domingo, 8 de maio de 2011

O desvendar da eterna face de Janus

Descobri, enfim o véu que tristemente carregava, ornando seu angelical semblante de frondosas pétalas de êxtases, cegando de amor e petrificando, tal qual a Medusa que destroi com seu olhar lânguido. Olhei sua foto - tão cândida! - quem diria habitar ali a face de Janus, dúplice e incontida, que me arrebateu e fechou com veneno meu mais puro sentimento.

Quanta mentira pode um coração suportar? Bem pouco, bastam aquelas que, por vezes, ouvi de quem mais amava, pobres almas doentes e infectadas, mostrando de mim o espelho que insisto em esconder. Por que tanto pranto? Afinal, galanteios são seu encanto, reverberado em palavras que violam, assolam e deturpam, cometendo de fútil desencanto, o que era, antes, bem antes, a promessa da verdade extinta.

Que verdade existe por agora? Olho à minha volta, nada mais. Perdeu-se tudo, como perdi a mim mesma, rodeando-me de adoradores e rábulas insanos... Foi-se embora a ingenuidade amiga, restando apenas a falange do menosprezo. A nobreza, em si, foi embora, desanimada pela desonra na palavra infinda, que jaz morta, na plenitude, do atropelo de uma chama exaurida.

Por que tantas voltas? Por que tantas máscaras? Para falsear o que, em si, não existe: nada há de glória na mentira em relação a um amor que já vai tarde, posto que natimorto já é, extinto, enfim...

Dentre amores que vêm e vão, no atropelo da instantaneidade, caio, levanto, derrubo e pranteio, plena, firmando-me forte em meu caminho honroso. Sou-me firme e forte, sedimento a semente. Carrego em meu seio a flecha errante da Amazona guerreira. É preciso muito mais do que isso para me matar, mesmo que meu coração, aqui, esteja sangrando...

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