos UNOS e UNAS em torno da idéia de pura TEIA! Sim! Estamos e somos a vibração da imensa TEIA CÓSMICA, energia pura em plena vibração, circulando e nos circundando, em ações, atitudes e pensamentos.

O príncípio é a consciência, a ação em matéia é mera aglutinação ou densificação de nuvens de elétrons, que "colapsam" e "escolhem", dentres várias possibilidades, o aqui e o agora. Nossos elétrons se densificam, a partir de "poeiras", pois são ondas e partículas, agindo na simultaneidade.

As escolhas? Somos nós quem fazemos, superando nossos medos internos e inconscientes, tirando, pouco a pouco, as "cascas" de nossos bulbos celestiais, para que ressurja, intacta, nossa essência primeva...

Por isso a conexão com o todo, o TODO, a Toda, Gaia!

Hey, ho!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O eu de volta! Hey ho!

Estou de volta, aos poucos, de mais um passeio na Terra do Nunca, mas, desta vez, Nunca Negue a Si!
Ontem fui a um lugar maravilhoso, aprender... Sim, constante aprendizado. Fui aplicar reiki com um grupo muito legal e fiquei muito feliz, feliz mesmo porque me senti na escola. Adoro estudar, adoro ler, adoro compreender, conhecer. Sou uma cientista nata e, no caso, ontem desloquei o foco de estudo para a canalização energética, aplicando reiki, observando e, sobretudo, ajudando!
Nossa, estou desenferrujando meus elétrons! Claro! A racionalidade faz isso com a gente, embrutece a alla e o coração. A ponderação não vem do ego, vem da consciência. E o ego está na racionalidade, na medida de julgamento e catalogação, o tempo inteiro, de tudo que está acontecendo, como se o Universo e suas possibilidades se resumisse ao nosso umbigo!
Princípio da não-localidade: os elétrons e, portanto, a energia, não se concentra num ponto específico, ela se esparge em uma nuvem de probabilidades. As realidades são, portanto, múltiplas. Nós que escolhemos onde e quando colapsar a onda!!!! Mas como amarramos a burrinha na dinâmica clássica, achamos - sério - que a energia, o pensamento, as possibilidades, tudo gira em torno do determinismo causal precário em que insistimos fundamentar, de acordo com nossa conveniência egóica, as decisões.
E, o mais engraçado, pretendemos opor isso aos outros.
Tstststs, que feio, heim, ego?
Quando estava na escola do espírito, percebi o silêncio, o esvaziamento do meu ego, como um odre que se pulverizou...Não sei o que aconteceu, sei que eu estava lá, mas a mente-que-mente-que-nem-sente SIMPLESMENTE sumiu, durante todo o tempo. O que importava, para mim, era saber, compreender, sentir, ajustar, ajudar e doar. Mas, doar não no sentido maniqueísta de esquecer de mim, das minhas mazelas, doar como medida de sacro ofício mesmo, de despojamento do ser...
Voltei para os braços infinitos das múltiplas dimensões...
Hey ho!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O pão e a vida...


Agradeço ao pessoal do blog: http://www.ruadireita.com - por gentilmente compartilhar a imagem.

Acabei de sovar um pão integral, um ato mágico de verdadeira doação de entranhas. Alimentar alguém é um ato de AMOR, mas que, ao longo do tempo, veio se transformando em verdadeiro automatismo, porque são raras as vezes em que realmente podemos comtemplar a criação em louvor ao que é Sagrado.

Deusa, Deus, Shiva, Javé, Jesus, Buda. São muitos nomes que guardam muitas egrégoras de energia, mas, ao final, a realidade de contemplação do divino em nós é exatamente a mesma. Dentro disso, uma lástima, esquecemo-nos da nossa linhagem ancestral e, com isso, esquecemos de alimentar nosso espírito.

Quando nos entregamos num simples pão transmutamos nossas energias, criamos formas e fazemos circular nossa energia. Doam-nos sem nos desgastarmos, porque, ao final, não existe usurpação, é tudo COM PAR TI LHA MEN TO do que, de fato, é uma mesma sintonia: nós em relação aos outros e vice-versa.

O pão é um alimento altamente energético. O trigo, sempre relacionado à prosperidade, à fecundidade, ao alimento sagrado que se liga à divindade e aos grandes rituais e ciclos de sazonalidade. Claro que, num mundo marcado pela sustentabilidade e pela busca de uma alimentação de valor, sugiro sempre a substituição progressiva da farinha branca (um dos três pós brancos que viciam como cocaína e que fazem mal, os outros dois são o sal e o açúcar) pela integral, que acaba tornando a massa mais fofa também!

Linhaça e gergelim, esses foram os ingredientes da vez.

A linhaça em grão por conta do excelente trabalho que faz ao intestino (principalmente de nós, lindas mulheres de Gaia), já que é laxante, emoliente e hipolipemiante. Até para hemorróida é excelente... O azeite é rico em ômega-3 (para quem acha que apenas o peixe tem isso, ledo engano - podemos deixar de comer peixe se a desculpa era essa).

Gergelim, eita, que beleza! Rico em proteínas, cálcio, fibras, ferro, vitamina E, complexo B, minerais (fósforo, selênio, zinco e manganês). Além disso, é rico em óleos bons, que possuem ácido linoléico, linolênico, oléico e outros tantos. Além disso, lubrifica e umedece o intestino, além de fortalecer os rins e evita até embranquecimento dos fios capilares. Aumenta, ainda, a produção de ferro no sangue, uma maravilha!!!

O pão dadivoso, sempre apto a nos nutrir. Aqui em casa nós estamos plenos de pão e de gratidão pela presença do divino em cada um de nós...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A teia da vida na ciranda da Natureza


A Árvore da Vida, a grande teia que nos liga - seres humanos à Natureza - lembrando da presença da Divindade em nossas almas.
Para os antigos gregos, physis era um liame, uma conexão inerente do ser humano ao Cosmos, manifestado num filete de energia que, entrelaçando-nos um a um, mantinha-nos em harmonia e consonância com o ciclo vital de energia em seu constante fluxo de impermanência...
O devir, o vir a ser na renovação de nossas existências, numa relação que não era marcada por hierarquização pro-homine, mas, antes, equidistância da eternidade da Criação-que-não -cria.
Com o Iluminismo e, mais especificamente, com a derrocada do Sagrado Feminino para o empunhar da sanguinolenta veste do patriarcado, a Mãe, Gaia, foi, aos poucos, sendo sodomizada pelo afã de destruição, submissão e, sobretudo, usurpação até a última gota de sangue.
E não precisa muito esforço para perceber que, tanto no discurso liberal, como, também, na lógica socialista, a Natureza é DOMINADA. Sempre espoliada, nunca venerada pela ocidentalidade que, cega pela "beleza" prometida do "nunca-morrer", agride, viola, denigre, mata.
Mata e come. Impele sofrimento, derrama sangue, cultua o sangue vertido em oura dor, para dele se alimentar, desconhecendo (ou fazendo-se de cega) para realidade quântica de agregação celular da dor alheia ao nosso cardápio feroz de canibalismo constante.
Tudo nesse Universo é energia. E = m X c2, antes de expressar uma linda formuleta-formulada-por-um-louco-qualquer, revela a dualidade que atinge a todos, desde carbonos aglomerados, até mésons e quarks: somos matéria E energia, ao mesmo tempo, bastando, para a transmutação, a escolha de opções, dentre as várias, pelo não-localismo. Somos o que pensamos, o que comemos, o que sentimos, e não um ego preso um corpo, em estado vegetativo (apesar de boa parte de nós vivermos assim). O holos, o Todo, é extamente a superação da dualidade vísíviel para, adentrando no véu de energia, não haver o menor sentido a segregação.
A Árvore da Vida é a celebração de Gaia presente no coração de cada um de nós, ao nos lembrarmos - e sentirmos - que somos parte organicamente ativa de uma densa malha de inter-relações dentro do Umiverso. Somos, de fato, o próprio Universo e, com isso, responsáveis por cada milímetro de nosso planeta. E não, como, infelizmente, como pretendem algumas "facções" ou "falanges da ignorância teológica", senhores de algum feudo em que a Natureza seja vassala.
Locke mentiu, a teologia judaico-cristã mente, ao, o tempo inteiro, sustentar a hierarquização da Natureza, com a alocação do ser humano para o centro da importância, pois somos poeira cósmica dentre várias opções do Universo. Somos maravilhosa e paradoxalmente o maior e o menor opúsculo universal.
Por que, então, arrancar a Árvore da Vida das entranhas de Gaia? Por que tão despudoradamente tratar a vida com uma sublimação ética tão atroz que nos faz inconstantes produtores de sofrimento, o tempo inteiro? Por que insistirmos em viver sob o pálio da morte e da dor provocada no Ambiente?
Eis a sangria...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Viver ou morrer na dualidade que não se unifica

Hoje acordei pensando na dualidade e na condição humana de viver, o tempo inteiro, na dualidade. Tenho feito umas pesquisas de campo envolvendo casais - esse é o caso clássico de dualidade que menciono, por ser o mais claro e óbvio, no momento - em conflito. Mais especificamente em situação de violência doméstica, motivada, muitas vezes, pela existência de um conflito não administrado e levado às raias de irascibilidade.

Não gostamos uns dos outros, de verdade, num relacionamento. Primeiro, admiramos no outro qualidades - ou que apresentamos (daí vemos um espelho siamês) ou que desejamos. Em ambos os casos, o fomento ao ego, porque, se, um lado, vemos espelhos, estamos olhando o outro como um prolongamento de nosso ego (não de nossa essência) e, a partir daí, reificamos a alteridade, e, com isso, desejamos controlar. De outro, quando desejamos, por não nos sentirmos aptos ou aptas a manifestar tal qualidade desejada, invejamos e, na inveja, desejamos destruir o Belo, tal qual o invejoso Salieri emboscou emocionalmente Mozart, reduzindo-o a pó, pouco a pouco, mesmo jogando confetes, o tempo inteiro, no gênio musical.

Não saímos de nossos umbigos e, com isso, a convivência passa a ser uma batalha campal, dia após dia, hora após hora, minuto após minuto, uma geopolítica de gêneros. Sim, porque além dos egos que saltam por aí, ainda construímos relacionamentos em cima de hierarquia de gêneros, dentro da qual, diga-se de passagem, o papel que nos incumbe como MULHERES é sobreviver a um patriarcado que está em derrocada, mas que insiste em dar as últimas braçadas no mar revolto das relações humanas.

Boa parte do patriarcado, imerso num inconsciente coletivo de centenas de décadas - milênios - odeia o feminino. Sempre fomos seres "sem alma" para os prestigiados filósofos que hoje cultuamos como magnânimos. Sacos de recepção de esperma, aptas e prontas para recolher o "líquido sagrado" que, é claro, somente "poderia vir de um homem" apto a perpetuar sua linhagem ancestral, no filho HOMEM que viesse a ter.

Ficávamos em casa na clássica guerra, enquanto nossos maridos levavam seus pajens para o campo e lá, antes ou depois das lutas, refestelavam-se de prazer. Nunca fomos chamadas para as grandes comemorações em que se discutiam filosofia, política, religião: nossa "função" - como latinas - era ficar em volta da prole, garantindo que o primogênito, depois, fosse honrar o "fogo sagrado" da cidade antiga. Vou me poupar (e poupar a todos) de uma excursão histórica pelo femicídio coletivo da Idade Média, porque entendo que eu não suportaria isso, muito menos minhas pares. É muito sofrimento saber que para uma parte do patriarcado, nós somos ainda reificadas.

O mais legal, porém, é saber que mesmo os que apregoam serem homens libertários e não misóginos, esse discurso produz uma latência no estômago: cuidado, é a misoginia inoculada nas "entranhas", dizendo que, longe de estarem libertos, nossos maravilhosos homens ainda chafurdam na lama das contradições, amando e, ao mesmo tempo, odiando suas mulheres.

O Terceiro Milênio marca, dentro disso, uma necesária mudança de paradigma consciencial, sob pena de nos perdermos em brigas odiosas e raivas incontidas. Ao homem, perceber a pobreza existencial de um discurso - e prática - de misoginia, que reduziu a mulher à reificação, em nome da glória do falo que, dia após dia, pende para o chão, fruto da gravidade (não adianta VIAGRA, como diria Machado de Assis, "o interno não aguenta tinta"). À mulher, acordar do sonho da fada madrinha, que faz plim-plim e aparece um lindo príncipe, "para não ficarmos sozinhas", porque "ser sozinha é triste". Mentiras. é muito bom estar sozinha, pois é na solidão que falamos conosco e nos conhecemos mais e melhor.

Uma mulher empoderada não se preocupa com solidão, porque sabe, no fundo, que somos únicas, solitárias e sozinhas. Vamos embora desse mundo - na morte - sozinhas em nossas experiências e sozinhas seguimos rumo ao crescimento espiritual (para quem acredita nisso). Por que, então, o desespero de causa? Por que a desculpinha medíocre de correr um "relógio biológico", um tic-tac que comanda nossas ações para "casar e ter filhos"?

Quem foi que disse que "uma mulher somente se realiza casando e tendo filhos?" Desculpem-me aquelas que militam essa frase, mas ser mulher é uma experiência muito mais rica e densa do que firmar a naturalização de uma função procriativa: é reconhecer a multiplicidade e a diversidade contida no conteúdo do que vem a ser uma mulher.

Se existem muitas mulheres, uma tipologia de mulher (não é crítica) que se satisfazem cumprindo missões sociais de procriação e satisfação egóica do falo alheio, existem também outras e várias tipologias do feminino, que rompem com essa formatação, para desenvolverem outros tipos de satisfação. Para se lançarem no mundo atuando, sendo senhoras de seus destinos e, sobretudo, não esperando por um milagre quanto a um relacionamento. Não somos incompletas e, com isso, agregar-se a um companheiro não é procurar completude de coisa alguma. Isso é fruto,mais uma vez, de um torpe discurso romântico (séc. XVIII) que, resgatando uma percepção parcial, diz que somos seres que "estão em metades". Daí o absurdo do outro ser "tampa de panela", "outra metade da laranja" e demais absurdos.

Somos todos e todas seres completos e completas em nós mesmos e mesmas: não nos falta pedaço. Agregamo-nos ao outro pela afinidade em sermos completos, e não porque estamos cingidos em partes. Essa falácia produz relações de parasitismo atrozes, porque sempre que dizemos que somos incompletos e tentamos nos completar no outro, exercitamos relações de vampirização, impedindo o outro de crescer e a nós mesmos e mesmas de também desenvolvermos o que nos falta.

Andar sozinha é um caminho. Andar com alguém é outro. Não tecendo críticas a um e outro, ambos são perspectivas que podem e devem ser tomadas conscientemente. O que não vejo como honesto é estar com alguém desejando estar só, ou, ainda, fingir que se está sozinha e feliz, quando, dentro do peito, bate o "complexo de Cinderela".