quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Dias de sol, dias de chuva...

Fonte da imagem: https://rebeccalatsonphotography.files.wordpress.com/2011/08/8446_view-toward-cushendal.jpg
Esses últimos dias têm sido uma aventura aqui no cerrado: alguns dias nos brindam com finas gotículas de água, anunciando, quem sabe, mais tarde, o quedar das águas mais intensas para aplacar nossa sede de umidade. 

Outros, porém, marcam o intenso sol a nos lembrar da polarização e, sobretudo, da força incontida da Natureza: definitivamente não aprendemos, ainda, que a relação com Gaia é regida, acima de tudo, pela altivez da força da terra, da água, do fogo e do ar, e não pelo bel-prazer de nossas pueris vontades de a tudo controlar.

A força com a qual a Natureza tem despejado sua ira - será mesmo ira? Afinal, o que existe de irascibilidade no mero fluxo da vida? Tenho minha desconfiança - assusta até mesmo os mais incrédulos: chuvas derrubam montanhas, avassalam pastos. 

Vulcões trepidam a terra. Mares invadem, sem pedir licença, a zona de conforto com a qual insistimos em acreditar que somos eternos. Tudo que outrora foi sólido, hoje se transmuta em etéreo. 

É a efemeridade, e não a permanência, que nos leva a sentir o quanto é necessário o despojamento das amenidades que nos condicionam aos padrões que nos machucam. 

Tal qual o fogo em seu crepitar, simplesmente saber viver dias de sol, dias de chuva é o caminho da sabedoria em se fazer a passagem, em vida, para a transição final rumo ao sagrado desconhecido.

Ultimamente tenho experienciado um estado de alma alimentado pelas diuturnas sensações de viver em meio à eterna transição sol-chuva. 

Indo e vindo, tornando meu estado de alma suscetível a simplesmente deixar fluir, tenho buscado apenas... não buscar. Não insistir, não forçar situações de chuva, quando, de fato, encontro-me na plenitude do Sol.

Ou, então, se estou pingando em meio ao suor, aproveito para sentir, um pouco que seja, em cada gota a ternura de uma pequena chuva enviesada no meu rosto. 

Aproveitar o que a Natureza nos dá é o primeiro passo, ao final, para aproveitar, ao máximo, a vida em si. 

Claro que o movimento não é previsível. De fato, muito pouco depende de nós, já que o estado é, antes de tudo, a confluência de todos os elementos dispostos na Terra. 

Mas acho que a mera percepção de não termos absolutamente controle sobre as demandas da vida já é o bastante para produzir a convicção de empenho máximo rumo ao bem-viver.





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