quinta-feira, 21 de julho de 2011

Que amor, que sonho, que estrela?

Miro o céu e percebo as estrelas hoje tão distantes de mim. Sinto a presença de sua alma, mas a distância que nos separa traz, cada vez mais, a dimensão do infinito. Forças gravitacionais que repelem e atraem, trazendo uma única pergunta: por que você não me ama? Por que as estrelas reagem ao amor com tanta ousadia de afastamento? Não sei, porque, confesso, encontro-me apenas a mirar.

Jogo-me na fagulha de uma intrépida nebulosa, que derrama na galáxia vazios indeléveis de almas que nunca se encontram apesar do desejo de, um dia, não mais caminharem solitárias em seus caminhos diletantes.

Em qual estrela deixei mesmo meu coração? Na mesma de onde, quem sabe, parti, um dia, para navegar nas searas indecifráveis do caminho de Sol, rumo ao vazio existencial do silêncio a residir na escuridão.

Cosmos vazio, retumbante vazio, premonitório do além-vida que se amplia, mas, que, ainda assim, não me traz em alguma nuvem baixa, o amor que, um dia, aspirei.

Tomo notas, tomo assombros, tomo notas ríspidas. Caminho, deito, levanto, ergo-me, esfacelo-me. Retraio meus músculos espatifados de quedas, buscando minha doce linda alma afim, que se esvai, vai sem nunca ter vindo. Quão espantosa e temerária a sensação de beligerância onde, por pressuposto, haveria amor. Que amor? O meu, bem sei, está aqui. Será? Resistirá a tanto atropelo que se alastra em meu peito, como uma doce sofreguidão a sufocar.

Como gostaria que fosse tudo tão diferente! Como gostaria de poder, um dia, alcançar as estrelas e perguntar para elas qual o segredo indecifrável que as compõe em sua maestria diante de um mundo de descrença e indiferença. Mas, ao mesmo tempo, como perguntar a um astro o que, no fundo, habita na essência de uma rosa? A mesma que, depois de morta, irá formar mais estrelas com seu nitrato. Não sei...

Apenas cedo e quedo, em muitas súplicas, para que venha esse lindo dia em que irei, ao fim, compreender o máximo de mim mesma, na mais singela apreensão de minha própria e linda... ignorância.

Ide, estrelas, penetrem no Infinito e salpiquem o Universo com a chama da esperança! Precisamos dela para viver, não achando que a vida, enfim, em fim, seja apenas um mar de desolação. Hoje estou assim...

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