sábado, 13 de abril de 2013

Olhando com a janela da alma o que os olhos não conseguem alcançar

Ela pode chegar de mansinho, em lapsos e sussurros ou, para algumas pessoas, de supetão, num arroubo pode até mesmo envolver mudanças fisiológicas, como febre, dor no estômago ou calafrios. Não importa a maneira de se manifestar a intuição, pois é o sinal que ela revela o mais significativo conteúdo que podemos extrair como lição para nossas vidas.

Dizem que a intuição é o sopro da Grande Mãe Sagrada em nosso terceiro olho, localizado numa região fecunda entre os olhos, acomodado pela glândula   denominada pituitária, responsável pela capacidade criativa, imagética, além, claro, da concentração necessária para alcançarmos estados mais elevados de conexão com a divindade. 

Ela traz o lampejo que não é visível com os olhos físicos, mas, dependendo do grau de desenvolvimento da atividade intuitiva, pode trazer a imantação de verdadeiras imagens, tal qual uma tela de cinema, na qual a reprodução de flashes nos transporta para a sensação acalentada de omnisciência súbita, como se fôssemos invadidas por toda a informação do Universo compartimentada em nossos frágeis corpos.

Estar conectada com nossa mais profunda dimensão anímica é condição essencial para que recebamos os sinais que a intuição se nos revela e quanto mais imergimos nessa imensa teia de plenitude com o sagrado, mais e mais sentimos a força vital que nos impele para a compreensão do que está visível para esses olhos invisíveis.

Pela via intuitiva somos capazes de enxergar o que não se acessa, a sentir o que não é dizível, bem como até mesmo presenciar os campos magnéticos repletos de informações dispostas em grandes ondas multidimensionais, que penetram por nossa pele porosa, bem como pelos centros vitais de energia e, alojando-se no cardíaco, convidam-nos a experienciar esses rompantes magníficos.

Com isso, sempre que você escutar uma voz que traz leveza - não a confunda com o medo, que traz o mecanismo de defesa a nos impedir de vivenciar experiências - não hesite em se direcionar para onde ela a encaminhar: trata-se de nossa intuição a dar pontadas para que possamos escutá-la. Não a despreze, pois, no fundo, é o sussurrar da Deusa edificadora a cuidar de você, colocando-a na palma da mão para acalentá-la. 

Não tenha vergonha de sua intuição, muito menos permita que qualquer pessoa que seja desqualifique seu potencial intuitivo, dizendo que você "está louca", que "está fantasiando" etc.: o patriarcado, que desvirtuou a ciência ao longo dos séculos de monopólio do conhecimento, costuma utilizar desse artifício para menosprezar uma modalidade de episthème que desconhece. 

Afinal, a marca da "racionalidade" que nega os processos psíquicos mais profundos é a mesma que providencialmente alojou a intuição desenvolvida mais pela mulher. Isso não quer dizer que os homens não a tenham: a construção social de papéis que encaminharam para a alocação de um binário, no qual se insiste em afirmar que o mundo da razão é afeto ao homem, enquanto o da intuição seria afeto à mulher. 

Quanto mais o universo machista desconhece o absurdo desse limiar e reproduz a ideia do desprezo pela intuição, mais tenta submeter e subjugar o feminino, detentor universal dos segredos do desconhecido situado além do mundo físico: por isso que o arquétipo da bruxa é tão mal visto em nossa sociedade, sendo relegado a um espaço inferior e abjeto, quando, a bem da verdade, as bruxas - nós, bruxas - somos a resultante de um conhecimento perseguido religiosamente por se opor ao monopólio do conhecimento "oficial" que, ops, era masculino!

A intuição sempre me salva, ainda que eu insista em não ouvi-la no momento em que se manifesta. Tive a oportunidade de me relacionar com uma pessoa virtualmente, comunicando-me com ela pela internet durante certo tempo, enquanto a voz interior fazia um verdadeiro escaneamento a partir do que meus olhos físicos liam na tela do computador. 

Diuturnamente falava para mim o quão machista e usurpador a pessoa era, falseando motivos para me conhecer e, com isso, encobrindo seu desiderato mais oculto de pretender auferir vantagem em se relacionar comigo. Isso era notório na fala, no discurso, bem como nos atos falhos que a pessoa deixava explicitamente no ar. 

Mas, ainda que a vozinha falasse, eu estava, naquele momento, entendendo que poderia ser um ato de sabotagem o conteúdo do que, de fato, era o panteão da minha ancestralidade (ou a voz da Deusa) me dizendo amorosamente que o caminho não era aquele.  

Imbuída pela liberdade em escolher, optei por me encontrar com a pessoa, ainda que o script de uma história que veio em download acenasse para o afastamento. Li as runas todos os dias antes do grande encontro e, em todas as ocasiões em que me debruçava na leitura, as pedras sempre acenavam para o afastamento e para o que a intuição mencionara.

Quando encontrei com ele senti um calafrio por todas as partes do corpo ao abraçá-lo, o que me trouxe intensa reflexão sobre aquilo tudo. A cada dia - num lapso de duas semanas - meus insights anteriores eram confirmado pelo dèja vu da lembrança daquilo que, meses atrás, veio quando nos comunicamos pela internet. Não me arrependo do encontro, pois, afinal, duas semanas são um tempo muito razoável para se confirmar a informação que já estava acessível. 

Com muita parcimônia afastei-me da pessoa e, com isso, a vida brindou-me com a tranquilidade, o bem-estar e a plenitude que haviam desaparecido por ocasião do encontro com o irmão completamente perdido em sua senda. Agradecida, deixei o fluxo da vida tomar conta de mim e, com isso, eis-me aqui, firme, forte, poderosa e plena, louvando minha Sagrada Mãe com minha eterna gratidão em poder ouvir mais a intuição!





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