domingo, 24 de maio de 2015

Entre Direito, gastronomia e alquimia: a importância de uma alimentação saudável

Nas horas em que não me encontro trabalhando - o que faço por puro prazer, pois adoro minha profissão docente-advocatícia-artesanal - costumo me dedicar ao deleite da busca da perfeita alimentação saudável, fruto da senda com a qual tenho me comprometido há um bom tempo. 

Quando caí dura por conta de uma gripe descomunal (ninguém acredita muito que uma gripe possa causar tanto impacto, mas me deixou uns três dias de cama, bem como outra semana inteira para integral recuperação), percebi, no ápice de um delírio, insight, visão ou qualquer que seja o nome, a necessidade de retornar às raízes e modificar alguns hábitos/vícios que se instalaram em minha vida e me retiraram do foco. 

Por onde comecei?

Escutando meu corpo e observando os sinais e sintomas que dele exsurgiam. 

O primeiro, claro, dizia respeito à relação viciante que travava com o queijo. Qualquer queijo, até mesmo aqueles mais ralés, seduzia meu paladar e atraía a minha atenção, fazendo com que boa parte da minha alimentação contivesse esse néctar incomum.

Quem, afinal, não gosta de queijo? 

Talvez minha mãe, mas por um motivo: ela fazia queijo para vender na loja e enjoou em face do procedimento artesanal de elaboração. Mas, afora ela, não conheço mais ninguém em meu círculo pessoal que deteste queijo. Eu não poderia ser, claro, exceção.

Foi quando percebi algo muito interessante...

Não tenho intolerância ou alergia à lactose, mas minhas vias aéreas viviam congestionadas, como se eu estivesse em plena crise de sinusite. Muitos espirros, olhos marejados de água e uma pressão interna enorme, sintomas que me colocavam sempre a desconfiar da sinusite que sempre me perseguiu. 

Ou, então, como estou morando em um lugar bem úmido, cheia de gatos e cachorros, temi o pior: processo alérgico. Passei a dormir sem gatos e nada, tudo continuava como dantes. Fiquei aliviada, pois, sinceramente, preferiria morrer de alergia a ter que me separar da minha família. 

Após a gripe-zumbi - sim, virei um - decidi, com muito pesar, retomar à dieta lacto-vegetariana que havia abandonado há dois anos. A primeira providência foi cortar o queijo e cuidar melhor da vias aéreas. Voltei a tomar 15 gotas de própolis no suco, ingerir uma colher de chá de pólen de abelha em jejum todos os dias e a usar o lota para a limpeza interna do nariz. 


Fonte: http://lota.com.br
Uso o lota duas vezes por semana. Basta ferver água filtrada ou mineral, deixar esfriar até ficar morna, na temperatura de mamadeira de bebê (eu nem tenho bebê, mas deve ser a temperatura que uso), acrescentando três gotas de própolis (uso extrato aquoso, sem álcool) ou duas de limão (para os casos de rinite alérgica) e uma colher de café rasa de sal. 

Daí basta introduzir o bico do lota em uma das narinas, virando o rosto e deixando escorrer a mistura pela outra narina, por gravidade. 

Respira-se, durante todo o procedimento, pela boca, pois ambas cavidades estão ocupadas com a entrada e a saída da água. Nem tente respirar pelo nariz, pois você pode se engasgar ou a mistura salina entrar e se instalar em seu pulmão. Resultado: respiração com 100% de aproveitamento das narinas. Estou sentindo aromas que até mesmo antes não havia sentido, o que me dá a sensação de descoberta de um mundo novo!!!

Segundo passo, alimentação. Abri meu armário e vi grãos, cereais e ingredientes cuja existência não me era lembrada. Gergelim!!! Tenho muito gergelim, pois amo tudo que leva gergelim! 

Um dia desses fiz uma experiência: tofu orgânico com bardana e gergelim.

Cortei bardana e gengibre (pouco) em tiras e a dourei no azeite (hoje uso ghee, que dá um gosto maravilhoso também) com um filete de alho e molho tonkatsu (um molho japonês adocicado que as pessoas insistem em chamar de "molho inglês japonês").

Pois bem. Coloquei nesse pires meia colher de vinagre de arroz no fundo, espalhei com o dedo, formando uma base acidificada. 

Daí coloquei os cubos de tofu em cima, salpiquei gengibre em pó (um pouco, para não ficar proeminente), uma gota de tonkatsu em cima, gergelim preto e cebolinha no topo. Acrescentei a bardana e pronto: minha refeição estava pronta! Simples, fácil e muito, muito nutritiva!

Final de semana comporta mais desaceleração, ocasião propícia para desenvolver os dotes alquímicos da gastronomia vegetariana. Musiquinha ao fundo, incenso para elevar a alma e me conectar ao que é verdadeiramente bom - a essência universal do bem viver, o estado de alma plena - boa conversa (sobretudo quando meus irmãos vêm para cá) e ingredientes orgânicos completam a fórmula da magia em perfeita execução. 

Quando um dos meus irmãos veio passar o final de semana comigo, fiz um típico almoço vegetariano: a) salada de alface americana, mimosa, radicchio, cenoura ralada e tomate caqui maduro, temperada no azeite, fio de sal e vinagre de arroz (uma delícia!), b) picadinho de proteína de soja, abóbora, brócolis, cebola, alho e passas, tudo temperado no curry, gengibre e na pimenta limão, c) arroz cateto vermelho misto, algas, cebola, quinoa e gergelim pretos. 

Comemos na varanda, pois quando nos mudamos para cá, fiz questão de não colocar mesa dentro de casa, já que a paisagem é maravilhosa. 

Ficou algo bem próximo à figura ao lado. A panela da direita contém o picadinho veggie, a panela debaixo, o arroz cateto e a da esquerda, por óbvio, traz a salada.

Por fim, mais uma e difícil diretriz (necessária) em minha nova velha vida: o corte do glúten, depois de anos e anos vivendo com aquela sensação de ter comido um balão.

Ela veio devagar e foi se instalando em minha vida sem que percebesse. Quando dei por mim, estava me sentindo inchada, com a sensação de volume na região abdominal e uterina, flatulência em excesso. Foi então que veio à cabeça: glúten! Intuitivo processo de percepção, suficiente para que eu procedesse ao corte radical da minha vida alimentar.

O resultado desse artesanato gastronômico?

Dias de esvaziamento, calças abotoando, aromas sendo devidamente captados e, sobretudo, sensação de leveza! A carne não está fazendo falta - como, no meu caso, nunca fez - e, por mais que ame queijo, pães e massas integrais, amo mais minha saúde e essa sensação de leveza que se instalou em minha vida. O bastante para que eu deseje permanecer assim por um bom tempo!


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