quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Tempo de despertar...



Quando olho um arco-íris formado a partir de uma dança entre água e luz, sinto como se estivesse acordando, a cada momento, para um olhar além do que meus olhos físicos podem mostrar.



Tento - com sofreguidão - ver o que está "escondido" por trás desse colorido portal, que me leva em seus braços para as raias múltiplas da imaginação fértil de um universo em que a tônica é a bem-aventurança pura e simples!



Sonolenta, ainda, desperto do aconchego cômodo de uma vida na alteridade que se me apresenta como uma desistência lacônica de ser feliz, e me lembro, ao final, de quem sou, para rumar, dali adiante, para a doce morada desperta que aguarda quem sempre deseja se superar.

Saúdo mais um dia azul que se anuncia em meu despertar de arco-íris, mesmo que, diante do assombro do mundo, existam apenas aparentemente lágrimas a cair do céu. Não me importo, pois amo a chuva, assim bem como amo o sol, pois água e fogo são apenas mais opções a compor a cálida aquarela do pintor que me abundou em seus braços de criação. Ambos são livres, fluídicos, doces e transcendentes, basta que nos movamos, dentro deles, para o voo do arco-íris que se forma a partir da conjugação de tantas vontades!



Ledo engano de quem pensa que a chuva adormece a alma e aquieta o espírito: ela sacode cada um dos átomos que se movimentam, em espetáculo, pelas pequeninas orbes de nossas entranhas. A água nos traz o movimento e a compreensão, a partir dele, de que tudo, absolutamente tudo nessa vida está marcado pela impermanência do voo...Como, então, adormecer?



O despertar do arco-íris envolto em céu, luz e chuva, verte à memória a dimensão da gratitude, já que trás da chuva sempre existe o céu azul, lembrando que a opção em olhar para as nuvens carregadas é de quem prefere ver o cinza, ao invés de subir e se lançar nos espaços impolutos de um saber que extrapola qualquer limitação.



Por outro lado, enxergar o cinza é aceitar a vida em seus momentos lânguidos de entre-safras, pois as cores neutras, quase sempre, são o descanso merecido da cor que, um dia, decide, por vez, repousar de sua tarefa de nos amar em tons. Hibernação e despertar, sono e vida, lado a lado para se viver cada dia como se fosse - como, de fato é - o último dia de nossas vidas!



E viva o maravilhoso tempo de despertar!






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