terça-feira, 24 de julho de 2012

Crônicas de uma reflexão nada refletida...



Somos tentadas, algumas vezes - muitas vezes, sendo bem sincera a partir de minha própria vivência -a buscar uma concepção de felicidade ilusória, como se a alegria estivesse em outro lugar que não em nossos corações e fosse, com isso, um objetivo de vida a ser buscado com toda a sofreguidão do mundo e não a resultante do processo inteiro de se fazer e perceber feliz na calmaria de nossas almas, ou seja, a VIDA EM SI MESMA

Com isso, caímos, sem perceber, em uma rotina de êxtase profundo mas que desemboca em vazios, frustrações e arrependimentos, quando nos dedicamos a jornadas quixotescas, buscando "complementos", "partes de nossas almas", "metades de laranjas", "co-pilotos", ou, ainda, para quem acredita, "alma gêmea". 


Toda essa saga de busca de um complemento - que no caso, confunde-se com o afã de encontrar alguém para comungar ideias, sensações e momentos - nada mais é do que a afirmação, em certo sentido, de nossa própria identidade ainda não reconhecida, a despeito de, por tantas oportunidades, afirmarmos e reafirmarmos que somos conhecedoras de nossas essências. 


Se isso realmente fosse a máxima a nos guiar, não nos permitiríamos a sensação de dor quando outra pessoa - sim, aquele ser tão "igual" como coloquei lá em cima, tão "metade-da-laranja" - de repente saísse de um armário e se "revelasse" um ser tão absurdamente diferente de todo aquele idílio que imaginamos. 


Ninguém muda ou se transforma tão rapidamente assim, mas, antes, apresenta-se como é, na medida em que o véu que lançamos nela se dissipa. Tendemos a ver o outro - bem como suas reações - como se o outro fosse nós mesmas e, com isso, somos nós quem colocamos véus nas pessoas com as quais escolhemos nos relacionar.


Porém, basta consultar nossa natureza e observar, a partir da reação do outro, que essa percepção é equivocada, por vários motivos. Achei interessante listar, para reflexão, apenas alguns, numa espécie de lista de "aferição". 


Ela não denota, de forma alguma, superioridade ou inferioridade, mas, antes, apenas fatos, o que já é um bom início. Conviver com a simplicidade da verdade que fatos podem representar já seria o bastante, em minha percepção, para nos conhecermos e, com isso, podermos desnudar mais facilmente as armadilhas que produzimos em nossos corações. 


O outro não perdoa? Perdoar é esquecer e retomar. O restante é rancor. O discurso de "perdoar, mas querer distância" é a hipocrisia mais demente que se estabeleceu como politicamente correta. É, de fato, o anestésico para quem não está a fim de se assumir rancoroso e vingativo. Simples. 


O outro não buscar me compreender? Compreender é, antes de tudo, observar o outro com os olhos...do outro, e não os nossos. É mergulhar no mundo alheio, sentindo ou procurando sentir o que é verdadeiramente importante para o outro. É se inteirar, perguntar, falar, e não meramente presumir, porque as presunções, como o nome já diz, acenam para juízos que podem estar equivocados. 


O outro está disposto a SE avaliar e assumir seus erros? Errar é condição humana, sim, claro! Aprendemos com os erros muito mais do que aprendemos com o que se toma por acerto. 


Mas, quando erramos na visão de outra pessoa (essa é a primeira desculpa que o ego dá, justamente para se blindar e não refletir sobre seu próprio comportamento), o mínimo que se tem como humanitário e humilde é que, dentro da premissa anterior de compreensão, saibamos que nossa atitude traz dor ao próximo e, com isso, saibamos nos assumir e, sobretudo, pedir perdão. 


A dor é relevante não do ponto de vista de quem acha que não errou, porque isso - o "achar" - é racional e, por essa razão, destituído do sentir. Mas, para quem sente a dor, ela é o que existe de mais relevante, e quando uma pessoa não reconhece a dor alheia, ou a ela se mostra insensível, é quase uma psicopatia, pela total falta de empatia e solidariedade em relação ao momento vivido pelo próximo. 


No que diz respeito a pedir desculpas, uma ressalva. Não, não se trata de "desculpa" no sentido mais automático que essa palavra adquiriu ultimamente - o sentido do "politicamente correto" de apenas abrir a boca e balbuciar, como se fosse a pronúncia o mais importante no processo de escusa, e não o sentimento sincero de assim pedi-la. 


Não estou me referindo à ex + culpa, ou seja, tirar nossa culpa, mas, ao contrário, reconhecer nossa RESPONSABILIDADE - que é bem diferente, pois é uma perspectiva madura e empática de observar o quão profundas foram as marcas deixadas e, com isso, num sentido minimamente ético, buscarmos a reversão do quadro, quando realmente nos é relevante fazer isso. Aí, penso, reside a "lógica" do amor - que nada tem de lógico: quem verdadeiramente ama - e não "acha" que ama, ou "engana-se que ama" supera tudo...Onde não existe isso inexiste amor...



sábado, 21 de julho de 2012

Demasiadamente nietzschiana...

Falo, falo, falo. Escrevo, escrevo, escrevo. Falo muito e escrevo muito. Ajo, ajo, ajo. Falo muito, ajo muito e escrevo muito. Escrevo, falo e ajo porque sinto. Sinto e penso. Penso muito. Penso, penso, penso. 


Daí escrevo...


O que escrevo, contudo, é ferino, cruento, muitas vezes, mas, sobretudo, sincero. Não tenho a menor pretensão de compor séquitos ou de convencer ninguém com o que falo, de fato, para minha interlocução. Ou haveria de ser auto locução?  


Não sei...


Apenas falo e me expresso em relação aos temas que julgo serem relevantes para meu crescimento. Ora desabafos, ora epifanias, muitas vezes reflexões ponderadas sobre as questões mais simples da vida. Outras vezes debruço-me sobre o pilar de uma ponte vasta de uma galáxia, perdida, quem sabe, em um cálido atropelo de uma supernova. Não importa, pois da mesma forma que me lanço às estrelas, atenho-me firme aos meus pés fincados em solo, pois meus sonhos habitam as estrelas, mas se constroem sob fortes laços de realidade.


Não encubro sentimentos, não escondo o que sinto. Não sou boa mentirosa, por certo. Enrubesço e, bem antes disso, levanto as mãos, como que em assalto e falo: "Chega! Rendo-me! Não nasci para mentir!"


Se estou alegre, assim se me apresento em risos largos. 


Se estou triste, mergulho com sofreguidão no âmago de meu réquiem, dando braçadas e mais braçadas de encontro à letalidade e, com isso, volto firme, purificada e segura.


Nos momentos de fúria o atropelo de um útero atacado, pois, afinal, não se pode pedir muito de quem se arranca as entranhas


O lado bom??? Por que, existe, ao final, um "lado ruim"?


Que seja, então, o bom: meu coração não se entope, e o veneno que tentam inocular em mim exala, ao final, dos meus poros para transmutar no Universo...Quem pode dizer que isso é errado??? 


Quem seria o humano tão arrogante ao ponto de me valorar em minha mazela como sendo equivocada em minhas reações? Afinal, somos tão grandes e, ao mesmo tempo, opúsculos... 

Oh, me!



SONNET 18


Shall I compare thee to a summer's day? 
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date: 
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd; 
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature's changing course untrimm'd;
But thy eternal summer shall not fade
Nor lose possession of that fair thou owest;
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou growest: 
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this and this gives life to thee.

W. Shakespeare

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Decifrando a vampirização emocional

Olhos profundos e penetrantes são sempre um arraso, pois, onde quer que os vejamos, despertam a languidez de um mar infindo de felicidade, trazendo sensações de assombro, alegria e, sobretudo, uma reconfortante promessa de AMOR, principalmente se, junto com o olhar lânguido vêm as palavras doces que, em instantes, são capazes de quebrar toda e qualquer resistência...Essa é a senha para que deixemos entrar em nossas vidas e em nossos lares as pessoas denominadas "vampiras" emocionais, seres sem luz própria, que se alimentam da luminosidade, da energia e da boa-fé de quem lhes dá acolhida. 


Mas quando o mar de languidez revela a abissal sombra de almas tão perdidas que, dentro de suas desgraças, locupletam-se - ou tentam, ao menos - da boa-fé de uma pessoa, nada tem de cativante, mas, antes, tem de maléfico e doloroso. Quando chegamos a essa conclusão, o melhor que temos a fazer é buscar os fatos, porque, como fala a sempre sábia sabedoria popular, "contra fatos não há argumentos". Por isso, o primeiro alerta para se evitar um contato de vampirização emocional é sempre prestar atenção nas atitudes, e não nas palavras gentis proferias por essas pessoas astutas na arte da manipulação. 

Sim, estelionatárias e estelionatários emocionais também se escondem atrás de máscaras e de estereótipos de pessoas equilibradas, ponderadas e maduras, que, de outra sorte, encobrem suas facetas, mentem sobre suas vidas e mostram que apenas reviraram - ou se viraram - em uma imagem que não correspondia à realidade, principalmente sob um teto comum. É o velho ditado: viva sob o mesmo teto com alguém para que todas as máscaras caiam.


"Viraram"? 


Não, não, não, ninguém "vira" nada. Sempre se é o que se é.


As pessoas que acreditam e acolhem as vampiras emocionais detêm a responsabilidade, pois tentam, de boa-fé mesmo, convencer-se de que sapos são realmente princesas (não falo mal das bruxas, por motivos óbvios: elas são injustamente culpadas de todas as dores do mundo) e príncipes e, apesar de todo o coaxar nos ouvidos ingênuos, sempre queremos acreditar que aquele som é da sinfonia angelical oriunda dos lindos lábios de mel... Nós simplesmente não queremos acreditar e, com isso, criamos uma redoma de proteção em torno da imagem que fazemos de uma pessoa que, ao final, reproduz um padrão...apenas isso. De maneira nua e crua.

São os "bons moços" e as "meninas de família", vistos pela família como pessoas maravilhosas - ganham o troféu "joinha, joinha" porque, ao final, sabe, como ninguém, trocam um gás, um pneu e fazem esses serviços todos para os quais podemos até mesmo pagar alguém, mas que, para justificar a existência desse ser em nossas vidas, fingimos também serem essas tarefas "básicas", quando, a bem da verdade, odeiam fazer isso, bem como fingem ser quem não são em outras tantas tarefas igualmente nobres, como lavar uma roupa ou varrer o chão do lar onde entra todos os dias. 


Mas, eis que, um segredo...


Ali, no silêncio da alcova, os bons moços e as meninas de família, dentro de si, amaldiçoam secretamente a todos dentro do vazio de seus olhos que não brilham e não mostram a alma, talvez, porque, se mostrassem, refletiriam apenas o vácuo dentro de corações absolutamente incapazes de amar alguém a não seja sua imagem refletida no espelho... 


É Narciso que habita a pobre carcaça do protótipo do bom menino e da menina de família (sim, são meninos e meninas, não obstante beirarem os 40 anos, terem famílias, filhos, cabelos brancos, enfim, atributos ótimos para servirem de instrumento para a fraude que articulam em torno de quem desejar coaptar) que adoram reverenciar a própria imagem.


Ou melhor, a imagem de seu pênis no caso dos homens - ou da vagina, no caso das ninfomaníacas de plantão - pois, a todo tempo em que esses doces meninos fazem apologia ao pênis e as meninas à vagina, findam por denunciar - de maneira sutil como uma pata de elefante - uma insegurança enorme quanto à masculinidade e a feminilidade e estima, principalmente ao tentarem usar a genitália para manipular o outro. 


Daí um segredo para as futuras mulheres e futuros homens libertários, que estão tentando sair dos tentáculos desses polvos desorientados na vida: no caso das mulheres, deslocar a vagina para o cérebro, já que, para os moços bonitos, realmente o único órgão que articula a ação é o pênis. Para os moços, idem. Sim, eu sei, uma lástima em tempos de pós-modernidade, mas um alerta necessária para que nos libertemos desse primado de opressão.


Quando descobrimos isso e findamos as relações de parasitismo, sempre achamos, em um primeiro momento, que estamos exagerando, mas é apenas uma ilusão, pois quando racionalmente refletimos e ponderamos, ao longo de considerável tempo, descobrimos que, na verdade, os mesmos olhos sedutores e a mesma fala mansa já transformaram outras pessoas em pedra - para isso, sempre é bom fazer uma pesquisa e diligenciar com outras pessoas, para que possamos concluir, que o padrão é o mesmo: mulheres autônomas, empoderadas, mas que escolhem mal, muito mal, os parceiros, pois acolhem em suas casas e suas vidas parasitas que se atrelam por necessidade de apropriação de energia e, claro, de vida... Ou, no caso, homens legais, autônomos, escolhendo mal...


Daí, depois da reflexão, ficamos com a consciência bem tranquila, pois descobrimos que, de fato, é sempre legal estar de boa-fé e acolher um ser com a intenção de compartilhar, mesmo que a(o) sangue-suga deseje, ao final, dar-se muito bem! Podemos descobri, assim, que não somos nós quem erra sendo sacana, pois a boa-fé sempre prevalece como justificativa ética, já que pessoas insensíveis não são capazes de amar, muito menos de compartilhar absolutamente nada.

Talvez não sejamos as primeira pessoa e, dependendo das fontes fidedignas onde procuramos informações, talvez também não seremos a(o) última(o), de modo que, do auge da imparcialidade das fontes, podemos ter a certeza de estarmos diante de pessoas sugadoras, que intencionam usar a pessoa como trampolim para seus propósitos, de maneira mais fácil, por achar que, na vida, o atalho é sempre o melhor meio de "se dar bem". 


Essas lições podemos aprender reunindo todos os episódios, as falas e, sobretudo, os comportamentos diluídos ao longo do tempo, sempre tomando o cuidado de checar a informação do emissor ou da emissora, principalmente se ela ou ele tiverem uma memória de alfinete, digna de ginkgo biloba todos os dias.


Podemos captar isso em  uma conversa bem humorada, por exemplo, quando a vampira ou o vampiro falam que vão tirar nota alta "jogando charme" para o(a) professor(a), esquecendo-se, contudo, que, na vida, ser bonito ou bonita não representa um passaporte da alegria, dada a efemeridade com que a beleza se esvai. O essencial, como diria Exupèry, é invisível aos olhos, de modo que o que se coloca à nossa fronte é apenas uma tela que irá esmorecer ao longo do tempo, pois, o que vale, realmente, é a lisura do caráter.

Dá até para transformar em ironia a experiência, pois acredito que nesses tempos de mudanças comportamentais, compartilhar as estratégias desses "malas-sem-alça" seja, ao final, uma bandeira para que todas as pessoas possam fazer escolhas de vida melhores que as que foram feitas. 


Primeiro de tudo - parafraseando o livro ELE SIMPLESMENTE NÃO ESTÁ A FIM DE VOCÊ - sangue-sugas nunca abrem a mão. São pessoas ótimas para gastarem o dinheiro alheio, a pretexto de estarem "compartilhando", mas, na hora em que é o dinheiro delas que está sendo empregado, vampiro(a)s levam os parceiros, no máximo, para comerem um prato feito na Feira. Ou, no caso das vampiras, elas sempre escolhem o prato mais caro, não porque realmente querem comer aquilo, mas porque representa muito em termos de energia consumir algo tão caro.

Não, não, PF de 10,00 é legal, gosto dele e da apologia à cultura popular. O que chamo a atenção é para a falta de generosidade acometida aos seres que desejam todos os beneplácitos do mundo - e de todas as pessoas - mas que, no fundo - ou no raso - não dão absolutamente nada para o Universo...

Sabem aquelas pessoas que se alimentam dos restos deixados para trás, ou ainda, que mantêm uma amizade porque os amigos ou as amigas pagam conta, mesmo que os vampiros, pelas costas, falem tão mal de quem o alimenta? 


É bem por aí a estratégia, em atitudes que reverberam para todos ao seu redor, pois os bons moços se acham merecedores de tudo sem o menor esforço, como se existisse a sorte e, no caso, ela fosse apropriação dos vampiros e das vampiras...

Quando nos damos conta, pegamo-nos gastando boa parte do nosso dinheiro pagando jantares, almoços e sendo feliz compartilhando com sujeitos que, ao final, levam-nos à Feira para comer um prato feito de R$10,00, à escusa de ganhar menos, desculpa mais do que esfarrapada.

Enquanto estão desempregados e desempregadas, gastando dinheiro alheio, tudo caminha às mil maravilhas no relacionamento com sanguessugas e vampiras, pois não é necessário a ele(a)s empreender a esforço algum para que as contas fossem devidamente pagas, sabe-se lá por quem. 


Mas basta que os bons moços e as meninas de família entrem no mercado de trabalho para que surjam do armário os monstros devoradores, pessoas ingratas com a vida, já que, mesmo diante do dinheiro proeminente, passam a ser mais mesquinha(o)s com o dinheiro, a ponto de sobrar até mesmo para os familiares que, não raro, ainda mantém a vida de banquete das meninas e dos lactantes, criados e criadas com muito Leite Ninho em canelas enfeitadas pelas vovós. 


Outro detalhe relevante que descobri no livro... 


Pessoas assim falam muito, mas pouco ou nada fazem em torno das vãs promessas que são capazes de articular em átimos de segundos. São pessoas tão famintas - devoradoras mesmo - que, à escusa de pretenderem ganhar "um pouco mais" para construir sonhos que nunca saíram do papel, podem chegar até mesmo à articulação de mirabolantes ideias de participar de um conluio criminal, burlando simplesmente os postulados de imparcialidade, legalidade e isonomia do serviço público, para fazer um rachid com outras pessoas para faturar um tostãozinho... 

No fundo, ou como dito ates, no raso, são amorosas criaturas que, de tão maturas, são capazes de gastar parte do salário apenas pagando almoços homéricos para os colegas e as colegas, mesmo que, em suas próprias casas, sejam incapazes de fazer o mesmo...é a história do PF mesmo. Ironia, não?


O mais interessante nos vampiros e nas vampiras emocionais reside no fato de não se entregarem, de não abrirem o coração, de não ouvirem a voz interior para a necessidade de mudança. Os vampiros - ou, claro, as vampiras, pois vampiro é sempre vampiro, independentemente do gênero, contrariando a perspectiva de ser uma qualidade inerente a um ou outro gênero. 


Vampiros - ou vampiras - não se desapegam das histórias do passado. Temem-nas e, com isso, mostram que não superaram suas mazelas existenciais. São pessoas que, por exemplo, mesmo estando na iminência de ingressar com um pedido de divórcio, colocar tudo a perder, por não serem capazes de assumir a nova vida que - supostamente - estão abraçando. 


Daí, mesmo morando com outra pessoa, as vampiras ou os vampiros negam, como Pedro negou Jesus, por três vezes, que estão em outra vida. Ou, ainda, sentem "raivinha" quando a pessoa que deixaram para trás - ou seria a pessoa que, cansada dessa lorota, deixou a(o) vampira(o) para trás? - Não sei. 


São pessoas covardes e que não assumem as responsabilidades de uma vida adulta, capazes de gastar um telefonema apenas para tentar produzir um sentimento de culpa, porque, inábeis em se encarar no espelho e observarem que erram - e feio, e muio - aliviam esse sentimento tentando imputar ao outro aquilo que, de fato, fazem com todas as pessoas que já cruzaram seus caminhos. Aliás, fazem consigo mesmas, vivendo uma sobrevida de verdadeira miséria existencial, pretendendo comunicá-la ao restante da humanidade, por meio de mentiras e ardis típicos de crianças. 


Daí a estreita relação vinculação com o passado, um cordão umbilical ainda plugado bom tempo...o bastante para os vampiros ou as vampiras emocionais ainda se incomodem com seus ex. Com suas ex. Imaturidade em cima de imaturidade. 

Vampiras e vampiros emocionais são acomodada(o)s, não desejando encarar suas derrotas como ausência de empenho. São capazes de passar 5 anos fazendo concurso - e, claro, não passar - sem encarar a realidade que não estudam, pois a maior preocupação para essas pessoas é entrar na academia para ficarem saradas, comprar um Playstation, passear no shopping, ou, então, ficar horas e horas na frente das redes sociais, ao invés de estudar.


Dessa maneira, as vampiras e os vampiros de plantão ficam construindo sonhos de areia à beira de um mar revolto em plena ressaca, elucubrando objetos para os quais não estão dispostas e dispostos a se sacrificar porque, como disse, o sacrifício é sempre imputado à outra pessoa da qual a vampira ou o vampiro drenam, o quanto podem, o precioso fio da vida, até o momento em que se acorda do pesadelo e se desmascaram as sanguessugas (ou os sanguessugas) que, diante do inevitável, muito pouco têm a fazer, senão irem embora, não sem antes fazerem a saída honrosa que, claro, passa pela montagem de uma boa história para que a outra pessoa seja a(o) algoz. 


Mas a grande vantagem é que não podemos enganar por muito tempo muita gente, muito menos passar tanto tempo assim enganando a nós mesmos...Daí, ao acordarem, todos os dias, olham no espelho a feiúra de suas almas refletidas em espelhos truncados, cacos que cola alguma é capaz de remendar e, com isso, caminham na escuridão para um destino que nem mesmo sabem porque sequer sabem, ou procuram saber, de si...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

"Você sabe quando uma pessoa te ama não pelo que ele te fala, mas pelo que FAZ.
O AMOR não sobrevive de teorias"

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Memorial de um coração pulsante...



Fendi meu peito, pulsando em fina flor o coração sacro, 
que se foi, partindo em bricolagens
os pedaços de mim.
Foi-se, grato, acalentando na alma a fragrância do atropelo
Do que seria a perfeição, se não fosse tão finito assim.

)O(

Efêmero finito de pequenez.
Pulsando em frágil curva fina, 
De um grande lago azul de imensidão vazia...
Foi-se, enfim, meu peito exposto, trazendo para a superfície a dimensão sazonal das perguntas que nunca serão respondidas nessa sina...

)O(

Por que?
Por que?
Por que?
Nem bem perguntas hei de ter, pois "porquês" são apenas repetição do grande 
"Por que?"
Reveladas no silêncio de quem se revela não dizendo nada...
Não sentindo, não lutando, não-enfim-não,
simplesmente o não...

)O(

Vai, logo, vazio infindo, aloje-se em outra confraria...
Vá de encontro aos braços e abraços, 
de seus próprios medos em meros restos transformados.
Voe, tente, alcance e se reelabore...
Divague ao som de um cântico que nunca será entoado.
Malabares de uma vida repleta de incertezas,
De mais um atropelo nem ao menos cicatrizado. 

)O(

Descanse em paz, duvidosa alma
Repouse no conforto de sua eterna dúvida.
Remonte, remoa, reviva e viva...
Tente fazer de sua sobrevida um sonho.
Naufrague, acorde, levante e ande.
Erga-se de sua muralha fortemente erguida.
Desmonte a couraça de sisudez amalgamada
Em sua frieza azul contorcida.

)O(

Quando seu finito aos céus transcender,
eis, de amor, eu já terei sido feita.
Forjada a fogo no sagrado pórtico de outras existências,
alimentada com o néctar divinal
despontada, em meio às brumas, como ninfa já eleita.

)O(



terça-feira, 17 de julho de 2012

Gloriosos dias de celticidade: a árvore da vida e a senda espiritual da guerreira

Toda grande mudança que produzimos durante nossa mítica jornada ao longo das várias e várias existências supõe a percepção, no mundo material, da continuidade nos processos espirais de vida e morte, pois o renascimento somente é possível, em níveis mais profundos do espírito, quando nos despojamos do que está obsoleto em nossa trajetória e, renovadas, lançamo-nos para novos marcos e percursos. 


A árvore da vida celta ilustra bem esse ciclo perpétuo, pois agrega, de baixo para cima - ou, de cima para baixo, dependendo de como nos predispomos a ver o mundo - todas as etapas valiosas desse grande movimento universal que coexiste ao lado de nossa senda individual. 


Ela marca muito mais do que o inconsciente coletivo sagrado, pois ainda que seja um símbolo universal para as etapas que todos os seres vivos hão de cumprir- vida-morte-vida, inexorável condição a qual tudo se sujeita - a árvore da vida nos ensina "para além" da espera do decurso de nossas existências, mostrando-nos a beleza, a poesia, a dignidade e, sobretudo, a dignidade de cada pedacinho do caminho... 


Ela nos mostra o que se torna necessário cultivar na Terra para que as raízes se finquem fortes e possam sustentar o longo eixo - corpo - que irá crescer até atingir a morada divinal. Mas também nos mostra, nas folhas caídas ao solo, que todo esse fluxo demanda aparentes perdas, já que as folhas quedadas irão compor o substrato fecundo de alimento para a nossa árvore individual.


Os celtas têm no eterno ciclo de vida-morte-vida a essência de seus sistema de crenças, retratando essa concepção de mundo, mente, matéria e espírito, em um diálogo com a poesia e a arte, por meio das gravuras muito adornadas com nós e traçados. 


Essa sinuosidade bem nos lembra as curvas de uma espiral, bem como a singeleza dos processos de mudanças, que, muitas vezes imperceptíveis, vêm à tona para a consciência apenas quando o adorno da espiral já "fez a sua dobra". Ao mesmo tempo em que processos são longos caminhos que podem se mostrar sutis, a tangência de suas curvas, tal qual o triskle, quando se dobra sobre si mesmo, revela a infinitude de um devenir que, ao pender para si, finda sua existência, mas revolve o início de tudo, no caldeirão mágico de uma nova vida...


Como o adorno da folha, a espiral volta-se para o acolhedor útero, pois a dobra reforça que somos, ao final, aprendizes de lições que só podem ser experienciadas a partir da constância na roda do autoconhecimento, onde não existe, grosso modo, exaurimento, já que o retorno à casa materna é certo...


Tal qual o prenúncio do triskle nas dobras mágicas, a árvore celta da vida (e por que não dizer também da morte?) expande-se, desde o solo, para atingir o devenir sagrado do desconhecido "para além das fronteiras" do material, buscando compreender, nas sídhes milenares, os honrados caminhos dos guerreiros e das guerreiras deídicas, personagens centrais de todas as sagas celtas, que usualmente envolvem uma senda espiritual advinda de uma tarefa mágica, a ser executada em três, sete ou nove etapas, marcada por muito sangue, dor e, ao final, a superação de si para que nossa heroína ou nosso herói, sejam sagrados pessoas dignas de adentrar os mistérios acessíveis apenas a quem conseguiu superar a si mesmo(a).


Nas raízes de nossa árvore encontra-se o não nascido, o exsurgente em potência de si, o ser que está germinado, latente, mas que ainda irá volver forças, alimentando-se do silêncio da Terra e do sangue vital da Água (elementos femininos que acolhem e nutrem, assim como o útero, o líquido amniótico e o sangue do cordão umbilical), para que possa romper, ao final, as entranhas sagradas do alento que lhe deu acolhida nos dias em que esteve na solidão do escuro. 


Tudo é calmo, silencioso e acalentador no berço sagrado, que nos protege das vicissitudes de mundo completamente desconhecido da superfície. A vontade, claro, é de permanecer acolhido(a) no suave colo da maternal Terra, pois o devenir traz a incerteza do percurso. 


O gérmen, porém, acalentado ad eternum nos braços de Dana, não vinga, pois toda semente que passa de seu momento não cumpre suas consecutivas etapas de romper a terra e se lançar. Terá cumprido sua sina? Terá desenvolvido seu destino? 


Não sabemos, ao certo, mas, se a semente não brota - o que também é perfeitamente comum - em outra sorte, e em outra forma, ela cumprirá um destino honrado, já que servirá de alimento para o cultivo do substrato orgânico que irá alimentar todo o grande jardim da nossa maravilhosa árvore da vida. 


De uma maneira ou de outra, germinando ou não germinando, a semente terá cumprido seu papel, com a diferença, claro, na escolha que move seu caminho, uma vez que tal gotícula de ser pode - por força da necessidade de sobreviver - clamar para si a força para confrontar as barreiras que se lhe formam ao longo do caminho rumo à eclosão de vida fora do útero. Ser a árvore e ser substrato, pois, na árvore da vida, é meramente uma questão de perspectiva do que se pode escolher e viver, com resultados diferenciados, mas que, ao final, voltam sempre à ideia de eterno ciclo, já que podemos, diuturnamente, ser sementes ou frondosos carvalhos...


Do entrelaçado de vários caules advém a confluência de nossos vários caminhos nessa linda árvore celta da vida. Todos os trilhares estão conectados, interligados e interdependentes, pois a copa só se sustenta quando o caule é bem forte e firme. No caso da árvore celta, a copa é alicerçada por toda essa harmoniosa miscigenação de caules. Não se trata de fusão, pois cada qual desponta em seu caminho. Ao final, contudo, na força do trançado, ergue-se a firme corda, cuja tração é o bastante para que a árvore suba, enfim, à magnitude de seu destino. 


A copa é o divisor de mundos em nosso caminho de celticidade, pois, ao mesmo tempo em que encobre o céu, o sol e a lua - signos sagrados do desconhecido invisível para a semente que está nas entranhas e o caule que está abaixo das folhas, conecta o organismo ao Todo, compartilhando, assim, os sagrados segredos que aparentemente se escondem por trás das folhas. 


Afinal, as folhas quedadas ao solo, um dia, viram a abóboda e penetraram, ali, na morada sacral dos deuses e das deusas, trazendo, assim, um pedacinho de cada um deles consigo, na mais completa transposição da noção de apartação para a percepção de que, de fato, somos UNOS! Na dimensão mítica celta inexiste religare, porquanto a vivência no caminho diário de uma austeridade conectada aos desígnios sagrados aponta para a superação da polaridade, bem como para o encontro da unidade consagrada nos andarilhos que se lançam na observação de si.


Nesses dias de intensa experienciação do sagrado contido em mim, conecto-me ao ciclo da árvore da vida, celebrando o advento das pequenas mortes em minha vida como renascimentos providenciais de novos arroubos de crescimento. 


Eis-me, talvez, por horas, minutos, segundos - não importa, pois o tempo é memória emocional vívida dentro do coração - no cumprimento eterno do caminho da semente, alimentando-me do que a Terra gentilmente oferta, de bom grado, e tentando crescer, em cada um dos impactos - ou talhos - que, no caminho, se apresentam para meu caule. 


Cada vergalhão leva a cicatriz que, ao final, apenas mostra que da morte exsurge a vida, assim como o é na nobreza que brota da árvore celta da vida. Vivenciamos, pois, dias de morte, dias de luto e dias de renascimento e, com isso, despontamos, em cada momento, em passos - que ora damos larga, ora timidamente - em direção à glória de apenas viver...Já é o bastante para que o coração se acalme e encha de plenitude e, com isso, nosso destino se perfaça, na sutileza de uma semente que, apesar de pequena e frágil, ergue-se, pouco a pouco, rumo à grandiosidade do Infinito!


Hey ho!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Em cada passo de uma floresta repleta de aprendizado!


Estava em meio à eterna busca de florestas verdejantes quando me deparei com essa estrada...Na verdade, nem sei bem onde chegará o caminho, pois, ao fundo, apenas um pequeno ponto luminoso. Mas, para mim, a mera expectativa da luz já é o bastante para me embrenhar, apenas na fé, rumo ao desconhecido.


O caminho é sempre frondoso e impecavelmente recheado de surpresas. Se, de um lado, o verde desponta, em alguns tantos momentos, o inverno dá o ar de sua graça. Por que temos tanto medo do inverno? Afinal, as folhas ressequidas não seriam tão belas quanto o verde que nos circunda?


Olhemos o verde do caminho, mas, sobretudo, olhemos também para o meio do trajeto, donde as folhas quedadas exsurgem, lembrando-nos da eterna confluência entre sombra e luz, inverno e verão...opostos que, noutra sorte, nada mais são do que a paridade em momentos distintos.


O banco nos convida ao descanso, abraçando-nos em todos os momentos de fadiga, para os quais a Natureza, em seu eterno beneplácito, encaminha-nos em seu complacente bailado. Descansar do que, afinal? Não importa, porque, de uma maneira, ou de outra, precisamos verter a cabeça em um bom travesseiro para continuar, depois, nossa missão, nosso caminho.


A vida é como esse terno caminho verdejante na floresta de Killarney, um convite para nos reelaborarmos a cada passo da trilha, apreendendo cada uma das lições que amorosamente a Grande Mãe nos coloca e, sobretudo, um ato incondicional de gratidão pelos passos gravados para trás, com o sorriso do que está, ali, logo à frente, a se apresentar como nosso eterno devenir!

domingo, 15 de julho de 2012

Os homens temem as mulheres fortes porque, ao empunharem a espada, fazem-no com sabedoria, enquanto eles, na escuridão de seus temores, apenas aniquilam porque não conhecem a luz...

Às vezes é duro terminar com alguém, e isso dói em você.
Mas dói muito mais quando alguém rompe contigo, né verdade? Mas o amor também dói muito mais quando ela não sabe o que você sente. Não engane tal pessoa, não seja grosso e rude esperando que ela adivinhe o que você quer. Não a force terminar contigo, pois a melhor forma de ser respeitado é respeitar. E e a melhor forma de respeitá-la é sendo verdadeiro e sincero.
Clarice Lispector


O amor não te faz dizer "a culpa é sua", mas o amor te faz dizer "me perdoe". Não é "onde você está?" mas de "estou aqui". Não é "como pôde fazer isso?" mas de "eu te compreendo". Não é "eu gostaria que você fosse", mas de "te amo, porque você é". Diz o ditado que um casal feliz é aquele feito de dois bons perdoadores. A verdadeira medida de compatibilidade não são os anos que passaram juntos; mas sim de quanto desses anos vocês foram bons um para o outro.

Clarice Lispector

Providencial pensamento de Confúcio!

"O homem de bem exige tudo de si próprio; 
o homem medíocre espera tudo dos outros"
 (Confúcio)

sábado, 14 de julho de 2012

"A vida é engraçada...
Adoramos quem nos ignora,
Ignoramos quem nos adora.
Amamos quem nos machuca
e machucamos quem nos ama"

Eis, enfim, a (des)lealdade...



Certa vez ouvi uma pessoa muito sábia a me dizer que, em um relacionamento, lealdade, cumplicidade e sinceridade eram predicados mais importantes do que a própria ideia de fidelidade. Confesso que, naquela época, ouvi desconfiada essa preleção, pois, diante da minha pouca experiência nas densas questões do coração, acreditava piamente que tudo isso era uma realidade só, confundida, por sua vez, com o conceito de honestidade.


Hoje, muitos anos depois, minhas experiências me encaminharam para a reflexão profunda, regada à empiria do que vivencio como lições que apontam para tantas e tantas distinções entre esses termos. 


Não quero me ater a teorias, pois igualmente ouvi de uma pessoa - dias atrás - que eu era "cheia de teorias", ironizando meu doutorado e meus estudos, como se estudar fosse crime neste país (quem sabe, para essa pessoa, já que não estudava nada mesmo, a não ser a arte de viver na aba do chapéu alheio)  e, nesse contexto, refletir sobre a vida fosse algo realmente vil e inútil, o bastante para se viver no automático e com isso, pretender detonar os outros com atos de pura imaturidade que merecem o troféu triplo "joinha"... 


Daí, aceitando a sugestão da alma abençoada que me deu essa dica de sair da minha "arrogância", resolvi abordar o tema com um pragmatismo incomum, que se pauta - como não poderia deixar de ser - nos caminhos que percorro por aqui, compartilhados, inclusive, com as mesmas almas abençoadas que tão providencialmente me ajudam a me manter em meu caminho.


Lealdade, cumplicidade e sinceridade... Vamos lá.


Longe de representarem apenas palavras lançadas ao vento, componentes de bonitas frases de efeito que são invocadas por olhos claros e sedutores, tais verbetes haveriam de ser muito mais do que o superficial de se falar do óbvio:  poderiam ser premissas de uma ética de vida que impelisse o indivíduo para, em primeiro momento, o autoconhecimento ou, no mínimo, a reflexão sobre sua própria ignorância, o bastante para que, com seus atos, não promova, por aí, escolhas baseadas em uma dupla moral que encobre os mais perversos ideais de malefício à alteridade.


Quando uma pessoa se apresenta coerente, por meio da paridade entre o discurso e a prática, compartilhando com o outro a transparência do que milita em seu mais profundo âmago, temos a LEALDADE, ou seja, o vínculo de atribuição de fé e confiança de uma pessoa em outra, em face da verdade e da honestidade que prevalece na relação. Não existem barreiras entre enamorados, pois as pessoas que se amam confiam, uma à outra, o que existe de mais profundo em seu ser, ao contrário do que se repete falsamente por aí - pelas almas abençoadas, claro - ideário de relações atávicas: "não se fala tudo que se pensa". Ops, perda da confiança, déficit de lealdade.


Assim, quando as pessoas se encontram e se enamoram, decidem conviver e dividir um teto, torna-se necessário e imprescindível, para a viabilidade do elo, que esteja sempre bem presente a REAL MOTIVAÇÃO que leva os seres à ligação. 


Claro que se fala, no momento em que os olhos reviram no êxtase (que é puramente hormonal) em amor, porque, na pós-modernidade, é tão simples abrir a boca e falar para alguém que a ama. O difícil é agregar à fala e ao discurso - típicos do elemento AR que, ao final, fica fazendo o que sabe fazer, ou seja, ficar pairando sem realizar (esse atributo é da Terra e do Fogo) a ação, pois, como sabemos, não se vive o amor alimentando-se apenas de palavras...Ou melhor, quando as palavras são truncadas, nem mesmo os atos podem representar nada além de confusão mental e emocional.


Mas, enfim, e as razões por trás das razões? 


É disso que me ocupo...


Em desvendar os meandros escondidos da psiquê de quem não se conhece e que não está sequer a fim de abrir a caixa preta para que venham à tona todas as mazelas existenciais, relacionadas, quase sempre, à repetição de histórias que, se não forem trabalhadas, gerarão um caminho até o infinito, impedindo, assim, de se firmar um elo de relação verdadeira.


Confunde-se amor - a incondicionalidade de se pretender o bem-estar alheio - com o interesse próprio de "se dar bem" atrelando-se em uma relação de parasitismo emocional, engendrada em face de uma couraça construída para proteger a psique petrificada, que esconde um emocional egocêntrico, infantil e, pior, manipulador e perverso. Quase uma psicopatia, se considerarmos a frieza com que a mesma boca que outrora falava tanto em amor, cala-se, segundos depois, para vociferar tentativas de imputar culpa, esquivando-se da responsabilidade solidária que é - ou deveria ser - todo e qualquer relacionamento. 


Com o troféu "joinha, joinha" embaixo do braço, o atávico emocional vai tecendo teias em torno de pessoas previamente escolhidas, geralmente selecionadas por serem detentoras de qualidades e predicativos que o degenerado emocional não consegue desenvolver, dada a couraça que elaborou, como tentativa de fuga ao tema, no caso, ao tema de sua própria vida. De início, segue um script, sendo o idealizador dos sonhos de qualquer pessoa, mas basta transpor os obstáculos emocionais do outro, para a alma faminta se revelar e, com isso, tudo se esfacelar em pleno ar. 


O estelionatário emocional vive da acoplagem e, com isso, alimenta-se do outro para que não arque, individualmente, com suas responsabilidades, escondendo-se atrás de máscaras de bom caráter que, ao menor sinal de descoberta, caem e deixam à lume o desvio de caráter. Daí, dentro de tal armadilha, mentem, omitem, transformando o discurso em trama, com a finalidade de desacreditar o interlocutor que o descobriu, para que o espírito natalino do bom caráter paire, enfim, por sobre as cabeças de quem é suficientemente ingênuo para acreditar na picardia estudantil.


São os "bons moços", geralmente vistos pela família como uma pessoa maravilhosa, mas que, no segredo da alcova, amaldiçoa a todos dentro do vazio de seus olhos que não brilham e não mostram a alma, talvez, porque, se mostrassem, refletiriam apenas o vazio dentro de um coração absolutamente incapaz de amar alguém a não seja sua imagem refletida no espelho...Ou melhor, a imagem de seu pênis, pois, a todo tempo, a apologia ao pênis aponta uma insegurança enorme quanto à masculinidade e estima, principalmente ao tentar usar a genitália para manipular - tentar, claro, pois se tivesse conseguido, provavelmente eu não estaria aqui para contar a história. 

Julguei, certa vez, ter exagerado em minhas palavras com um ser assim, mas quando descobri que, na verdade, os mesmos olhos lindos de hoje já transformaram pessoas em pedra - tal qual o coração incapaz de amar - fiquei com a consciência bem tranquila, pois descobri que, de fato, é sempre melhor estar de boa-fé, acolhendo um ser com a intenção de compartilhar, mesmo que esta alma deseje, ao final, dar-se muito bem (a isso chamando de amor).

Não fui a primeira pessoa e, provavelmente, não serei a última, de modo que,  tenho a certeza de apenas falar no senso comum de um ser que intenciona usar a pessoa como trampolim para seus propósitos, de maneira mais fácil, por achar que, na vida, o atalho é sempre o melhor meio de "se dar bem". 

Em uma conversa bem humorada, chegou a falar que iria tirar nota alta "jogando charme" para a professora, esquecendo-se, contudo, que as pessoas, além da aparência, percebem também os odores fétidos que o humano é capaz de produzir em nossos poros

Dá até para transformar em ironia, pois acredito que nesses tempos de mudanças comportamentais, compartilhar as estratégias desses "malas-sem-alça" seja, ao final, uma bandeira para que todas as pessoas possam fazer escolhas de vida melhores que as que foram feitas. 

Peço desculpas às minhas almas queridas - leitoras e leitores que esperam compaixão e evolução de mim - e que leem isso e me enviam e-mails politicamente corretos de evolução espiritual. Mas, dentro do que posso fazer para diluir o veneno que a víbora tentou inocular em mim, isso realmente é muito pouco e a espiritualidade compreenderá. Se não compreender, sinceramente, não estou nem aí, pois estou me permitindo, apenas isso.

Primeiro de tudo - parafraseando o livro ELE SIMPLESMENTE NÃO ESTÁ A FIM DE VOCÊ - o ser-que-não-sabe-amar nunca abre a mão. É ótimo para gastar o dinheiro alheio, a pretexto de estar "compartilhando", mas, na hora em que é o dinheiro dele que está sendo empregado, no máximo, leva a "amada(o)" para comer um prato feito na Feira. 

Não, não, PF de 10,00 é legal, gosto dele e da apologia à cultura popular. O que chamo a atenção é para a falta de generosidade acometida ao ser que deseja todos os beneplácitos do mundo - e de todas as pessoas - mas que, no fundo - ou no raso - não dá absolutamente nada para o Universo...ou melhor, dá, pagando almoços homéricos para os outros, enquanto as contas, dentro de casa, avolumam-se porque, ao final, o "joinha, joinha" acha que está tudo bem. Ou quando acha que realmente, em prol da comunidade familiar, o melhor que pode fazer com seu salário - além do gasto no PF - é comprar um playstation ou entrar na academia para malhar o corpo - compreensível, já que se recusa a malhar a mente que consegue negativar uma prova de concurso.

Aquela pessoa que se alimenta dos restos deixados para trás, ou ainda, aquele que mantém uma amizade porque ela paga conta, mesmo que o vampiro, pelas costas, fale tão mal de quem o alimenta. Quando está desempregado, o "joinha, joinha" usualmente faz cara de cachorro e, com isso, consegue "descolar" um jantar bom e caro. 

Mas basta conseguir um emprego para começar a revelar a pessoa ingrata com a vida, já que, mesmo diante do dinheiro proeminente, passa a ser mais e mais faminto por manter a carteira cheia, omitindo o valor do salário, deixando de comprar um presente - não é por causa do valor, mas do gesto - ou, ainda, pretender até mesmo reduzir uma pensão que não tem hábito de pagar, como se isso, no futuro, não lhe fosse imputável...

Ou, ainda, uma pessoa que, à escusa de pretender ganhar "um pouco mais" para construir sonhos que nunca saem do papel, ousa mencionar a ideia mirabolante de participar de um conluio criminal, burlando simplesmente os postulados de imparcialidade, legalidade e isonomia do serviço público, para fazer um rachid com outras pessoas para faturar um tostãozinho... Tstststs, a que ponto pode um ser humano chegar?

O mais interessante do vampiro emocional, diz respeito ao fato de não se entregar e não se assumir. Não assumir estar na relação, sendo incapaz de deixar seu passado para trás e começar do zero, uma vida livre, encarada de frente, para quem quer que seja, e não ficar com o cordão umbilical ainda plugado em quem ficou para trás, o bastante para se incomodar com arroubos de sentimento de rejeição. Imaturidade em cima de imaturidade e, pior, regada à ingratidão e total ausência de generosidade. 


A isso tudo chamo DESLEALDADE...

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pequenos gestos, grandes revelações...

Uma das primeiras grandes lições que aprendi na vida foi prestar mais atenção nos gestos do que nas palavras, por perceber, diante de muita observação, que textos são decorados, scripts são memorizados, mas, sobretudo, em um descuido da mente, a atitude revela a essência daquilo que somos e de como estamos na atuação em nossos filmes pessoais.


Quer seja na Psicologia, na Antropologia ou qualquer que seja o ramo do conhecimento, o comportamento humano sempre disse mais do que a realidade discursiva pretende alcançar. Palavras, ao final, podem ser meros pretextos poéticos, entoados em sedutores cânticos de sereias, mas que encobrem, dali adiante, rochedos mortais a nos abraçar.


O discurso está diretamente conectado à capacidade humana de engendrar esforços mentais em tentar conseguir desideratos. Ora conscientes, ora inconscientes, conseguimos elaborar, numa confusão entre mente e emocional, um roteiro muito bem formulado, no qual podemos ter plena convicção de realidade, mas que não passa de uma ilusória maneira de nos proteger da vida. 


Daí, por força do bem bolado discurso - que pode nos convencer por um bom tempo, mas que queda diante da energia gasta para mantê-lo perante o restante do mundo - deixamos de refletir a respeito de nossas responsabilidades enquanto produtoras e produtores de atitudes e resultados, convencendo-nos de que o outro realmente é o culpado ou a culpada pela nossa derrocada em relação a um discurso descoberto em sua falibilidade. 


Sem a visão reflexiva sobre nossos atos somos capazes de nos convencer - por muito tempo - ou de convencer um mundo inteiro acerca de nossas bem-aventuranças e benevolência, colocando uma espécie de tampão para negar o que está latente e que aparece em nossos processos tumultuados de descoberta de nossa identidade. Basta observar a repetição dos padrões para se concluir que a força do discurso pode ser bem mais forte do que a qualidade intrínseca do que se almeja esconder de si e dos outros.


Tal visão libertária de avocar para si a responsabilidade dos atos, ao meu ver, poderia ser capaz de transformar toda uma realidade, na medida em que se adquira consciência a respeito de processos internos tão profundos que, ao menor sinal de desnudamento, tratamos de nos alojar em uma neurose, negando veementemente o que está diante de nossos narizes, abraçando roteiros que não correspondem ao que elaboramos em nossas vidas.


O roteiro é o plano de encontro entre discurso, razão e emoção, dentro do qual a emoção recalcada pela couraça de um mental desenvolvido, traz o aparente conforto de nos enxergarmos super "bem-resolvidos", quando, ao menor sinal de perigo para a mente que se acostumou a mentir para si mesma, decaímos naquela que é o sinal de aporte para os processos da psique: a negação. 


Quanto mais negamos mais precisamos olhar para dentro de nossa verdadeira essência, mais alimentamos a visão egocêntrica e imatura enquanto crianças que precisam mentir para terem benefícios do mundo. Deixamos de agir com responsabilidade por nossos atos e jogamos a bomba exata e pontualmente nas pessoas que estão a colocar um baita espelho em nossas frontes, para que possamos enxergar o que está acontecendo conosco. 


Nessa roda viva, então, passamos boa parte da vida culpando todo mundo e encontrando justificativas para auto sabotagem, sempre rompendo bruscamente tecidos são frágeis e belos, tais quais o amor porque, no momento, o medo de se descobrir e reelaborar é mais forte do que o amor necessário para fazermos as mudanças em nossas vidas.


As revelações, contudo, vêm ao longo de grandes processos de observação, por meio do olhar constante em relação ao que revelamos em nossos atos enquanto nossa mente tenta armar alçapões discursivos para mascarar o óbvio e inevitável: o quanto podemos esconder de nós mesmos e, com isso, simplesmente não crescer...

De sol a sol, a mudança constante que liberta a alma

Nesses dias de intenso inverno que se estabelece, vejo o céu prenunciando o acinzentado de uma hora que chega, de mansinho, lembrando que o dia se findou e, com ele, o filete de vida que se renova em todo por-do-sol...


Os finais são sempre um filme que se renova na aquarela da vida, já que nos lembram que o Sol sempre nasce após o repouso de uma Lua, na paráfrase de um poeta insano que, algum dia, foi chamado de normal por quem não sabia o denso significado da palavra amor...


Findam-se os dias, acabam-se os momentos, ficam as lembranças que sempre estão a se renovar, porque, afinal, os dias e as noites sempre existem numa sintonia de devenires certos, nos quais apenas a maneira como concebemos o roteiro muda de acordo com nossa potencialidade de experienciar o que está sendo colocado para nosso percurso. 


Vejo isso todas as tardes, ao sair do trabalho e me deparar com a abóboda celestial que intercala o lilás avermelhado do fim do dia com a escuridão silenciosa da noite que chega mais cedo em idos de inverno. 


Por que falar tanto no que se repete? 


Talvez porque a eternidade seja simplesmente a lembrança que nos faz reelaborar nossos passos, num devenir de experiências que trazem toda sorte de sentimentos. Talvez seja a lembrança a maneira mais doce de se viver o inestimável, quando a vivência dele, em carne, esvai-se em pleno ar, com o tempo que é trazido para o coração na emoção que advém com o retorno da lembrança.


O calor fica diante do pelo, a fagulha centelha por minutos que se renovam em eternidade...O amor, enfim, acalentado na palma da mão, emergido de um suceder de atropelos que se somam, um a um, na saga constante da intempérie humana, que muito busca o amor, mas que, diante dele, agasalha-se no conforto do confinamento desse músculo tão lindo em uma caixa bem guarnecida de muitas trancas, o que impede, em muitos momentos, de se acessar o que existe de mais sagrado.


Entram dias e saem noites...eis que a gratidão sempre fica, com a transparência do que persiste em estar sempre conectado com o Universo: a alma!