domingo, 10 de novembro de 2013

O fim do ano e o início de uma hibernação...


Finalizei mais um relacionamento...

De fato, seria um igual a tantos outros (novidade), pois o final desse ciclo se deu pelos mesmos motivos dos anteriores: falta de afinidade espiritual, desqualificações do Sagrado Feminino, menosprezo pela figura da mulher e, sobretudo, a básica mentira estrutural em face da estima no dedão do pé.

Seria essa a marca da pós-modernidade? Homens machistas atávicos, com inveja das conquistas femininas e que fazem o máximo para arrebanhar algum tipo de benefício em uma relação de parasitismo? Não sei.

Mas para que esse post não se torne uma "ode a um fim de relacionamento"  a amargar o coração de quem o lê, eis, enfim, a razão pela qual me animei em escrever e compartilhar minhas reações e meus sentimentos: pela primeira vez não chorei ou derramei lágrimas pelo relacionamento findado

Não senti arrependimento por estar fazendo o que entendia ser a coisa certa. Acredito até que tenha sido a primeira vez em que não olhei para trás para verter lágrimas: elas simplesmente não estavam em meus olhos para serem derramadas. Ao contrário, ao terminar essa saga abri um sorriso iluminado no rosto e respirei tão profundamente que pensei que fosse voar com o peito tão estufado!!!!

Em outras vezes, a despeito de me sentir livre e plena novamente, costumava chorar como forma de representar meu luto. Sofria, prostrava-me em silêncio para sentir uma dor lacerante que a ausência da pessoa fazia em minha vida. Dessa vez não sinto ausência, saudade, muito menos dor por ter empreendido à finalização de algo que ab initio estava fadado à extinção precoce.

Terá sido esse sentimento a impedir o pranto?

Não sei, pois apenas sinto uma enorme alegria em estar comigo novamente. Há tempos não sentia o prazer de cozinhar para mim, pois nos últimos meses, confesso, havia recebido tantas críticas em relação à minha comida que me tornei tímida e parei de cozinhar. 

Mas a última semana mostrou para mim que sou muito mais do que alguém possa me julgar, principalmente alguém que usa paleta em isca, amassa-a em um rio de alho, frita-a até torrar, mistura com macarrão passado -  al dente fake - e mistura no fogo com maionese. 

Aliás, alguém deveria falar com essa pessoa que maionese perde sua consistência e estrutura quando aquecida e que minhas potencialidades são importantes para mim e reconhecidas, de fato, por quem efetivamente gosta de mim e quer o meu bem. 

Foi importante essa crítica porque me mostrou as reais intenções da pessoa para comigo: desqualificar-me para que se sinta melhor nas potencialidades próprias em que não acredita. Desacreditar tudo ao meu redor para se sentir menos incompetente consigo mesmo... Mas enfim.

Voltei aos meus programas de deliciosa solitude, indo à Torre de TV, tomando meu café ou chá, buscando - em um ritual de descobertas - meu bem-casado de baba-de-moça. Tudo tem sido de redescoberta de mim. Até o doutorado está com um peso menor, pois decidi que farei tudo na medida do que puder fazer. Não deixarei o mundo opor a mim um cronograma que afeta diretamente minha essência.

É tempo de hibernar, apesar de eu ter saído de uma caverna. Como explicar esse paradoxo? Hibernar para permanecer nesse caminho um bom tempo, para que outras experiências possam vir em um contexto diferente, que não seja parecido com os padrões que desenvolvo. Sinto que a cada experiência, contudo, depuro tais padrões pois, se não evito o relacionamento ao menos tenho levado menos tempo - cada vez mais - em identificar a dissonância e finalizar o liame.

Agora meu coração me pede uma parada para uma depuração final de mim mesma... O que virá depois? Não sei, mas me encontro feliz qualquer que seja o resultado!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

E salve, salve o limão com cravo! Dicas para repelir os mosquitos sem violência

Sempre fui adepta aos preceitos da sabedoria ancestral tida por muitas pessoas como "alternativa" diante da parafernália tecnológica que a chamada saúde (ou medicina) tradicional oferece. 

Quer seja depenando nossos bolsos com o vulto dos preços dos remédios e dos produtos, como também nos efeitos colaterais muitas vezes silenciados nos rótulos e nas bulas, a medicina tradicional tem cedido espaço na pós-modernidade para muita reflexão e mudança de hábitos por intermédio do que se denomina "consumo consciente", uma transformação sem precedentes na história da humanidade ocidental capitalista.

Dentro dessa egrégora de profundas descobertas experienciei minha parcela de novidades. Aqui em casa temos uma frota de mosquitos sempre ávidos por alimentação saudável, de modo a impelir para a compra de repelentes, líquidos ou pastilhas. 

Há tempos minha mãe havia me ensinado a cortar um pedaço de casca de laranja para colocar no aparelho, como se fosse uma pastilha. A citronela desprendida simplesmente afasta todos os mosquitos que estão por perto, dica muito boa.

Acontece, porém, que o aparelho é... elétrico! Ou seja, ainda que ínfimo o gasto de energia - se comparado a outros aparelhos - trata-se de gasto (não sou muquirana, mas penso no impacto que minha vida traz ao planeta) que pode ser evitado. 

Daí pesquisando na internet, bem como trocando ideias com o/as mais antigo/as encontrei essa dica interessante: limão com cravos espetados!

Basta abrir o limão, espetar alguns cravos-da-índia em colocá-lo em um pires. No meu caso coloquei em cima do meu criado-mudo, próximo a mim. O resultado foi bastante produtivo, pois os mosquitos não vieram! Uma solução ecologicamente equilibrada e que sequer provoca morte dos voadores...

Outra forma de repelir os mosquitos consiste em preventivamente ingerir própolis, pois exalamos alguns princípios ativos que afugentam os mosquitos. Já experimentei também e funcionou (aqui em casa tem muito mosquito pois fica próximo a um córrego). 

A ingestão de vitamina do complexo B funciona também. Tenho um terreno em Alto Paraíso e lá é cheio de voadores. Daí a farmacêutica local me sugeriu uma ampola de vitamina B que funcionou muito bem. 

Atualmente em face do fato de eu ingerir muitas vitaminas em minha dieta, prefiro a própolis, pois além de prevenir a vinda dos mosquitinhos, atua como excelente antibiótico, antisséptico e anti-inflamatório natural. Um vidrinho dura muito tempo, tendo em vista que diluo 15 gotas no suco ou na água. 

Quando estou doente - principalmente com gripe ou sinusite - aumento a dose, vale a pena!!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A instituição é o humano: ou deveria ser!

Não acredito mais em instituições, ficções criadas para encobrir o que é, de fato, o eixo criador: o HUMANO! Por isso abandonei a compreensão social-democrata por um modelo comunitarista que tenha por fundamento o reforço às individualidades. 

Ser individual não é ser egoísta ou egocêntrico, mas, ao contrário, é saber de si, bem como refletir a partir disso. Na medida em que enxergamos a individualidade alheia com a reciprocidade com a qual desejamos ser ouvidos e respeitados, geramos uma sinergia que, aí sim, MUDA O MUNDO!

\o/ Uma pequena dose de benignidade e plenitude \o/


Que possamos nos desapegar do que não é relevante, para contemplarmos a beleza contida no que usualmente deixamos para trás. 
A vida é bela, curta e intensa: não sabemos quando vamos, mas podemos decidir o que fazer com o desconhecido tempo que temos pela frente. 
São nossas escolhas que mostram a essência contida em nossas almas.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Cabelos, mudanças e fluxos: o início da jornada!

Cabelos longos sempre estiveram relacionados à força, fartura e abundância, remetendo-nos para aquelas lúdicas imagens de poderosas deusas celtas envoltas em seus cabelos rumo à batalha.

Mantive por muito tempo meu cabelo longo, sempre cuidando de sua saúde. Em algum momento da minha trajetória senti a necessidade de cortá-lo. E não tive piedade, pois a tesoura foi utilizada à exaustão. 

Esse "corte" teve um significado especial para mim à época, pois estava em um ciclo de vida no qual a figura do "cabelão" relacionava-se - dentro do meu universo de experiências dolorosas com o masculino - a sofrimento, desrespeito, submissão à vontade de outrem. 

Sob esse signo de revolta permaneci um bom tempo no qual os conflitos com os fragmentos insistentes de minha alma começaram a buscar um lampejo de calmaria. Hoje, enfim, mesmo não tendo muitas respostas, sei que desejo meu cabelo comprido novamente e, por conta disso, muitas mudanças vieram colorir nossa conversa.

No dia 19 de agosto, numa segunda-feira, comecei um périplo aventureiro, super animada com um mundo que estou criando a partir de mim mesma. O meu maravilhoso mundo de cabelos saudáveis que demandam o retorno à minha vida calma e pastoril.

Desintoxicando aos poucos de uma alimentação pouco familiar ao meu estômago - voltei a comer sanduíches "naturais" suspeitos, industrializados - estou numa fase de sucos e chás, fazendo minha comida e dando preferência a folhagens (amo alface), castanhas e frutas. 

Estou lavando meu cabelo com uma mistura, bem como mandei manipular um suplemento alimentar para fortalecer unhas e cabelos. Confiante demais! Já sinto meu cabelo enchendo novamente e isso me traz muita alegria!

terça-feira, 16 de julho de 2013

Ciclos e giros na roda que não pára...

Estou recolhida em casa e o silêncio tem sido ultimamente minha melhor companhia em tempos de renovação e troca de pele. Depois de um ciclo de realizações foi chegada a hora de mudar os rumos de minha vida para o abraço de novos planos e rumos. 

Lembro-me da árvore celta do renascimento a marcar tantos ciclos e etapas já experienciadas nesses meus dias terrenos. Indo e vindo componho a estrada com aventuras das mais inusitadas, todas firmadas no descobrimento de histórias que, ao final, vão se somando em largos passos de gratidão.

Sou GRATA! 

Diante do inevitável final de ciclo de um trabalho a única palavra que veio à mente foi um sibilante OBRIGADA à ancestralidade que sempre me acompanha nessa trajetória. Tanto aprendi! 

O bastante para não olhar para trás, mas, antes, reverenciar os momentos passados - um ciclo de seis meses, tal qual o braço de um triskelion - com os olhos marejados por tantas lágrimas que estão a lutar insistentemente com a gravidade.

Acho que vou me render, ao final, à queda e aproveitar o momento para purificar-me - afinal, o que são lágrimas que não o transcurso dadivoso da água a limpar o caminho por onde quer que passe...

Sigo, enfim, a jornada fascinante do viver com a certeza de estar no caminho certo porque, afinal, qual o caminho que não é certo? Apenas aquele que não nos atrevemos a seguir. Tudo é aprendizado quando, depois, olhamos o passado sem a dor da memória emocional que pode insistir em mandar lembranças.

Tudo passará, até mesmo a dor que vem e vai no balanço da frustração sob a qual sou a única senhora de mim. Expectativas acarretam frustrações, bem sabemos, mas, o que fazer? Viver, ora, a profundidade do que o sentimento traz de superação. Quando voltamos disso reconhecemo-nos mais fortes, firmes e digno/as. 

É muito bom caminhar sobre as mansas águas da honorabilidade!! 

Esse é o sentido misterioso de um ciclo que se finda e traz, de plano de pronto, mais outro que, dali adiante, comporá nossa abençoada sina de experiências. É isso que advirá no momento em que nossos olhos terrenos cerrarem-se para esse plano. É isso que deixaremos para trás quando os olhos da alma abrirem-se, enfim, para saudar o Infinito!

Deixo um momento especial em minha vida saudando o desconhecido que, mais uma vez, abre-se para o passo largo que insisto em dar...

Blessed be!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Fazendo da vida nossa própria ponte...

Pontes sempre representaram para a humanidade a metáfora mais completa das ligações, dos elos que firmamos saindo de um ponto a outro, na esperança, quem sabe, de um devenir ainda melhor e mais surpreendente.

Mas se a vida fosse, em si mesma, não um suceder de pontes, mas uma eternidade delas, justapostas, uma a uma, no transcurso de seu próprio caminho? 

Se o sentido de "busca" for apenas um paliativo para o que, de fato, é a vida que se desenrola, sem que necessitemos dela extrair um liame unindo caminhos e trilhas? 

Afinal, quantas e quantas pontes não já atravessamos durante toda a nossa existência, de modo a, de repente, não existir um mundo sólido ligado por construções, mas, antes, a plasticidade que se reelabora a cada momento.

Quando olho para as pontes em minha jornada, deparo-me com cisões em relação a continuidades, bem como com rupturas que me separam de estradas de conforto em que, um dia, ousei estagnar. 

Daí, percebendo que a ponte se destaca na imensidão do que se avizinha de meus passos, internalizo a ideia de não existir, no fundo, uma limitação permanente para os caminhos que tomo, mas, ao contrário, a fluidez com que a vida simplesmente segue seu curso.

Com isso, não sei, mas a ponte fixa passaria a representar uma zona de segurança para nossa psiquê, na medida em que, voláteis em nossos caminhos, não tenhamos a certeza do que se coloca às nossas frontes. Construímos, então, pontes, para o apego de nossos egos que ainda demandam a segurança no conhecimento a respeito de onde pisamos.

Por isso pontes de pedra, tijolos, pontes de aço. Tudo para nos remeter à firmeza em nossos passos. Nesse vendaval de intempéries sobre a estabilidade, a ponte revela um centro em cima do qual podemos nos sentir mais acalentados diante das vicissitudes do viver...

Mas, enfim, uma pergunta - dentre tantas! - vem à tona: como tudo que há de mais impermanente e instável, como pode uma construção desafiar a entrópica desestruturação do Universo? Quando nem mesmo a Terra descansa estática em seu berço colossal (terremotos, tsunamis, abalos sísmicos), o que esperar de uma justaposição precária, usualmente construída por nossa ilusão de certeza?

Fico, então, com a incerteza da segurança de um ponte. Na maravilha do que é a adrenalina de sentir uma provisória segurança de que tudo está calmo, mas na incontida fé de que o que é sólido também se desfaz em pleno ar: eis o mistério da grande magia do que é estar no aqui e no agora, pois o início da ponte já findou para trás, enquanto o devenir ainda está em um outro lado.

Certeza? Se existir, apenas de onde parei na última pisada antes o devir, pois, afinal, dentro disso, inexistem passado e futuro em uma ponte calcada com tijolos da vastidão da efemeridade.

E viva nossas pontes de intempéries!

Boa semana e que saibamos de nossas pontes assim como sabemos de nossa continuidade: muito pouco mas o bastante para atravessá-las com júbilo!

Que assim seja e assim se faça!

Blessed be!

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Uma boa semana de transformação!!!

Sempre adorei girassóis e borboletas, por trazerem a grata sensação de benignidade, transformação e energia. 

O girassol, por representar, para mim, um pequeno "grande" pedaço dourado do astro-Rei, flor simbólica de toda a vida que se mostra intensa, vibrante e pulsátil, o bastante para, próximo a nós, poder transformar tudo em efemeridade de cinzas num piscar de olhos.

Lugh, o grande Deus celta solar, é acessado nessa metáfora - seria, realmente, uma metáfora? - trazendo o olhar reluzente da benção advinda da coragem e da luz, que a tudo invade e limpa. 

A borboleta...

O que dizer, afinal? 

Transforma-se, como, de fato, tudo está, o tempo inteiro, a fazer. Borboletas são o grande símbolo que a Natureza nos dá de transformação, mudança e, sobretudo, modificação estrutural. A pupa, inerte, imóvel, estática em sua batalha incessante pela vida. As asas que se abrem em um balé a permitir, futuramente, intensos e infinitos voos, no contraponto fecundo do que uma dança pode significar.

Com essa ideia bem presente, inicio mais uma semana de intensas atividades, convicta de estar no caminho de transformações solares ímpares, produzidas em uma trajetória de escolhas que se apresentam, o tempo inteiro, como a resultante de tantas e tantas outras jornadas.

Desejo, então, que nessa segunda-feira de Lua em Áries na Minguante que se inicia às 09h40 - daqui a pouco - nossos caminhos sejam áureos e plenos, bem como nossas jornadas sejam como borboletas pousando nas pétalas desses pequenos sóis...

Fàilte, lads!

Permitam-se a vida!

Permita-se o viver!

Vivam apenas!

domingo, 5 de maio de 2013

Quando nosso lar é nosso mais sólido castelo

Há dias tenho estado reclusa, bem quietinha e silenciosa em minha casa, observando o ir e vir dos dias que evidenciam, com riqueza de detalhes, as mudanças planetárias acontecendo bem debaixo de nossos olhos.

Não se trata do inverno - que, esse ano, está começando a despontar mais cedo - batendo à porta e nos convidando ao aconchego de uma lareira. 

Muito menos se trata de convalescença de gripes de estação, a despeito de ter ficado de cama uns dias atrás. 

Não estou apenas estudando, escrevendo tese, lendo e compreendendo melhor os cristais. Não estou apenas limpando, colocando tudo em ordem, defumando e purificando o ambiente tão bom... 

Não estou apenas cuidando melhor da minha alimentação, cozinhando shimejis, shitakes e risottos, nem estou apenas tomando meu delicioso chá de gengibre, maçã e abacaxi desidratados...

Não!!!!

Tem muito mais!!

Não é tristeza, nem depressão, ao contrário do que muito se pode imaginar de uma pessoa que vive ao lado de familiares de quatro patas...

É alegria!

É bem-estar!

É bem-querer!

Uma felicidade calma que se finca na bem-aventurança de apenas desejar "estar em casa", imbuída da mais pura sensação de paz concretizada em aqui permanecer no âmago de uma plenitude que se alastra por todo meu ser pulsante. 

Cada átomo, enfim, demanda a quietude do meu lar. 

Cada respiração completa em que meu abdômen se amplia e contrai me sussurra em melodia: "fique em casa, fique em casa... fique...em...casa". Em cada dança exalante do devenir da pequena morte contida no fragmento de pranayama, tudo está a me encaminhar para o aqui e o agora de minha casa.

Por que?

Enquanto tantas pessoas estão a "viver a vida", nos recônditos das noites gélidas de um Planalto Central, estou simplesmente aqui. Simplesmente. Sem julgar, sem dizer o que é errado ou certo. Sem me importar com o que o mundo está - lá fora - a demandar de mim, ou, ainda, a produzir. Nada disso importa quando o assunto é "ficar em casa".

Estou aqui e aqui permanecerei, porque simplesmente tenho dentro de casa a projeção mais perfeita do estado áureo de satisfação em estar comigo, alinhando-me com os vórtices de uma exegese que me impulsiona a querer sempre mais me observar, compreender-me na incompreensão paradoxal do viver. 

Aquieto-me na turbulência, pegando carona no movimento do ar para planar em meio à entropia que se expande, a cada dia, sinalizando para a mudança que já se faz no mundo pós-moderno!

O silêncio é minha música preferida, pois, para além dele, abro-me para a contemplação da incongruência de um mundo que está se redesenhando em hemisférios de saberes incontidos que eclodem na imensidão do atropelo do imediatismo com que a humanidade deseja viver, a todo custo, a sobrevida do mundo etéreo, na mântrica ilusão brotada de exaurimento da existência.

Desejamos evitar a morte e, na evitabilidade, atropelamos o sentido do processo lúdico de inconstância, porque "todo tempo é tempo". Se é bem verdade que não podemos parar o tempo, podemos, de outra sorte, aproveitar com mais qualidade o tempo que sequer sabemos ter a nosso favor (quem sabe o tempo que "tem"? Será "que temos"?)...

A pressa de me voltar ao externo converteu-se na vagarosidade com a qual passo meus plenos dias reverenciando cada suspiro da Natureza, reinando plena por aqui, em meu castelo de satisfação. 

Forte e frágil castelo, de frondosas paredes erguidas com pedras plásticas de amorosidade, amalgamadas com uma sabedoria que tanto persegui ansiosa - sem encontrar - e que, agora, na desistência, veio espontaneamente compor a construção do desenho cálido dessa aquarela sutil de completude.

Cada parede enfeitada e quadro pendurado formulam o trajeto de aconchego que me impelem para não desejar trocar esse pequeno mundo mágico por promessa alguma inexequível. Cada planta que nutro com água, cada vela consagrada. Cada olhar para o Cálice presenteado por minha mãe querida: tudo é um pedaço de coração imantado de uma bricolagem linda, que foi e tem sido minha vida, essa vida enquanto Alessandra...

My home is my caste, fala o ditado inglês que tanto tive curiosidade em entender. Agora, no auge de uma motivação energética, compreendo em meu lar o somatório de tudo aquilo que projeto na vida, em cada pequeno passo rumo ao simples "estar vivendo". 

Esse mundo lúdico talvez não faça muito sentido para as outras pessoas. 

Não importa, pois, ao final, cada alma constrói o castelo que sua senda lhe permite configurar. Esse castelo é o invólucro que escolhi para me fazer efetiva em segurança, ao mesmo tempo em que dele hauro os frutos do que plasmei no plano físico como resultado direto das metas traçadas pela minha alma.

Por isso Jung, sabiamente, via nos sonhos com casas representações de nossas estruturas internas mais profundas, já que o lar é o lugar onde nos sentimos seguras e seguros em relação ao final de um longo dia. 

Voltar para casa, assim, torna-se, em certa medida, um retorno frondoso de um dia límpido de batalha campestre, para que recobremos a energia vital gasta ao longo do percurso cotidiano de nossas lutas pessoais, que se celebram nas vitórias de simplesmente "se estar viva/o". 

A vitória, enfim, deixa de ser a expressão egoística de submissão do outro, para se tornar a vitória expressa sobre nós mesma/os em relação às idiossincráticas máscaras que produzimos na tentativa de burlar o inescondível: o desconhecido mundo etéreo que nos aguarda em berço, no abraço da Grande Anciã Morrighan!

Bem-aventurado nosso lar, pois nele recobrados as forças para o reinício de nossas jornadas nesse plano da Grande Mãe Sagrada!

Blessed be!



segunda-feira, 15 de abril de 2013

O bom dia depois de uma boa noite!


Um bom dia sempre se faz a partir de uma boa noite. Sei disso porque nos últimos dois dias, minhas noites têm sido do mais profundo e calmo sono, depois de recomposta a alma para o trilhar dos dias que representam o simples cumprimento das missões que a Grande Mãe Sagrada preparou para mim. 

Dias bons pelas boas noites de sonhos fecundos e tranquilidade, nas quais a gratidão por retornar à senda é a constante em meio a tantas transformações pelas quais o mundo e eu passamos em idos de transição planetária. Encontros súbitos para recomposição de carma, imediatividade nas lições aprendidas, liberando os atores de seus (nossos) dramas travados em outras eras. 

Tudo isso ao mesmo tempo, no aqui e no agora, na dimensão dos mundos que estão a se tocar. Quão maravilhosa é a vida e o espetáculo que ela proporciona para quem está afinada com os ditames da harmonia e do foco.

Entoando hoje cedo minhas preces e invocações, lembrei-me do agradecimento sempre feito à egrégora das matriarcas que sempre me acompanham e que estiveram presentes por ocasião da criação da minha alma. 

Todas nós temos flancos que nos norteiam no mundo invisível, quer seja por sonhos, intuições, ou sinais. São elas que sussurram para que me encaminhe para a senda de realização da alma, ainda que tantas e tantas vezes eu saia dela. 

Não tenho contabilizadas quantas vezes saí do caminho, mas sei que, a cada dia que passa, por mais que eu insista em sair dele, uma grande mágica acontece no sentido de me revelar o que minha mente hábil insistia em esconder do meu coração.

Se, outrora, permanecia isolada num caminho de escuridão - dois anos, um ano etc. - agora, em idos de Nova Era, trata-se apenas de um lapso, um piscar de olhos a desnudar a realidade bem à frente do meu nariz.

Os movimentos duram duas semanas, no máximo, o bastante para um mundo inteiro se descortinar diante de mim. 

Não existe regra. 

Pode ser pela visibilização do campo áurico, trazendo à tona a energia estagnada da pessoa, ou, ainda, pelo odor que, de súbito, começa a desprender sinais. 

Pode ser, ainda, pela clarividência, penetrando no arquivo de memórias que a pessoa traz. Tudo isso é mais do que um indicativo de que, no fundo, estamos no caminho certo.

Por isso não existe erro, mas apenas acertos. O bastante para encontrarmos figuras e nos recompomos com ela, em vários níveis. Ou, para quem acredita, viver o carma a ser cumprido no reencontro. 

Por isso minhas noites estão plenas. 

Há duas semanas estava inquieta, oscilante, sentindo toda sorte de manifestação psíquica, compreendendo os resíduos e miasmas de uma alma irmã que se alojou momentaneamente em minha casa. 

Rescaldos de experiências psicodélicas, tensão, medo, irritabilidade, manifestações de um enredo que, por afinidade com minhas próprias memórias, trouxe aquela alma para nos ajustarmos.

E assim foi. 

E assim a noite cumpriu sua sina de antecipar os dias lindos e floridos que hoje coroam minha senda no Sagrado Caminho da Deusa. O que se findou e que poderia ser uma perda, foi, de fato, um dos maiores ganhos em minha vida, marcando a finalização de um ciclo para que outro, muito melhor, venha bater à minha porta.

Sou grata à minha intuição, ainda que conflite com ela em termos de tempo, pois, mesmo sabendo, a priori, que a história teria esse fim (tive uma epifania enquanto conversava com a figura pela internet e acessava toda a vida pregressa de loucuras feitas por ele e que provavelmente derreteram seu cérebro), insisti. 

Mas, olhando sempre por outra perspectiva, o que antes se findava após anos de interação que me detonava por dentro, hoje o lapso dura dias apenas, bem como minha sensação, ah, que sensação!

É apenas de júbilo e de paz. 

O que mais posso dizer ou querer? 

Apenas agradecer a oportunidade que a Grande Mãe traz de amorosamente me mostrar que a vida é feita nessas bases e que nunca posso trair minha intuição. O que é é e não cabe a ninguém pretender desqualificar o que são nossas percepções e visões a respeito do que sentimos.

Sempre que alguém pretender fazer isso, corra! Não se trata de alguém que deseja seu bem, mas, antes, de uma alma perdida em seu foco e que, ante a impossibilidade de bem viver, busca assim fazê-lo pelos outros, alimentando-se da energia que promana dos corpos etéreos que nos envolvem.

Um segredo: lacro minha casa. 

Coloco selos em rimas e bruxedos, de modo que não fica muito tempo aqui quem não tem boas intenções para comigo e com meus familiares. Nunca deixou de funcionar! Um verdadeiro mecanismo de expulsão, que deixa a pessoa tão desconfortável, o bastante para ir embora e nunca mais voltar. 

Outro mecanismo: meus familiares caninos, pois são eles, e não os gatos, que anunciam a matiz da pessoa que daqui se avizinha. Todas sabemos que gatos e gatas ficam onde a energia é mais densa e poluta, agindo com filtros de limpeza: onde o gato fica a energia não está das melhores. O cachorro e exatamente o contrário, pernoitando onde está limpo. 

Abençoada a diferença entre os animais lindos!

Abençoada a Grande Mãe!

Plenitude e paz nessa semana!


sábado, 13 de abril de 2013

Quando estrelas são conchas no mar de um horizonte reluzente de um caminho incessante


Depois de mais um dia de intensa vida, estou contemplando o que se esquadrinha como resultado do que imanto de meu coração para o trilhar de cada passo nessa terra! 

Não temo o caminho, pois minha sina é minha própria vida. Com ela e para além dela me desfaço em mil pontos, no enredo da tela que, a olho nu, pinto em aquarela, num enredo de mil histórias que ainda serão contadas.

A melodia que entoo confunde com o ressoar do meu próprio coração, que se harmoniza com a difusão maravilhada de um Universo que se debruça em si mesmo, mostrando-me, a todo o tempo, que vibramos em uma só diatônica.

Quem vem?

Quem vai?

Não importa, porque a luz que promana de meu corpo é o receptáculo sagrado do que incontido em mim está. O fogo iniciático tange de abrigo a lua que se esconde, beijando o horizonte que insiste em engolir avidamente toda a pompa que exsurge de um devir que está a todo o tempo aqui.

Amo cada respiração apenas por amar a impermanência, e me deleito no ir e vir daquilo que efemeramente se esvai, no atropelo, ensinando o caminho da instantaneidade. O trilho descarrilha? Não sei, quem bem sabe, pois trilhos e trens são apenas nossos pés que atropelam nossas frágeis mãos. 

Abraço-me com elas, deleitando-me no refúgio de minha efeméride, tocando as estrelas como se fossem conchas e sentindo pulsar em meu peito a glória da felicidade em apenas estar aqui!


Olhando com a janela da alma o que os olhos não conseguem alcançar

Ela pode chegar de mansinho, em lapsos e sussurros ou, para algumas pessoas, de supetão, num arroubo pode até mesmo envolver mudanças fisiológicas, como febre, dor no estômago ou calafrios. Não importa a maneira de se manifestar a intuição, pois é o sinal que ela revela o mais significativo conteúdo que podemos extrair como lição para nossas vidas.

Dizem que a intuição é o sopro da Grande Mãe Sagrada em nosso terceiro olho, localizado numa região fecunda entre os olhos, acomodado pela glândula   denominada pituitária, responsável pela capacidade criativa, imagética, além, claro, da concentração necessária para alcançarmos estados mais elevados de conexão com a divindade. 

Ela traz o lampejo que não é visível com os olhos físicos, mas, dependendo do grau de desenvolvimento da atividade intuitiva, pode trazer a imantação de verdadeiras imagens, tal qual uma tela de cinema, na qual a reprodução de flashes nos transporta para a sensação acalentada de omnisciência súbita, como se fôssemos invadidas por toda a informação do Universo compartimentada em nossos frágeis corpos.

Estar conectada com nossa mais profunda dimensão anímica é condição essencial para que recebamos os sinais que a intuição se nos revela e quanto mais imergimos nessa imensa teia de plenitude com o sagrado, mais e mais sentimos a força vital que nos impele para a compreensão do que está visível para esses olhos invisíveis.

Pela via intuitiva somos capazes de enxergar o que não se acessa, a sentir o que não é dizível, bem como até mesmo presenciar os campos magnéticos repletos de informações dispostas em grandes ondas multidimensionais, que penetram por nossa pele porosa, bem como pelos centros vitais de energia e, alojando-se no cardíaco, convidam-nos a experienciar esses rompantes magníficos.

Com isso, sempre que você escutar uma voz que traz leveza - não a confunda com o medo, que traz o mecanismo de defesa a nos impedir de vivenciar experiências - não hesite em se direcionar para onde ela a encaminhar: trata-se de nossa intuição a dar pontadas para que possamos escutá-la. Não a despreze, pois, no fundo, é o sussurrar da Deusa edificadora a cuidar de você, colocando-a na palma da mão para acalentá-la. 

Não tenha vergonha de sua intuição, muito menos permita que qualquer pessoa que seja desqualifique seu potencial intuitivo, dizendo que você "está louca", que "está fantasiando" etc.: o patriarcado, que desvirtuou a ciência ao longo dos séculos de monopólio do conhecimento, costuma utilizar desse artifício para menosprezar uma modalidade de episthème que desconhece. 

Afinal, a marca da "racionalidade" que nega os processos psíquicos mais profundos é a mesma que providencialmente alojou a intuição desenvolvida mais pela mulher. Isso não quer dizer que os homens não a tenham: a construção social de papéis que encaminharam para a alocação de um binário, no qual se insiste em afirmar que o mundo da razão é afeto ao homem, enquanto o da intuição seria afeto à mulher. 

Quanto mais o universo machista desconhece o absurdo desse limiar e reproduz a ideia do desprezo pela intuição, mais tenta submeter e subjugar o feminino, detentor universal dos segredos do desconhecido situado além do mundo físico: por isso que o arquétipo da bruxa é tão mal visto em nossa sociedade, sendo relegado a um espaço inferior e abjeto, quando, a bem da verdade, as bruxas - nós, bruxas - somos a resultante de um conhecimento perseguido religiosamente por se opor ao monopólio do conhecimento "oficial" que, ops, era masculino!

A intuição sempre me salva, ainda que eu insista em não ouvi-la no momento em que se manifesta. Tive a oportunidade de me relacionar com uma pessoa virtualmente, comunicando-me com ela pela internet durante certo tempo, enquanto a voz interior fazia um verdadeiro escaneamento a partir do que meus olhos físicos liam na tela do computador. 

Diuturnamente falava para mim o quão machista e usurpador a pessoa era, falseando motivos para me conhecer e, com isso, encobrindo seu desiderato mais oculto de pretender auferir vantagem em se relacionar comigo. Isso era notório na fala, no discurso, bem como nos atos falhos que a pessoa deixava explicitamente no ar. 

Mas, ainda que a vozinha falasse, eu estava, naquele momento, entendendo que poderia ser um ato de sabotagem o conteúdo do que, de fato, era o panteão da minha ancestralidade (ou a voz da Deusa) me dizendo amorosamente que o caminho não era aquele.  

Imbuída pela liberdade em escolher, optei por me encontrar com a pessoa, ainda que o script de uma história que veio em download acenasse para o afastamento. Li as runas todos os dias antes do grande encontro e, em todas as ocasiões em que me debruçava na leitura, as pedras sempre acenavam para o afastamento e para o que a intuição mencionara.

Quando encontrei com ele senti um calafrio por todas as partes do corpo ao abraçá-lo, o que me trouxe intensa reflexão sobre aquilo tudo. A cada dia - num lapso de duas semanas - meus insights anteriores eram confirmado pelo dèja vu da lembrança daquilo que, meses atrás, veio quando nos comunicamos pela internet. Não me arrependo do encontro, pois, afinal, duas semanas são um tempo muito razoável para se confirmar a informação que já estava acessível. 

Com muita parcimônia afastei-me da pessoa e, com isso, a vida brindou-me com a tranquilidade, o bem-estar e a plenitude que haviam desaparecido por ocasião do encontro com o irmão completamente perdido em sua senda. Agradecida, deixei o fluxo da vida tomar conta de mim e, com isso, eis-me aqui, firme, forte, poderosa e plena, louvando minha Sagrada Mãe com minha eterna gratidão em poder ouvir mais a intuição!





domingo, 17 de fevereiro de 2013

Quando saímos do patriarcado, mas quando o patriarcado ainda não saiu de nós...


Gosto muito de acompanhar blogs de colegas, postagens no facebook e páginas relacionadas ao paganismo e ao Sagrado Feminino. Falamos sempre em matriarcado, na cura do ventre subjugado por um ethos masculinista, hierárquico e triangular, apregoando os idos de um novo milênio de superação da dialógica mítica dual cristã.

Tudo exala a Grande Mãe!

Devemos nos regozijar!

Invocamos a Natureza, entoamos cânticos conectivos e, sobretudo, falamos muito, muito mesmo, sobre a necessidade vital de superação do falocentrismo como modus vivendi no mundo ocidental.

Aparentemente estamos todas conscientes de nosso papel como arautos da Deusa e nos enxergamos como baluartes do sagrado ofício de nossa reverencial ligação com a Gaia.

Será?

Em muitos de meus passeios, contudo, tenho diuturnamente observado o entranhamento semântico que o masculinismo - e as religiões patriarcais - ainda deixam em nossos espíritos e, mais especificamente, em nossa fala.

"Que a Deusa perdoe, pois não sabem o que falam" - ou, ainda, "Minha Deusa Santa!", formam alguns dos vários exemplos de irradiação do masculinismo em nosso vernáculo, o que me faz refletir sobre a mantença de uma verdadeira "crosta" linguística que ainda mantém acesa a chama do falocentrismo em nossa senda, por mais que tentemos dela sair.

Montamos altares, mas, num binário de fuga, muitas vezes, reproduzimos a mesma lógica patriarcal cristã, que nos impele para a culpa, a cobrança e, sobretudo, para a repetição do padrão, sob outra veste. 

Com isso, achamos que usar saia e reverenciar a Deusa é passaporte garantido para a superação da misoginia, quando, a bem da verdade, chafurdamos, mais e mais, quando o agir não corresponde a um pensar ou sentir.

Daí, mais adiante, a máscara queda, pois é impossível sustentar um discurso quando a alma não se encontra plena em si mesma. Importante, pois, dentro de nosso caminho, perceber o quanto nosso coração demanda apaziguar-se em sua polaridade, para que nossa fala não se aloje na repetição do paradigma que assolou, por 10.000, nossas queridas e grandes mulheres.