domingo, 20 de maio de 2018

Monoculturas: do solo para sua mesa, o perigo está na sobremesa!


Revisitando um livro muito interessante sobre monoculturas, escrito por Vandana Shiva, ativista e física indiana, achei o momento propício para algumas reflexões sobre o cotidiano de nossas atitudes, sobretudo as relacionadas ao Meio Ambiente e à forma pela qual estamos a passear pelo mundo.

Não tenho o propósito de fazer proselitismo aqui, até porque ainda tenho muito a desenvolver no sentido de respeitar mais a Natureza, mas, diante de um cenário de total indiferença ao impacto que o humano trouxe ao Planeta Terra, creio que toda e qualquer atitude de conscientização um grande passo para modificação do comportamento, da atitude e do pensamento. 

Bom, quanto ao admirável "mundo novo", quero falar sobre as monoculturas e como estamos tão próximos ao que elas produzem de mais nefasto em nossa vida em sociedade. 

As monoculturas são um sistema de exploração do solo para uma destinação, substituindo-se a cobertura vegetal originária por uma espécie apenas (uma + cultura).

No Brasil, a tradição da monocultura se deve ao período colonial, o que faz com que tenhamos sempre em mente o aspecto predatório que está sempre relacionado ao cultivo exclusivista. 

Cana, milho e soja, três grandes monoculturas, destinadas, quase sempre, ao insumo para alimentação do gado, outra atividade mononuclear. No caso, em especial, da soja, a maior parte (estou sendo otimista) das sementes é transgênica (GMO, ou genetically modified organism), o que significa dizer que são alteradas geneticamente, sem que, com isso, saibamos, ao certo, as consequências da adulteração. Isso quer dizer menor controle quanto aos resultados e impactos, tanto em relação ao meio ambiente, quanto em relação ao nosso consumo. 

Para que as monoculturas vinguem, por sua vez, torna-se necessária mecanização (o que traz a importação de maquinário e o envio de divisas para os locais de origem dos artefatos), bem como a inoculação de agrotóxicos e venenos, pois, em larga escala, o espargimento de doenças pode comprometer a produção, acarretando perdas. 

No que diz respeito ao impacto disso em nosso organismo, muitas pesquisas sugerem que a disseminação de doenças degenerativas e do câncer (doença latente), está relacionada com o acúmulo de elementos químicos não elimináveis do nosso corpo (mercúrio, por exemplo), que fazem parte do cardápio do agrotóxicos. 

No caso das grandes atividades agropecuárias, além de avançarem em setores de florestas e matas, danificando o ecossistema ali existente, utilizam, de igual sorte, antibióticos e hormônios em larga escala, uma vez que é uma atividade macro, com potenciais perdas. 

Efeitos nefastos para nosso organismo? 

Vários, a começar pela ingestão de carne, que já é altamente contaminada pela própria putrefação. 

Para torná-la mais ou menos saborosa, maior ou menor insumo no capim a ser ingerido pelo gado, bem como confinamento que traz dor e sofrimento, transmitido para os músculos e demais partes do animal. 

Isso, sem desconsiderar o momento da morte, que vai desde choque até pancada na cabeça: tudo isso absorvido pelo nosso organismo, enquanto estamos ALIENADOS do processo, pois entramos no supermercado, que toca músicas que mexem com nossa frequência, tornando-nos mansificados para consumir tudo que está pela frente. 

Isso sem deixar de mencionar a mecanização, que se transforma em robotização, reduzindo lucros, mas também alijando os agricultores locais. Ou seja, ou se tem dinheiro para um agronegócio, ou, então, trabalha-se para o empresário (não estou qualificando isso a priori). 

No que diz respeito à agricultura de subsistência, mesmo raciocínio, com a diferença que, no caso de agricultura, o rol de pesticidas, hormônios e antibióticos é mais amplo por conta da vulnerabilidade das plantas e dos tubérculos. 

O acondicionamento das verduras, dos legumes e frutas é precário no Brasil, pois a melhor produção vai para o exterior, em detrimento do controle de qualidade para o consumo interno. 

Quanto aos produtos industrializados, além de não serem feitos com a integralidade dos elementos que os compõem, contém conservantes, acidulantes e outras substâncias que são acumuladas pelo nosso organismo, sendo responsáveis por doenças que aparecem ao longo da vida. 

Interessante pensar nisso como uma "loteria da vida", pois, num mundo de escassez de bens de subsistência, esse procedimento sela a vida e a morte de quem consegue vencer tais obstáculos. 

Continuando, os industrializados (e alguns veganos que não fogem da regra de consumismo, tá?) são apresentados como de livre escolha para os consumidores, mas acobertam ligações entre as empresas que, internacionalmente detém nosso mercado interno, a exemplo da Gessy-Lever e Monsanto, sempre arroz de festa dos supermercados. 

Estes, por seu turno, pactuam entre si as "ofertas" que colocarão à disposição dos compradores, aumentando internamente o valor do produto, para compensar a diminuição de preço. 

Sem deixar de mencionar o achatamento e fechamento dos mercados pequenos e familiares, em função do boom das relações contratuais anônimas na pós-modernidade. 

Esse é um pequeno recorte do cenário. Minha pergunta é: COMO PODEMOS MUDAR ISSO?

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