Ontem eu disse adeus a uma velha amiga, que me acompanhou por todo o tempo em que morei na Candangolândia. Ela veio de um galhinho singelo, colocado despretensiosamente na terra, vindo a fincar raízes sólidas e me brindar com tanta amorosidade!
Ontem ela veio à tona, não sem antes me fazer verter lágrimas de gratidão e tristeza. Gratidão pelos chás de folha de amora, pelas geleias e pela frondosa sombra que me protegeu.
Tristeza por deixá-la para trás. Mas a vida é feita de ciclos e de escolhas. Eu escolhi tê-la comigo, mas as pessoas que morarão na casa podem não ter a mesma opinião. Devo respeitar, então, a escolha e me conformar com a derrubada da minha querida amoreira.
Trouxe para cá três galhos, na esperança de fazê-la renascer aqui. Acredito que conseguirei, com muito amor e carinho. Um dia nos encontraremos de novo!
Na primeira floração as frutas ainda vieram sem gosto, típico dos inícios. Mas, posteriormente, o azedinho das amorinhas passaram a povoar o solo da casa, ou, então, a boca dos dogs, que ficavam roxas pela degustação pueril das brincadeiras deles.
Minha querida amoreira, que deixará saudade. Como não sentir saudade? Um dos primeiros textos que escrevi - chamado A amora e o sonho - foi em homenagem à ela. Inerentemente à minha amoreira, que me fez ter uma experiência transcendental de sublimação das minhas limitações e dores, para a emancipação da alma.
Como esquecer, pois, esse ato da mais profunda compaixão que essa árvore nutriu por mim? Seria eu muito ingrata se a queda da minha amoreira passasse despercebida.
Um dia nos encontraremos de novo, pois muitas vidas cabem em uma vida, bem como muitas escolhas comportam uma escolha. Novos temperos, novas decisões e novos desafios.
Minha companheira de textos, de estudos, de poesia. Uma nova etapa que exsurge de minha etapa cediça, com sabor de renovação e alegria. Que venham novos tempos de colheita!
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