terça-feira, 19 de agosto de 2014

Quando somos nossos maiores algozes...

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De repente, ele chega de mansinho, sem pedir licença ou avisar e, quando percebemos, o cansaço se instala em nossa rotina, o bastante para nos anestesiar. A apatia e a indiferença começam a pulsar dentro da alma, desejando anular o que temos de melhor. 

Buscamos culpados, olhando ao redor para guilhotinar alguém. E, quando não encontramos, decidimos culpar a nós mesmos, fazendo-nos mil perguntas, quase todas convergentes para uma interrogação só: por que me meti nessa? Por que fiz determinadas escolhas? Por que insisto na mesma estrada?

Tempos atrás postei um texto sobre a causa emocional das doenças e, por ironia, quedei aplacada por uma cistite recorrente, que sempre me atinge quando estou no grau último de frustração e decepção em algum relacionamento. Lendo a obra de Louise Hay decidi mergulhar a fundo na cistite, procurando, com isso, compreender minhas idiossincrasias para ressurgir curada ou, ao menos, com essa intempérie superada.


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"Descontentamento com as atitudes do parceiro no âmbito doméstico"- será que ela estava escrevendo essa sintomatologia para mim? - comecei a rir sozinha, imersa em meu lacônico narcisismo - "Descontentamento com o desempenho familiar na convivência". Estava com uma bazuca pronta para acertar o alvo, deleitada pelo prazer de fechar meu saquinho de responsabilidade para entregar para alguém quando, mais adiante, li que, ao final, toda essa frustração reprimida - não dialogada adequadamente - deriva de uma idealização do outro, na medida em que desejamos que a pessoa seja outra e, de preferência, alguém que reze a nossa cartilha

Saí do seis para o meia dúzia, pois, se, de um lado, desejava aniquilar outra pessoa por intermédio cobrança por atitudes, de outra sorte percebi quase me lançar  - e de uma forma não menos dramática - no fundo do poço do autoflagelo e da culpa, questionando a razão pela qual ainda insisto. 

Insistir no que? Num relacionamento onde inexistirão mudanças por nós produzidas, já que não é interessante pretender ou querer mudar alguém? Insistir em achar que se pode mudar? Insistir em escolher alguém que "não muda"? Ou talvez insistir em insistir no erro do controle do outro, da intolerância e, de fato, em jogar pedra no espelho? 

Não sei, mas acredito que, em meio a tanta dor na urina e bexiga inchada, cada dia tem me motivado a me observar mais, no intuito de simplesmente deixar o fluxo da vida e procurar focar mais para meus dilemas. Isso é simplesmente mágico, pois se passa de uma posição de vítima para a proatividade em se firmar o pensamento no autoconhecimento, bem como na busca de soluções para a superação de mazelas que insistimos em alimentar.

De fato, eis o que descobri por intermédio dessa "bexigueira" toda: não tem muito a ver querer que o outro seja aquilo que desejo, porque, afinal, não seria ele - ou ela - uma pessoa autônoma, e sim um retrato ou projeção de nossas individualidades. De outra sorte, tal percepção me leva a refletir sobre meus limites em relação a lidar com o desafio de me enxergar a cada dia para, a partir daí, ponderar se devo continuar meu caminho nessa senda para vivenciar o caminho diferenciado que estar com alguém pode representar. 

Ou seja, perceber se dentro do caminho escolhido as coisas fluem. Ou, caso contrário, observar que não. As coisas se ajeitam. Mas, para isso, estou tendo que refazer certos percursos, descobrindo que ainda insisto em me nulificar, em anular minha vontade em função de ajudar o outro. Nada mais hipócrita, pois nada tem de caridade isso. É o velho sentimento de fazer pactos que somente agridem.

O mais interessante nisso tudo consiste em observar que a cura para essa repressão toda enviada para a bexiga começa a despontar na medida em que deixo de fazer "caras e bocas" para cativar o outro e simplesmente sigo meu caminho. Isso tem sido essencial para eu descobrir, por vivência, que não se carrega ninguém nas costas, pois cada qual sabe ou deve saber de si. 

Simples assim...

De resto - e não menos importante - bastante água, cana do brejo e cavalinha, homeopatia. E conexão na gratidão.

Namasté!


Fonte da imagem: http://www.emporiumnatural.com.br/thumbs/produtos/585cana+do+brejo_thumbView.jpg

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