quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Quando o AMOR prevalece...

Posso não saber muito mesmo a respeito do amor - por errar muito em termos de seu vivência - mas sei que a amizade é, ainda, minha experiência mais pura, gentil e sincera do que esse nobre sentimento  representa em uma vida, no caso, em minha vida.

No sábado nos encontramos novamente, a mesma turma - ou a maior parte dela, pois existe um dissidente ainda. Estávamos lá: Marco Tulio, Daniela e Juliana, o famoso quarteto fantástico que já passou por muita coisa junto. 

A Dani (essa linda aí em cima), nem preciso dizer...

Aliás, talvez o silêncio seja a maneira mais honrosa de brindar o orgulho que sinto por ela em seu crescimento. Um ser que, diante de todos os percalços, sempre chamou para si a responsabilidade em relação à vida. Cosmopolita (claro, aquariana que é), Saiu de um sonho de vida - ser enfermeira - para, regada a outro sonho (morar perto de quem ama, seus familiares), dedicou-se, foi à luta e, sobretudo, mesmo podendo - pois a família sempre estava ao lado, ali, pertinho, nunca se acomodou e nunca achou que os outros tinham obrigações para com ela. 

Lembro-me de quando estudávamos Matemática e Física (foi até num dia em que o Airton Senna faleceu), pois ela via dificuldade mas nunca desistência. Depois, tempos depois, contrariando tudo o que as pessoas falavam para ela - inclusive eu - a Dani foi morar sozinha, saindo da zona de conforto da asa dos pais para enfrentar a labuta de se manter com 700 e poucos pilas (nunca me esqueço o valor porque eu falava para ela que "não dava"). 

Surpreendente!!!

Depois, progressivamente, cursos e mais cursos, etapas e mais etapas, em cada dia, a Dani tem firmado seus pés no largo e irregular chão da vida, tornando-se a pessoa íntegra com a qual me relaciono fraternalmente nessa vida, ao ponto de, mesmo morando na Paraíba, nossos corações estarem em constante contato e harmonia, tal qual o primeiro dia em que nos conhecemos, num banquinho do Objetivo.

Essa foto aí em cima foi tirada no Club Nature, em pleno sábado de sol, intenso, depois de uma aula inexistente de street dance (normal, tudo é festa). 

Encontramos a Ju, outra ilustre pessoa que, desde 1987/88, tenho o prazer de compartilhar muita experiência. Conhecemo-nos no segundo grau do Colégio Sigma, uma não indo lá com a cara da outra, mas, depois, no reencontro na UnB (ela cursando Matemática e eu, Física), intensificamos nosso contato e solidificamos nossos vínculos, que duram desde então.

Tivemos momentos de distanciamento, sim, claro, boa parte deles, talvez, provocados por muita atitude e ignorância minha. Mas - esse é o argumento que sempre levanto - quando amamos de verdade, superamos as dores, os percalços, superamos, enfim, a nós mesmas, apenas e simplesmente por se tratar DAQUELA pessoa em especial

Lembro-me ter ficado 3 anos sem falar com a Ju, depois mais um ano...

Esse último, embalada por uma percepção bem unilateral minha, de achar que as coisas deveriam ser da maneira como eu achava e as pessoas - no caso, minha amiga - deveria, ou não, ter agido de um jeito - ou de outro. Com isso isolei-me, calei-me e me afastei, sem, contudo, deixar de pensar um só dia nela. Entrei em devaneios e embalada pelo envenenamento do meu coração, agi no contra-fluxo de quem sou, apartando-me de quem amo, não sem reclamar, xingar, enfim, atacar, mandar e-mails e desaforos, coisas que só eu mesmo sei fazer.

Mas para todas as pessoas que me conhecem a fundo, dentro da minha alma - meus amigos e minhas amigas, que bastam, ao final - o fato de eu incessantemente agredir, atacar, falar é apenas a clareza e a transparência de eu dizer que amo, que estou sentindo falta. É ignorância? Que seja, afinal, sou tão humana quanto tantos humanos que transitam todos os dias por aí...E daí?

E daí que, ao final, quando a saudade aperta e o sentimento de bem-querer fala mais alto, sempre existe possibilidade para se começar algo novo. Assim foi com a Dani, assim foi com a Ju...Assim é com a vida quando estamos dispostos/as a romper as barreiras de nossas idiossincrasias. 



Sábado foi mágico realmente, pela a-temporalidade que cercou o ambiente, como se os anos não tivessem passados para todas/os nós. E não passou, porque a cada riso, a cada gargalhada, o bem-estar e a completude falaram mais alto em nosso encontro, trazendo uma felicidade que há tempos eu não sentia: pertencimento...


Marco Tulio fala muito nisso, pertencer a um clã. Ser de uma matilha, como disse a Juliana. Ser de um grupo que sempre esteve presente nos momentos mais inimaginavelmente difíceis em minha vida. Cada qual em uma etapa. O Tulio, quando fui sequestrada...e quando enfrentei um psicopata há 2, 3 anos atrás. A Juliana e a Dani, sempre oferecendo apoio quando eu estava mais desolada pelo desamor que ainda existe nesse mundo... Todos e todas, contudo, sem saber, apenas por estarem presentes em minha vida, permitiram a abertura do meu coração...Abrir o coração é muito fácil quando a pessoa que está ao nosso lado também assim o faz. Quando quem está conosco conversa, abre-se e, sobretudo, compreende, de verdade, como somos...É isso, nada mais...

Com isso revalidei o que sempre pensei a respeito da vida: errar e voltar atrás no erro, passando por cima do meu orgulho - que, afinal, é apenas uma barreira para não me machucar (ingênuo isso, pois também não vivemos), falar o que o coração sente e, mesmo tomando muita porrada de quem se ama, compreender nisso uma consequência natural da vida e de nossos atos. 

O importante, ao final, é que existem pessoas nesse mundo que realmente me amam - meus amigos e minhas amigas - e que, no auge das minhas intempéries, aceitam-me como sou e, mais importante, ficam ao meu lado porque exata e pontualmente sou assim, um contra-fluxo de emoções que se lançam, muitas vezes, antagônicas e paradoxais, porque sou paradoxal.

De tudo isso, a certeza de que, ao final de meus dias, terei vivido, no âmago, o sumo de tudo que se apresentou para mim nessa existência. Afinal, o único arrependimento que não pode existir é aquele elaborado pela omissão, pois ela - a omissão - mina nossos sonhos, alimentando o pensamento com a dor de um devenir que nunca existiu, mas que, embalado por nosso desejo mais profundo, inquietou nossa alma o bastante para nos lançar no devaneio de uma quimera desejada, mas nunca realizada.


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