sexta-feira, 20 de julho de 2012

Decifrando a vampirização emocional

Olhos profundos e penetrantes são sempre um arraso, pois, onde quer que os vejamos, despertam a languidez de um mar infindo de felicidade, trazendo sensações de assombro, alegria e, sobretudo, uma reconfortante promessa de AMOR, principalmente se, junto com o olhar lânguido vêm as palavras doces que, em instantes, são capazes de quebrar toda e qualquer resistência...Essa é a senha para que deixemos entrar em nossas vidas e em nossos lares as pessoas denominadas "vampiras" emocionais, seres sem luz própria, que se alimentam da luminosidade, da energia e da boa-fé de quem lhes dá acolhida. 


Mas quando o mar de languidez revela a abissal sombra de almas tão perdidas que, dentro de suas desgraças, locupletam-se - ou tentam, ao menos - da boa-fé de uma pessoa, nada tem de cativante, mas, antes, tem de maléfico e doloroso. Quando chegamos a essa conclusão, o melhor que temos a fazer é buscar os fatos, porque, como fala a sempre sábia sabedoria popular, "contra fatos não há argumentos". Por isso, o primeiro alerta para se evitar um contato de vampirização emocional é sempre prestar atenção nas atitudes, e não nas palavras gentis proferias por essas pessoas astutas na arte da manipulação. 

Sim, estelionatárias e estelionatários emocionais também se escondem atrás de máscaras e de estereótipos de pessoas equilibradas, ponderadas e maduras, que, de outra sorte, encobrem suas facetas, mentem sobre suas vidas e mostram que apenas reviraram - ou se viraram - em uma imagem que não correspondia à realidade, principalmente sob um teto comum. É o velho ditado: viva sob o mesmo teto com alguém para que todas as máscaras caiam.


"Viraram"? 


Não, não, não, ninguém "vira" nada. Sempre se é o que se é.


As pessoas que acreditam e acolhem as vampiras emocionais detêm a responsabilidade, pois tentam, de boa-fé mesmo, convencer-se de que sapos são realmente princesas (não falo mal das bruxas, por motivos óbvios: elas são injustamente culpadas de todas as dores do mundo) e príncipes e, apesar de todo o coaxar nos ouvidos ingênuos, sempre queremos acreditar que aquele som é da sinfonia angelical oriunda dos lindos lábios de mel... Nós simplesmente não queremos acreditar e, com isso, criamos uma redoma de proteção em torno da imagem que fazemos de uma pessoa que, ao final, reproduz um padrão...apenas isso. De maneira nua e crua.

São os "bons moços" e as "meninas de família", vistos pela família como pessoas maravilhosas - ganham o troféu "joinha, joinha" porque, ao final, sabe, como ninguém, trocam um gás, um pneu e fazem esses serviços todos para os quais podemos até mesmo pagar alguém, mas que, para justificar a existência desse ser em nossas vidas, fingimos também serem essas tarefas "básicas", quando, a bem da verdade, odeiam fazer isso, bem como fingem ser quem não são em outras tantas tarefas igualmente nobres, como lavar uma roupa ou varrer o chão do lar onde entra todos os dias. 


Mas, eis que, um segredo...


Ali, no silêncio da alcova, os bons moços e as meninas de família, dentro de si, amaldiçoam secretamente a todos dentro do vazio de seus olhos que não brilham e não mostram a alma, talvez, porque, se mostrassem, refletiriam apenas o vácuo dentro de corações absolutamente incapazes de amar alguém a não seja sua imagem refletida no espelho... 


É Narciso que habita a pobre carcaça do protótipo do bom menino e da menina de família (sim, são meninos e meninas, não obstante beirarem os 40 anos, terem famílias, filhos, cabelos brancos, enfim, atributos ótimos para servirem de instrumento para a fraude que articulam em torno de quem desejar coaptar) que adoram reverenciar a própria imagem.


Ou melhor, a imagem de seu pênis no caso dos homens - ou da vagina, no caso das ninfomaníacas de plantão - pois, a todo tempo em que esses doces meninos fazem apologia ao pênis e as meninas à vagina, findam por denunciar - de maneira sutil como uma pata de elefante - uma insegurança enorme quanto à masculinidade e a feminilidade e estima, principalmente ao tentarem usar a genitália para manipular o outro. 


Daí um segredo para as futuras mulheres e futuros homens libertários, que estão tentando sair dos tentáculos desses polvos desorientados na vida: no caso das mulheres, deslocar a vagina para o cérebro, já que, para os moços bonitos, realmente o único órgão que articula a ação é o pênis. Para os moços, idem. Sim, eu sei, uma lástima em tempos de pós-modernidade, mas um alerta necessária para que nos libertemos desse primado de opressão.


Quando descobrimos isso e findamos as relações de parasitismo, sempre achamos, em um primeiro momento, que estamos exagerando, mas é apenas uma ilusão, pois quando racionalmente refletimos e ponderamos, ao longo de considerável tempo, descobrimos que, na verdade, os mesmos olhos sedutores e a mesma fala mansa já transformaram outras pessoas em pedra - para isso, sempre é bom fazer uma pesquisa e diligenciar com outras pessoas, para que possamos concluir, que o padrão é o mesmo: mulheres autônomas, empoderadas, mas que escolhem mal, muito mal, os parceiros, pois acolhem em suas casas e suas vidas parasitas que se atrelam por necessidade de apropriação de energia e, claro, de vida... Ou, no caso, homens legais, autônomos, escolhendo mal...


Daí, depois da reflexão, ficamos com a consciência bem tranquila, pois descobrimos que, de fato, é sempre legal estar de boa-fé e acolher um ser com a intenção de compartilhar, mesmo que a(o) sangue-suga deseje, ao final, dar-se muito bem! Podemos descobri, assim, que não somos nós quem erra sendo sacana, pois a boa-fé sempre prevalece como justificativa ética, já que pessoas insensíveis não são capazes de amar, muito menos de compartilhar absolutamente nada.

Talvez não sejamos as primeira pessoa e, dependendo das fontes fidedignas onde procuramos informações, talvez também não seremos a(o) última(o), de modo que, do auge da imparcialidade das fontes, podemos ter a certeza de estarmos diante de pessoas sugadoras, que intencionam usar a pessoa como trampolim para seus propósitos, de maneira mais fácil, por achar que, na vida, o atalho é sempre o melhor meio de "se dar bem". 


Essas lições podemos aprender reunindo todos os episódios, as falas e, sobretudo, os comportamentos diluídos ao longo do tempo, sempre tomando o cuidado de checar a informação do emissor ou da emissora, principalmente se ela ou ele tiverem uma memória de alfinete, digna de ginkgo biloba todos os dias.


Podemos captar isso em  uma conversa bem humorada, por exemplo, quando a vampira ou o vampiro falam que vão tirar nota alta "jogando charme" para o(a) professor(a), esquecendo-se, contudo, que, na vida, ser bonito ou bonita não representa um passaporte da alegria, dada a efemeridade com que a beleza se esvai. O essencial, como diria Exupèry, é invisível aos olhos, de modo que o que se coloca à nossa fronte é apenas uma tela que irá esmorecer ao longo do tempo, pois, o que vale, realmente, é a lisura do caráter.

Dá até para transformar em ironia a experiência, pois acredito que nesses tempos de mudanças comportamentais, compartilhar as estratégias desses "malas-sem-alça" seja, ao final, uma bandeira para que todas as pessoas possam fazer escolhas de vida melhores que as que foram feitas. 


Primeiro de tudo - parafraseando o livro ELE SIMPLESMENTE NÃO ESTÁ A FIM DE VOCÊ - sangue-sugas nunca abrem a mão. São pessoas ótimas para gastarem o dinheiro alheio, a pretexto de estarem "compartilhando", mas, na hora em que é o dinheiro delas que está sendo empregado, vampiro(a)s levam os parceiros, no máximo, para comerem um prato feito na Feira. Ou, no caso das vampiras, elas sempre escolhem o prato mais caro, não porque realmente querem comer aquilo, mas porque representa muito em termos de energia consumir algo tão caro.

Não, não, PF de 10,00 é legal, gosto dele e da apologia à cultura popular. O que chamo a atenção é para a falta de generosidade acometida aos seres que desejam todos os beneplácitos do mundo - e de todas as pessoas - mas que, no fundo - ou no raso - não dão absolutamente nada para o Universo...

Sabem aquelas pessoas que se alimentam dos restos deixados para trás, ou ainda, que mantêm uma amizade porque os amigos ou as amigas pagam conta, mesmo que os vampiros, pelas costas, falem tão mal de quem o alimenta? 


É bem por aí a estratégia, em atitudes que reverberam para todos ao seu redor, pois os bons moços se acham merecedores de tudo sem o menor esforço, como se existisse a sorte e, no caso, ela fosse apropriação dos vampiros e das vampiras...

Quando nos damos conta, pegamo-nos gastando boa parte do nosso dinheiro pagando jantares, almoços e sendo feliz compartilhando com sujeitos que, ao final, levam-nos à Feira para comer um prato feito de R$10,00, à escusa de ganhar menos, desculpa mais do que esfarrapada.

Enquanto estão desempregados e desempregadas, gastando dinheiro alheio, tudo caminha às mil maravilhas no relacionamento com sanguessugas e vampiras, pois não é necessário a ele(a)s empreender a esforço algum para que as contas fossem devidamente pagas, sabe-se lá por quem. 


Mas basta que os bons moços e as meninas de família entrem no mercado de trabalho para que surjam do armário os monstros devoradores, pessoas ingratas com a vida, já que, mesmo diante do dinheiro proeminente, passam a ser mais mesquinha(o)s com o dinheiro, a ponto de sobrar até mesmo para os familiares que, não raro, ainda mantém a vida de banquete das meninas e dos lactantes, criados e criadas com muito Leite Ninho em canelas enfeitadas pelas vovós. 


Outro detalhe relevante que descobri no livro... 


Pessoas assim falam muito, mas pouco ou nada fazem em torno das vãs promessas que são capazes de articular em átimos de segundos. São pessoas tão famintas - devoradoras mesmo - que, à escusa de pretenderem ganhar "um pouco mais" para construir sonhos que nunca saíram do papel, podem chegar até mesmo à articulação de mirabolantes ideias de participar de um conluio criminal, burlando simplesmente os postulados de imparcialidade, legalidade e isonomia do serviço público, para fazer um rachid com outras pessoas para faturar um tostãozinho... 

No fundo, ou como dito ates, no raso, são amorosas criaturas que, de tão maturas, são capazes de gastar parte do salário apenas pagando almoços homéricos para os colegas e as colegas, mesmo que, em suas próprias casas, sejam incapazes de fazer o mesmo...é a história do PF mesmo. Ironia, não?


O mais interessante nos vampiros e nas vampiras emocionais reside no fato de não se entregarem, de não abrirem o coração, de não ouvirem a voz interior para a necessidade de mudança. Os vampiros - ou, claro, as vampiras, pois vampiro é sempre vampiro, independentemente do gênero, contrariando a perspectiva de ser uma qualidade inerente a um ou outro gênero. 


Vampiros - ou vampiras - não se desapegam das histórias do passado. Temem-nas e, com isso, mostram que não superaram suas mazelas existenciais. São pessoas que, por exemplo, mesmo estando na iminência de ingressar com um pedido de divórcio, colocar tudo a perder, por não serem capazes de assumir a nova vida que - supostamente - estão abraçando. 


Daí, mesmo morando com outra pessoa, as vampiras ou os vampiros negam, como Pedro negou Jesus, por três vezes, que estão em outra vida. Ou, ainda, sentem "raivinha" quando a pessoa que deixaram para trás - ou seria a pessoa que, cansada dessa lorota, deixou a(o) vampira(o) para trás? - Não sei. 


São pessoas covardes e que não assumem as responsabilidades de uma vida adulta, capazes de gastar um telefonema apenas para tentar produzir um sentimento de culpa, porque, inábeis em se encarar no espelho e observarem que erram - e feio, e muio - aliviam esse sentimento tentando imputar ao outro aquilo que, de fato, fazem com todas as pessoas que já cruzaram seus caminhos. Aliás, fazem consigo mesmas, vivendo uma sobrevida de verdadeira miséria existencial, pretendendo comunicá-la ao restante da humanidade, por meio de mentiras e ardis típicos de crianças. 


Daí a estreita relação vinculação com o passado, um cordão umbilical ainda plugado bom tempo...o bastante para os vampiros ou as vampiras emocionais ainda se incomodem com seus ex. Com suas ex. Imaturidade em cima de imaturidade. 

Vampiras e vampiros emocionais são acomodada(o)s, não desejando encarar suas derrotas como ausência de empenho. São capazes de passar 5 anos fazendo concurso - e, claro, não passar - sem encarar a realidade que não estudam, pois a maior preocupação para essas pessoas é entrar na academia para ficarem saradas, comprar um Playstation, passear no shopping, ou, então, ficar horas e horas na frente das redes sociais, ao invés de estudar.


Dessa maneira, as vampiras e os vampiros de plantão ficam construindo sonhos de areia à beira de um mar revolto em plena ressaca, elucubrando objetos para os quais não estão dispostas e dispostos a se sacrificar porque, como disse, o sacrifício é sempre imputado à outra pessoa da qual a vampira ou o vampiro drenam, o quanto podem, o precioso fio da vida, até o momento em que se acorda do pesadelo e se desmascaram as sanguessugas (ou os sanguessugas) que, diante do inevitável, muito pouco têm a fazer, senão irem embora, não sem antes fazerem a saída honrosa que, claro, passa pela montagem de uma boa história para que a outra pessoa seja a(o) algoz. 


Mas a grande vantagem é que não podemos enganar por muito tempo muita gente, muito menos passar tanto tempo assim enganando a nós mesmos...Daí, ao acordarem, todos os dias, olham no espelho a feiúra de suas almas refletidas em espelhos truncados, cacos que cola alguma é capaz de remendar e, com isso, caminham na escuridão para um destino que nem mesmo sabem porque sequer sabem, ou procuram saber, de si...

2 comentários:

  1. Obrigada, precisava desse texto pra acordar.

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  2. Oi, querida Elis!

    Esse texto é impessoal, ou seja, tem um conteúdo que extrapola as histórias individuais, pois determinadas experiências humanas são universais. Essa é uma delas. Fico feliz em saber que você está refletindo a respeito.
    Até amanhã...né?

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