sexta-feira, 29 de julho de 2016

Meus tesauros de felicidade: integrando corpo e alma no fluxo do yoga

Fonte para créditos da imagem: https://www.osegredo.com.br/wp-content/uploads/2015/04/flor-de-lotus-branca.jpg
Comecei minha senda no yoga em 2005, por indicação de um grande amigo, que me sugeriu a prática da querida Kátea Barros na Universidade de Brasília. Antes do yoga já tinha feito um pouco de muita coisa: ginástica olímpica, ballet, jazz, andado de patins, natação, atividades físicas necessárias para a manutenção da saúde (e, por resultado, da forma física). 

De todas essas atividades, a natação sempre foi a minha preferida. 

Gostava da liberdade, do silêncio e da solitude em cada braçada dada, deslizando na superfície e me desconectando do mundo sólido. Chegava a nadar 8.000 metros - quando competia, na adolescência. Dedicação, disciplina, foco, eis o que me guiava.

Em 2005, contudo, meu mundo se abriu para algo novo, que nunca havia imaginado fazer: yoga. Aliás, dada minha hiperatividade, eu achava - de forma preconceituosa - que yoga seria um tédio...afinal, ficar "parada", "falando om" não parecia me apetecer em termos de atividade "física" (lembram dos 8.000 metros de natação?).

Nossa, como eu estava completamente enganada! Hahaha, e como estava, em todos os sentidos!

Logo no primeiro dia de aula de yoga, levei um susto: descobri que não sabia respirar direito. Enviava o ar para os pulmões, alojava tudo no tórax, como o instrutor de natação orientava. 

Resultado: sempre ofegante, nervosa, não conseguia me concentrar direito fora da piscina. Como não poderia ficar a vida toda dentro d'água, fui quicando de atividade em atividade, torcendo para que algo aplacasse minha ansiedade incontida.

Foi um renascimento observar a ondulação dos músculos abdominais: o ar entrando, os músculos da barriga dilatando, o ar saindo, a barriga encolhendo. Ar entra, preenche tudo, a retenção me preenche, o ar sai, seca tudo e o vazio se plenifica. 

Pouco a pouco essa atividade aparentemente simples foi mudando minha vida, pois o afã descomedido começou a ceder espaço para a busca de momentos de quietude, como o da respiração. Com o yoga veio a meditação, a arte de conexão com o sagrado, por intermédio do esvaziamento da mente, para focar apenas a respiração

A partir dela - claro, tudo gira em torno da respiração, pois é ela que nos mantém vivos no agora - meus músculos foram se irrigando, tonificando, minha elasticidade se ampliando e cada parte do meu corpo foi se soltando, pouco a pouco.

O incentivo para uma reelaboração da dieta alimentar foi enorme no yoga, sobretudo quando comecei a me inteirar sobre a ayurveda, bem como sobre os sistemas de doshas, energias primordiais que nos estruturam. Foi, então, que descobri ser o yoga uma SENDA, um caminho integrativo da mente, do corpo e do espírito.

Yoga é uma palavra em sânscrito com plurais significados: integração, união, junção, senda que utiliza o pranayama (respiração) e os asanas (posturas) para integração da mente e do corpo, superando, assim, o dualismo, e nos ancorando no aqui e no agora para a plenitude consciencial.

Nem passado, nem futuro. 

O yoga nos remete ao instantâneo, que é a respiração, ato sagrado de junção com o Tudo, muitas vezes neglicenciado por essa pressa incontida, robótica, que insistimos em nos colocar. 

Excelente forma de descobrimento do corpo, o yoga nos prepara para a imobilização do processo meditativo, comunicando e conscientizando o corpo material a respeito do imediato - aqui e agora- ao mesmo tempo em que traz foco para a inquietude mental, na medida em que as respirações se harmonizam com as posturas e a permanência. 

Fui descobrindo meu corpo, as limitações que impus a ele em meio a processos psicossomáticos e, sobretudo, as superações dessas limitações. Esse ano fiquei surpresa e feliz quando, finalmente, consegui colocar meu calcanhar inteiro no solo ao fazer a postura do cachorro, pois, antes, a falta da flexibilidade me fazia levantar o calcanhar para alinhar a postura. 

As invertidas sobre a cabeça ainda são meu desafio, mas, pouco a pouco tenho me permitido avançar, sempre dentro do meu limite e respeitando o princípio sagrado da não prática de violência. 

Durante minha trajetória, algumas pessoas marcaram e têm marcado meu amor pelo yoga, eu não poderia deixar de comentar a respeito, até para compartilhar seus contatos, pois são excelentes professoras. Recomendo todas as práticas, cada qual com sua peculiaridade. 

Vou compartilhar um pouquinho o que SINTO em cada uma das práticas: não sou dona da verdade, muito menos as práticas das professoras se esgotam no que estou a pontuar aqui, dadas as amplitudes de cada uma. O que estou dividindo consiste nos aspectos que PARA MIM (ou seja, minhas demandas pessoais) saltam aos olhos. 

Também não quero incorrer em comparações: não se trata de colocar ninguém ao lado de ninguém: cada pessoa é um universo. Creio que as experiências distintas dão uma boa percepção para que as pessoas possam fazer suas escolhas empaticamente. 

Kátea Barros, minha primeira professora de yoga. 

Um ser etéreo, que flutuava na sala, bailando enquanto nos explicava cada um dos benefícios das posturas. A prática com ele era sempre imersa em uma egrégora, dando-me a sensação de estar na companhia de seres etéreos. 

Hoje ela está morando em outro Estado, mas sempre estou com sua amorosidade. Com ela aprendi que o yoga não consiste em uma "maromba zen", sendo uma prática a aliar os corpos espiritual, físico e mental. Aliás, em sua aula consegui, pela primeira vez, entrar em estado meditativo. Que benção a Katita!

Priscilla Almeida, com quem aprendi não só a ter disciplina, mas a investir no coletivo, pois fazia parte de um grupo que se reunia em uma casa e, após as práticas, tomávamos leite de amêndoas. A convivência com ela me enriqueceu de receitas, reflexões sobre minhas limitações. 

Marise Armondes, no Plenitude Yoga, o lugar mais fofo, lúdico, etéreo e mágico em que tive oportunidade de fazer a prática!!!!

Fica no Guará I, num sobrado fantástico, todo ambientado para uma prática confortável. A Marise tem uma abordagem clássica, a partir do hatha yoga integrada à vinyasa flow. A prática é fluida, com a passagem de um asana a outro de forma lânguida.

Além de explicar pontualmente os benefícios das posturas, a Marise mantém em seu espaço um ambiente onde expõe e vende produtos maravilhosos, desde pães sem glúten e lactose, até óleo essencial e um "cheirinho" para ambientes que, até hoje, nunca senti aroma igual. 

Formamos um grupo no trabalho (2015) e convidamos Patrícia Kratka para nos guiar na árdua tarefa de desacelerar no ambiente laboral. 

Amorosa, cumpriu a tarefa com super dedicação, pois suas aulas sempre envolviam o acesso a um acervo diversificado de posturas, interpoladas com os exercícios de respiração e foco nas posturas de torção e retroflexão (por causa da Patrícia eu passei a amar as torções e a investir, em casa, nelas), o que me trouxe uma serenidade!!!

Antes de sair em um mochilão pelo mundo, chegamos a transferir as aulas para o Parque Olhos D'água, local mais do que apropriado para a conexão com o sagrado. Adorei, em especial, esse momento de pura elevação.

Esse ano resolvi praticar yoga perto do meu trabalho, na hora do almoço, para desestressar do cotidiano. Encontrei a Sociedade Vipassana de Meditação, onde conheci duas pessoas maravilhosas. 

Primeiro conheci a Soraya Diniz Farah, ariana nascida no mesmo dia do meu aniversário. As aulas seguem várias linhas - bem explicadas e definidas -segundo a sistematização com que ela, com afinco, faz em cada semana. 

Sempre com o foco na respiração e na construção correta do asana, não sem antes ela fazer questão de frisar a importância da não violência ao corpo. Na prática da Soraya eu consegui ajustar o calcanhar ao solo adho mukha asana, a postura do cachorro. 

Também acho legal a explicação que ela dá sobre os órgãos beneficiados pela prática, bem como a preocupação com cada um dos alunos e das alunas, ao ponto de orientar a prática do dia para um aspecto específico levantado por alguém do grupo. 

A partir da interlocução com o grupo e a Soraya, tenho tomado consciência de processos internos que estavam latentes, mas alojados no quartinho de despejo. Um verdeiro trabalho de autocura, a partir do diálogo com os colegas de prática. 

Aliás, temos o grupo no whatsapp onde postamos pensamentos, eventos, fotos. A Soraya mantém, ainda, uma vasta network, divulgando terapias e eventos por meio da Ecomind, tanto no blog, quanto no facebook. Vale muito a pena dar uma passadinha lá.

Depois de fazer aulas com a Soraya às segundas e quartas, decidi investir mais em mim e também fazer às terças e quintas, ou seja, quase todos os dias. Com isso e, sobretudo, com a ideia pragmática de estar perto do meu trabalho, conheci o trabalho da querida Denise Maria Lemos, que desenvolve o trabalho em hatha com yoga hormonal. 

Suas aulas me fazem aterrar e, paradoxalmente, transcender. 

Como? 

Não sei explicar, mas a sensação, ao final de cada encontro, é de me elevar: parece que meus elétrons param e meu corpo deixa de ser um organismo distinto do ambiente. 

Fusão ao todo seria uma forma menos precária de tentar explicar a sensação de plenitude e benignidade a partir da prática, que foca o tempo de permanência (longo) nas posturas, o que demanda respiração. 

Tudo também muito explicado em termos de benefícios e órgãos envolvidos. Por intermédio da Denise, conheci o almoço maravilhoso do restaurante Supren Verda, local aprazível e preocupado com alimentação vegana de qualidade.

Essa reconexão tem operado modificações sem precedentes em minha vida. 

Retomei um caminho do qual havia me apartado há tempos: autoconhecimento. Redescobri, por intermédio da integração proporcionada pelo yoga, o prazer de me acarinhar com as posturas, a respiração, a meditação e, ainda, automassagem com óleos essenciais.

A benignidade, bem como a plenitude, são estados de espírito cuja escolha nos traz benefícios profundos na alma. Sempre que posso, recomendo aos amigos e às amigas a saída dessa egrégora caótica em que estamos na contemporaneidade, para estabelecer o encontro com nossas verdadeiras essências...

Eis a razão pela qual o yoga, a meditação e demais práticas integrativas constituem meu acervo de tesauros de felicidade!!!!

Plenitude Yoga: QE 19, conjunto E, casa 14, fones 61 99278 8597 (Claro) e 98305 4339 (Tim) - e-mail: plenitudeyoga@gmail.com

Sociedade Vipassana de Meditação: SGAN, quadra 909 "E", fone 61 984812187.


sábado, 23 de julho de 2016

Meus tesauros de felicidade: o retorno à ideia mágica de simplicidade no viver

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Em meio às resoluções para um novo semestre que se avizinha - algumas ideias nem tão novas assim, mas renovadas diante da vida que se debruça em mudanças abruptas - peguei-me a relembrar momentos interessantemente bons, onde reverberava o conceito e a prática de uma vida artesanal.

O que seria isso? 

Vida artesanal, ou simplesmente o retorno à percepção frugal de uma austeridade legítima - não simplória - que remonta à saída do senso comum de uma robotização que se eleva como constante nas relações humanas. Simplicidade no pensar, agir e sentir, recompondo a presença do Eu Superior no cotidiano de nossas vidas e, com isso, integrando mente e espírito numa dimensão de auto realização. 

Tentando montar um glossário sobre como minha vidinha artesanalmente mágica exprime o que de mais vívido e especial em mim, achei umas categorias, tesauros em torno dos quais orbita o retorno àquela lânguida sensação de leveza interior, como se a agitação de águas turbulentas cedesse espaço, enfim, à paz de espírito em uma constante de elevação. 


Tesauros são palavras de significados afins. Segundo Currás, trata-se de "uma lista autorizada, que pode conduzir o usuário de um conceito a outro, por meio de relações heurísticas ou intuitivas" (1995, p. 85), sendo, assim, uma espécie de catalogação de palavras a desembocar um mesmo campo lexical ou contextual. 

Ainda que meu pequeno dicionário da felicidade contenha palavras distintas, o que importante é o vínculo de bem-estar correlato a elas: todas se somam no sentido de apontar para a realização do espírito, depois de um período de intensa agitação, a partir do qual repensei minha vida e atitudes, resgatando, assim, a trajetória na senda espiritual que se imanta no plano material.

Quando sentimos algo sair de prumo, o sinal, dali adiante, mostra a necessidade de voltar e apaziguar o espírito, ainda que as resoluções sejam entendidas como ortodoxas e exageradas. Como saber, afinal, se são? Simples: se fizer e sua alma ficar ainda mais leve, então fez a coisa certa. O coração se enche de realização e, ao final, tudo se encaixa perfeitamente.

Meus tesauros de felicidade

  • amizades, reciprocidade, veracidade, transparência, desapego, adeus, olá;
  • yoga, meditação, automassagem, autocura;
  • alimentação orgânica, feira do produtor, leite da fonte na garrafa reciclada pet, rúcula, agrião da terra;
  • compostagem, reciclagem, adubo, jardim de ervas;
  • brechó (usados), roupa artesanal, botinha da feira;
  • jipe Bambam, carro usado (vida útil de 1.000.000 km);
  • ensino e aprendizagem, sala de aula, alunos e alunas, eu-aluna, eu-facilitadora, ego jurídico decadente na ignorância;
  • Antropologia jurídica, fenomenologia, empírico, antroposofia, Steiner;
  • Física quântica, Amit Goswami, Capra, Bohm;
  • Lua, Sol, equinócios, solstícios, supernovas. 
  • Ecofeminismo, sagrado feminino, Vandana Shiva;
  • Gatos e cachorros, Natureza, cachoeira, água, terra, fogo e ar; 
  • ancestralidade, patrilinearidade, matrilinearidade, sacralidade, hermetismo, consciência... 
  • FELICIDADE!
E eis, enfim, a dimensão da felicidade, lânguida, em brisas, que vem, aloja-se no coração calmo, nada afoito, enquanto o mundo e as pessoas em desatino correm... Sinto-me grata, mais e mais, por me ser permitida a exata medida de poder voltar e refazer minha senda, com novos desafios e caminhos inusitados.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Quando parar é preciso: compreendendo as doenças como caminho da alma rumo à transformação

Imagem extraída do seguinte site para créditos: https://passagemparajapao.files.wordpress.com/2015/06/girassol.jpg
A temperatura aumenta, o corpo amolece. Dor no peito, nas pernas, falta de ânimo e de apetite: quem nunca sentiu esses sintomas por ocasião da eclosão de uma doença? O que isso realmente significa?

Podemos encarar as doenças a partir de várias perspectivas: atuação de vírus e bactérias em nosso corpo, drenagem energética, questões cármicas acumuladas e não enfrentadas, maldições, voodoo, magia, demonização, "quebranto" ou, ainda, mero desequilíbrio. 

Não importa a denominação, ninguém gosta de adoecer, não é mesmo? algo vai mal conosco e, diante do inevitável, colocamo-nos em guerra, inoculando em nosso corpo a mais vasta sorte de medicamentos, confiando piamente que esses agentes conterão todas as sensações que nos deixam desconfortáveis.

Independentemente do sentido que atribuímos aos desarranjos e às disfunções em nossos organismos, algo é certo: por trás de uma patologia se encobrem aspectos não revelados de nossa psiquê, trazidos à tona quando a plasmamos no mundo físico a ruptura da ordem em nosso mundo psíquico.

Por esse viés, a doença se confunde com nossa sombra (é umas das imanações dela), palavrinha tão mal-compreendida e temida, ante o conforto de se atribuir responsabilidade a um agente externo a nós, ao invés de nos colocarmos como protagonistas de nossa existência. 

"A sombra contém tudo aquilo que o mundo, o nosso mundo, mais precisa para sua salvação e cura. É a sombra que nos torna doentes, portanto, não saudáveis, porque ela é a única coisa que está faltando para nosso bem-estar" (2007, p. 44)

A reflexão de hoje pretende resgatar a ideia inicial de sermos produtores de nossas trajetórias e, portanto, das vicissitudes pelas quais nossas almas experimentam momentos de desequilíbrio, desconforto e dor. Em outras palavras: como aceitar, abraçar e amar nossa sombra e, a partir daí, integrá-la ao nosso universo?

Primeiro ponto para compreendermos adequadamente a patologia - sob uma dimensão mágica - consiste em superar, em nível discursivo, o paradigma dualista de explicação da doença como a resultante de um processo de ataque colegiado de organismos externos, como se fôssemos seres autômatos o bastante para, inertes, apenas aguardar a vinda desse séquito de invasores.

Longe disso, o corpo densifica e plasma o que reverbera em nossa alma de informação energética sobre o desequilíbrio: corpo e alma são dimensões quanticamente dispostas em momentos diferenciados, compondo, contudo, uma realidade simbiôntica que se manifesta em estados coexistentes. Unidades justapostas que se coligam - e não afastam - de modo a toda e qualquer interferência em um desencadear a afetação de outra área.

Os mais céticos poderão educadamente concordar e dizer: "ah, sim, MAS existem doenças que não são somatizações, não é?" Não, não é. Isso é a desculpa que a mente racional dá para negar o olhar para seu próprio campo, retornando, mais uma vez, à ideia de ataque de clones bacterianos, numa fuga do eixo de contemplação das mazelas que assolam o espírito. 

Ora, se corpo e alma são componentes justapostos e simbiônticos, a eclosão de uma patologia no corpo (momentum densificado) apenas reproduz, em nível visível e imediato, o que está a acontecer em nossa alma (estado invisível e menos densificado).

Daí, quando o corpo grita é porque a alma já está em prantos há tempos. Basta, então, observar os sinais que a doença traz, para que possamos aprender com ela as lições que nossa sombra deseja nos mostrar.

A patologia, com isso, nada mais é do que a resposta do organismo a um estado de perturbação. Dethlefsen e Dahlke, em um livro bem interessante chamado A doença como caminho, afirmam que "a doença é um estado do ser humano que indica que, na sua consciência, ela não está mais em ordem, ou seja, sua consciência registra que não há harmonia" (2007, p. 17), apresentando, assim, a ideia de manifestação latente, em nível de consciência, de aspectos inconscienciais que vão migrando para nossa percepção mais visível.

Do plano da mente superior, a sombra aglutina nossos aspectos não desejáveis - um quartinho de despejo para onde enviamos tudo aquilo que, por medo, culpa, vergonha, não desejamos enfrentar e agregar como parcela do nosso EU - formulando, assim, entidade vívida, senciente e pulsátil, a concentrar o que entendemos de negativo em nossa vida de dualismos. 

Basta, então, observar a sombra, para integrar à consciência a lição que precisamos aprender em nossas vidas. Com isso, longe de representar - como pretende a medicina tradicional (de natureza superficial e lógico-causal reduzida) um malefício, a doença se mostra um instrumento eficaz de revelação do que está a acontecer com a nossa alma, uma espécie de "termômetro natural" que nos revela o necessário para transpor a limitação que nos impomos ao longo da vida.

Mas ninguém gosta de adoecer, não é mesmo? 

Claro, pois é ruim sentir dor, ficar de cama inerte. Não se trata de se deleitar com a doença (pois a morbidez, por si, já seria mais um sintoma), mas de aceitar o significado da patologia e, sobretudo, aprender mais sobre si a partir dela. 

Como, então, aprender a empaticamente se afeiçoar à patologia? 

Compreendendo o significado latente do que ela deseja nos dizer. Abraçar a doença - e não meramente negá-la pela automática ingestão de remédios - é compreender um pouco mais sobre nós mesmos em nossas limitações, com a finalidade de superar os obstáculos que nós mesmos construímos em nossas vidas.

Sejamos, pois, os protagonistas de nossa cura e, com isso, transformemos nossas vidas em momentos de plenitude e autoconhecimento!