segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Cobrando dos outros o que se exige de si


Mahatma Gandhi sugeriu certa vez: "Seja você a mudança que pretende ver no mundo" e sempre pensei, com isso, que a idéia seria cada qual saber de si e, com isso, a conscientização se fazer de dentro para fora, pouco a pouco, individualmente (individual enquanto ilusão de ego).

Não importa, o que é claro para mim é a certeza de não podermos incidir em uma opressão do outro, sob qualquer hipotése, ainda que sejam nobres os motivos, lembrando sempre que o enunciado de "nobreza" igualmente possui diferentes compreensões, de acordo com o que cada cultura cria como universo simbólico, religioso, social etc.

Por isso, mesmo sendo uma pessoa sensível ao vegetarianismo, à auto-sustentabilidade e à conscientização, achei muito doida a situação de "cobrança de conscientização", quando, a interlocutora - supostamente engajada em uma organização não governamental - pretendendo conscientizar meu namorado sobre o impacto do consumo de carne, foi indagada: "Tudo bem, mas você come carne?"

A resposta, que me espantou muito, foi o SIM da pessoa. Não por ela comer carne. Nada contra, afinal, uma pessoa comer carne (sou vegetariana e não acho legal proselitismo opressor, é tão radical quanto o mais reacionário discurso pró-Nhacdonald's), pois é direito dela...

Mas, creio, uma organização não governamental direcionar uma pessoa carnívora para fazer propaganda de conscientização sobre carne é, no mínimo, algo que aponta para a necessidade de reflexão em relação à coerência...

Ela poderia participar de todas as campanhas da ONG, mas, exatamente de uma sobre a carne e o desmatamento, não....
Não se extorque vontade. Não se oprime para conscientizar. Com isso, o uso do verbo no imperativo - "faça isso", "faça aquilo", "deixe de fazer" - soa como atentatório à liberdade. Cada um tem uma linha de pensamento, ação, um posicionamento. "Evolução espiritual" é uma expressão de largas fronteiras, mas que, ao meu entender, tem um único sentido: respeito à opinião e à evolução individual...
Ser objetivamente vegetariano não transforma ninguém em bodhisatva: já convivi com pessoas extremamente apegadas à idéia de vegetarianismo "a fórceps", e que, por isso mesmo, longe de se desapegarem, manifestam o puro apego à idéia...

Vai aí o alerta geral!

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