quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ah, Clarice, Clarice!

Em dias de profunda reflexão - acho que nunca saí dela - nada melhor do que saber ter existido alguém, nessa encadernação, capaz de situar os dilemas mais apavorantes em singelas frases, que causam impacto profundo... Sentir-me forte em inquebrantável em mim mesma, agregando a amorosidade e a fortaleza, descobrindo em mim a bastança do existir.

Lições profundas de quedas, tropeços, de autoconhecimento... Mas, enfim, tudo vale a pena "quando a alma não é pequena", já dizia Fernando Pessoa. Quando estou cabisbaixa, perguntando apenas o que não se pergunta: "por que", leio Clarice Lispector, para me lembrar, em cada leitura, quem sou... Um dia, tenho fé, um dia...Eis que já é o dia e dele não me dei conta, mas sei, aos poucos, que a consciência e a lucidez estarão mais fortalecidas.

"(...)
E um dia virá, sim, um dia virá em mim a capacidade tão vermelha e afirmativa quanto clara e suave, um dia o que eu fizer será cegamente seguramente inconscientemente, pisando em mim, na minha verdade, tão integralmente lançada no que fizer que serei incapaz de falar, sobretudo um dia virá em que todo meu movimento será criação, nascimento, eu romperei todos os nãos que existem dentro de mim, provarei a mim mesma que nada há a temer, que tudo o que eu for será sempre onde haja uma mulher com meu princípio, erguerei dentro de mim o que sou um dia, a um gesto meu minhas vagas se levantarão poderosas, água pura submergindo a dúvida, a consciência, eu serei forte como a alma de um animal e quando eu falar serão palavras não pensadas e lentas, não levemente sentidas não cheias de vontade de humanidade, não o passado corroendo o futuro! O que eu disser soará fatal e inteiro! Não haverá nenhum espaço dentro de mim para eu saber que existe o tempo, os homens, as dimensões, não haverá espaço dentro de mim para notar sequer que estarei criando instante por instante, não instante por instante: sempre fundido, porque então viverei, só então viverei maior do que na infância, serei brutal e malfeita como uma pedra, serei leve e vaga como o que se sente e não se entende, me ultrapassarei em ondas, ah, Deus, e que tudo venha e caia sobre mim, até a incompreensão de mim mesma em certos momentos brancos porque basta me cumprir e então nada impedirá meu caminho até a morte-sem-medo, de qualquer luta ou descanso me levantarei forte e bela como um cavalo novo. (...)"

domingo, 24 de julho de 2011

O brilho e a estrela...

De quantas formas mais se pode convencer uma estrela de seu brilho? Seria apenas lembrando a efemeridade existente num lampejo entre o nascimento e a morte que, de mãos dadas, riem de todos nós? Ou, ainda, da capacidade de ser, em si, a guia-mestra de todos os segredos do Cosmos?

Não sei ao certo, afinal, sei tão pouco sobre estrelas, mas acredito que, um dia, possa convencer uma delas a acreditar no brilho que destila em cada um de seus grandiosos momentos, ainda que, para isso, o tempo se esvaia em reiterados fracassos a compor a verdadeira matiz de realizações eternas.

Desde seu caminho de explosão súbita de enlace até o caminhar trôpego para um esconderijo soterrado em sua alma, a estrela pulsa... E, quanto mais pulsa, mais se esconde, tímida, tentando correr do simples destino que a Providência lhe guardou: brilhar. Qual o segredo nisso? Nenhum, apenas recordar que se é um astro dignificante, nada mais. Uma tarefa contagiante para uma estrela que também ri e, rindo, ensina a todos o significado da epifania de um sorriso maroto.

Apesar de tudo, sim, ela não sabe, ainda, a medida do que tem dentro de si como incomensurável limite, pois uma sombra, em seu caminho, sempre se projeta a lhe atormentar. Ora se esconde, ora se enerva, afinal, é estrela e estrelas também têm seus momentos mais lúdicos de tempestividade.

Quantas eras ainda serão necessárias para o abraço acalentador de uma sombra que apenas é... uma sombra, diante de tantos outros percalços que se deslocam rumo ao aprisionamento da alma? Não sei, pois, também, pouco sei de eras... Apenas me basto em vivê-las e, vivendo-as até o fim, logo me esqueço de todas elas depois do sono eterno que restaura meu espírito.

Já sei!

Vou encapsular a estrela, tal qual um pirilampo em meio a uma pradaria verdejante no pôr-do-sol de cada dia. Vou conduzi-la, intacta, para o pouso em uma garrafa transparente, apenas para que veja, ao espelho, o quanto de luz produz aos olhos de quem vive na escuridão.

Mas, enfim, equivoco-me...

Claro! Criança que sou, esqueço-me de que não se enclausura uma estrela!

Um pote frio e vazio não é o bastante para irradiar seu brilho, mas, antes, o cadafalso selando seu destino em gradativamente apagar...como toda estrela que é, de fato, natimorta!

Afinal, como compactar átomos que, há tempos, não mais estão entre nós em faiscantes dimensões de brilho?

A estrela sempre queda morta em vida, perpetuando-se em nossas particulares abóbodas todas as vezes em que olhamos para o Infinito e vemos a aparente imutabilidade do Universo, ignorando nossa própria rotação em torno de algo sobre o qual que pouco sabemos: nós...

Sim, a estrela sempre vive no paradoxo da morte renascida, porque, a cada momento em que olhamos para o céu, seu brilho ainda lá se encontra, mesmo que, em profundas marcas, a luminosidade esteja para além de nossos rincões...

Quem sabe, acreditemos, um dia, junto com essa estrela, existir por trás de um grande vale um Paraíso secreto para onde todas as grandes estrelas possam ir, um dia, nos encontrar. Terei ali encontrado o que Desconheço, antecipado, porém, nos plenilúnios que a estrela humildemente iluminou...

Ah, maravilhosa estrela, saiba mais de si!

Saiba mais do desafio de se manter incandescendo no devenir de tantas eras, nos lindos encontros e desencontros, que trazem, ao final, a certeza de renovação da centelha que sai de seus olhos. Estrela que pouco sabe de si, mas que, talvez, por não saber, ilumine tanto a vida de quem está ao seu lado...

Para a pessoa que sabe que é o que é...

sábado, 23 de julho de 2011

Réquiem para uma estrela

Partiu a grande estrela,

habitou entre os humanos por instantes

trouxe na pele marcas lacerantes

de intensas dores pelas dores provocadas.

Quanto tempo pode uma estrela habitar fora do céu?

Não sei bem, mas sinto que o bastante para se permitir ser humano

E no retrato da mundanidade,

ir de encontro à morte, embalando-se na vida.


Finda estrela, que será de nós?

Lágrimas que se transformam em pérolas.

Cintilando, pouco a pouco, num mar de desolação.

O que fazer sem as estrelas?

Afinal, elas deixam o mundo tão mais iluminado.

Mas, diante da centelha tão finita.

Quedamo-nos sozinhos na mesma escuridão.


Encontre paz, estrela invulgar, encontre paz.

Vá, enfim, habitar seu lugar celestial!

Seu trajeto começou agora, e sua sina, cheia de glória

Deixará muita saudade em meu coração.


Componha o céu tisnado de cíano, doce estrela de voz aveludada!

Daqui da Terra olharei para cima,

lembrando-me do dia lindo em que encontrei sua voz em meio a tantas outras.

És única, pequenina estrela possante!

A retumbância, enfim, não poderia caber num corpo tão frágil e machucado.

Eis que está livre, leve e plena!

Vá em paz, querida estrela!

Vá em paz...

Por detrás do arco-íris...

Da ponta de um arco-íris parte a volta de uma opção. O pote de ouro encontra-se atrás de um monte ainda não revelado, cuja certeza, porém, está descrita dentro de mim, como jornada de recomposição de uma parcela do Eu que insiste em se apegar a uma corda no mundo, enquanto outra, mais lânguida, segue confiante o caminho uno, consigo.

Uma andarilha se desespera; outra se desopila. E, dando-se as mãos, elas se abraçam e, depois do afago, descobrem que são uma só alma, viajando rumo à descoberta do ouro que sobeja ao final espectro multicor do arco-íris deperto.

E no vai-e-vem dessa roda, tantas vezes cantada em ciranda, tempos vêm e vão, repetindo-se os medos que, pouco a pouco, saem descobertos da mente que os abafou por tanto tempo!

E quanto mais a menina-moça se lança na compreensão de sua pueril percepção do mundo, mais o cume se mostra tangível aos olhos de seu coração, pois ela acaba, por fim, descobrindo, que não precisa muito mais do que já tem... a si, em toda sua plenitude de imperfeita incongruência.

Ela se levanta e se lança, novamente, nas sagas de reinvenção de si. O mundo, para ela, é ela no mundo, numa miscelânea bonita onde a criação cria...e a geração espontaneamente se perfaz... Ave!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Os caminhos tortuosos do coração...

Perdida em meio às constantes dores que me aflingem o corpo, senti no coração a dosagem maior de reverberação. Como o corpo aguenta tanto e esse meu músculo, tão frágil, pouco suporta? Não sei...afinal, tanto já levou de tranco, aos poucos bate com menos força...

A cada pontada de entranha latejante, um sorriso: eis-me aqui, forte, tão forte, tão forte para tantos que, diante da vitalidade de Atlas, ninguém repara que, por trás da alavanca existe uma sutil alma, leve, etérea e que se cansa...

Sim, estou cansada...apenas cansada, absurdamente cansada. Apenas por um dia, cansada. Por que tão cansada assim? Minhas olheiras já não mais no rosto espaço para se instalarem. O rubor de uma face sadia, há tempos, foi-se em direção do pálido gélido de alguém que está murchando, como uma flor que, aos poucos, sabe do seu fim.

Caminho diante do desconforto dos dias que se seguem, acobertando-me de intransigências pactuadas com minha própria alma. Que alma? Aquela que saiu de férias e ainda não retornou ao seu trabalho, a mesma que deseja viver num constante parque de diversões.

Acabou, será que não percebo? Acaba-se dia após dia no primado de uma corrente de escárnio diagnosticado como quimera de um idílio, nunca amoroso, pois, enfim, nunca vi amor matar tanto. Sim, talvez não perceba o que está posicionado bem diante do meu nariz...nada, além de cartilagem!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Que amor, que sonho, que estrela?

Miro o céu e percebo as estrelas hoje tão distantes de mim. Sinto a presença de sua alma, mas a distância que nos separa traz, cada vez mais, a dimensão do infinito. Forças gravitacionais que repelem e atraem, trazendo uma única pergunta: por que você não me ama? Por que as estrelas reagem ao amor com tanta ousadia de afastamento? Não sei, porque, confesso, encontro-me apenas a mirar.

Jogo-me na fagulha de uma intrépida nebulosa, que derrama na galáxia vazios indeléveis de almas que nunca se encontram apesar do desejo de, um dia, não mais caminharem solitárias em seus caminhos diletantes.

Em qual estrela deixei mesmo meu coração? Na mesma de onde, quem sabe, parti, um dia, para navegar nas searas indecifráveis do caminho de Sol, rumo ao vazio existencial do silêncio a residir na escuridão.

Cosmos vazio, retumbante vazio, premonitório do além-vida que se amplia, mas, que, ainda assim, não me traz em alguma nuvem baixa, o amor que, um dia, aspirei.

Tomo notas, tomo assombros, tomo notas ríspidas. Caminho, deito, levanto, ergo-me, esfacelo-me. Retraio meus músculos espatifados de quedas, buscando minha doce linda alma afim, que se esvai, vai sem nunca ter vindo. Quão espantosa e temerária a sensação de beligerância onde, por pressuposto, haveria amor. Que amor? O meu, bem sei, está aqui. Será? Resistirá a tanto atropelo que se alastra em meu peito, como uma doce sofreguidão a sufocar.

Como gostaria que fosse tudo tão diferente! Como gostaria de poder, um dia, alcançar as estrelas e perguntar para elas qual o segredo indecifrável que as compõe em sua maestria diante de um mundo de descrença e indiferença. Mas, ao mesmo tempo, como perguntar a um astro o que, no fundo, habita na essência de uma rosa? A mesma que, depois de morta, irá formar mais estrelas com seu nitrato. Não sei...

Apenas cedo e quedo, em muitas súplicas, para que venha esse lindo dia em que irei, ao fim, compreender o máximo de mim mesma, na mais singela apreensão de minha própria e linda... ignorância.

Ide, estrelas, penetrem no Infinito e salpiquem o Universo com a chama da esperança! Precisamos dela para viver, não achando que a vida, enfim, em fim, seja apenas um mar de desolação. Hoje estou assim...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Ciranda que se lança e desaba em si

É uma grande ciranda essa vida que se lança, passo a passo, pouco a pouco, na certeza do incontível na dúvida do que eternamente somos...

Que somos? Quem somos? Pedacinhos lindos de totalidade, presentes no sopro do Divino que habita em nós...Presentes, na incongruência do que pretendemos ser e que, de fato, pouco somos.


Com quantas máscaras ainda iremos nos mostrar uns aos outros? Quantas mentiras - além de nossos próprios atropelos - ainda iremos desfiar, em incontrastáveis rosários de redenção que, a bem de uma verdade - qual delas? - não redime ninguém?


Quanto ar ainda vai faltar aos nossos pulmões? Esses, coitados, respiram tudo, exceto o ar renovador. Respiram punhais, contendas, mentiras. Respiram engodos...Quantos mais? O que mais restará depois disso tudo?

Nada, pois, com areia, muito pouco se constroi além de castelos na praia. Morarei numa praia? Deserta? Já a habito, perdidamente encontrada em meus amplos pensamentos de visões, ocultas para quem não enxerga: claras para quem se permitiu olhar para meu coração.

Sucateado coração...esgarçado coração...Maravilhosamente amplo esse coração! Eita, coração que apanha e, a cada tombo, volta mais forte, seguro de desejar amar, sempre e sempre, abrindo-se para as grandes fendas dos sentimentos tórridos que ligam os corpos. Eita, coração etéreo, que se conecta ao Divinal e aspira sair de si! Monocórdio órgão manso, que já viu muito e já suou muito! Sua toda hora, sangra toda hora, ama toda hora! Lampeja toda hora! Demanda toda hora! Guenta, coração! Guenta que é por aí!

Eita, músculo forte...aguenta, venera, espera e guarda...aguarda, para perceber a hora e ir e vir!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

As grandes lições da saga de Harry Potter...

Sábias lições da saga harry potteriana povoam meu imaginário por agora, depois de um bombardeio produzido pelo impacto de finalizar 10 anos de história e 7 livros digeridos em 2 semanas e meia.

Tornei-me uma verdadeira expert em maldições e feitiços. Desde ascendium, passando por aguamenti, indo para alohomora....cada um deles com uma finalidade específica. Os mais impactantes, contudo, são os feitiços considerados mais perigosos e, por essa razão, proibidos pelo Ministério da Magia: cruciatus, imperius e avada kedavra.

O que está me fazendo pensar muito, mas muito mesmo durante esse período pós-filme diz respeito a um detalhe muito sutil, qual seja: o fato da conjuração da morte (avada kadavra) não ter sido usada um só instante pelos guerreiros da Luz, ou seja, tanto por Harry Potter, como por seus amigos.

A eticidade no combate travado entre eles e os comensais da morte e demais seguidores de Voldemort passa pelo silêncio na utilização da conjuração. Uma pérola para falarmos em carma, arbítrio e combate na Luz, porque, afinal, seria bem mais simples todo mundo ficar lançando raio verde de um lado ao outro, cada qual matando um ao outro.

Muitos amigos e amigas de Harry morreram sob o jugo da avada, mas, por outro lado, a força contida no plano da luz alimentou, ao final, a derrocada de Voldemort. Quando todos no cinema poderiam supor ser o momento de Harry - na superioridade - lançar a avada kedavra no moribundo Voldemort, eis que a lição foi exatamente outra: o mal se esgota e se aniquila por si só, em face da destruição que contém em si mesmo.

Voldemort foi morto - diga-se de passagem - por sua própria inteligência destrutiva, que criou horcruxes para dividir sua alma e dificultar o acesso à própria destruição. Ou seja, a vilania criou, desde o início, o contraponto do fim, pois o comportamento de Voldemort gerou cada um dos utensílios que fragilizariam sua existência.

E para coroar a perfeição, não poderia supor existir outra horcrux, que era o próprio Potter, num contraponto de feitiço ricocheteante, gerado sob a bandeira do amor incondicional da mãe do menino por este, uma vitória eterna do Bem em relação ao estereotipado mal.

O mais genial, nisso, contudo, reside em um momento do filme onde Voldemort, abraçado a Potter, confunde sua face com a dele, fundindo-se em um só rosto, a superação do ego e do alterego. O mesmo tipo de batalha interna presente na saga The Lord of the Rings, onde Frodo e Gollum, lado a lado, ambicionam e lutam pelo anel. Grosso modo, quem salvou a Terra Média foi o cobiçador Gollum, pois este foi quem pulou no decidido Frodo, que estava com o anel no dedo, tendo feito a escolha. Um paradoxo, pois, afinal, a personificação do Bem estava no hobbit, e não no deformado espectro...

Voldemort gerou seu fim desde o início, pois a derrocada apenas se deu por conta de toda uma empreitada de evitabilidade do que é inevitável: a morte. O lorde das Trevas quedou por tentar vencer o fim, enquanto Potter venceu porque, morrendo, encontrou a vida e, com ela e para além dela, enfrentou seu medo e renasceu. Tanto que, momentos antes, encontrou as energias dos parentes e amigos mortos, indo logo perguntar: "doi muito?" 'Mais rápido do que adormecer...Uma pérola!

Mas voltemos ao início, à maldição da morte, avada kadavra...Nunca proferida, uma única vez, por ninguém da Luz...O próprio Professor Lupin, antes dos combates, olhando para o horizonte repleto de capas negras dos comensais, fala que o importante não é a quantidade de pessoas, mas a MOTIVAÇÃO interna, a força contida no desiderato de cada um. Essa foi a sacada do filme, para mim, pois somente aí entendi onde reside realmente a superação das limitações...

Não é na reação oposta à ação, e sim na sublimação da ira contrafeita e contraposta, para, num perfeito golpe de aikidô, usar-se a energia do oponente para neutralizá-lo... A mãe Wesley soube bem usar isso, pois, vendo que a filha havia sido paralisada pela Belatrix Lestrange, enfureceu-se e...aha! Quando todos pensavam - de novo, olha só nossa pequenez - que iria falar AVADA KEDAVRA, ela simplesmente se encheu de sentimento de defesa - AMOR, sim, amor pode ser e é uma linda defesa - e se lançou na bruxa que, depois de tanta espinafrada, quebrou-se como uma louça chinesa. E nada de avada kedavra!

É...vendo esse filme lembro-me da necessidade de evoluir, pois, em muitos momentos, era eu quem estava prestes a falar AVADA KEDAVRA, mais ninguém...

Daí, quando pensei que já teria tido minha lição, eis que aparece Dumbledore, explicando a Harry que a maior magia reside - na opinião dele - nas palavras. Daí me lembro que a era da espada, por muitas vezes, em meus ciclos encarnatórios, transmutou-se na era da palavra...ou seja, matamos com palavras, assim como podemos remediar com as palavras, construir com cada uma delas e demover obstáculos com tantas outras.

Por isso, sabiamente conclui que o que fazemos nessa vida ecoa realmente pela ETERNIDADE. E viva toda a lição singela aprendida numa saga para lá de simbólica e espiritual. Uma pérola para se entender um pouco mais sobre o que é realmente AMOR.

domingo, 17 de julho de 2011

A dor alegre de um lacônico palhaço...

Dizem que os melhores e mais arrojados palhaços são aqueles que choram, às escondidas, nos bastidores de um espetáculo circense, pois revelam, nas entrelinhas de cada apresentação, a sublimação de seus terrores individuais para abrilhantar cada show em que expõem suas almas.

A virtude do bufão reside em fazer ironia de seu próprio destino nefasto, de uma dor, de um amor não correspondido, ou, ainda, de ser um palhaço para além do palhaço do picadeiro, servindo de chacota, quem sabe, para algum espectador que se compadeça de vê-lo chorar às claras.

Sou um eterno palhaço que chora, tendo como alimento uma plateia de adoradores que eventualmente me desejam em riso, sem saber que, na cochia ou no meu trailler, verte lágrimas embaixo do chuveiro, para alimentar, depois, o roteiro das minhas melhores piadas para salvar o dia.

A mesma plateia que deseja meu riso, sem saber, é aquela que me devora ao me fazer chorar: são os séquitos dos admiradores - uns secretos, outros, nem tanto - que se regozijam com minha performance, alfinetando-me, logo a seguir, para que faça algum sentido um palhaço feliz poder chorar às escondidas...

Nobre profissão a arte do riso e da felicidade alheia, pois drena e renova, dentro de nós, grandes palhaços de nós mesmos, o veneno de uma imensidão de ignonimias, chagas mortais para as almas que desejam ir além de suas limitações circenses. Se rio é porque choro, se derramo lágrima é porque me deleito, num picadeiro construído para me proteger - em meu próprio mundo - dos polegares para baixo dos espectadores de Coliseu...

Fonte da imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxjWsskfZT_UrGbcuRO-pZYM6w56zVbH5pDMXbH8s_d5BKOeL3Lpc-j_u9JbfNRtw4A_3ujr2vsF-lP2FbMvinnkTHsYWG59gy1W-h2uiS_qx1YFuHoC9Zqh3g9ymczftKNobv8vm-b5N8/s200/palhaco_triste.jpg

sábado, 16 de julho de 2011

Quando nada mais existe para se dizer...

Não quero dizer muito, apenas o bastante para minimizar a dor que insiste em me romper as vísceras já tão laceradas pelas lanças de outrora. Se ontem a espada me fendia o espírito, hoje é a doce e fina ação da inércia que me dilacera o coração, a alma e o peito, fazendo do meu todo infinitos fragmentos que - sabe-se lá - um dia, mais um dia, irei compor.

Canso-me de mim e da dor, mas, ao mesmo tempo, corro sempre em sua direção, afagando os rostos de quem pouco realmente se importa com algo que não seja a si mesmo. Projeto-me nos inimigos ocultos de outrora, recolhendo por onde passo as marcas dos meus caminhos, tantas vezes percorridos na mesma estrada. Em cada decepção uma rosa, lembrando-me de mim e de minhas mazelas existencias, cravadas, todas, nos peitos gentis que já apunhalei: todos voltam, pois volto, diante de mim, para mais punhaladas...todas elas pontuais e recorrentes.

Abro, então, o peito, sem medo da fenda que se abre...Sou eu, ao final, quem se apunhala. Não haveria de ser? Qual a medida de um amor que se vai sem nunca ter vindo? Apenas o relevo de uma doce geografia de montanha que não passou para o papel...

Assisto a tudo atônita, perdida nas lágrimas que não mais insisto em deixar cair. Que mal faz ao espírito verter sentimentos? Cada pérola que sai dos olhos reflete a certeza de estar evoluindo no compadecimento. A redenção do atropelo em insistir no que se revela tão óbvio...

Culpa, desculpa, quanta culpa! A nós venham todos os reinos! Todas as honras e todas as glórias para quem, com o beijo sagaz da traição, sela, de outra sorte, promessas de um devenir que nunca existirá. Infortúnios gerados na expectatica de uma frustração a embalar o ego rumo às tentativas e aos erros, pois, quem sabe, de tanto errar podemos aprender.

Meu peito rompe em dor, apenas dor. Não quero saber muito mais do que isso. A dor que afaga é a mesma que, depois, pretende a excusa, pois, de grão em grão, a galinha vai ao forno servir de refeição. Eis-me aqui, apenas vestida de dor. Atropelada, sofrida, cansada...mas, acima de tudo, consciente na fé...eis a fé, apenas ela, a me lançar para o ritual lúdico do funeral de um devaneio...

Quero que o dia acabe e, com ele, esvaiam-se as demandas que trouxe até aqui. Ai, como desejaria viver, um dia, quem sabe, um pouco de paz! Não será desta vez que viverei um grande Amor...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Os muros de pedra quedando ao solo de brisas infindas...

Um mundo de intensas experiências conduzindo a alma para outros percursos: eis-me aqui em novas re(des)construções, retirando cada pedra dos muros contidos de mim, para, num sopro, erguer sob a brisa a impermanência de tudo...


Acordo refeita - talvez desfeita do que sequer encabeçou a concretudo - acalentada pela esperança de volta ao lar. Que lar? Aquele aconchego que se dilui de minha materialidade, para me fazer dormir na serena ponte entre o ser, o estar e o simplesmente viver.


A morada de um doce abraço de mim, beijada em espírito pela grande horda atônita dos que tanto me acariciam, dizendo, a toda sorte, "vá, lance-se no fiel retorno às origens". Receosa, mas confiante na estrada cujo caminho já não me é tão estranho, lampejo diante da marca lânguida de um voo ornado de glórias dipersas na imensidão do Infinito que irradia do opúsculo de energia infinita. Eis a alma, sem fim, que a tudo assiste e se delicia diante dos espetáculos de vigor para os quais se encaminha.


Quantos caminhos poderei viver em uma vida? Quantas escolhas serenas poderão advir da intensidade do aprender? Dicotômicas matizes de honra, glória, humildade e serenidade, podem residir um pequenino corpo, que se desloca diante do Cosmos que se me amplia?


Feixes etéreos brandam vozes de inteireza: contradizem-se diante do fragmento de incerteza, salntando aos olhos por força da mensagem do Universo integral, perfeito, divino e imaculado, despido de véus, ritos, liturgias: apenas o silêncio e, com ele, a vacuidade do Amor que transborda, aos poucos - aos muitos - por cada um dos poros desse corpo, que insiste em procurar os seus.


Seus? Meus? Nossos? Quanta propriedade ainda pode persistir numa dimensão atônita de sereno caos em que posses, riquezas e farturas quedam inertes diante da aparente certeza paradoxalmente crida? Não sei, nada quero saber de mim diante do que se revela como profundas lembranças que insisto em não mais reter na memória.

Desfaleço, criando uma ponte sem sentido, mas confiante no devenir sem expectativa... É o mundo que se me atravessa, como uma lacerada contusa de marcos ainda não transponíveis, mas que se avizinham, aos poucos, no horizonte pulsátil que sempre se remodela.

Abraço-me na esperança de me reencontrar no cálido semblante de quem, um dia, pôde se dizer...apenas... AMOR!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Intuição ou defesa? A mais antiga arte de sabotar a FELICIDADE

Por quantas vezes acordei, em plena madrugada, com brados de taquicardia, vontade de vomitar, confiando piamente que meu companheiro estava em algum lugar "aprontando" comigo? Sim, a isso sempre nominei "intuição", a mais poderosa arma evolutiva, colocada à disposição da Nova Era, um radar pronto a decifrar os enigmas da mente.


Da mera pontada no peito advinha a lacerada no estômago, seguida pela incessante capacidade mental de conexão de pontos, de eixos, histórias e fragmentos, tecendo eu, ao final, uma coerente história, digna de povoar tanto um roteiro criativo de uma novela global, como, ainda, talvez, um inquérito policial extremamente arrojado em seus propósitos de encontrar um "culpado" em quem depositar a responsabilidade pelas mazelas que nutri, por eras e vidas, em face de minha ignorância de mim...


Doce ignorância! Atribuí à alteridade a chaga da culpa, consciente ou inconsciente, afastando, assim, a grande possibilidade de se elevar egrégoras e evoluir...


Mal sabia (ou sei) que, nesse enredo, culpada, vítima, algoz, juiz e testemunha confundem-se em uma pessoa: eu, na linha tênue entre o que trago de dores que marcaram a alma de fragmentos e a intuição desapegada delas, o que é bem mais complexo e difícil.


Não que a intuição minha não tivesse "funcionado", não é essa a questão...mas, antes, é a interpretação dada ao que estabeleci como fato que trazia e traz o diferencial entre saber quando estou no plano da sabotagem emocional, quando estou flutuando para além de minha existência corpórea, acessando arquivos sutis em zonas eletromagnéticas menos densas que o império da carne...


O deslumbramento diante da benesse da Visão traz aquela pontada de sensação x-meniana (inventei agora) de ser 'especial', diferente o bastante para nos colocarmos acima do Bem e do Mal, arvorando-nos de insights para rotular - sob a alcunha de clarividência, sensitividade ou sei lá quais outras nomenclaturas - as pessoas.


O arrepio de se colocar como "conhecedora" e narradora omnisciente do espetáculo do mundo (dos outros) fez com que, por muitas vezes, esquecesse que sou simplesmente... humana, em meus mais profundos obstáculos a serem galgados para o salto quântico rumo à Origem.


Não raro "vemos" as "vidas pretéritas" de nossos irmãos e irmãs, traçando uma suntuosa teia de ligações lógico-causais, sem atentar, contudo, para um sutil detalhe (sutil como uma pata de mastodonte com elefantíase): qual a exata medida da distinção entre o que é o arquivo do Universo e nossas projeções de ego? Não estaríamos lançando mão de "interpretar" o outro incorrendo no erro de apenas, ali, estarmos nos firmando em nossas próprias mazelas e demandas?


O que é pior: quem realmente somos, o bastante para, em nome de uma função "oracular-de-meia-pataca", avaliar, julgar, engavetar vidas, pessoas, sentimentos e trajetórias?


Mais contundentemente...qual o resultado cármico de se propalar para uma pessoa nossa "interpretação" sobre sua vida? Já pensamos nisso? Nos impactos que nossos atos e nossas palavras trazem aos outros em termos de "teorias de conspiração" que servem, ao final, apenas a nós mesmos?


De tanto observar que, ao final, o que me ligava aos meus insights "sobre os outros" era o arquivo de coisas mal resolvidas comigo, enfim, estou desistindo... Mas não desisto de mim, de minha intuição, de minha Visão.


Desisto do meu ego incessantemente receoso, desconfiado. Ego pronto a se blindar para não passar pelas experiências da vida.


Desisto da mesmice e da rotina confortável de ficar sentada sobre minha bunda olhando o mundo e, arrogantemente, achando que "decifro" os outros, quando, a bem da verdade, estou lançando na alteridade o arremedo do que não tenho coragem de encarar em mim.


Desisto das horas em que passei observando o mundo e separando joios e trigos, sem atentar para o fato de, assim fazendo, eu me apartar de mim, numa lógica de mal-enjambrada racionalidade que, salvo melhor juízo, lançou a humanidade numa latrina espiritual há tempos, desde quando Descartes entendeu que existia apenas porque pensava... Melhor seria se nunca tivesse concluído isso, pois, assim, a Grande Ciência (filosofia, espiritualidade, ciências naturais) nunca haveria de ter se fragmentado e, com isso, estaríamos na superação efetiva da dualidade (mente e corpo) que tanto nos incomoda...


Desisto nas "vidas passadas" dos outros, quando as minhas, as minhas, não encaro como sendo apenas o que são... passado.


Desisto das Cleópatras, dos Júlios Césares, dos bárbaros, das Boudiccas.


Desisto das batalhas em que matei, morri, difamei, assassinei.


Desisto das noites da taverna, assim como desisto de tudo que, um dia, fez com que levianamente eu me colocasse como "senhora do Mundo", detalhando epicamente histórias que não passam de enredos de minha vida que se lança em quem está a minha frente.


Mas, então, voltamos à pergunta inicial: como saber quando estamos diante de um insight, de uma forte intuição, quando estamos diante de nossos medos projetados em histórias fomentadas pela mente?


Sinceramente? Não sei responder, porque igualmente seria muito leviana em pretender criar uma fórmula "mágica", para que todas as pessoas no mundo pudessem saber quando estão intuindo, quando estão projetando... Nem bem sei de mim!


Mas uma coisa, em minha vida, por ora, tem sido a constância: minha intuição mais redonda não vem num sobressalto afoito de minha organicidade...não vem da taquicardia, da dor no estômago...pois isso, essas "pontadas" são apenas meus medos - coração? Medo de amar... estômago? Medo de fazer, agir, confiar - mas, sim do silêncio que eventualmente se estabelece dentro de mim. Uma sensação de vazio profundo onde a magnitude pode se revelar.


Albert Einstein, certa vez, falou: "penso 99 vezes e nada concluo. Deixo de pensar e eis que o Universo se me revela".


O que é isso? O silêncio.


Dizem que a oração é nossa conversa com Deus e a meditação no silêncio da alma é o canal para Deus falar ao coração da gente.


Por isso, talvez, eu achasse tão difícil Deus falar comigo: muitas vezes não calei e esvaziei minha mente de todo esse arsenal bem montado de ideias que se entrelaçam na sabotagem, mas que dão uma baita sensação de efêmero poder...










domingo, 3 de julho de 2011

A viagem para além do que se finda aqui

Viajei aos céus e me embriaguei do mar

mergulhando nas profundezas das dores que me faziam fugir de mim.

Pranteei aos deuses meus delírios

ouvindo o doce som de uma melodia de silêncio

a falar, o tempo inteiro, sobre as coisas que, um dia, hão de ter fim!


Assustei-me e voltei, abrindo meus passos em longas escalas

nos contratempos atribulados de um compasso a se repetir

Na brevidade de uma música que sabe, ao certo, do seu passado

a se processar na continuidade do ruir.


Acalanto da amorosidade de um ruído que se anuncia

Latente ordem de rumores que se impactam ao menor sinal de vida

Sim! Pulsa-se a vida para além de mim...

Que mim? Que ti? Que nós?

Os mesmos que se confundem com as flores e os espinhos dos caminhos.

Lembrando da estrada cheia de experiências!


Colhendo, vertendo, sorrindo e lamentando, por que?

Nem bem sabemos, pois o que se sabe além do próprio desconhecimento?

Que se sabe? A viagem que se sabe é a mesma que se lança, por vezes,

na inteireza dos fragmentos que vão se recolhendo

à sombra dos vales nunca dantes percorridos!

Rompidos outrora pelos percalços

de desnudos calços, tão efemeramente datados...

Sentenciados ao amor eterno na busca incessante de si...


Ao final, que final? O mesmo que encerra o selo do início

Contido no pranto de adeus que acena para a irmandade do "olá"

Vida-morte-vida

Fim-início-fim

???

Faces de um mesmo Janus já tão cansado de não saber qual face virar

Acobertado pela máscara que ousou em si prostrar...

Vazio que se busca no outro com quem se confunde!

Quando me perco de mim...

Hei de me perder de mim para me encontrar em alguma nuvem carregada de emoção, a mesma que tem embalado meu coração a navegar mares para encontrar com o seu.


Pulsando em milhares de tempos, de infindos lastros de ciclos, regrados no viés do contratempo de uma simples melodia que avassala a alma apenas no tisnar da primeira nota a apontar o céu.


Que estranheza olhar para o fundo do espelho e se melindrar!


Que chocante o elétron ali bater e retornar, pulsando, quem sabe, a mesma sensação que nunca antes vivi, abscôndita em meu ser que se revela em cada (descom)passo de uma longa trilha...


O foco etéreo enfocaenfim a marginalidade do que de mim evoca, em tempos, os atropelos do que restou incólume de tantas couraças revividas...pouco a pouco, quem sabe, será...rompidas, apenas pela vastidão do encontro de almas que se aplacam em suas diferenças tão desigualmente iguais...


Que estranheza simplesmente evaporar num lampejo de euforia que desloca o "se" para o projeto de "quando", num rompante de denevir que muito pouco sabemos se, um dia, irá realmente existir. Pouco importa! Efêmero, já existe! Selou a face ruborizada com o desconhecido, marcou profundamente o caminho por onde já passou, no instante em que a janela da alma foi devassada pelo lacerante olhar que tudo


Quem sabe, ao certo, quanto tempo tudo dura? Não sei, ó, tão pouco sei de mim, a não ser que dali a pouco (ou muito) cerro meus olhos, não sem antes ter vivido tanto, amando ardorosamente cada passo dado nesse maravilhoso desafio que é VIVER.


Infecundo tempo estático, ranhuras de um movimento etéreo, que se firma, não finda, mas não firma. Infindo, de fato, em meio às perdas de um encantamento que se alastra, provocando tremores na mais ancestral montanha: a da couraça intangida do ego transposto em flores...


Grande impacto, de muitas cores, relembrando incessante que o passado fica para os confins das imagens, cedendo espaço para a renovação diuturna e cálida, daquelas que simplestemente chegam, sem muito pedir licença, produzindo fios de ouro por sobre nossas cabeças.


Coroas por sobre cabeças, encontrando-se em tantas pontes a percorrer vãos eternos dos rios de tantas vidas que escoam para o mar! Quantas coroas ornam cabeças de reis que se entregam para o afago da morte, na vida que se projeta dela para a renovação de mais um Todo... Grande Todo, que se busca na funda malha de perpétuos laços, trombadas amaciadas pelo tempero salubre das causalidades incompreensíveis aos olhos marejados por tantas lágrimas.


Ah, perda de mim! Quão impactante é a vereda de onde olho minha sina a se desenrolar diante de minha própria ignorância em não saber nada além do nada sobre mim mesma! Maravilhosa ignorância que se desconhece, para penetrar na ingenuidade que insiste em acreditar no que está nos céus, procurando vagar em meio às atribulações de um lago de lânguidas águas agitadas, mas que traz, ao fundo, aos poucos, a transparência da descoberta de si mesmo...


Perco-me de mim para me encontrar num eu distante do que teria sido, em vão, talvez, a vaporosidade de meus largos passos...profundos passos, mas que foram deixados na areia, prontos para acalentar o beijo de morte que em cada onda sela sua brevidade...