segunda-feira, 13 de maio de 2013

Fazendo da vida nossa própria ponte...

Pontes sempre representaram para a humanidade a metáfora mais completa das ligações, dos elos que firmamos saindo de um ponto a outro, na esperança, quem sabe, de um devenir ainda melhor e mais surpreendente.

Mas se a vida fosse, em si mesma, não um suceder de pontes, mas uma eternidade delas, justapostas, uma a uma, no transcurso de seu próprio caminho? 

Se o sentido de "busca" for apenas um paliativo para o que, de fato, é a vida que se desenrola, sem que necessitemos dela extrair um liame unindo caminhos e trilhas? 

Afinal, quantas e quantas pontes não já atravessamos durante toda a nossa existência, de modo a, de repente, não existir um mundo sólido ligado por construções, mas, antes, a plasticidade que se reelabora a cada momento.

Quando olho para as pontes em minha jornada, deparo-me com cisões em relação a continuidades, bem como com rupturas que me separam de estradas de conforto em que, um dia, ousei estagnar. 

Daí, percebendo que a ponte se destaca na imensidão do que se avizinha de meus passos, internalizo a ideia de não existir, no fundo, uma limitação permanente para os caminhos que tomo, mas, ao contrário, a fluidez com que a vida simplesmente segue seu curso.

Com isso, não sei, mas a ponte fixa passaria a representar uma zona de segurança para nossa psiquê, na medida em que, voláteis em nossos caminhos, não tenhamos a certeza do que se coloca às nossas frontes. Construímos, então, pontes, para o apego de nossos egos que ainda demandam a segurança no conhecimento a respeito de onde pisamos.

Por isso pontes de pedra, tijolos, pontes de aço. Tudo para nos remeter à firmeza em nossos passos. Nesse vendaval de intempéries sobre a estabilidade, a ponte revela um centro em cima do qual podemos nos sentir mais acalentados diante das vicissitudes do viver...

Mas, enfim, uma pergunta - dentre tantas! - vem à tona: como tudo que há de mais impermanente e instável, como pode uma construção desafiar a entrópica desestruturação do Universo? Quando nem mesmo a Terra descansa estática em seu berço colossal (terremotos, tsunamis, abalos sísmicos), o que esperar de uma justaposição precária, usualmente construída por nossa ilusão de certeza?

Fico, então, com a incerteza da segurança de um ponte. Na maravilha do que é a adrenalina de sentir uma provisória segurança de que tudo está calmo, mas na incontida fé de que o que é sólido também se desfaz em pleno ar: eis o mistério da grande magia do que é estar no aqui e no agora, pois o início da ponte já findou para trás, enquanto o devenir ainda está em um outro lado.

Certeza? Se existir, apenas de onde parei na última pisada antes o devir, pois, afinal, dentro disso, inexistem passado e futuro em uma ponte calcada com tijolos da vastidão da efemeridade.

E viva nossas pontes de intempéries!

Boa semana e que saibamos de nossas pontes assim como sabemos de nossa continuidade: muito pouco mas o bastante para atravessá-las com júbilo!

Que assim seja e assim se faça!

Blessed be!

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