segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O que realmente vale a pena nessa vida...

Todo dia é sempre um mesmo expediente burocrático que a vida de "gado" faz conosco...

Acordamos, quase sempre sem querer, porque nossa alma anseia por algo muito mais profundo do que a alienação da mão-de-obra para lutas com as quais não concordamos...Escovamos os dentes, fazemos uma liturgia sempre bem cadenciada, para, depois, lançarmo-nos no "maravilhoso mundo do ganha-pão", sem sabermos que, pouco a pouco, gota a gota, nosso sangue se esvai de nossos corpos, tomado de sola pela pasmaceira de um cotidiano virtual, mecânico, sem novidades, previsível em seus mínimos detalhes e enfadonho em seus propósitos.

Saímos, trabalhamos, achando que nossa atividade mecanizada trará melhorias para todos... Ledo engano, nada pode melhorar numa lógica de puro engano e egoísmo, porque, de fato, o bem do outro é apenas o discurso que ilude nossa alma, para, ao final, nos impulsionar ao abismo da solidão.

Encontramos pessoas, quase sempre em seus mundinhos, vibrando essa mesma energia. Carros, motos, viagens, roupas caras e chiques, festas, sensações e sentimentos de puro vazio, que é preenchido pela roda viva de reprodução do consumo desenfreado, que tenta, tal qual os meninos nas estradas esburacadas do Nordeste, tapar os buracos que eles (nós) mesmos reforçam.

Almoçamos, ouvimos a família, comemos a sobremesa. Trancamo-nos nos gabinetes, nas salas, apertamo-nos nos carros quentes, nas estradas quentes, nos engarrafamentos quentes, na esperança de, algum dia, quem sabe, nossa alma se entregar a isso, pois, sem isso, sentimo-nos impotentes perante a lógica pérfida do materialismo.

Buscamos o status, o reconhecimento em relação a nós, sem, contudo, muitas vezes, sabermos até quem somos. Porque não sabemos, não temos condição de saber, de uma vez, quem somos, num caminho de tanta transformação...

Vamos ao fórum, damos boa tarde ao porteiro. Entramos numa audiência, já sabendo que tudo que será ali julgado foge do direito, se é que algum dia isso realmente existiu...quem sabe tudo não passe de um holograma, uma imagem projetada na mente de todos nós, na qual acreditamos, e pela qual damos a vida, sem sabermos que, dentro disso, nem vida mais temos.

Hora do lanche, oba! Pensamos que estamos a fugir, mas, de fato, corremos, mais uma vez, para os doces braços e abraços da ilusão de fuga, sendo engolidos pela sensação rápida de estarmos "dando uma escapadinha" desse mundo. Olhamos o relógio - sim, claro, precisamos de um relógio a comandar nossa vida, porque, há tempos, não mais olhamos o Sol... Apagamos o sol e sua medida de nossas vidas, e agora estamos apagando o que ele representa em nossa sobrevivência.

Voltamos ao escritório, cheios de cópia e papéis que fizeram tombar árvores. Papéis que, mais adiante, farão homens tombar, dada a frustração de uma das partes que, já insatisfeita, recebe ainda mais frustração da vida, num Judiciário macabro e falsiforme, corrompido pelo fracasso do homem em se conhecer e reconhecer no outro. Conversamos com os colegas, tiramos onda, fazemos pactos de verdadeira miséria e mediocridade, dia após dia, hora após hora...

Vamos, ao final, para a faculdade, enganando... Fingindo dar aula, fingindo receber lições, porque, de fato, a mente não está ali. Uma mente consciente não pode, realmente, habitar outro plano que não o céu. Uma sala de aula é um espaço diminuto para uma alma que precisa se fazer livre para ser feliz...

Nesse giro da roda da vida, da vida de gado, voltamos, ao final, para os braços de Morfeu, esperando a virada do dia para que a mesmice retorne, tal qual o dia anterior, na metódica ciranda da vida.

O que vale a pena?

O que tem valido a pena?

A morte de uma vida que já vinha moribunda, mas que, com sua passagem meteórica, tem se mostrado natimorta.

O que vale a pena para mim é o amor...

Apenas isso, porque no amor me realizo na expressão de mais sutileza, pureza, sinceridade e honestidade de alma. No amor não preciso girar no giro da roda da mesmice...não preciso fazer parte de algo em que nunca acreditei.

Nada mais. Tudo, para mim, que foge disso, afasta-me de minha alma, de minha luz.

Nasci e vim ao mundo para amar... Para aprender a amar...

É isso que me preocupa hoje: COMER (para manter a carcaça até os últimos dias) - REZAR (como expressão de consciência do Todo, que ne renova, em deus, na deusa e na natureza) e AMAR (como linguagem universal). Não estão na ordem, porque, de fato, esse é o nome do livre de uma jornalista americana que, assim como tantas pessoas, largou tudo para ser feliz consigo...para se realizar.

Estou pensando muito nisso - que estou cansada do que estou fazendo, encontrando a mesmice da minha alma, que se renova a cada rosto em que me encontro. Tenho por certo que mesmo diante de todas as dificuldades pelas decisões que estamos tomando, o caminho do amor é sempre edificante!

Estou cansada, num lindo dia de segunda-feira, da pasmaceira do viver fora do mundo de paz em que me encontro...

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