terça-feira, 8 de junho de 2010

A sabedoria da Lua Minguante...

O que é a magia senão a transformação do espaço comum para uma dimensão aparentemente invisível aos olhos tridimensioanais, mas explícita para a arguta linguagem do coração?

É a arte de resgatar da ancestralidade a vivência de uma prática de conexão ao Universo e, mais especificamente no caso de nossa querida Gaia, à Natureza...

Antigas tradições enclausuradas no universo simbólico do inconsciente coletivo reverberam na a-temporalidade e a-espacialidade, lembrando-nos que a tranformação mágica nada mais é do que a beleza misteriosa do que está encoberto pela névoa da relação causal apenas visível no domínio da mente.

Por que falar em símbolos? Para Jung , a simbologia desperta centelhas inconscientes, reaquecendo referências gravadas em nossas memórias, soterrada pela racionalidade ao longo do tempo. Segundo Greenwood, o “contato com aquilo que ele (Jung) designava por ‘inconsciente coletivo’ – simbolizado pelos deuses – levava ao acesso à sabedoria e à experiência humana universal” (1999, p. 182), a partir da busca a um passado ancestral, marcado pelo mergulho na profundidade daquilo que está entranhado nos aspectos mais profundos da mente.

Como encontrar, então, a referência a cada estrutura simbólica? De onde extrair cada pedaço de informação, que leva a um procedimento peculiar dentro da Arte? Afinal, de onde vem a idéia que o alecrim é protetor, a rosa, estimulante do amor e a canela da prosperidade?

E a Lua? Como "demonstrar" que ela está bem mais presente em nossas vidas do que imaginamos? Simples, não se demonstra - hehehe, pegadinha - porque os ciclos de lunações, bem como os fenômenos "naturais", ainda que decodificados segundo um modelo de ciência, não se reduzem a objetos passivos de apreensão e controle. Os vulcões, as tsunamis e demais respostas da natureza que o digam, falam por si...

Tais fenômenos são apreendidos, sentidos, intuídos e não reduzidos em equações causais-explicativas. São parte integrante de um conhecimento ancestral, guardado por tradições, vivências familiares, e, sobretudo, pela retomada de um espírito de conscientização do humano numa nova era (com letra minúscula porque não me refiro à Nova Era de misticismo neo-liberal e esquizoidemente consumista e a-crítico, mas, sim, de uma nova percepção da vida, em teia).

Desde o dia 04 de junho ela está em seu ciclo minguante, a Lua que "se esvai", que se introjeta, que se recolhe do mundo para se firmar em si. A Lua Minguante, para algumas pessoas, traz o "mau agouro", os bruxedos de banimento, expulsão, prejuízo, malefício e todo leque de sortilégios ligados a uma concepção dualista de "maldade".

Sempre pensei e senti a Lua Minguante como sendo o maior receptáculo de introjeção no mundo do inconsciente, marcando um momento de parada e reflexão, solitude para a apreensão de lições. Momento de tomada de consciência em relação a processos inconscientes de nossa psiquê.

Ela desemboca, três dias que antecedem a Lua Nova, na Lua de Lilith, ou Lua Negra, o ápice do momento internalizante que nos dispusermos a seguir. Há referências às deusas-sombras, correlativas ao conceito de Lua Lilith, pois, nessa fase, muito mais do que em qualquer outro dia de míngua, os processos internos encontram seu apogeu.

Por isso, longe de espetar bonecos de cera, banir ou expulsar algo, tomo a Lua Minguante como momento para me voltar ao ventre da Deusa, aguardando o renascimento com o poder do in;icio de um novo ciclo de lunações...

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