domingo, 25 de setembro de 2011

A demanda por água em tempos de agradecimento...



Mais um dia de contemplação do mundo para refletir sobre a (in)compreensão de mim...

Hoje o assunto - como não poderia deixar de ser - é a chuva, ou melhor, a escassez dela aqui no cerrado, tema que tem gerado uma série de comentários (em série) e pedidos para os deuses, Deus, os santos, São Pedro etc., no sentido de se apiedarem de nossa miséria humana, enviando, quem sabe, algumas gotas do elemento Água.

Acho bem interessante o evento, principalmente do lugar de fala como homo sapiens sapiens, imersa em uma raça bem ingrata em seus propósitos de integração com a Natureza, pois, em relação a isso, nunca é demais lembrar nossa vital colaboração em todos esses eventos.

Sob a égide de um pseudo-evolucionismo de mercado tecnológico (que só atinge, claro, quem tem grana), sustentado por uma concepção fanática de religiosidade que relega a Natureza a um patamar hierarquizado em relação a nós, degradamos, pouco a pouco, tudo à nossa volta para, depois, num maniqueísmo hipócrita, embalarmos em "cruzadas politicamente corretas" de abraçar árvores, fechar a torneira por dois segundos, deixar de respirar por 3. Num desespero frenético tentamos extorquir, à fórcepes, uma "atitude da Mãe Natureza" para que, enfim, chova em nossas cabeças superaquecidas e desalentadas.

Engraçado como a mesma sociedade DEGRADADORA AMBIENTAL, que se apartou da Physys há tempos - numa miopia sem precedentes - deposita sua ARROGÂNCIA na pretensão de querer que chova quando bem entender, como se não estivéssemos inseridos nos ditames de um sistema organicamente complexo (há que perfilhe a Hipótese Gaia) cujos processos são mais sofisticados do que nosso desespero...

Com essa assertiva bem clara em mente, acho que realmente somos uma "raça" engraçada. Colaboramos para TUDO - absolutamente TUDO que está acontecendo em termos de deterioração do habitat e, ainda por cima, damo-nos o "direito" de querer que a Natureza (que bem poderia nos dizimar, dada nossa pequenez) siga o NOSSO expediente? Quem ou o que nos habilitou a nos intitular Senhores e Senhoras do Mundo?

Vai chover na hora em que tiver que vir...A nós cabe AGRADECER porque a Natureza e o Todo ainda não nos EXTERMINARAM...

Mas, ao contrário, o espaço de engrandecimento e gratitude cede para a mais pura apologia - em nível estratosférico e radial (longo alcance) à lamúria, sem nos atentarmos que toda e qualquer forma de pensamento é energia sensciente (ou seja, vibração eletromagnética).

Assim, uma egrégora de ansiedade, desespero e tensão é formada, ainda que sob a escusa de "brincadeiras infantis" (expediente que desvia o foco da responsabilidade social planetária que haveríamos de nutrir em idos de hecatombe ambiental anunciada.

Para o Cosmos, energia em movimento com consciência gera dano do mesmo jeito...

Cada vez que falamos, "ai, ai", agregamos uma energia dissipativa cujas dimensões sequer temos noção - ah, claro, porque temos apenas noção do calor que estamos sentindo. Mais uma vez apegamo-nos ao que se mostra "visível", e não ao que está por trás. "O essencial é invisível aos olhos", como já dizia Exupèry...

Essa ponderação nada tem de "maluca" ou "excêntrica", ao contrário dos vários comentários lidos nas redes sociais. Levantei a poeira, como sempre faço. Acho reflexiva em seus propósitos, pois, afinal, pensamos na chuva, mas não refletimos sobre nossa participação em relação esse evento sem precedentes na História da raça humana em desalinho. O máximo, nesse sentido, é realmente abraçar a árvore (que já deve estar de saco cheio de tanta asneira).

Não observamos a contextualização disso em algo muito maior: o teste de nossa resignação e ansiedade diante de um futuro que não está lá muito auspicioso. Estamos brincando num "parquinho de diversões" sem atentar para o fato de sermos nós - raça humana - o foco central de um grande zoológico existencial. Somos coadjuvantes num processo autofágico irreversível.

O mais interessante, porém, é perceber as reações, materializadas ora nos comentários mais apimentados, ora na "politamente correta" exclusão do comentário. Uma aparente democracia em que o "diferente" é realmente apartado em face de sua opinião.

Gente, a vida é muito simples! Se alguém se sente "atacado" ou "atacada" pelos comentários feitos - que, engraçado, não são sobre ou para as pessoas, mas em cima de reflexões sobre a vida - o botão de exclusão é tão acessível, uai!

Da minha parte, não faço questão de agradar ninguém, muito menos de aplaudir EGOS. Só acho que, ante a "porrada" no estômago, procurem um terapeuta, porque isso se chama IDENTIFICAÇÃO. Onde existe o vento forte reside a tempestade!!!

Ovacionando Nietzsche - mais uma vez - deixo para a reflexão um comentário bem sagaz e humilde sobre nossa precária condição de conhecedores do Universo:

"Em algum ponto perdido deste universo, cujo clarão se estende a inúmeros sistemas solares, houve uma vez, um astro sobre o qual animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o instante de maior mentira e da suprema arrogância da história universal.”

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