Ou talvez devesse escrever para um grande jornal, expondo a indignação de quem se sentiu solidária diante do sofrimento alheio. Talvez devesse ter saído de um eixo evolutivo e dado vazão ao estado mais animalesco residente em mim como humana que sou.
Talvez, talvez, talvez. São segundos que marcam o talvez - do plano ôntico da existência efêmera num mundo de idéias, e o "ser", lembrando, quase sempre, que são as escolhas, ao final, que trazem a marca de quem desejamos e optamos, ao final, ser...
Daí pensei...
Falar nomes, propalar ira apenas trazem holofotes.
Falar o nome da cadeia alimentar que serve comida de papelão e batata frita que não se desintegra nem no espaço seria contribuir com um marketing para o qual sequer fui contratada.
Falar o nome do gerente também não traria nada além do desemprego, em face da hierarquia bem estruturada em termos de responsabilização causal da "conduta espúria".
Num vasto mercado de CDC, PQP e outras siglas, o gerente ocupa apenas um locus na teia alimentar de tubarões que abocanham o mercado e determinam que o consumidor tem sempre razão, inclusive, razão de ser e em ser um completo idiota sem educação e respeito por outras pessoas.
Calo-me, assim, e deixo para a sensibilidade a elocubração a respeito da lanchonete a que me refiro. Afinal, numa Ilha da Fantasia, qualquer uma das lojas poderia ter sido o cenário desse momento de desolação humana rumo ao completo desrespeito a outro ser...
Além disso, falar o nome da socialite transformar-me-ia em mais uma colunista-alpinista-social-alternativista (algum -ista para marcar diferenças), fazendo o papel de empreendedora de "jabás" sociais, em dissonância ao que minha alma espera que meu corpo faça nessa encadernação de atitudes...
Mas a grande verdade da minha vida - no dia de hoje e na "minha vida do dia de hoje" - resume-se em ter ocupado um camarote de um espetáculo digno do envio de cristãos para os leões, num coliseu onde o escárnio e o desrespeito tomaram conta do teatro às custas da amorosidade.
"O mundo está ao contrário e ninguém reparou?" - revelando os vasos secos de flores que poderiam, mas não forma, plantadas porque as mãos estéreis não são hábeis a acarinhar sequer uma semente... "milhões de vasos sem nenhuma flor". Por que estamos nos transformando em vasos secos, enfim?
Até quando acharemos que o dinheiro na conta corrente é substrato de exercício de sodomia moral em face dos outros? Até quando insistiremos em repetir a mesma frase "eu pago e exijo, sabe com quem está falando?" Até quando a lógica da vassalagem ao vil metal se sobrepõe no respeito ao próximo? Ao bem querer e ao se importar com a afetividade alheia?
Até o momento em que, exaustos e exaustas diante de lutas internas contra os monstros que criamos para nossas vidas, chegamos à conclusão que precisamos amar mais, mudando, assim, o giro de nossas frequências...
Afinal... "amor, palavra que liberta, já dizia o Profeta", grande Gentileza!
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