sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Fim de ano, fim de ciclo, fim de papo: compaixão e do amor, senhas para o crescimento espiritual

Fonte da imagem: https://lecocq.files.wordpress.com/2016/08/5fc93-slider_intro_univers.jpg?w=863

Esse ano singular finalmente está chegando ao fim...

Não sei por vocês, mas, para mim, esse foi o ano em que as MÁSCARAS globais (planetárias, e não PLIM-PLIM) caíram de vez. Talvez o resultado do movimento individual ou coletivo mesmo de exposição de si, não sei. A grande questão é que 2017 marcou uma coletânea de situações das mais esdrúxulas facetas, com conteúdos que trouxeram o acirrar de ânimos por toda a Terra.

De fato, diante de tanta tentativa de manipulação, ficou até mais fácil saber e sentir (sobretudo sentir) o que está acontecendo, ainda que eventualmente alguma dissonância cognitiva seja produzida: a ética do amor, da compaixão, a preocupação com o próximo, bem como com a busca de um sentido de consciência cósmica estão em rota de colisão com o materialismo, o imediatismo, a liturgia hedônica e, sobretudo, a irascibilidade pautada na síndrome da vitimização

Os enredos que pretendem destruir estão colocados como bandeiras libertárias, geralmente pautadas por ordens econômicas que estão por trás dos eventos, pois o ouro, quando é a flâmula de ação, desnatura a lisura espiritual do que está se colocando como libertação.

Sim, é bem verdade, mas agora não precisamos fazer tanta pesquisa para chegarmos aos vínculos e aos nexos entre fenômenos e instituições: o que foge dessa cosmoética é o antípoda da amorosidade

Simples assim. 

Passei muito tempo numa encolerização ativista, sem me tocar que isso é apenas o contraponto da ordem, ou seja, a desordem que simplesmente replica o paradigma, ou seja, o uso do estômago para resolução de contendas que poderiam ser administradas pelo coração. 

Ou, pior, a decrepitude de um paradigma mental neoclássico (que alimentou as ciências "duras" com dogmas balizados na mera visibilidade tridimensional), substituído ou superado pela percepção de construção da realidade subatômica a partir da comunhão entre observador-agente-criador e realidade-criação. 

Os conflitos políticos tornaram mais evidentes uma lógica além da compreensão meramente comum de busca por petróleo ou vantagens geopolíticas: estamos falando agora, providencialmente no FINAL DE 2017, em viagens espaciais, colonização, povoamento, UFOs. 

Por que? 

Por que se abriu a "porteira", logo agora, para a opinião pública (a ponto da Rede G. mostrar uma notícia assim), quando se está estudando isso "desde sempre"? 

Por que? 

Por que tudo simplesmente está revirado? 

Porque, talvez, seja um momento para se transpor tudo o que nos foi apresentado, e, confiando em nosso coração e na consciência expandida, possamos "enxergar" com os olhos de nossa configuração energética (descalcificar a pineal cheia de resíduo de flúor é um bom começo). 

Simples assim. 

Não se trata mais de teoria de conspiração, mas de dado empírico, de eventos empiricamente superpostos, sobrepostos e sincrônicos, fazendo vir à tona nossa capacidade de entender nosso papel aqui e agora.

Que venha, então, 2018, com a perspectiva de dias melhores, a partir do nosso protagonismo em sermos melhores para o mundo. Para o próximo e, claro, para nós. 

A sombra precisa ser integrada, superada, sei lá o nome. 

A questão é: definitivamente não dá para ser feliz energética e espiritualmente sob a égide da cólera

Aprendi isso ao longo do tempo em que me ative ao mergulho nas regiões profundas da minha sombra, acreditando que realmente estava a me emancipar da Unidade, do Universo, da Fonte.

Durante esse tempo em que estive silente aqui no blog, permiti-me transitar por algumas searas que estavam soterradas em fragmentos de infância. Ufologia, cabala, chaves de Enoch, gnose, tudo aquilo que neguei, dentro de mim, apenas por negar minha própria origem. 

Não importa mais. O que importa é o sopro cálido que todos os dias penetra em meu chackra da coroa, perpassa o cardíaco e acende um vórtice que coliga todos os pontos do corpo luminoso.

É o coração o ponto-chave para que possamos nos conectar às estadas divinas, e não o plexo solar. 

Acredito que a maior "revolução" que podemos realizar é interna, saindo do domínio do ego (plexo) e ascendendo ao cardíaco, pois, afinal, todo movimento de ascensão se faz a partir da base para a infinitude das sutis camadas que permeiam nosso corpo densificado. 

Mas, como herança reptiliana, somos reativos e, na reação, não conseguimos sair da percepção tridimensional de realidade, império do mental e da racionalidade. Sobretudo, de uma racionalidade que está negando a espiritualidade e, com isso, transformando a humanidade, cada vez mais, em robóticos inanimados, quase sempre à mercê de uma plutocracia escravizante. 

A partir do momento em que fazemos individualmente essa transição, imantamos ao consciente coletivo uma egrégora nessa mesma dimensão, findando por trincar o paradigma de ilusão que sustenta essa realidade bizarra de desamor.

Feliz 2018!


sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Quando é hora de esvaziar o armário?

Fonte: http://www.menos1lixo.com.br/wp-content/uploads/2015/08/post-1-7.jpg

De tempos em tempos é necessário abrir as portas dos armários, deixar o sol entrar, eliminar as traças, escolher o que permanece, o que vai embora. Ver quais roupas ainda nos servem, calçar os sapatos para ver o conforto e, sobretudo, reciclar o ambiente.

Assim é com nosso pequeno mundo... 

Tal qual um armário em que tudo guardamos, às vezes, sem critério, a alma vai retendo, no dia-a-dia, emoções e sentimentos que se avolumam, frases não ditas, tristezas e mágoas não comunicadas. 

O ressentimento passa a ser a constante na vida de quem guarnece seu particular armário de alma com a guloseima do conformismo em acreditar que "a vida e as pessoas são assim", ou, outra, pior, que "as pessoas só dão o que têm". Ou, por fim, "relacionamento é assim mesmo, difícil" (o que me faz pensar, de maneira jocosa, que, se tudo é essa tragédia, por que, então, as pessoas insistem em se relacionar?)

Tudo vai se acumulando e enredando um nó de fel que, adiante, transforma nossos corações em pedra, anestesiam-nos e nos colocam na descrença e na digestão do veneno que encaminhamos para a corrente sanguínea.

Quando isso acontece deixamos de ser humanos e nos transformamos em autômatos frios e indiferentes, não mais nos permitindo sentir algo que não seja uma contemplação blasè que nos aparta da vida e do calor de experienciá-la. 

Antes que isso aconteça, é preciso abrir as portas da alma e deixar o sol também nela penetrar. Eliminar os focos internos de cisão, a dor aguda. As tentativas infrutíferas de explicação racional para o comportamento dos outros e os nossos. Não tem nada de racional, é sentimento e, como tal, deve ser encarado de frente para se exaurir e seguir em frente. 

Como dizia Virginia Wolf, é literalmente matar o anjo da casa e uma versão líquida de complacência com tudo que nos viola e agride, apenas porque isso é um pacto para o bem viver com o outro. 

Sobretudo porque somos mulheres cordatas e amáveis, o bastante para passar por cima da visceralidade que nos move e, em nome do beneplácito chamado amor, e anular parcela de nossa vivificação para que possamos conviver com alguém que "não se toca". Matar o anjo da casa é aniquilar o ideário de um final feliz a dois onde, nessa equação, apenas um está feliz. 

O que será isso?

O medo de ficar só? Será que ele nos encaminha diretamente aos braços do auto extermínio? Sim, será? Já que temer a solidão nos remete ao pacto de viver com alguém numa relação que pode envenenar. Em doses homeopáticas, isso vem, entranha-se e, quando vemos, somos apenas um arremedo de quem éramos antes. 

É preciso deixar o sol entrar, desempilhar o monte de roupa, lavar algumas delas e começar tudo de novo. 

Mas como? 

Não sei, quebremos janelas, arrombemos portas, escancaremos armários. 

Gritemos, esperneemos, mandemos àquele lugar (libertário). Xinguemos. É saudável saberem que, dentro do peito ainda bate um coração e que ele braveja quando instado a se dirigir ao caos. 

Sobretudo, calemos... Fiquemos sós em nossos mundos, pois é na solitude que conseguimos conversar com o âmago de nossas almas para que possamos encontrar na vacuidade a resposta aos dilemas frugais da vida. 

terça-feira, 18 de abril de 2017

As idas e vindas de um fluxo chamado VIDA!!!!!

Já faz um tempo que tenho pensado na importância de elaborar uma vida frugal sem sair de casa. Afinal, em idos de consumo desenfreado, o tudo que se constrói ultimamente no imaginário popular em termos de "criatividade" tem perpassado dinheiro e ansiedade, cobrança e expectativa. 

Crianças trocam pipas, jogos de queimada e peões por jogos eletrônicos de toda sorte. Adultos trocam a ludicidade da contemplação da Natureza e do ócio criativo por longos passeios em shoppings centers. 

Casais e famílias teclam nervosamente seus celulares, indiferentes uns aos outros, em uma simples mesa de almoço. O mundo, enfim, tornando-se cada vez mais robótico, as relações mais frias e líquidas e o humano se diluindo na paulatina desconexão com o Todo.

Nunca fui muito fã disso, mas, agora, na fase madura da vida, tenho sentido necessidade vital de manter uma rotina de tranquilidade no pequeno grande mundo mágico em que sempre vivi. 

Não se trata de uma polarização. Não "saio" ou "entro" em uma redoma ou abóboda, indo e vindo do trabalho para casa. Nada disso. A egrégora vai junto, para onde quer que eu me dirija. A magia, a Deusa, os elementos e a energia estão sempre em meu coração a partir da imersão feita no imanente sagrado, muitas vezes invisível para quem não se permite enxergar a vida com os olhos da alma. 

Algumas pessoas podem perguntar como... sim, enfim, como sentir isso? 

Como elaborar isso? 

Não sei dar a receita (aliás, sou péssima nisso de estratificar a vida em metodologias que envolvem intuição), pois não tenho respostas para toda a humanidade. No máximo posso pensar no que me faz verdadeiramente feliz e, a partir daí, compartilhar a experiência, sempre certa de que isso é apenas uma descrição para quem não experiencia no coração a presença de algo maior do que a própria existência.

Coração...

Sim, primeiramente o coração, músculo mais forte do corpo humano, lar sagrado da expressão de amorosidade, emotividade e sentimento. 

Epicentro orgânico do quarto chacra ou vórtice energético a representar a transição do plano material ou terreno (imantado nos vórtices da raiz, umbigo e do plexo) para a ascensão no laríngeo, frontal e da coroa (apenas para citar os mais conhecidos, já que as camadas energéticas se ampliam ad infinitum).

O coração vem e vai em reveses durante a vida, compondo a singularidade de nossa senda ao longo de várias dimensões de existência, em encontros e desencontros responsáveis pelo aquilatamento da alma. Amar, nesse sentido, é o objetivo a se confundir com o caminho, pois trata do combustível a alimentar a vivência no plano da lapidação do espírito.

Se estamos aqui para amar, amemos, pois. 

Isso passa necessariamente por uma permissão que nos damos, uma licença poética para a felicidade. Só é possível amar quando abrimos nosso coração para as experiências do amor, ainda que contingenciais e momentâneas. Não importa a duração, pois o tempo é uma mera conjectura humana para dimensionar reações de dimensionalidade não compreendidas além da racionalidade. 

O medo de abrir o coração e de se permitir acaba nos congelando e alojando em quartos obscuros de fuga, quase sempre confundidos com sabedoria e parcimônia em "saber fazer escolhas" diante de rotas de sofrimento. Mas, ao menor sinal de carência e solitude (somos gregários), quedamos a pensar na (in)felicidade de não estar ao lado de alguém que amamos. 

Não, não se trata de "(in)felicidade em estar só", bem diferente. 

Somos paradoxalmente solitários em nosso sentimento gregário, dada a singularidade com que formulamos a sensação de ego apartado da experiência una. 

Ser uno e íntegro nessa solitude é tal qual essa foto ao lado: olhando para o alto percebemos o calor da Natureza que nos abraça e diz "estou com você nessa caminhada". 

Refiro-me à sensação de não estar ao lado de quem amamos incondicionalmente na experiência dual de compartilhamento afetivo.

Para além das relações de parentesco e de amizade, coleguismo ou de empatia, as relações afetivas de comunhão global (emocional, mental, sexual, intelectual etc.) nutrem a alma para o amor encontrar fértil terreno. Abrir, portanto, o coração para isso constitui uma ímpar experiência de plenitude. 

Quando o amor escolhe não escapamos ao inevitável: as idas e vindas que nos alojam no mesmo eixo de permanência do sentimento intacto. Passam os anos, somam-se as desavenças, mas, ao final dos ciclos, o que é é e, nesse sentido, tudo volta.

Permeiam-nos as separações e os atropelos mas, enfim, tudo volta no giro da roda que nos move para o mesmo ponto de uma espiral: os giros e vórtices vão para a frente, mas os encontros entre os nodos formando a constância de uma linearidade da perpetuação do sentimento...

Quando nos permitimos viver isso com alguém que comunga do horizonte de percepções e valores sobre o viver, é uma benção dos deuses. Esse é o vetor do que acima pontuei como uma diversão caseira despretensiosa e sem sair da vibração de plenitude e aconchego.

Um singular final de semana com a pessoa certa no lugar certo (lugar de alma) marcam a felicidade que não tem preço. Nada de televisão (desapeguei-me da minha mês passado), internet ou sequer música. Apenas (e que apenas!) Natureza em estado de graça ocupando seu lugar de rainha absoluta de nossas ocupações e atividades. 

Nada como dividir a sensação de renovação na cachoeira a limpar nossa alma e depurar o espírito cansado pela rotina do automatismo! Cada dia em que compartilhamos a Cachoeira do Falcão aqui no condomínio mostra uma novidade a ilustrar nosso caderno de experiências inenarráveis. 

Desta vez ousamos andar pela trilha do rio - uns 6 ou 7 km até a Administração do Condomínio - em uma aventura mágica e acalentadora, silenciadora da mente para uma verdadeira abertura ao desconhecido. 

Saímos por entre as pedras em direção ao leste, percorrendo, durante uma hora e meia, os contornos do condomínio, numa jornada espiritual de imersão no Todo. Não sabia ao certo o que nos aguardaria no decorrer do trajeto, mas a confiança deu a tônica do percurso de pura descoberta. 

Encontramos lindas borboletas azuis e aranhas em suas teias bem arquitetadas. Umas chegavam a cruzar as margens do rio por cima, fazendo com que tivéssemos que ter cuidado em nos abaixar para não desafazer o que a tecelã havia construído.

Seguimos o fluxo descendente da água a nos revelar o caminho. No coração, de início, aquela ansiedade em relação ao que não se conhece ou compreende. 

Aos poucos, contudo, tudo foi silenciando e o coração passou a comportar apenas a calmaria na confluência em relação aos mistérios que a Natureza, pouco a pouco, passou a compartilhar conosco. Encontramos construções abandonadas, que me levaram longe, aos henges antigos cuja construção ainda hoje é mistério. 


Cada curva do rio uma nova surpresa se esquadrinhava bem diante de nosso  olhos! 

Ao mesmo tempo observei a ação humana que motivou a Natureza a dar sua bem elaborada resposta nos processos erosivos de acomodação do solo para que a Grande Mãe pudesse seguir seu curso sem pedir licença. Ou, ainda, esculturas modeladas pela ação dos elementos em harmonia embelezaram o caminho ao longo do rio. 

Descomunal e grandiosa Natureza, que deixava para trás todo e qualquer vestígio de relevância do mundo de urbanidade, trazendo, com isso, aquela sensação maior de desapego em relação ao que não constitui relevância no plano de harmonia e conexão com o Todo. 

A racionalidade que tanto nos destroçou em termos de descompromisso com o outro nesses idos de pós-modernidade sequer constituiu lembrança durante esse passeio nutridor de egrégora. 

Em seu lugar veio a sensação de bem-estar em meio à paz necessária para se reelaborar uma vida de desalojamento e atemporalidade, o essencial para a desprogramação mental em rede que se calcificou em nossas mentes ao longo dos vinte últimos anos de artificialidade confundida com vida. 

Ao final do dia e do passeio, as luzes cederam espaço à transmutação operada pelo fogo ardente imanado pela dança sibilante das salamandras. Não precisa muito para uma fogueira: um pouco de pedras colhidas por aqui mesmo no jardim, um buraco para assentar o fogo, gravetos e cascas providos pelas árvores do quintal. E muita inspiração do ar que alimenta o fogo!

Enquanto percebia a dança dadivosa, os pensamentos já desacelerados voltavam-se para a certeza de estar no caminho certo. 

O sinal? Sim, a prosperidade da alma a imantar no plano material tantos resultados agradáveis. 

Passeios, fogueira, horta, conversas, tudo flui quando estamos de bem com nossa chama interna. 


A horta não passou incólume e, juntamente com todo o rol de vastas experiências agradáveis compartilhadas ao lado de quem se ama verdadeiramente, 
deu o tom de diferenciação em relação ao cenário de benignidade. A escolha das verduras, a forma de plantio, o horário, tudo fluiu no consenso e no diálogo. 

Agora é só esperar o crescimento das plantas de acordo com o ciclo da Mãe Terra, a verdadeira forma de organização que está longe, bem longe do calendário gregoriano artificial, forjado na efêmera e ilusória tentativa humana em controlar a sazonalidade. O ciclo lunar que me guia em meu ventre é o leme desta saga maravilhosa de comunhão com a terra rumo à subsistência simples, saudável e definitiva. 

O mais interessante em tudo isso diz respeito ao lapso de tempo, pois a intensidade de toda essa atividade pode dar a entender se tratar de um período de tempo longo. Mas não. 

Toda essa intensidade feita em singelos dias do final de semana em que ficamos em televisão, internet e música. Apenas ouvindo o coração um do outro e nos embalando pela voz interior a nos coligar à Natureza que tão amorosamente nos brindou com sua abundância de propósitos. 

Não precisamos de muito para a felicidade: apenas nos predispor a ela a partir da abertura docilizada de nossos corações, ouvindo o que a alma murmura como norte a nos elevar! No fluxo e refluxo da vida, tal como as idas e vindas das sazonais águas de um rio, reside a constância em se contemplar a vida com sabedoria...Bem-vinda, Natureza! Gratidão por tudo a compartilhar!




quarta-feira, 22 de março de 2017

Fazendo as pazes com o próprio coração...

"O que nos cabe é decidir o que fazer com o tempo que nos é dado" - sempre que assistia à saga Senhor dos Anéis, lembrava-me dessa providencial frase do mago Gandalf, ao conversar com Frodo sobre o destino de Gollum. Por mais que achasse bela e enfática a sentença, muito ainda me distanciava e - em muitos muitos distancia - da internalização da importância disso para a tomada de importantes decisões em relação à vida e às escolhas. 

Hoje fui - como sempre faço - tomar um modesto banho na cachoeira, aproveitando para expurgar algumas energias que, até então, ingenuamente achava serem as únicas dentro de mim. Fiz meus ritos, pedi refúgio na mata densa e úmida, entrei e percorri o mesmo lindo caminho.

Escolhi um horário muito bom, podendo usufruir daquele santuário sem que ninguém estivesse presente. Conjurei a egrégora, arrepiando-me em cada momento de recitação emocionada do ritual. 

Lancei-me na cachoeira e ali, hoje, mais uma vez e de outra diferente vez, pude sentir a força da Natureza impregnando minha alma de plenitude para produzir rupturas em minha alma. 

Aos poucos me peguei me perdoando e perdoando tantas pessoas que, um dia, julguei terem aviltado minha alma. Uma espécie de mantra foi entoado, ao mesmo tempo em que imergia na água forte e fria, sentindo-a penetrar por cada ponto longínquo do meu corpo. 

Nesse processo, percebi que o melhor que podemos fazer por nosso coração é ficar em paz em relação ao que sentimos pelas outras pessoas: afinal, o sentimento é nosso. Podemos amar e continuar amando, independentemente de estarmos - ou não - com a pessoa. Que podemos respeitá-la, admirá-la, trazer um pouco dela para nosso coração, mesmo que o convívio tenha se rompido. 

Quanto mais a água limpava as arestas de minha vida, mas ampliava a lista de pessoas com as quais precisava me compor. Já estava nesse processo a algum tempo, procurando retomar contato com algumas pessoas que me eram caras e estimadas. Consegui, nesse sentido, conversar por alguns minutos ao telefone, enviar e-mail ou whatsapp. Mas a lista se ampliava...

Um estalo, enfim, pegou-me de sobressalto: a impermanência que passei a sentir dentro de mim. Mesmo falando nesse velho clichê de impermanência e da finitude, acomodamo-nos a entoar o mantra da efemeridade sem agregá-lo incondicionalmente às nossas vidas como constância. 

Ficamos nas conversas falando em aproveitar cada minuto da vida, enchemos a boca para falar em qualidade de vida, curtimos posts de alimentação saudável, mas somos incapazes de promover rupturas... 

Comemos papel crepon e isopor, trabalhamos 15 horas achando que isso mudará o mundo. Não muda... O que muda é nossa alteração interna, para que vejamos a vida e a possamos experienciar de outra maneira. De uma forma em que firamos menos o outro e a nós mesmos, de uma forma em que silenciemos o ego para ouvir mais. 

Em investir nos momentos como esses da cachoeira, de limpeza e conexão. Não temos o amanhã por certo, mas somos arrogantes o bastante para fazer planos certos, na tentativa, talvez, de driblar a única certeza que temos de algum amanhã.

Enquanto tudo segue o fluxo da tentativa humana de contar a inefável impermanência, sigo plena na percepção do que me é relevante no viver. Nada além de focar o instante efêmero, sem passado ou futuro para especular. Os momentos são o segredo. Perpetuá-los é tentar sufocar uma criança em descoberta de sua respiração. 

Plenitude, gratidão, ode à Grande Mãe Natureza, rainha do que é maravilhosamente mundano e imanente. a divindade está aqui, no Ar, na Água, no Fogo e na Terra, em cada voo solitário de um pássaro, em cada flor que desabrocha. 

No agradecimento. No estar, simplesmente estar.


domingo, 19 de março de 2017

O altar pleno da Natureza em expansão

Desde que me mudei para uma nova casa tenho experienciado os momentos mais mágicos e inexplicáveis de minha vida na Arte: uma espécie de abertura de portais, permitindo o acesso a uma série de aventuras e sincronicidades que me colocam em constante júbilo. 

Sonhos, premonições, desdobramentos, encontros providenciais com as mais distintas almas, tudo fluindo numa teia de surpresas (?) que trazem elevação e aquela sensação de paz constante, mesmo diante dos solavancos que vivenciamos durante a existência. 

Dentro do condomínio existe uma cachoeira de fluxo intenso e forte, um santuário de profunda conexão com os ritmos da Natureza. Ali os elementos se harmonizam em um bailado ímpar de beleza e devoção. 

Segue-se uma trilha que se inicia na estrada, com um portal de onde é possível saudar a Natureza e pedir refúgio para a entrada na mata. O microclima é sui generis ali, pois ainda que esteja calor, a umidade e o frescor já anunciam presença logo de início. 

O rio é a própria estrada, refrescando os pés de quem se permite retirar os calçados para sorver a benignidade que exala do contato entre terra e água: pequenas pedras massageiam as solas, enquanto o Sol refletido na água ilumina nossa trajetória até a cachoeira. 

Enquanto caminhamos, é possível esvaziar a mente e silenciar o espírito tagarela, aproveitando o embalo da respiração para oxigenar os órgãos internos e acalmar os pensamentos do dia-a-dia. Comecei um hábito que quase todos os dias chegar da rotina de trabalho, colocar o biquíni e partir para uma purificação na cachoeira. 

A água refrescante acaricia o corpo eventualmente enrijecido pelas tensões da vida. O fluxo cai em uma banheirinha bem generosa, onde é possível ficar horas e horas apenas aproveitando e sendo grata à benignidade de Anu, a grande Mãe. 

Muitos condôminos vão ali para meditação e socialização, em um espírito de comunidade muito bom. Levo meu japamala e fico ali, mantrando, meditando e silenciando, o que tem feito muito bem à alma. 

Os rituais ali são muito poderosos e belos! isso porque a cachoeira fica numa espécie de fenda, a permitir que Sol (Fogo) e Vento (Ar) venham comungar com a Terra e a Água, na diatônica da harmonização para a abertura do círculo. 

Em uma transmissão de legado tempos atrás, o clima estava tão maravilhoso com minha irmã-na-arte que a borboleta azul residente da cachoeira veio pousar em cima da minha cabeça, significativo sinal de receptividade. Prova disso foi o dia maravilhoso que passamos juntas, amarrando ervas de proteção e as consagrando para a Grande Deusa. Que dia mágico e feliz!

Na cachoeira é possível consagrar instrumentos, purificar jóias e cristais, além, claro, da profunda limpeza feita em cada ponto do corpo e das camadas anímicas componentes do ser. Uma verdadeira varredura de energia pode ser realizada por meio da conexão com a água. 

Quando não é a cachoeira é a chuva a cair no vale a nos brindar com o bálsamo do frescor. Um dia desses, ao som de Loreena Mckennitt, pedi à chuva que levasse embora os nodos ainda presentes na administração interna de minhas mazelas. 

Dançando e rodopiando com a água a percorrer meu corpo senti-me livre de tudo o que não me pertence, desalojando-me até mesmo de mim para ser a própria água quedando ao solo. Refeita, senti a força da criação presente em mim, empoderando-me para novos desafios que a senda mágica oferta para o aquilatamento da minha alma. 

Isso tudo sem deixar de mencionar as lindas araras, os tucanos e saguis que passeiam, para lá e para cá, alegrando a vida e tornando possível pensar que a vida está para além da mesmice de uma programação mental intensa, que nos assola e avilta se não tomarmos o cuidado de acalentar a alma com a reserva de amorosidade que somente a Mãe Natureza é capaz de nos oferecer graciosamente. 

Dias de plenitude! 

Sim, sei que sempre volto a falar neles, haha.

Mas, agora, estou sendo agraciada com o aconchego deles em minha escolha de morada. Aqui da janela posso apenas olhar para o horizonte e suspirar, esquecendo de tudo que não é vital, para simplesmente me entregar à maravilhosa experiência da liberdade.