sexta-feira, 12 de agosto de 2011

As amoras e o Amor

Ó, flores suaves de um algodão de amoreira,

Tragam algum resquício de esperança para meu olhar...

Sei que os frutos um dia virão,

Apenas não tenho muito tempo para esperar.


Nos olhos marejados de água, a terra lânguida encontra alimento.

A seca assola a grande árvore,

Que, sedenta, quase cede ao vento.

Folhas grenás ostentam a ausência de cor,

Tal qual meu coração, que se sufoca em dor.


Talvez, um dia, quem sabe, ao longe,

Dessa mesma amoreira eu extraia o Amor.

Formoso mancebo, levou consigo as flores de algodão.

Retirou de meu peito a doce mansidão.

O que resta, agora, em sina demandada.

A visão de toda uma vida, que restou quedada.


O vento vem e sopra na carícia da árvore.

Contundente foco de maestria regada.

A amoreira não mais verte sangue,

Pois eis que agora, seca se encontra...


Na doçura de uma amora que penderá, um dia, da frondosa árvore,

Talvez, um dia, quem sabe, eu possa...

Doce momento de encontro acalentar.

Um dia, pois, agora,

Eis que apenas choro, em vida, o pranto da morte e me cercar.

vida, morte, vida...

morte, vida, morte,

levante-se e siga, forte

Até o caminho de uma simples amora encontrar...

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