domingo, 13 de março de 2011

Passando a limpo a vida que retorna plena!

Achamos que a dor de outrora, insuportável, não irá passar. O peito, calejado, retumba em intensa dissonância com o que desejávamos. As lágrimas não se contém nos olhos, derramando-se incessantemente, no que seria o infinito a nos mortificar. Pensamos que o céu cairá em cima de nossas cabeças, sufocando-nos com os dejetos do que produzimos de ilusão.

Que nada! A bem-aventurança de ser coerente consigo consiste em olhar a dor, abraçá-la e deixá-lo, como tudo nessa linda vida, ir embora! Assim é com a dor, assim é com o amor. Assim é com as pessoas, as que mais detestamos, bem como as que mais amamos. Assim é. É, sem complementos, sem predicativos...

Com a chuva que bate à minha janela, percebo o sol, que, logo após - talvez não - aparece depois da trovoada, ainda que o horizonte fique um pouco nublado.

Afinal, sempre é destino do sol surgir na abóbada celeste, pois a terra, a doce Terra, precisa dele para sobreviver e ele, planejado, tão perfeitamente coerente em sim, ensina ao mundo seu poder de intensa glória.

Destino mesmo? Nada, destino é o nome que damos para a urgência em saber se existe, ao final, algum projeto. Para a Natureza, ser assim o é...Nós que, do alto da ignorância, interpretamos o fato, o espaço, a vida com as lentes que ofuscam nossas potencialidades de superação de nós mesmos.

A vida urge! Que beleza! A vida urge após o impacto, não pedindo licença para prosseguir com seu rumo. Que direito teria eu em obstaculizar percurso tão bonito como o da vida? Da minha vida?

O tempo de sol prossegue dentro de cada uma de nós, mesmo que cingidas, um pouco, quem sabe, em carne plena.

É visceral sentir que a dor se foi e manteve a alma impoluta e cheia de bem-aventurança. Nesse percurso ciclos foram renovados, pessoas foram reconhecidas. Reconheci-me em cada passo, como articuladora de minha própria vida, não mais deixando que qualquer gota de minha felicidade pudesser ser conduzida por outro que não a minha doce e nobre pessoa.

Auto + nomos é não se arrebanhar, por se observar cercada de si, o tempo inteiro...

Ainda que interagindo, a águia continua seu vôo solo, mordisca a presa lá embaixo, permite-se - vez em quando - firmar seus pés em solo, mas acima de tudo - literalmente acima de tudo - galga novos voos em direção ao cumprimento de sua saga: rumar de encontro às infinitas possibilidades que sua vontade de poder lhe apresenta!

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