Fonte da imagem: https://rebeccalatsonphotography.files.wordpress.com/2011/08/8446_view-toward-cushendal.jpg |
Outros, porém, marcam o intenso sol a nos lembrar da polarização e, sobretudo, da força incontida da Natureza: definitivamente não aprendemos, ainda, que a relação com Gaia é regida, acima de tudo, pela altivez da força da terra, da água, do fogo e do ar, e não pelo bel-prazer de nossas pueris vontades de a tudo controlar.
A força com a qual a Natureza tem despejado sua ira - será mesmo ira? Afinal, o que existe de irascibilidade no mero fluxo da vida? Tenho minha desconfiança - assusta até mesmo os mais incrédulos: chuvas derrubam montanhas, avassalam pastos.
Vulcões trepidam a terra. Mares invadem, sem pedir licença, a zona de conforto com a qual insistimos em acreditar que somos eternos. Tudo que outrora foi sólido, hoje se transmuta em etéreo.
É a efemeridade, e não a permanência, que nos leva a sentir o quanto é necessário o despojamento das amenidades que nos condicionam aos padrões que nos machucam.
Tal qual o fogo em seu crepitar, simplesmente saber viver dias de sol, dias de chuva é o caminho da sabedoria em se fazer a passagem, em vida, para a transição final rumo ao sagrado desconhecido.
Ultimamente tenho experienciado um estado de alma alimentado pelas diuturnas sensações de viver em meio à eterna transição sol-chuva.
Indo e vindo, tornando meu estado de alma suscetível a simplesmente deixar fluir, tenho buscado apenas... não buscar. Não insistir, não forçar situações de chuva, quando, de fato, encontro-me na plenitude do Sol.
Ou, então, se estou pingando em meio ao suor, aproveito para sentir, um pouco que seja, em cada gota a ternura de uma pequena chuva enviesada no meu rosto.
Aproveitar o que a Natureza nos dá é o primeiro passo, ao final, para aproveitar, ao máximo, a vida em si.
Claro que o movimento não é previsível. De fato, muito pouco depende de nós, já que o estado é, antes de tudo, a confluência de todos os elementos dispostos na Terra.
Mas acho que a mera percepção de não termos absolutamente controle sobre as demandas da vida já é o bastante para produzir a convicção de empenho máximo rumo ao bem-viver.
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