segunda-feira, 29 de março de 2010

Estereótipos da desilusão...

Insistir em assistir a filmes estereotipados é assim mesmo, uma delícia para aguçar a mente a descobrir as pegadinhas para a alma libertária. Hoje a bola da vez foi um filme em que, para variar, o homem (na verdade, o marido) trai a esposa, depois de 30 de casado, vai em busca da eterna fonte da juventude, numa relação com a moça mais nova.

A esposa, descobrindo que passara 30 anos fritando bolinho, escutando lorota "vou mudar" e sempre experienciando as mesmas dores, decide se separar e voltar à faculdade. Muda-se de casa (já tem dois filhos grandes) para o alojamento e conhece uma jovem que talvez tenha a idade da namoradinha do ex-marido.

Começa, então, a jornada de descoberta, pois ela, no auge dos seus 50 anos, volta a jogar basquete, marca cestas certeiras, apaixona-se pelo professor de Literatura e, dentro disso, pulveriza a imagem da mulher sodomizada que se colocava sempre a esperar a redenção do marido (redenção que não passava de palavras ao vento).

Assistindo ao filme senti-me livre, definitivamente liberta de grilhões de uma compaixão que, por muitas vezes me fazia recuar e, no recuo, impelia-me para o abismo. Não existe volta quando se decide arrancar parte de si. A dor simplesmente é lembrada pela chaga que ora tenta cicatrizar, ora explode em sangue.

Prefiro optar por minha vida de certeiras certezas de incertezas sobre mim a vagar, depois de 30 anos de falência conjugal, numa tentativa de desespero de tentar me adequar a um jogo muito sutil e bem elaborado de tamanhas mentiras, forjado nos umbrais de uma miscelânea de um masculino que pouco está sabendo de si...

Como diria Mouse para Neo no filme Matrix, todos nós, antes de acordamos da Matrix, podemos ser um agente em potencial. Não quero, pois, relembrar a cena "cult" da loira de vermelho, pronta para fuzilar o Neo com uma simples bala, ainda que ilusória... Não mais, pois prefiro a honestidade do sangue e da ferida: são honestos em nos lembrar que viver também é dor, a dor da opção que adotamos em dada fase da vida...

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