domingo, 28 de março de 2010

Será

Ontem foi meu aniversário, bem como aniversário de Renato Russo,que faria 50 anos...Ouvindo a música Será penso e repenso na sensibilidade da alma de uma pessoa como ele que, com tão poucas justaposições, conseguia extrair de sua inquieta alma todo um rol de diversas sensações, vários sofrimentos e dores.

"Tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você.
Não é me dominando assim que você vai me entender
Eu posso estar sozinho, mas eu sei muito bem aonde estou
Você pode até duvidar
Acho que isso não é amor
..."


Passamos boa parte do tempo achando que o que existe dentro de nós é a mais bela expressão de amor, mas a verdade é que não sabemos amar além do nosso ego projetado, a fórceps, no outro. Fico pensando na superficialidade de um "amor" que se frustra ao primeiro não em relação a uma proposta, ou, ainda, o "amor" que mente. O amor que tolhe, que arranca uma parte da gente assim, sem pedir a menor licença (claro, licença é um recurso poético, porque não se extrai a alma ou o pedaço de ninguém sob a escusa de amar).

Dominação, a palavra-chave para entender uma tipologia de sentimento imaturo, que trai, omite, mente e aniquila, pouco a pouco, um vínculo entre pessoas. A dominação como herança de nosso lastro colonizador de almas, que se satisfaz apenas ao subjugar o outro e, dentro disso, auferir dividendos num "jogo de perdas e ganhos". Como se viver fosse realmente um cenário de jogos, estilo War.

Hoje fui à feira e encontrei um senhor que costura minhas calças preferidas. Ele havia terminado um casamento de tempos, porque simplesmente não se encaixava num padrão de relacionamento dentro do qual cabe à mulher uma postura e ao homem outra. Sentiu-se sufocado e, diante de tanta falta de ar, iria sucumbir.

Pensei, a partir daí, no quanto me permito deixar sufocar por relacionamentos, pessoas e vínculos que, sob a desculpa de "amar" apenas tentam dilacerar pedaços da minha alma. Minha sorte (nem é bem sorte, é aprendizado depois de tantas tentativas e tantos erros) reside na percepção dos eventos, na observação do que está se apresentando para mim e, com isso, o desenlace em relação aos nós sufocantes.

Realmente, Renato Russo, podemos estar sozinhos, mas sabemos onde estamos, por opção de nossas escolhas em sabermos mais sobre nós mesmos e mesmas. Que belo espetáculo é a contemplação de si!

Feliz aniversário, Renato Russo!

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