segunda-feira, 7 de março de 2011

Dia Internacional da Mulher...

Na véspera do Dia Internacional da Mulher, muita reflexão, muita reflexão mesmo, a partir do diálogo com um texto abaixo - da Marjorie Rodrigues - que incomoda muita gente - geralmente aquelas com couraça muito forte e muita máscara para cair.

Estou compartilhando o texto, elaborado em 2009 e reproduzido, em série, nos diversos blogs do país. Ele desmistifica o discurso que se apresenta no visível, para trabalhar com o "ingênuo" discurso do romantismo da rosa que, a bem da verdade, serviu para nos oprimir.

Ou seja, de ingênuo, nada tem. Ao contrário, é perverso, porque nos coloca na mais baixa posição na escala evolutiva, que, a partir dos estudos deterministas, alocou o masculino para a posição "iluminada" e "racional"...

Não se trata de rosa, poderia ser uma bromélia, um abacaxi: o que está, por agora, na reflexão que faço, é o significado de fragilização que se insiste em atribuir como sendo uma "qualidade"ou um "atributo" feminino, esquecendo-nos das mulheres pro-ativas, empoderadas, que eram, por excelência, agressivas, enfim, HUMANAS!

Refiro-me à Boudicca, Joana D`arc, Olympe de Gouges, Elisabeth I e tantas outras guerreiras...literalmente guerreiras empunhando espadas!

Acho que devemos ser unid@s rumo à conscientização, que passa pela tomada de consciência pessoal em relação a reproduzir, num ínfimo de conduta, a máxima dos discursos de assimetria...

Simples, nada fácil, pois, fazer isso dói na carne de quem não deseja SE enxergar no processo. Vejo-me assim, empoderada que, por muitas vezes, queda no modelo. Vejo minhas amigas e amigos, ao final, pedindo esmolas emocionais. Tod@s nós...chafurdando na lama da ignorância em relação a saber lidar com a solidão.

Por outro lado, nunca me vi jungida e limitada a UM MODELO de feminino que se SUBMETE. Se percalços tive e tenho na vida, é porque, ao contrário, não estou a fim de negociar em termos de SUBMISSÃO.

Os percalços, nesses casos, são a contra-partida, a reação à agressividade, a LEGÍTIMA DEFESA em face da impropriedade da violência de gênero... Inexiste ilícito no caso de legítima defesa...

Se desejamos um relacionamento - em qualquer nível - igualitário, então sentemos tod@s à mesa, e não façamos o simples estratagema da fraude. Os pactos miseráveis que nos acomodam nas zonas de segurança que, pouco a pouco, transformam-nos em verdadeiros farrapos ambulantes.

Mas, se a fraude for a opção, que seja, então, em paridade.

Que seja a poligamia acessível a tod@s, e não tema de novela de quinta categoria, para legitimar a orbe masculina a esporrar, sob a batuta de a mulher ser "santificada". Que possamos pactuar tudo, a começar de nossos corpos e desejos...

Caso contrário, fraude!

Sou solidária enquanto ativista de gênero, mas crítica em relação à postura inerte das mulheres que pactuam a mediocridade, apenas e tão somente porque temem estar sós. Não acho que existam "culpas" do masculino, do feminino, isso é redução ao infinito: nada adianta...

Vejo nos condicionamentos um resultado dos empuxos históricos e políticos, fomentados, talvez, quem sabe, pelas relações edipianas fortes - ou, no caso de Freud, pela sandice dele em criar UMA interpretação bem usada e manuseada para controlar...

O mundo não é freudiano.

O mundo É. Sem predicativos, pois os predicativos são nossas lentes a olhar para o todo, comprometidas com a ordem a que já se submeteu.

Mas, que seja um devaneio mal-resolvido de Freud em seu lar, que seja a verdadeira inveja dele e do masculino em relação à vagina "dentada". Que seja. Não importa.

Sabem por que?

Porque nossas matriarcas machistas começam o desserviço no berço da criança, quer seja fazendo diferença na criação, dentro do binário "menino" ou "menina", quer seja alimentando o ego do rapaz, ao firmá-lo como "reizinho" e a menina como "princesa" [permissão para agradecer à minha mãe pela sensibilidade em me observar, comprando-me os presentes que eu realmente desejava: laboratório de química, telefone, escritório].

Não cresci em meio à bonecas.

Isso me faz menos mulher?

Querer correr com os meninos no recreio, faz?

Querer usar bermudão xadrez e andar de skate? Usar cabelo curto?

Não penso que faça, pois não sou mulher por uma vagina, mas assim sou porque - com toda a minha vida - eu ME TORNEI mulher, citando a grande Simone de Beauvoir.

E, no direito, não foi ou é fácil, porque, por vezes, escutei a fala "você é excelente advogada, poderia ter nascido homem para ser perfeita".

Quando estou na tribuna, prestes a fazer uma sustentação, ainda amargo - de maneira paradoxal - escutar que fui "clara e objetiva". Sou objeto de elogios em relação à minha oratória, mas, ora vejam, meus pares HOMENS NÃO.

Por que, porque sou FODA?

Não, porque existe a discrininação... e é bem mais fácil achar que não existe, pois, afinal, faz-se parte do paradigma dominante... No caso, da ignorância!

O texto abaixo choca quem tem preconceito.

Em relação ao tom da fala do texto, tomo-o por IGUALITÁRIO, pois, ou bem somos tod@s cordat@s (homens e mulheres, enfim, humanos) no sentido do uso da linguagem polida e refinada ser IRRESTRITA (e não domínio de gênero: masculino, rude, feminino, doce), ou manteremos a DESIGUALDADE.

Sou SUPER A FAVOR DO USO LIVRE DA LINGUAGEM E DA RISPIDEZ COMO FORMA DE CONTESTAÇÃO À SUBMISSÃO DO FEMININO!

E, quanto à data...

Véspera do dia Internacional da Mulher: licença para dizer a que vim...

Não sou mulher porque procrio, porque tenho TPM. Não sou mulher porque tenho um homem ao lado (um pau, para ser exata)... Não sou mulher por nada disso.

Sou mulher porque me tornei mulher, no embate pela igualdade...

É do alto da tribuna, falando para a Corte, que me vejo, na plenitude, não mais como mulher, mas como um ser que fala para outros seres!!!!

É do acúmulo dos meus títulos, e não de fraldas, absorventes e maquiagem, que mostro a que vim... É, enfim, na minha trajetória que se modifica a cada dia, o lugar de ato donde rompo e sigo...na infinitude do que posso vir a ser ao me permitir ser o que sou...

Foi isso que me fez sobreviver, inclusive, a um infeliz que, um dia, achou que poderia me exterminar...

Feliz DIA DA MULHER!

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