quinta-feira, 3 de março de 2011

Pequenina alma...

Pequenina pessoa que me encaixotou, por átimos, pretendendo me guardar para si, para se esquecer de mim ao menor toque de atropelo.
Guardou, em vão, as memórias do que não passamos, do que não vivemos, do que não sentiu, porque, drenada, sua alma pouco sabe do amor.
Apenas guarda, glutona, seus projetos, engavetando junto ao coração flácido o devenir que nunca se concretiza, pois, para se sonhar é preciso ter um coração pulsando.
Satisfeito em apenas ter, não é e, não sendo, não pode, sequer, vir a ser amor.
Guarda nas caixas empoeiradas de seu armário repleto de amargas lembranças o incontido dentro do que decidiu, sozinho, ser o seu caminho.
Não chora, não lamenta, não sente, amargando, dia após dia, a trajetória da desumanização, para abraçar a monstruosidade do perecimento.
Pequenina pessoa que jaz morta, em plena vida, robótica e estupefata em face de sua frieza imersa em um grande lago de calculismo e meticulosidade.
Guarda tudo nas caixas, mas destroi as caixas, para não se lembrar de quantas pessoas já tomou para si e destruiu.
Não a mim!!!
Não me encaixotou, ao final!
Pois não se subsume uma alma a um espaço físico diminuto: etérea, pulsátil e vibrante, a energia retoma, ao final, o que é seu - o espaço infindo.
Pequenina pessoa, de grande máscara, retira o véu e olha quanta mentira constroi em torno de si.
Olha-te no espelho e percebe que, de tanto tentar encaixotar o outros, ao final, sufocou a si dentro de uma caixa mofada: sua própria alma, que se perdeu ao vento...ao som de seu único desalento, não saber amar!

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