domingo, 24 de julho de 2011

O brilho e a estrela...

De quantas formas mais se pode convencer uma estrela de seu brilho? Seria apenas lembrando a efemeridade existente num lampejo entre o nascimento e a morte que, de mãos dadas, riem de todos nós? Ou, ainda, da capacidade de ser, em si, a guia-mestra de todos os segredos do Cosmos?

Não sei ao certo, afinal, sei tão pouco sobre estrelas, mas acredito que, um dia, possa convencer uma delas a acreditar no brilho que destila em cada um de seus grandiosos momentos, ainda que, para isso, o tempo se esvaia em reiterados fracassos a compor a verdadeira matiz de realizações eternas.

Desde seu caminho de explosão súbita de enlace até o caminhar trôpego para um esconderijo soterrado em sua alma, a estrela pulsa... E, quanto mais pulsa, mais se esconde, tímida, tentando correr do simples destino que a Providência lhe guardou: brilhar. Qual o segredo nisso? Nenhum, apenas recordar que se é um astro dignificante, nada mais. Uma tarefa contagiante para uma estrela que também ri e, rindo, ensina a todos o significado da epifania de um sorriso maroto.

Apesar de tudo, sim, ela não sabe, ainda, a medida do que tem dentro de si como incomensurável limite, pois uma sombra, em seu caminho, sempre se projeta a lhe atormentar. Ora se esconde, ora se enerva, afinal, é estrela e estrelas também têm seus momentos mais lúdicos de tempestividade.

Quantas eras ainda serão necessárias para o abraço acalentador de uma sombra que apenas é... uma sombra, diante de tantos outros percalços que se deslocam rumo ao aprisionamento da alma? Não sei, pois, também, pouco sei de eras... Apenas me basto em vivê-las e, vivendo-as até o fim, logo me esqueço de todas elas depois do sono eterno que restaura meu espírito.

Já sei!

Vou encapsular a estrela, tal qual um pirilampo em meio a uma pradaria verdejante no pôr-do-sol de cada dia. Vou conduzi-la, intacta, para o pouso em uma garrafa transparente, apenas para que veja, ao espelho, o quanto de luz produz aos olhos de quem vive na escuridão.

Mas, enfim, equivoco-me...

Claro! Criança que sou, esqueço-me de que não se enclausura uma estrela!

Um pote frio e vazio não é o bastante para irradiar seu brilho, mas, antes, o cadafalso selando seu destino em gradativamente apagar...como toda estrela que é, de fato, natimorta!

Afinal, como compactar átomos que, há tempos, não mais estão entre nós em faiscantes dimensões de brilho?

A estrela sempre queda morta em vida, perpetuando-se em nossas particulares abóbodas todas as vezes em que olhamos para o Infinito e vemos a aparente imutabilidade do Universo, ignorando nossa própria rotação em torno de algo sobre o qual que pouco sabemos: nós...

Sim, a estrela sempre vive no paradoxo da morte renascida, porque, a cada momento em que olhamos para o céu, seu brilho ainda lá se encontra, mesmo que, em profundas marcas, a luminosidade esteja para além de nossos rincões...

Quem sabe, acreditemos, um dia, junto com essa estrela, existir por trás de um grande vale um Paraíso secreto para onde todas as grandes estrelas possam ir, um dia, nos encontrar. Terei ali encontrado o que Desconheço, antecipado, porém, nos plenilúnios que a estrela humildemente iluminou...

Ah, maravilhosa estrela, saiba mais de si!

Saiba mais do desafio de se manter incandescendo no devenir de tantas eras, nos lindos encontros e desencontros, que trazem, ao final, a certeza de renovação da centelha que sai de seus olhos. Estrela que pouco sabe de si, mas que, talvez, por não saber, ilumine tanto a vida de quem está ao seu lado...

Para a pessoa que sabe que é o que é...

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