quinta-feira, 20 de maio de 2010

A norma que (de) forma o mundo

No molde frio de uma letra morta de lei jaz o espírito de algum nobre servo que, um dia, rebelou-se contra seu senhor e, com isso, decidiu se vingar. Reuniu outros servos, numa picardia pueril de um fim de tarde frondoso e, todos juntos, decidiram se sublevar.

Não percebram, contudo, que no cantinho da sala de reuniões da manifesta inconfidência aquietava-se o servo que nunca antes ousara e, com isso, rebelar-se era ato de covardia. Fizeram da lei o nó e transpassaram-na pelo pescoço dos demais súbitos, confiantes que, dali em diante, tudo seria harmônico, bem no meio do caos profundo.

Daí a lei lançou o bravo em direção ao covarde, que se esconde e entreolha no horizonte dos recantos perdidos da alma que nada sabe e, por nada saber, julga-se sábio em si, sem duvidar que, no lugar de tanta sabedoria, esconde-se a ignorância em relação ao SER e o NADA, que caminham de mãos dadas, percorrendo infinitos.

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