quinta-feira, 23 de abril de 2015

Uma boa tarde que não volta mais!

Geralmente às quintas-feiras tenho um dia atribulado de tarefas: acordo cedo - por volta das 05h00 - medito, limpo as caixas dos gatos e gatas, passo um pano no chão, faço e tomo um café nutritivo e me dirijo para o trabalho, onde permaneço boa parte do meu tempo.

No meio da tarde tenho uma folga de três horas até o outro turno, mas não costumo voltar para casa, pois o trajeto ficaria pesado para ir e vir sempre. Hoje, contudo, permiti-me a alegria de contorcer essa pequena regra de minha vida, para vivenciar um maravilhoso momento junto aos meus familiares queridos.

Saí do trabalho após minhas tarefas, passei em um desses petshops e comprei bolas de tênis, leitões, pneus e rosquinhas de borracha para quatro criaturas que modificam a minha vida todos os dias. Cheguei em casa e brinquei, brinquei muito com eles!

Brinquei tão intensamente que, por instantes, perdi-me temporalmente, como se as fronteiras entre o agora e o passado fossem rompidas apenas pela sensação de perpetuidade da efêmero instantâneo. Dissipei-me em meus amigos, sentindo na pele o significado de frater.

Enquanto observava quatro labradores correndo com toda a energia e vitalidade pelo quintal, fiquei pensando no quanto a felicidade é um estado de alma de pura simplicidade. Para eles, resume-se a carinho, atenção, comida e... bolas de tênis! Muitas bolas de tênis coloridas!

Momentos como este são inesquecíveis, pois trazem a satisfação para o espírito, tornando-se uma verdadeira lição de como podemos viver bem com pequenas atitudes transformadoras! Enquanto corria atrás deles, senti-me livre e plena, transcendendo todas as esferas de preocupação que o cotidiano da matéria nos impele.

Poderia ter ficado no trabalho durante esse intervalo entre a jornada? 

Sim, poderia. 

Economizaria gasolina, óleo de freio, filtro de freio, pneu, água do radiador. Um bando de detalhes ínfimos se comparados com o imenso prazer que a companhia dessas figuras me proporciona. Não tem preço, valor ou substituição o deleite de estar com quem se ama. 

Ao sair da loja com aquela tonelada de apetrechos fui acometida por um arrebatamento de amor, sentimento que só pode ser experienciado a partir de uma vivência desapegada e de profunda incondicionada. O querer estar perto deles, de protegê-los. De sempre voltar e querer voltar para casa para apenas ficar ao lado deles.

De me dedicar a seres que não demandam nada além do incondicional amor. Não pedem, apenas esperam. Não cobram, apenas afagam. Solidarizam-se em tempos difíceis e tornam permanente a imanência do imenso bem-querer. Irracionais? 

Sim, para o paradigma especista podem até ser, mas, afinal, a racionalidade é apenas mais um paradigma, e não o estado inexorável de verdade absolutamente inelidível. Mas, afinal, o que realmente os "racionais" fizeram com esse mundo? Nem precisamos de respostas...

De mais a mais, não é a mente o caminho para o amor...É o coração e a empatia gerada pelo derrame de ocitocina, tal qual a relação entre pais e filhos. E viva todos os cachorros do mundo!

3 comentários:

  1. O ser humano só vai compreender o que é amar quando provar dessa "irracionalidade".

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  2. Lindo Alessandra.Te amo acima da minha capacidade.

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