quarta-feira, 11 de julho de 2012

De sol a sol, a mudança constante que liberta a alma

Nesses dias de intenso inverno que se estabelece, vejo o céu prenunciando o acinzentado de uma hora que chega, de mansinho, lembrando que o dia se findou e, com ele, o filete de vida que se renova em todo por-do-sol...


Os finais são sempre um filme que se renova na aquarela da vida, já que nos lembram que o Sol sempre nasce após o repouso de uma Lua, na paráfrase de um poeta insano que, algum dia, foi chamado de normal por quem não sabia o denso significado da palavra amor...


Findam-se os dias, acabam-se os momentos, ficam as lembranças que sempre estão a se renovar, porque, afinal, os dias e as noites sempre existem numa sintonia de devenires certos, nos quais apenas a maneira como concebemos o roteiro muda de acordo com nossa potencialidade de experienciar o que está sendo colocado para nosso percurso. 


Vejo isso todas as tardes, ao sair do trabalho e me deparar com a abóboda celestial que intercala o lilás avermelhado do fim do dia com a escuridão silenciosa da noite que chega mais cedo em idos de inverno. 


Por que falar tanto no que se repete? 


Talvez porque a eternidade seja simplesmente a lembrança que nos faz reelaborar nossos passos, num devenir de experiências que trazem toda sorte de sentimentos. Talvez seja a lembrança a maneira mais doce de se viver o inestimável, quando a vivência dele, em carne, esvai-se em pleno ar, com o tempo que é trazido para o coração na emoção que advém com o retorno da lembrança.


O calor fica diante do pelo, a fagulha centelha por minutos que se renovam em eternidade...O amor, enfim, acalentado na palma da mão, emergido de um suceder de atropelos que se somam, um a um, na saga constante da intempérie humana, que muito busca o amor, mas que, diante dele, agasalha-se no conforto do confinamento desse músculo tão lindo em uma caixa bem guarnecida de muitas trancas, o que impede, em muitos momentos, de se acessar o que existe de mais sagrado.


Entram dias e saem noites...eis que a gratidão sempre fica, com a transparência do que persiste em estar sempre conectado com o Universo: a alma! 

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