sábado, 14 de julho de 2012

Eis, enfim, a (des)lealdade...



Certa vez ouvi uma pessoa muito sábia a me dizer que, em um relacionamento, lealdade, cumplicidade e sinceridade eram predicados mais importantes do que a própria ideia de fidelidade. Confesso que, naquela época, ouvi desconfiada essa preleção, pois, diante da minha pouca experiência nas densas questões do coração, acreditava piamente que tudo isso era uma realidade só, confundida, por sua vez, com o conceito de honestidade.


Hoje, muitos anos depois, minhas experiências me encaminharam para a reflexão profunda, regada à empiria do que vivencio como lições que apontam para tantas e tantas distinções entre esses termos. 


Não quero me ater a teorias, pois igualmente ouvi de uma pessoa - dias atrás - que eu era "cheia de teorias", ironizando meu doutorado e meus estudos, como se estudar fosse crime neste país (quem sabe, para essa pessoa, já que não estudava nada mesmo, a não ser a arte de viver na aba do chapéu alheio)  e, nesse contexto, refletir sobre a vida fosse algo realmente vil e inútil, o bastante para se viver no automático e com isso, pretender detonar os outros com atos de pura imaturidade que merecem o troféu triplo "joinha"... 


Daí, aceitando a sugestão da alma abençoada que me deu essa dica de sair da minha "arrogância", resolvi abordar o tema com um pragmatismo incomum, que se pauta - como não poderia deixar de ser - nos caminhos que percorro por aqui, compartilhados, inclusive, com as mesmas almas abençoadas que tão providencialmente me ajudam a me manter em meu caminho.


Lealdade, cumplicidade e sinceridade... Vamos lá.


Longe de representarem apenas palavras lançadas ao vento, componentes de bonitas frases de efeito que são invocadas por olhos claros e sedutores, tais verbetes haveriam de ser muito mais do que o superficial de se falar do óbvio:  poderiam ser premissas de uma ética de vida que impelisse o indivíduo para, em primeiro momento, o autoconhecimento ou, no mínimo, a reflexão sobre sua própria ignorância, o bastante para que, com seus atos, não promova, por aí, escolhas baseadas em uma dupla moral que encobre os mais perversos ideais de malefício à alteridade.


Quando uma pessoa se apresenta coerente, por meio da paridade entre o discurso e a prática, compartilhando com o outro a transparência do que milita em seu mais profundo âmago, temos a LEALDADE, ou seja, o vínculo de atribuição de fé e confiança de uma pessoa em outra, em face da verdade e da honestidade que prevalece na relação. Não existem barreiras entre enamorados, pois as pessoas que se amam confiam, uma à outra, o que existe de mais profundo em seu ser, ao contrário do que se repete falsamente por aí - pelas almas abençoadas, claro - ideário de relações atávicas: "não se fala tudo que se pensa". Ops, perda da confiança, déficit de lealdade.


Assim, quando as pessoas se encontram e se enamoram, decidem conviver e dividir um teto, torna-se necessário e imprescindível, para a viabilidade do elo, que esteja sempre bem presente a REAL MOTIVAÇÃO que leva os seres à ligação. 


Claro que se fala, no momento em que os olhos reviram no êxtase (que é puramente hormonal) em amor, porque, na pós-modernidade, é tão simples abrir a boca e falar para alguém que a ama. O difícil é agregar à fala e ao discurso - típicos do elemento AR que, ao final, fica fazendo o que sabe fazer, ou seja, ficar pairando sem realizar (esse atributo é da Terra e do Fogo) a ação, pois, como sabemos, não se vive o amor alimentando-se apenas de palavras...Ou melhor, quando as palavras são truncadas, nem mesmo os atos podem representar nada além de confusão mental e emocional.


Mas, enfim, e as razões por trás das razões? 


É disso que me ocupo...


Em desvendar os meandros escondidos da psiquê de quem não se conhece e que não está sequer a fim de abrir a caixa preta para que venham à tona todas as mazelas existenciais, relacionadas, quase sempre, à repetição de histórias que, se não forem trabalhadas, gerarão um caminho até o infinito, impedindo, assim, de se firmar um elo de relação verdadeira.


Confunde-se amor - a incondicionalidade de se pretender o bem-estar alheio - com o interesse próprio de "se dar bem" atrelando-se em uma relação de parasitismo emocional, engendrada em face de uma couraça construída para proteger a psique petrificada, que esconde um emocional egocêntrico, infantil e, pior, manipulador e perverso. Quase uma psicopatia, se considerarmos a frieza com que a mesma boca que outrora falava tanto em amor, cala-se, segundos depois, para vociferar tentativas de imputar culpa, esquivando-se da responsabilidade solidária que é - ou deveria ser - todo e qualquer relacionamento. 


Com o troféu "joinha, joinha" embaixo do braço, o atávico emocional vai tecendo teias em torno de pessoas previamente escolhidas, geralmente selecionadas por serem detentoras de qualidades e predicativos que o degenerado emocional não consegue desenvolver, dada a couraça que elaborou, como tentativa de fuga ao tema, no caso, ao tema de sua própria vida. De início, segue um script, sendo o idealizador dos sonhos de qualquer pessoa, mas basta transpor os obstáculos emocionais do outro, para a alma faminta se revelar e, com isso, tudo se esfacelar em pleno ar. 


O estelionatário emocional vive da acoplagem e, com isso, alimenta-se do outro para que não arque, individualmente, com suas responsabilidades, escondendo-se atrás de máscaras de bom caráter que, ao menor sinal de descoberta, caem e deixam à lume o desvio de caráter. Daí, dentro de tal armadilha, mentem, omitem, transformando o discurso em trama, com a finalidade de desacreditar o interlocutor que o descobriu, para que o espírito natalino do bom caráter paire, enfim, por sobre as cabeças de quem é suficientemente ingênuo para acreditar na picardia estudantil.


São os "bons moços", geralmente vistos pela família como uma pessoa maravilhosa, mas que, no segredo da alcova, amaldiçoa a todos dentro do vazio de seus olhos que não brilham e não mostram a alma, talvez, porque, se mostrassem, refletiriam apenas o vazio dentro de um coração absolutamente incapaz de amar alguém a não seja sua imagem refletida no espelho...Ou melhor, a imagem de seu pênis, pois, a todo tempo, a apologia ao pênis aponta uma insegurança enorme quanto à masculinidade e estima, principalmente ao tentar usar a genitália para manipular - tentar, claro, pois se tivesse conseguido, provavelmente eu não estaria aqui para contar a história. 

Julguei, certa vez, ter exagerado em minhas palavras com um ser assim, mas quando descobri que, na verdade, os mesmos olhos lindos de hoje já transformaram pessoas em pedra - tal qual o coração incapaz de amar - fiquei com a consciência bem tranquila, pois descobri que, de fato, é sempre melhor estar de boa-fé, acolhendo um ser com a intenção de compartilhar, mesmo que esta alma deseje, ao final, dar-se muito bem (a isso chamando de amor).

Não fui a primeira pessoa e, provavelmente, não serei a última, de modo que,  tenho a certeza de apenas falar no senso comum de um ser que intenciona usar a pessoa como trampolim para seus propósitos, de maneira mais fácil, por achar que, na vida, o atalho é sempre o melhor meio de "se dar bem". 

Em uma conversa bem humorada, chegou a falar que iria tirar nota alta "jogando charme" para a professora, esquecendo-se, contudo, que as pessoas, além da aparência, percebem também os odores fétidos que o humano é capaz de produzir em nossos poros

Dá até para transformar em ironia, pois acredito que nesses tempos de mudanças comportamentais, compartilhar as estratégias desses "malas-sem-alça" seja, ao final, uma bandeira para que todas as pessoas possam fazer escolhas de vida melhores que as que foram feitas. 

Peço desculpas às minhas almas queridas - leitoras e leitores que esperam compaixão e evolução de mim - e que leem isso e me enviam e-mails politicamente corretos de evolução espiritual. Mas, dentro do que posso fazer para diluir o veneno que a víbora tentou inocular em mim, isso realmente é muito pouco e a espiritualidade compreenderá. Se não compreender, sinceramente, não estou nem aí, pois estou me permitindo, apenas isso.

Primeiro de tudo - parafraseando o livro ELE SIMPLESMENTE NÃO ESTÁ A FIM DE VOCÊ - o ser-que-não-sabe-amar nunca abre a mão. É ótimo para gastar o dinheiro alheio, a pretexto de estar "compartilhando", mas, na hora em que é o dinheiro dele que está sendo empregado, no máximo, leva a "amada(o)" para comer um prato feito na Feira. 

Não, não, PF de 10,00 é legal, gosto dele e da apologia à cultura popular. O que chamo a atenção é para a falta de generosidade acometida ao ser que deseja todos os beneplácitos do mundo - e de todas as pessoas - mas que, no fundo - ou no raso - não dá absolutamente nada para o Universo...ou melhor, dá, pagando almoços homéricos para os outros, enquanto as contas, dentro de casa, avolumam-se porque, ao final, o "joinha, joinha" acha que está tudo bem. Ou quando acha que realmente, em prol da comunidade familiar, o melhor que pode fazer com seu salário - além do gasto no PF - é comprar um playstation ou entrar na academia para malhar o corpo - compreensível, já que se recusa a malhar a mente que consegue negativar uma prova de concurso.

Aquela pessoa que se alimenta dos restos deixados para trás, ou ainda, aquele que mantém uma amizade porque ela paga conta, mesmo que o vampiro, pelas costas, fale tão mal de quem o alimenta. Quando está desempregado, o "joinha, joinha" usualmente faz cara de cachorro e, com isso, consegue "descolar" um jantar bom e caro. 

Mas basta conseguir um emprego para começar a revelar a pessoa ingrata com a vida, já que, mesmo diante do dinheiro proeminente, passa a ser mais e mais faminto por manter a carteira cheia, omitindo o valor do salário, deixando de comprar um presente - não é por causa do valor, mas do gesto - ou, ainda, pretender até mesmo reduzir uma pensão que não tem hábito de pagar, como se isso, no futuro, não lhe fosse imputável...

Ou, ainda, uma pessoa que, à escusa de pretender ganhar "um pouco mais" para construir sonhos que nunca saem do papel, ousa mencionar a ideia mirabolante de participar de um conluio criminal, burlando simplesmente os postulados de imparcialidade, legalidade e isonomia do serviço público, para fazer um rachid com outras pessoas para faturar um tostãozinho... Tstststs, a que ponto pode um ser humano chegar?

O mais interessante do vampiro emocional, diz respeito ao fato de não se entregar e não se assumir. Não assumir estar na relação, sendo incapaz de deixar seu passado para trás e começar do zero, uma vida livre, encarada de frente, para quem quer que seja, e não ficar com o cordão umbilical ainda plugado em quem ficou para trás, o bastante para se incomodar com arroubos de sentimento de rejeição. Imaturidade em cima de imaturidade e, pior, regada à ingratidão e total ausência de generosidade. 


A isso tudo chamo DESLEALDADE...

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