segunda-feira, 28 de maio de 2012

Os perigos escondidos em uma caixinha de tempero...

Quando era criança e morava com minha mãe, sempre a ouvia dizer que o tempero de caixinha era um veneno. Nada em nosso lar era fruto de tempero artificial, mas, antes, produto de uma gastronomia sempre focada nos parâmetros de frescor, sustentabilidade e, sobretudo, saúde. Minha mãe usava os ingredientes a partir de uma alquímica combinação de sabor e saúde, preferindo sempre tudo feito na hora, ao invés de utilizar produtos congelados, industrializados e, claro, artificiais.


Houve uma época - por volta dos 9 anos de idade - em que minha tia me introduziu na culinária macrobiótica, fato este que reverteu no meu afã em comer cereais integrais na atualidade. Da mesma forma, a preocupação com a saúde, compondo, assim, uma dinâmica holística de agregação a um sentido muito maior de sustentabilidade da carcaça.


Com isso, ontem me vi em um dilema. Na verdade, trata-se de um falso dilema, pois, a bem da verdade, não houve conflito em relação à minha opção. Por outro lado, tive que falar não para quem me é amado, correndo o risco de ser tomada como "chata" - como, de fato, fui chamada - apenas porque não como nada que seja temperado com caixinha rica em 44% de sódio. O arroz estava muito lindo, era próprio para a ocasião, composto por 7 grãos. Mas, como se tratava de um produto industrializado, já desconfio que não é legal. Nada contra o fabricante, mas tudo contra em relação à minha opção em prol da minha saúde!


Que mal existe em não se gostar de um tempero de caixinha? É questão de gosto...Cada uma ou um têm a opção de gostar e escolher o que gosta, nada mais do que isso. Não se trata de chatice, mas de gosto. Assim como existem pessoas que não gostam de pepino, outras que não gostam de pimentão, outras tantas de maçã, de bolo, de geleia. Nem por isso são chatas aos meus olhos, porque, a bem da verdade, cada um sabe do que gosta. Simples assim.


A "chatice" está na frustração de quem deseja agradar e, por questões óbvias de não ter o cuidado de observar a vida alheia, julga o outro como errado em sua opção. Uma realidade é valorar o gosto do outro, hábito impertinente, pelas razões óbvias acima descritas. 


Outra, bem diferente, é fazer uma científica avaliação, pautada em métodos eficazes, sobre a precariedade nutricional de determinados pseudo alimentos. É inegável que 44% ou 54% de sódio contidos em um tablete de caldo, ou em uma colher de chá de tempero podem trazer uma hecatombe nuclear para nossa saúde. Diante disso não se sustenta a chatice...simples assim. Se chatice é sinônimo de preocupação com a saúde, eis-me a pessoa mais pedante do Universo, pois não barganho com uma alimentação digna.


Sem deixar de mencionar o gosto de cabo de guarda-chuva que esse tempero deixa na comida. Parafraseando minha mãe, mas indo "para além dela", tempero de caixinha, para mim, é uma técnica de quem não tem aporte gastronômico e tenta, aos trancos e barrancos, fingir ser o que não é na cozinha.

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