domingo, 30 de janeiro de 2011

Não lhe fiz poemas, nem cantei-lhe em versos, pois meu coração nem bem sabe mais o que significa nada além do tédio de amar o atropelo...Também não o busquei em alvoradas, nem pintei aquarelas inspiradas pela emoção que pulsa em cada bradar de coração, pois a solidão do cinza ocupou o que poderia bem ter sido o negro a investir de fábulas nossa história.

Não fiz planos pois tudo que construí esfacelou-se em algum ponto obscuro de minha alma que, um dia, povoou-se de sonhos, todos vertidos em chorosos rios de destruição, conturbados pela devassa que a torrente provoca dentro de um peito de apenas se enche de desalentos infindos.

Não quero falar porque me quedo, pouco a pouco, num magnífico silêncio que me aproxima do incalculável preço da liberdade. Não quero saber de mim, não penso querer mais saber do que nunca foi....

Não quero me refestelar comos meus, porque, a essa altura, sinto que escassos são, como os dedos faltantes em uma mão egoísta, que se limita em pretender pegar para si tudo que puder reter...

Vã esperança, não se coapta a luz a permanecer dentro de uma simples mão. Mas, débeis, ainda acham que amizade é o bem, querer que se quer como se acha que deve ser, no dilúvio egoísta que apenas valora o outro como a si...

Não quero saber de teorias, não mais.

Nunca fizeram nada além de açoitar a alma com conceitos absurdos de anestesiamento, produzindo a egolatria sem sentido, no silêncio de olhar a demência a falar de Marx, amante, talvez, deconhecido. Ninguém sabe de Marx...nem ele soube de si...

Não quero saber de eruditos, porque usualmente nada sabemos ou muito pouco queremos saber sobre nós e, no auge da prepotência como seres que se prostram como poeira cósmica no Infinito. Famintos pela indecência de sair da ignorância, encabeçamos o espetáculo da mediocridade, para encobrir a grande realidade de nos acharmos muito pequenos...

Psiuuuu, falem baixo, a academia não pode saber que somos medíocres, pois pagam nossas bolsas... Colemos, então, meia dúzia de palavras num arquivo e enviemos para a notoriedade: eis, enfim, a hipocrisia do humano que se pretende ver lançado à imortalidade das estrelas que nunca brilharam.

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