quarta-feira, 18 de abril de 2012

Dialogando com o Sagrado a partir do desvendamento da violação ao Feminino



Estou quase acabando a leitura da obra "A transformação da intimidade", de Anthony Giddens, maravilhada com a mensagem de reflexão que o escritor traz a respeito das relações entre homens e mulheres na atualidade (leia-se modernidade).


Uma frase, em especial chamou-me a atenção. Tentarei fazer uma leitura em cima disso. Diz respeito ao senso comum de se reputar aos homens a pecha de serem insensíveis ou ausentes emocionalmente, no estilo fatídico de "homens são de Marte e mulheres são de Vênus". Segundo o autor, os homens não são destituídos de emotividade, mas, claro, alguns - falamos de grupos e paradigmas - são incapazes de elaborar um "discurso coerente" a respeito de sua emotividade e, dada a incapacidade, ao se "atrelarem" às parceiras, fazem-no de maneira vampiresca... Em linhas gerais, são seres incapazes de se relacionar de maneira adulta e autônoma, pois sempre procuram nas parceiras o cordão umbilical da segurança materna...O colo uterino, afinal.


A rigor, não se trata de uma novidade tal percepção...O diferencial, contudo, ao que percebi no livro, diz respeito à falta de solução para um modelo débil de masculino que está meio perdido em meio à tomada de consciência do universo feminino em "desencanto", pois, de um lado, os homens estão na mesma vibe de outrora, ainda mais violentos...de outro, as mulheres, nós, mulheres, não estamos a fim de "bebezões" (isso me faz lembrar de uma fala que diz que "filho grande quem tem é elefante").


O modelo "Don Juan" também mencionado por Giddens, além de estar com os dias contados, não convence mais ninguém, porque, afinal, o que as mulheres desejam é o respeito como iguais num relacionamento adulto e maduro. Ainda menciona o culto ao falo com que essa raça em extinção - homo demens - ainda insiste em se apresentar às mulheres. Quando terminei a leitura de um dos capítulos, confesso que não sabia onde iria me enfiar, tamanho o constrangimento que senti pelos homens, em face do conteúdo do raio-X com que Giddens (ressalte-se que ele é homem) fez menção ao homem debilitado do séc. XXI.


Daí fico imaginando aqueles imaturos mancebos que ainda estão a insistir na "penicização" de suas vidas, mostrando o biláu para cima e para baixo, achando-se o máximo quando, a bem da verdade, é uma cena pitoresca e verdadeiramente ridícula. Não estou dando uma de puritana - respeito e aprecio sexo, claro - mas a maneira como um modelo imbecil de homem ainda acha que convence e "amacia" a mulher é realmente piegas, para não dizer imatura, sem criatividade ou perspectiva. Acho até que desrespeitosamente. Eu não tenho pênis e muito menos desejo freudianamente me apropriar do falo de quem quer que seja. Será muito difícil perceber isso? Acho que não. Mas parece que para o Neanderthal é muito difícil observar que uma mulher emancipada não se relaciona focando a genitália...


Uma mulher emancipada não pensa com a genitália, não se convence pelo "amanteigamento" do coração, ou, muito menos, cede à migalha de um membro ereto (que, diga-se de passagem, é muito feio)


Não!


Queremos muito mais conteúdo mental, ideias e menos violência sexual de quinta categoria. Sim, pois mostrar uma genitália ereta achando que está "abafando" é um ato de extrema desonra e de claro desrespeito a uma pessoa que tenha, ao menos, dois neurônios fazendo sinapses.


Desejamos o que Giddens expõe como "amor confluente", ou seja, um nicho de igualdade no qual ambos se comunicam e não fazem jogos de exercício de poder, e não uma pseudo odisseia erótica que não sustenta relacionamento algum. Para me relacionar com um troglodita cheio de hormônios em rota de colisão, prefiro ficar sozinha porque passo muito bem, obrigada!


Aliás, é bem sem graça mesmo esse culto ao falo, diminuindo até a libido de uma mulher, pois, ao contrário de sentirmos tesão, o único sentimento que vem à tona é a pena, algo que, sinceramente, acho tétrico sentir por alguém, pois pode detonar arrogância...


Os homens demens - e as mulheres machistas - que me perdoem, pois não estou, com isso, fomentar uma guerra dos gêneros. Não! Longe disso, acredito que em algum lugar depois da ponte arco-íris, exista um paraíso repleto de homens e mulheres emancipados e autônomos...Mas, como esse lugar ainda está longe do alcance de nós, mortais, tento, ao menos, com minhas palavras, construir um discurso, no aqui e no agora, que possa nos permitir chegar até lá e nos relacionar com homens que não desejam nos drenar...Simples assim.



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