domingo, 8 de novembro de 2009

Do alto de Alto para a imensidão do Moinho...


Estivemos fora, é bem verdade, numa jornada de reconhecimento, na qual a busca incessante pela recomposição da paz interna cedeu espaço ao olhar...Sim, apenas um olhar basta para que identifiquemos, com a alma, nosso companheiro ou nossa companheira, sem a preocupação com dias, meses e anos para se "conhecer verdadeiramente alguém" ...

Quem inventou essa poderia amar mais, porque, de fato, nenhuma teoria psicanalista, psicoterapeuta e outras tantas dentro da racionalidade conseguem suprimir o coração em seus desígnios. Não se ama com a mente e com o tempo, mas, antes, sente-se o amor no mero pulsar da alma, que sibila ao menor som de empatia com o ser amado...

Do alto de Alto fomos para a imensidão de um mar, lá embaixo, no Moinho, que exalava, a todo tempo, o imã que nos conduz à reflexão em relação a toda uma vida...Saí de lá, contudo, com a certeza de breve retorno...Mais, ainda, porque aí com a sensação de nunca ter deixado aquela terra, olhando para o Daniel, como se ele igualmente nunca tivesse arredado o pé de lá...

Daí, enfim, como sempre, tudo aqui, nessa Babilônia, adquire um significado de muita ilusão...Estava lendo Vandana Shiva no livro Ecofeminismo, redescobrimendo minhas missões e, dentro delas, a transmutação de uma "ordem" paradigmática e científica, porque, simplesmente, encontro-me rompendo casulos, o tempo inteiro, em relação a uma visão de mundo, do Direito e, sobretudo, da vida, alicerçada em cima de uma dualidade tão estúpida e anestésica que cega, maltrata, viola e denigre a mais senível das almas.

Cansei de discursos e a academia é o mais tórrido deles, com a pretensão de formulação de explicações e compreensões sem o menor significado para tornar a vida de cada um melhor, no sentido de agregar compaixão, amor e fraternidade. Como máquina de egolatria, teorias vêm e vão, tentando prencher o vazio que se estabelece na alma de quem não encontra explicação para suas mazelas...

O Ecofeminismo talvez esteja sendo muito mal interpretado por algumas percepções feministas de mundo, porque, afinal, ele rompe com a lógica de acesso ao beneplácito de um capitalismo androcêntrico, egoísta e destruidor, que - não tem jeito - não irá respeitar a solidariedade. O capitalismo não se coaduna à dimensao de agregação do ser humano à Natureza e, dentro disso, não vejo melhoria alguma em apregoar uma emancipação da mulher, para que...DESTRUA, VIOLENTE E ACABE COM A NATUREZA. Simples.

O feminismo de postulação de igualdade relaciona-se a que? À igualdade para destruir a Natureza e acessar poder para oprimir? Essa lógica apenas subverte, e não traz paz para a compreensão de um mundo em que nos posicionemos como seres que se ligam a uma grande teia chamada Terra.

Cansei, enfim, e acho que, de tanto cansação, sentido alguma existe em brincar de fazer doutorado usando marcos teóricos ue entendo serem medíocres...Sim, sinceramente? O paradigma dominante na ciência (hahahaha, como se o direito - com letra MINÚSCULA) do direito está ainda em Locke e no absurdo de usurparmos a Natureza por sermos seres de superior casta...hahaha, ou, ainda, na verborréia de Marx, Hegel e a maior parte dos pretensos filósofos ocidentais, que malham a mente e destróem os corpos.

Paradigmas novos... Ruptura, Capra, Boaventura, Goswami, Vandana... Trabalho pedreira, mas vale a pena, porque alguém precisa começar...

Alguém precisa desmistificar muita coisa... Tornar visível um processo "global" que apenas revela o localismo predador do colonialismo cibernético, que marca a irradiação de modelos do G7 (lembrando o saudoso Milton Santos). Um processo de imperialização baseado no controle de pessoas, de recursos e tecnologias, bem como no acúmulo de capital.... Um modelo que se antagonize à proposta androcêntrica (e seu contraponto, nos "ismos" que se espalham por aí), para que a unidade na divergência não corresponda à hierarquização.

Ciência, tecnologia, direito, academia não são neutras, nunca foram, porque estão ligadas à temática de exploração da Natureza pelo homem e, dentro disso, a colocação da mulher, dentro do "mundo natural", como objeto reificado e explorado. Explorado para que? Para, ainda mais, explorar, dentro do consumo desenfreado, a Natureza e sua capacidade regenerativa...

Sim, penso que a pós-modernidade (uma pós-modernidade que agrada Habermas, Arendt e demais autores BRANCOS, EUROPEUS e inseridos numa LÓGICA colonisal) marca um discurso de reprodução de exploração, que exclui a Natureza do centro da atenção, para colocá-la sob o jugo da transformação predatória, movida pelo acúmulo, pelo interesse pessoal, nada mais.

A emancipação do mundo natural marca a exploração e a submissão desse mesmo mundo, pelo simples fato das temáticas políticas e dos discursos ideológicos (principalmente de toda teologia que situe a Natureza como objeto à disposição do Homem) colocarem o mundo em que vivemos como pátio de nossa casa e, portanto, acumulando o lixo e a podridão de nossas escolhas.

E a emancipação "feminina" dentro disso? Estamos nos emancipando para que? Para darmos o chute final na Natureza? Penso que não, portanto, rompo com o feminismo de igualdade, que se baseia em uma cegueira em relação ao dimensionamento da luta feminista em relação ao cenário ambientalista...

Igualdade para o consumo??? Não, que seja a igualdade para a substituição de paradigma: do consumismo para a subsistência, afinal, nada mais precisamos, a não ser uma boa vista e um bom café!!!

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