domingo, 23 de julho de 2023

A eterna ARTE de se implodir para se reinventar...

Depois de quase um ano de silêncio profundo nesse blog, ensaiei várias vezes escrever alguma coisa, sem sucesso. A inspiração simplesmente não vinha.

Um vazio ensurdecedor retumbou dentro de mim o eco do silêncio durante todo esse tempo.

Nada a dizer...Nada a compartilhar.

Observando, durante esse "quase ano sabático", algumas postagens aqui no blog, percebi o quanto escrevi sobre ciclos, mudanças de ciclos e tudo mais que signifique alguma transformação sem, contudo, ter publicado coisa alguma sobre disrupção e reinvenção...sobre desintegração, implosão ou algo dessa natureza, a representar o efeito de uma bomba atômica interna...

Afinal, foram tantos textos sobre sagrado feminino, yoga, vida simples,  relacionamento tóxico e abusivo, que, sem perceber, estava finalizando um ciclo para, ali na frente, retornar para um padrão mais sofisticado, com "novos" atores representando velhos roteiros de vida.

Reinvenção não é sinônimo de final de ciclo, mas o total desapego de personagens que abraçamos inconscientemente, desapego em relação às experiências, interações, aos relacionamentos. 

Nada fica intacto nesse processo, ao contrário do que acontece no usual final de ciclo.

Um elemento, porém, manteve-se intacto no processo todo: a solitude ao percorrer o caminho, um percurso de autoconhecimento que realmente precisamos fazer sozinhos e sob o mais profundo recolhimento, internalizando, em cada passo, a lição apreendida e aprendida ao longo do trajeto.

Mudança de casa, de bairro, de estilo de vida e até mesmo de percepção espiritual do mundo.

Pessoas que entraram e saíram. 

Jornadas com início, meio e fim.

Relacionamentos familiares que foram descortinados pela luz da convivência, trazendo clareza a tudo aquilo que, antes, encoberto, contribuía para minhas escolhas infrutíferas.

O mais surpreendente, contudo, tem sido descobrir novas cascas de cebola que precisam ser retiradas para o bulbo poder brotar, e isso não pode ser feito sem o mínimo de honestidade.

Aprender que os outros são os outros e que posso arcar com minhas escolhas, com ou sem os outros, é um grande ponto de mutação dessa jornada. 

Abandonar a ideia de alcançar objetivo também. A vida está aí para ser vivida, e não para ser projetada em uma mapeamento, como se tudo estivesse em nosso pleno controle. 

Quando existem outras pessoas no meio do caminho, nada é estático e sujeito ao nosso arbítrio: construímos, todos juntos, uma grande teia que se emaranha e desenrola, trazendo à tona nossos desafios e êxitos.

O mais legal disso tudo é simplesmente isso: observar tudo em perspectiva e abandonar a casca que não mais comporta o novo ser!