quarta-feira, 9 de julho de 2014

"O mar carrega, um dia, enfim
O que sobra de todo o resto
De nada mais que habita em mim.
Eis que a pira se esvai, perdida em meio a tanta dor
que não me sai.
O que era tudo se perde no meio de palavras vazias
A solitude em companhia
Do que era intenso e se quebrou.
Donde, por certo, ressurgirá?
Não sei, apenas pranteio
Sem mais a mais
Restos mortais de um cadáver fétido
Do que era nobre e se deixou vagar.
Nada mais existirá.
A ampulheta acabará, ao fim, contorcendo a dor que insiste em ficar
Não se contém a fúria do que se findou
Apenas se lamenta, depois de cinzas, 
o que se foi sem a menor pretensão de ser amor.
Acaba-se tudo, como tudo enfim, na vida acaba.
A vida se acaba no acabar da fábula.
Nada,
Inexiste,
Nada inexiste no nada
O tudo que nunca foi mais do que a fagulha de uma tormenta
E que se acalma na certeza do fim"

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