terça-feira, 11 de maio de 2010

A volta às aulas do quem sequer um dia entrou em greve

Hoje acabou a greve na UnB e me pergunto, como sempre: quando iremos inovar em movimentações e mobilizações mais criativas, pro ativas e direcionadas a quem realmente desejamos sensibilizar?

A greve veio, de início, simples, singela, da ingenuidade marxista de uma unidade de estamentos que nunca se imiscuiram (servidores e professores). O mundo, por instantes, parou, diante da expectativa de "todos e todas darmos as mãos" em prol de um lugar comum, mesmo disante de lugares de fala distintos.

Completando a tríade, sempre, os alunos e as alunas, baluartes da sensibilidade em torno da idéia de ativismo e crítica ao sistema (mesmo que sequer saibamos que entranhado(a)s nele estamos, amém).

Um dia, dois dias, três dias...

Sessenta dias e pronto, o preço existencial de uma cisão no compartilhar... Os professores e as professoras voltam - a volta triunfal dos que nunca foram - enquanto o corpo técnico (a mola-mestra dos que efetivamente param uma instituição, mas que são relegados a segundo ou terceiro planos, pois não são "dôtotres"), doído pelo golpe da deslealdade, decide manter o movimento, indo de encontro à unidade.

Será que foram? Ou será que a unidade, de fato, prestou-se a subterfúgio de pactos velados de pseudo-confraternização, cedendo espaço, mais uma vez, à lebre do corporativismo que apenas expõe o lado mais frágil da vaidade humana: a arrogância dos mandos e desmandos de quem "decide".

Quem, ao final, decidiu?

Não sei, apenas sei que dependo, hoje, mais da maravilhosa bibliotecária do que de meus professores, porque de nada adiantam os textos sem um calabouço onde eu possa buscar a prisão.

A greve acabou e, com ela, o sonho de uma unidade que se fez em cima da indiferença em relação às desigualdades.

As sugestões, sempre, sempre...

Estou de saco cheio de paralisação... Por que não uma ATIVIZAÇÃO? Uma ATIVAÇÃO? Quem sabe, ao invés de pararmos, poderemos assistir às aulas na fuça do Ministro da Educação, ou, ainda, sentados e sentadas em frente à AGU? Seria uma picardia maravilhosa! O incômodo e a intromissão nos assuntos de Estado...

Greve virou, para mim, o senso comum da mesmice em se pedir sempre o que se sabe ser algo que envolve muita complexidade... lembro-me, certa feita, de uma "greve"dos rodoviários em São Paulo: ao invés de parar, eles circularam não cobrando dos usuários...Inovador, não?

Pensamos tanto na academia, somos tãO ERUDITOS e LeTraDOs... por que não subvertemos até mesmo a contestação? A velha fórmula da greve está sendo enfadonha, a menos que nos posicionemos nus...Uhuu, aí, sim, uma senhora greve...Pois, ao menos, estaremos sem máscaras! As máscaras da ribalta que tanto falam de nossas hipocrisias.

Já vai tarde...

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