quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Centaury e o aprendizado do não: o fortalecimento da individualidade consciente

Dando continuidade ao estudo dos florais relacionados à suscetibilidade a opiniões alheias, temos no Centaury o floral específico para aquelas pessoas demasiadamente subservientes, que não se recusam a prestar ações a outras. Em suma: quem não sabe dizer não, constituindo presa fácil na mão de oportunistas a controlar as ações e dominar a vida. 

Centaurium erythraea é uma planta anual que chega a crescer entre 5 a 35 cm, com flores cor-de-rosa que se avolumam em cachos definidos, como na ilustração abaixo:
Fonte da imagem:https://espiritualidadeestaemtudo.files.wordpress.com 


Floral para os eternos sacrificados, que abrem mão de suas próprias missões em prol da dedicação ao outro, num desejo inconsciente de validação e reconhecimento. 

Específico para casos de passividade, obediência e martirização, centaury, segundo Scheffer, atua no sentido de conscientizar a pessoa a dizer NÃO (2015, P. 52-53), deixando, assim, de ser um indivíduo docilizado e facilmente explorado, para protagonizar suas escolhas a partir de um processo de individualização que se reforça a partir da experiência com o floral. 

Edward Bach no livro Os remédios florais do Dr. Bach correlaciona a centaury a virtude da delicadeza, do silêncio e da suavidade, elementos centrais que dão azo, no estado de desequilíbrio, à elaboração de uma tessitura de dominação. Isso porque, na ânsia de agradar, o indivíduo centaury se descuida de si para viver para o outro em seus propósitos. 

Torna-se necessário, então, recompor a individualidade rompida em função do atendimento ao outro e, com isso, pouco a pouco, a pessoa se converte no protagonista de sua vida, diferenciando-se dos demais e seguindo sua vontade e missões. 

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Agrimony: o que se esconde por detrás de um sorriso contínuo?

Fonte da imagem:http://www.totalhealthylifestyle.com
Hoje vou fazer alguns comentários sobre o floral agrimony, derivado da agrimonia eupatoria, um arbusto longilíneo que lembra espículas. Cresce até uma altura entre 30 a 60 cm e a flor amarela dura apenas três dias. 

Na classificação proposta pelo Dr. Edward Bach no livro Os remédios florais do D. Bach (São Paulo, Pensamento, 97, p. 82), Agrimony aloja-se nos florais para as pessoas com extrema sensibilidade a influências externas e às opiniões alheias

São pessoas que sempre estão felizes, alegres e contentes, mesmo diante de uma tragédia, pois se trata de uma máscara bem elaborada para não lidar com os problemas (máscara para os outros e para si).

É uma fachada bem construída em cima da aparente simpatia, negando os problemas e fugindo deles, pois o indivíduo Agrimony gosta sempre de enxergar o mundo com lentes cor-de-rosa, evitando, a todo custo, indispor-se com alguém, já que não deseja perder sua popularidade (SCHEFFER, 2015, p. 37). 

Por isso não gosta de desavenças, brigas ou desentendimentos. Com ele/a não vale a máxima "pago uma boiada para não entrar numa briga e duas para não sair dela", pois o Agrimony não quer entrar em briga, com ou sem boiada!

Excelentes amigo/as, sempre estão a sorrir e brincar, uma forma jocosa para que não olhem no espelho os próprios problemas, dos quais, a bem da verdade, fogem ao menor sinal. 

A fim de não se encarar, a pessoa Agrimony sente sempre a necessidade de estar em grupo. Afinal, quando estão rodeado/as de pessoas, não se torna necessário olhar os próprios dilemas existenciais.

Drogadição e alcoolismo, além de pequenos vícios ocultos, fazem a tônica do tipo Agrimony, o que o/as leva não ter muito poder de resistência e determinação. 

Scheffer comenta o caso de uma mulher em estado negativo de Agrimony, que assalta a geladeira todas as noites, sobretudo quando os pensamentos negativos (que ela insiste em negar e esconder sob a máscara) lhe assolam a mente (2015, p. 37). 

O lado sombra é sempre negligenciado, pois o indivíduo Agrimony não deseja ver além de sua luz, ou melhor, da máscara de alegria que utiliza na interação com o mundo. Aliás, em uma metáfora pouco singela, o Agrimony é o grande palhaço triste: aquele que ri dos outros e de si, mas que, por dentro, sofre quando pára para pensar em seus dilemas.

Não raro vemos pessoas extremamente otimistas que, ao falarem sobre si, até mesmo na hora em que apontam defeitos, comentam "meu defeito é ser muito sincero/a" ou, ainda, "meu defeito é ter um grande coração"(?). 

Ou seja, os aspectos negativos presentes no estado de alma em desequilíbrio são varridos do emocional visível do indivíduo com Agrimony negativo, pois ele/a só enxergar "o lado bom das coisas", o tempo todo, ainda que uma bomba atômica caia em sua cabeça, numa espécie de síndrome de Pollyanna (leiam no livro o "jogo do contente").

Para onde vai a tristeza nesse mar de felicidade irreal e exacerbada?

Para o quarto de despejo do subconsciente, local onde é alimentada sempre que o Agrimony recebe o impacto em sua lente-cor-de-rosa. Quando percebe, já lotou um quarto inteiro, extravasando ou somatizando em doenças o estado anímico não enfrentado.

A terapia com Agrimony restaura o estado de alma consciente, que passa a encarar, de frente, os obstáculos como acontecimentos corriqueiros em uma trajetória de crescimento moral e espiritual.

Com isso, a pessoa não mais "correrá" de seus problemas, muito menos os encobrirá com a máscara de felicidade. Antes, a alegria em um estado Agrimony será genuína, e não uma falsidade a sufocar a sombra. 

Os conflitos - internos ou externos - serão encarados com maturidade e administrados sem que, para isso, a pessoa simplesmente os negue em meio a um mar de felicidade falsa. 



quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Dias de sol, dias de chuva...

Fonte da imagem: https://rebeccalatsonphotography.files.wordpress.com/2011/08/8446_view-toward-cushendal.jpg
Esses últimos dias têm sido uma aventura aqui no cerrado: alguns dias nos brindam com finas gotículas de água, anunciando, quem sabe, mais tarde, o quedar das águas mais intensas para aplacar nossa sede de umidade. 

Outros, porém, marcam o intenso sol a nos lembrar da polarização e, sobretudo, da força incontida da Natureza: definitivamente não aprendemos, ainda, que a relação com Gaia é regida, acima de tudo, pela altivez da força da terra, da água, do fogo e do ar, e não pelo bel-prazer de nossas pueris vontades de a tudo controlar.

A força com a qual a Natureza tem despejado sua ira - será mesmo ira? Afinal, o que existe de irascibilidade no mero fluxo da vida? Tenho minha desconfiança - assusta até mesmo os mais incrédulos: chuvas derrubam montanhas, avassalam pastos. 

Vulcões trepidam a terra. Mares invadem, sem pedir licença, a zona de conforto com a qual insistimos em acreditar que somos eternos. Tudo que outrora foi sólido, hoje se transmuta em etéreo. 

É a efemeridade, e não a permanência, que nos leva a sentir o quanto é necessário o despojamento das amenidades que nos condicionam aos padrões que nos machucam. 

Tal qual o fogo em seu crepitar, simplesmente saber viver dias de sol, dias de chuva é o caminho da sabedoria em se fazer a passagem, em vida, para a transição final rumo ao sagrado desconhecido.

Ultimamente tenho experienciado um estado de alma alimentado pelas diuturnas sensações de viver em meio à eterna transição sol-chuva. 

Indo e vindo, tornando meu estado de alma suscetível a simplesmente deixar fluir, tenho buscado apenas... não buscar. Não insistir, não forçar situações de chuva, quando, de fato, encontro-me na plenitude do Sol.

Ou, então, se estou pingando em meio ao suor, aproveito para sentir, um pouco que seja, em cada gota a ternura de uma pequena chuva enviesada no meu rosto. 

Aproveitar o que a Natureza nos dá é o primeiro passo, ao final, para aproveitar, ao máximo, a vida em si. 

Claro que o movimento não é previsível. De fato, muito pouco depende de nós, já que o estado é, antes de tudo, a confluência de todos os elementos dispostos na Terra. 

Mas acho que a mera percepção de não termos absolutamente controle sobre as demandas da vida já é o bastante para produzir a convicção de empenho máximo rumo ao bem-viver.