quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Um dia, mil felicidades...

Fonte da imagem: https://img1.etsystatic.com/010/0/5255184/il_fullxfull.439792291_h9xo.jpg
Com tantas opções para aproveitar uma semana de bom descanso, poderia até mesmo pensar que a alegria estaria em uma praia ou, talvez, em uma cachoeira a quilômetros de distância daqui. 

Ou seja, a boa e velha ideia de que felicidade é uma "meta" longínqua a ser alcançada fora de nós, e nunca um estado existencial autorreferente, gravitando em torno da experiência vívida de plenitude, pouco importando onde se está...

Estou descansando um pouco durante essa semana de acúmulo de datas importantes: um feriado no dia 12 de outubro, bem como o dia do professor, 15. Algumas faculdades fizeram uma conjugação entre as datas e pararam suas atividades, retornando apenas na próxima semana: uma boa pedida para recuperar a alma e prepará-la para a reta final de fechamento do semestre.

Não atendo telefone, muito menos acesso e-mail profissional nesses dias, para não atrapalhar o fluxo da energia em processo de reciclagem (rs, para arrepiar o/as cientistas de plantão).

Estou dando um tempo em tudo que diz respeito ao que não é lúdico, pois decidi dedicar essa semana à frugalidade e ao ócio produtivo, uma forma de higienizar a mente e o espírito: runas, tarot, celebrações lunares, gastronomia e boas conversas têm sido a agenda onírica a me embalar durante esses dias. Até fizemos uma imersão noturna no córrego daqui do condomínio, para limpar, recarregar e programar alguns cristais, não sem, mais uma vez, eu me deparar com meus TOCs-sombra (escuro, lodo e solidão).

Pois bem...

Como o calor não dava trégua e a programação de atividades aquáticas não vingava (Parque Nacional de Brasília super lotado de seres em desespero), não hesitei em aceitar a sugestão do Gabriel para simplesmente tomar um banho no Lago Paranoá. Simples assim. 

Lago Paranoá. 


Torcidas de nariz? 

Talvez, mas acredito que boa parte delas seja pelo desconhecimento da potencialidade desse manancial de água. Muito já se comentou sobre a limpeza do lago, mas, ao final, o que fica é a certeza de que existem pontos onde a água é bem propícia para o banho (basta acessar o hiperlink acima para saber).

Atravessamos a ponte, vimos um local em que a pista dá azo para uma estradinha de chão e rumamos para um local da orla em que é possível acessar a água.

Uma verdadeira moldura natural, ladeando a água e nos permitindo regojizar ante a vista, como na foto acima. Uma maravilha, gratuita, acessível e bela. E parece que a ideia não foi privilégio apenas nosso, pois lá chegando vimos um rapaz de moto, descansando embaixo de uma árvore, bem como pescadores lançando suas iscas.

Nada como a sabedoria popular: onde existe muita gente pescando, existe muito peixe. E onde há peixe, há água boa. Bom, como não vimos nada geneticamente modificado (como nos filmes Anaconda 20 ou Alligator 12), descemos para a água e lá ficamos por umas boas duas horas. Papeando, nadando e, no meu caso, lidando com meus TOC-sombras, como ter a sensação de pisar em lodo, o que foi feito com sucesso!!!

Aliás, antes mesmo de entrar, de sola, na água, fechei os olhos e senti o vento, abrindo os braços e me conectando com todos os elementos que estavam ali conosco: ar, água, fogo e terra. Outra maravilha, pois não precisamos de parafernália esô (de esotérica, uma referência ao exagero de se utilizar uma tonelada de instrumentos para acionar o gatilho subconsciencial) para o sentimento de conexão ao Todo se elaborar em uma egrégora de pura força vital.

Enquanto observava o movimento de carros indo e vindo na Ponte JK, lembrei-me de todos os dias em que faço o mesmo, saindo de casa para o trabalho, muitas vezes sem me permitir vivenciar sequer olhar mais atentamente para o lago e perceber o quanto posso ali me perder e me encontrar. 

O tempo parou naquele momento de júbilo em que percebi, mais e mais uma vez, não ser necessário muito mais do que uma boa ideia para se viver bem os dias nesse planeta, pois a criatividade e a imaginação são o combustível mais potente para a elaboração dos mais inusitados roteiros de lazer.

Nadamos até eu virar um camarão (pois só lembrei de passar o filtro solar quando já estávamos indo embora), peguei carona nas costas do Gabriel (nunca havia sido carregada por alguém na vida) e rumamos para arrematar um resquício de carreteiro que eu havia feito no dia anterior: o melhor de todos que já fiz, pois acrescentei ao charque um pouco de linguiça de calabresa reduzida no vinho tinto.

Aliás, outra boa lembrança: decididamente me alimento melhor em casa do que tentando me arriscar nas incertezas da rua (má qualidade, aliada a alto custo e péssimo atendimento). Até ceviche fizemos por aqui, sem dever para restaurante algum. Arrisco-me a compartilhar a receita... Anotem os ingredientes:
4 postas de robalo  - 1/2 pimentão vermelho -1/2 pimentão amarelo -1 cebola roxa grande -2 pimentas dedo-de-moça - 5 pimentas de cheiro - limão a gosto - azeite a gosto - sal a gosto.
Corte o robalo em cubos pequenos e o misture com os pimentões, a cebola e as pimentas, todos cortados bem picadinhos (à julienne), à exceção da cebola, que é cortada em tiras longitudinais. Misture tudo, acrescente o sal, o azeite, um pouco de pimenta do reino picada e regue com o sumo dos limões (eu coloco a quantidade de limão para mergulhar 3/4 do volume do peixe). Daí basta colocar na geladeira e deixar marinar. Fica uma delícia!!!
Tudo isso só foi possível porque estou nos mais plenos dias de encontro com minha alma simples, que se contenta com a vida que se elabora por gratidão. Falo isso agora, nesse post, porque depois vou postar um outro texto com as peripécias de mais um momento em que minha alma saiu de férias por aí...

O dia feliz rendeu até uma fotografia de lindos flamboyants em plena floração, outro espetáculo para os olhos sensíveis de quem se permite enxergar a obviedade no invisível imanente.


Pode parecer até uma chácara, mas se trata de um condomínio aqui perto do Jardim Botânico. Um bom lugar para visitar e tirar fotos. 

Essa aqui ao lado foi tirada pelo Gabriel, em grande estilo. Custo da aventura? ZERO. Um colírio para olhos cansados de urbanidade e concreto, fazendo com que possamos refletir, a cada dia, sobre a maneira como dispendemos nosso tempo nesse planeta legal.

Esse foi o dia da volta do tchibum no lago, quando passamos no mercado para comprar alguns ingredientes para fazer uma salada (um hábito que nunca abandono, ainda que ingira, por hipótese, uma caldeirada de feijoada, rs).



Bom, esse foi o relato de um dia feliz, vivido na plenitude do que é mais simples e, ao mesmo tempo, mais completo: a gratidão por estar no aqui e no agora. Sem apego ao passado, muito menos ansiedade no futuro. Aqui. Agora. Ponto...




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