domingo, 3 de julho de 2011

Quando me perco de mim...

Hei de me perder de mim para me encontrar em alguma nuvem carregada de emoção, a mesma que tem embalado meu coração a navegar mares para encontrar com o seu.


Pulsando em milhares de tempos, de infindos lastros de ciclos, regrados no viés do contratempo de uma simples melodia que avassala a alma apenas no tisnar da primeira nota a apontar o céu.


Que estranheza olhar para o fundo do espelho e se melindrar!


Que chocante o elétron ali bater e retornar, pulsando, quem sabe, a mesma sensação que nunca antes vivi, abscôndita em meu ser que se revela em cada (descom)passo de uma longa trilha...


O foco etéreo enfocaenfim a marginalidade do que de mim evoca, em tempos, os atropelos do que restou incólume de tantas couraças revividas...pouco a pouco, quem sabe, será...rompidas, apenas pela vastidão do encontro de almas que se aplacam em suas diferenças tão desigualmente iguais...


Que estranheza simplesmente evaporar num lampejo de euforia que desloca o "se" para o projeto de "quando", num rompante de denevir que muito pouco sabemos se, um dia, irá realmente existir. Pouco importa! Efêmero, já existe! Selou a face ruborizada com o desconhecido, marcou profundamente o caminho por onde já passou, no instante em que a janela da alma foi devassada pelo lacerante olhar que tudo


Quem sabe, ao certo, quanto tempo tudo dura? Não sei, ó, tão pouco sei de mim, a não ser que dali a pouco (ou muito) cerro meus olhos, não sem antes ter vivido tanto, amando ardorosamente cada passo dado nesse maravilhoso desafio que é VIVER.


Infecundo tempo estático, ranhuras de um movimento etéreo, que se firma, não finda, mas não firma. Infindo, de fato, em meio às perdas de um encantamento que se alastra, provocando tremores na mais ancestral montanha: a da couraça intangida do ego transposto em flores...


Grande impacto, de muitas cores, relembrando incessante que o passado fica para os confins das imagens, cedendo espaço para a renovação diuturna e cálida, daquelas que simplestemente chegam, sem muito pedir licença, produzindo fios de ouro por sobre nossas cabeças.


Coroas por sobre cabeças, encontrando-se em tantas pontes a percorrer vãos eternos dos rios de tantas vidas que escoam para o mar! Quantas coroas ornam cabeças de reis que se entregam para o afago da morte, na vida que se projeta dela para a renovação de mais um Todo... Grande Todo, que se busca na funda malha de perpétuos laços, trombadas amaciadas pelo tempero salubre das causalidades incompreensíveis aos olhos marejados por tantas lágrimas.


Ah, perda de mim! Quão impactante é a vereda de onde olho minha sina a se desenrolar diante de minha própria ignorância em não saber nada além do nada sobre mim mesma! Maravilhosa ignorância que se desconhece, para penetrar na ingenuidade que insiste em acreditar no que está nos céus, procurando vagar em meio às atribulações de um lago de lânguidas águas agitadas, mas que traz, ao fundo, aos poucos, a transparência da descoberta de si mesmo...


Perco-me de mim para me encontrar num eu distante do que teria sido, em vão, talvez, a vaporosidade de meus largos passos...profundos passos, mas que foram deixados na areia, prontos para acalentar o beijo de morte que em cada onda sela sua brevidade...

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