segunda-feira, 4 de maio de 2015

Fugindo das pegadinhas e dos atalhos sedutores que as máscaras se nos apresentam.

Fonte e crédito:
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Tenho ocupado a mente com algumas situações bem interessantes que despontaram no horizonte das minhas experiências durante as últimas semanas. Basicamente fluxo: pessoas indo, outras vindo. Algumas até partindo, sem nunca terem, sequer, chegado. 

Não importam, ao final, o movimento ou direção, mas a situação a trazer alguns pontos bem pertinentes para se elaborar uma fecunda discussão a respeito da seguinte provocação: "quão profundo é o vínculo de relacionamento balizado na interação pura e simples de máscaras?"

Essa provocação, a rigor, não haveria de trazer maior especulação - seria autoexplicativa e de clareza ímpar - não fosse um detalhe interessante: o contingente considerável de "pegadinhas" que escolhemos experienciar, mesmo que a intuição, o sexto sentido ou qualquer nome que se dê a isso, avise não ser interessante trilhar o caminho.

Ou, ainda, os "atalhos" que tentamos percorrer para encurtar, talvez, o caminho de nossa lapidação moral e espiritual, quase sempre enredando uma fina tessitura de controle (sobretudo do outro, por meio da manipulação), dentro da qual tanto nos prejudicamos como também causamos dano a outras pessoas. 

[Um exemplo de "atalho": escolher ficar com alguém por uma série de motivações internas relacionadas a status, questões econômicas etc., encobrindo essa motivação com a casca do "amor" que, ao menor toque, desmorona. Outro exemplo: fazer uma amizade com alguém pensando na vantagem que pode ser obtida com isso, e não no interesse comum em torno da afinidade e da afetividade].

Nesse contexto, acredito firmemente que o processo de autoconhecimento se destina exata e pontualmente à compreensão do bastante para identificar - dentro de nós, em algum longínquo ponto da psiquê fragmentada pelos processos de individuação - os mecanismos de sabotagem que nos levam a identificar sombras, déficits e máscaras na alteridade, resultado direto da projeção do que sibila dentro de nós e que usualmente negamos, já que é mais cômodo atribuir ao outro o fardo existencial da culpa. 

A partir daí, todo um universo rico se esquadrinha para que possamos reorganizar nossas escolhas, evitando os atalhos que podemos evitar ou, quando não possível, tendo clareza sobre os resultados em se optar pelo percurso. Os lampejos ou insights, dentro de todo esse processo, podem ser uma forma hábil para a tomada de decisão, uma vez que apontam, sempre, para a solução sincronicamente mais adequada para nossa trajetória.

Quantas vezes nos perguntamos a razão pela qual algo que muito desejamos não ocorreu ou, ainda, por que determinada pessoa não correspondeu a uma expectativa nutrida por nós? 

Daí, lá na frente, essa sensação de frustração cede espaço para uma "providencial" situação "milagrosa", na qual defraudamos uma dessas pegadinhas e, ao final, damos graças aos deuses pelo evento não "ter dado certo"?

Eis a questão: deu certo

Deu tanto certo que o curso causal "prejudicial" (sim, prejudicial porque, apesar de fazer parte do crescimento enquanto experiência, ninguém duvida que ele causa dor) foi desviado, de modo que a insistência nele poderia, a longo prazo, causar malefício, agregando carma gratuito onde, em um percurso espiritual consciente, já não haveria espaço para isso acontecer. 

Agindo o Universo na lei hermética da complementaridade, bem como na dimensão de afinidade onde o semelhante atrai o semelhante, escapar das pegadinhas haveria de ser motivo para comemoração, já que acena para a ausência de afinidade energético-espiritual com a situação ou pessoa em relação a qual estamos a ansiar. 

Isso já aprendi, a duras penas, não sem antes passar longos períodos de tempo provocando situações e insistindo nelas, apenas e tão-somente porque meu ego acreditava piamente que eram relevantes para mim. 

Convencia-me em persistir na situação para, depois, perceber que o motivo era outro que não a lisura da alma: era ego pura e simples. O que pode subsistir disso? Nada, pois o ego não é motor fundante de algo mais substancial em termos de estado de alma. 

Sim, talvez tenham sido, como, de fato, foram, já que a experienciação trouxe, à época, sofrimento a servir de objeto para futuras reflexões. De um estado acusatório latente, podemos passar para a ponderação sobre nossas sombras e, a partir daí, emancipar-nos disso para não mais percorrer o amargo atalho espiritual. 

A partir do momento em que se harmoniza a alma com o Universo, é possível clarificar processos antes mesmo de eles acontecerem e, com isso, apenas gentilmente se evitar uma situação prejudicial ao espírito. Sobrenatural? Nem um pouco, mas, ao contrário, natural processo de autoconhecimento, levado às últimas raias do aproveitamento da alma para fins nobres e saudáveis. 

Mais uma vez, sinais, os sinais que a vida em conexão intrínseca com nossa alma nos mostra, tal qual a pena de um corvo, ou, então, uma pedra no meio do caminho. 

Uma palavra, uma frase, uma postura e até uma conversa (física ou virtual) são o bastante para se captarem mascaras, atalhos e pegadinhas. Insistir nelas é indiscutivelmente, perda literal de tempo quando se está diante do inevitável espetáculo da vida. 


2 comentários:

  1. Interessante verificar que nesse caso, o nosso autoconhecimento lapidado pelas experiências funciona como um "terceiro olho", mudando e moldando nossa trajetória eternamente. E no percurso, vemos que a alteridade é para poucos. Personas são mais fáceis de criar, do que o "alter" olhar para si mesmo e enxergar em alguém a possibilidade de se entregar para o doce desconhecido. E pela inexistência da "altérité", percebemos a pantomima do outro em busca de algumas vantagens efêmeras. Resta apenas deixar o espetáculo.

    Que os ventos de maio te guiem.

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    1. Concordo. Grata. Em triplo para ti o que desejas para mim. Fáilte!

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